Se esta é a sua primeira incursão ao estudo da Teologia, saiba que este ponto será um marco em sua vida. Deste momento em diante, sua vida nunca mais voltará a ser o que era. A Fé é um dom sobrenatural de Deus que transforma, em maior ou menor grau, a vida daquele que crê, mas aquele que procura compreender a sua fé através da luz da razão – também esta um presente de Deus a cada um de nós – vai sofrer de modo especial uma transformação interna radical e definitiva, que modelará tudo aquilo que será é e fará a partir de então.
Pois então, bem-vindo a este ponto chave da sua vida, o estudo da Teologia, e por óbvio, antes de entrar nele, faz-se necessária uma apresentação. Todo o nosso curso, por completo, pode ser resumido como uma grande jornada introdutória à Teologia (não há como ser diferente e o mesmo se dá com relação a todo curso de Teologia possível, pois estamos diante de um tipo de estudo – o estudo do Sagrado – que por sua própria natureza não se limita e nem terá fim neste mundo), portanto não teremos a disciplina formalmente denominada “Introdução à Teologia”, que muitas vezes compõe a grade de disciplinas de graduação das instituições formais.
A partir daqui, tenha certeza, com grande satisfação estaremos estudando juntos, pois não há professor que não aprenda com seus alunos. Este apêndice introdutório ao Curso propriamente dito – que começa pela disciplina Iniciação às Sagradas Escrituras – pretende apresentar um panorama epistemológico da ciência teológica, suas regras, seu objeto e ainda a sua relação com outros ramos da ciências.
Por meio de uma breve apresentação histórica, veremos:
1) Como surgiu e de que modos se foi construindo a Teologia, essa ciência incomparável e tão incomum;
2) Como se “faz Teologia”, utilizando-se de quais instrumentais e mediações;
3) Qual é (e qual deve ser) a relação da Teologia com a realidade social e eclesial;
4) Como se distinguir as diversas teologias nascidas e produzidas como frutos dos diversos contextos eclesiais.
Já o exortamos e continuaremos insistentemente a incitá-lo, leitor e aluno, que não limite seus estudos ao conteúdo deste trabalho, mas que o tenha como um referencial a partir do qual poderá expandir seus horizontes de conhecimentos em busca da sabedoria, e que, observada a santa obediência a tudo quanto desde sempre prescreveu a santa mãe Igreja, permita-se formar a sua própria opinião sobre os temas que o aguardam.
Desejamos, com grande esperança em Nosso Senhor, os melhores êxitos na realização dos seus estudos, bem como das suas pesquisas e atividades!
Objetivos deste apêndice
Os estudantes do Curso Livre de Teologia da Fraternidade Laical São Próspero (doravante denominado FLSP), ao final deste módulo introdutório deverão ser capazes de reconhecer e analisar um panorama epistemológico da ciência teológica, suas regras, seu objeto e sua relação com outros ramos da ciência e interpretar, por meio da apresentação histórica, a construção desta ciência, como se faz Teologia, quais os seus instrumentais e mediações, sua relação com as outras ciências e com a realidade social e eclesial. Poderão, ainda, distinguir as teologias produzidas nos diversos contextos eclesiais.
Ao final destes estudos, os estudantes deverão ter adquirido uma sólida base teórica para fundamentar criticamente suas convicções de fé. Além disso, adquirirão habilidades necessárias ou muito importantes para cumprir o seu papel enquanto cristãos críticos e bem formados em sua áreas de atuação social, a saber: o ambiente familiar, o paroquial, o de trabalho, etc. Deverão saber, ainda, como proceder com ética e responsabilidade social perante as situações que se apresentam no dia a dia, dando o exemplo que se espera e que se exige de um membro do Corpo Místico de Cristo. Já os não cristãos deverão ter adquirido, ao menos, o conhecimento mínimo necessário com relação às mesmas questões, enquanto arcabouço para a melhor compreensão de um mundo e de uma sociedade radicalmente influenciados pela cultura dita “judaico-cristã”[1].
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Notas:
[1] Como disse o historiador argentino Rúben Calderón Bouchet (1918-2012), “a aproximação destes dois termos –, judaico e Cristão –, aplicado às verdades reveladas por Deus, traz consequências lamentáveis porque relativiza o conteúdo religioso, fazendo-o depender da civilização hebreia, e isso não é católico, embora venha com a pretensão de ser muito protestante e moderno. Tampouco é aceitável se o aplicamos à nossa civilização, que é, essencialmente, greco-latina” (Revista Gladius, nº 1/1984). De fato, toda doutrina judaica pré-cristã só tem sentido na medida em que se abre à Revelação do Cristo; enquanto se fecha em si mesma, torna-se incompatível com o cristianismo. Ainda assim, esta grave ressalva se faz neste sentido estrito, a saber: quando usada em referência à Revelação. Em sentido amplo, a expressão pode ser honestamente utilizada, e também é um fato inegável que Deus mesmo quis que o cristianismo tivesse origem no judaísmo, e assim atestou Nosso Senhor: “A salvação vem dos judeus” (Jo 4,22) [recomendamos a leitura do trecho bíblico completo (vs. 21 a 24) para dirimir possíveis dúvidas]. (N. do R.)
A todos os nossos diletos assinantes e agora alunos, se assim os podemos chamar, tratando-se o nosso curso de um modelo de formação à distância por meio de módulos digitais, venho me apresentar como o organizador e autor principal desta série de estudos que compõem o Curso Livre de Teologia da Fraternidade Laical São Próspero. Meu nome é Luiz Henrique Silva Sebastião, tenho 56 anos de idade e tenho a grande Busca por Deus como prioridade máxima de minha vida desde que me conheço por gente, ou desde a minha mais tenra infância, quando eu soube de um jeito algo traumático, por minha mãe – uma mulher não muito entusiasmada com os métodos pedagógicos modernos –, que a minha vida neste mundo, bem como as vidas de todas as pessoas que eu amava, era finita: ela e eu morreríamos, tal e qual aquele dengoso gatinho de estimação que tanta afeição me despertara, duro como um galho seco diante dos meus olhos assustados. Esta é uma longa história. Hoje sou casado e pai de uma menina (de trinta e três anos) e de três meninos (o mais novo com cinco), todos dons especialíssimos que imerecidamente recebi do Céu.
De 2009 a 2017, estudei Teologia e Filosofia em quatro instituições diferentes: Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ISPES/ ITESP)[1] e pelo Centro Universitário Claretiano, e Filosofia pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) e pelo Mosteiro de São Bento de São Paulo[2], além de ter concluído os cursos de curta duração/extensão/livres: “O De Trinitate de Santo Agostinho” (2011), o “ Protreptikos" (Exortação aos gregos) e o "Stromata" (Miscelânea) de Clemente de Alexandria” (2013); “A verdadeira religião de Santo Agostinho” (2014)”; e o “Itinerário da mente para Deus segundo S. Boaventura” (2015), todos pelo meu querido mestre e grande incentivador, o Prof. Dr. Joel Gracioso[3], que é também um membro colaborador ativo da Fraternidade Laical São Próspero. Sou pesquisador independente especializado em Sagradas Escrituras, Teologia geral, História eclesiástica e História das Religiões há mais de três décadas, e o fundador e atual diretor da Fraternidade Laical São Próspero. Sou o autor do livro histórico “São João Batista no Brás: 100 anos de evangelização no coração de São Paulo” (2008), sob encomenda da paróquia homônima (Arquidiocese de São Paulo) e de uma grande quantidade de artigos, crônicas, ensaios e biografias para publicações e editoras diversas.
Fui catequista, conselheiro de casais e responsável pelas comunicações e ações de evangelização (em impressos) da Paróquia São João Batista do Brás, com o padre Marcelo Álvares Matias Monge – hoje Cônego do Cabido Metropolitano de São Paulo[4] – desde o ano 2007 até 2013; no mesmo período, prestei serviços como redator e fui o responsável pelas criações gráficas para os eventos da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, cujo diretor à época era esse mesmo presbítero, e para o Centro Pastoral São José do Belém (SP), junto aos senhores bispos Dom Pedro Luiz Stringhini e Dom Edmar Peron, e ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer. Fui redator e articulista do jornal católico “O Precursor”; fui o fundador e editor da revista católica “Voz da Igreja” (impressa) em suas 30 edições (publicadas de 2009 a 2013).
Atuei como redator e assumi os projetos gráficos da Paróquia Nossa Senhora do Brasil (de 2013 a 2015), Sou o fundador, editor-chefe e principal articulista regular da revista “O Fiel Católico”, em suas versões impressa (13 edições bimestrais, publicadas de 2013 a 2015) e digital (de 2016 até agosto do ano 2019 (edições 14 a 42).
Durante o ano 2015 atuei como articulista, assumindo também as funções de jornalista, repórter de campo e revisor no jornal “O São Paulo”, o órgão oficial de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. Meu estudo histórico ‘O Santo Sudário: mortalha de Cristo?’ foi capa e artigo central da edição 3053/2015, juntamente com a entrevista que me concedeu o Revmo. Pe. Alessandro de Bourbon Savoia Aosta, descendente direto da nobre família Savoia, que por séculos foi a proprietária do Santo Sudário (até 1983, quando a relíquia foi doada ao Vaticano por desejo de Umberto II, após a sua morte).
Fui o redator de comunicação do Oratório de São Filipe Neri de São Paulo, e, juntamente com o revmo. Pe. Fabiano Micali, fui o criador e editor da revista “A Voz do Oratório”, em suas 12 edições, prestando serviços de redação e criação também para a Associação do Oratório Secular de São Filipe Neri de São Paulo.
De 2015 a 2018 fui o editor-chefe da editora Molokai (São Paulo), substituindo o Prof. Henrique Elfes, um dos fundadores da editora Quadrante; aí, além das funções de editor, fui autor de biografias publicadas sobre a vida de grandes Santos e destacados pensadores católicos, e produzi artigos complementares para obras clássicas. Fui ainda o chefe de criação dessa mesma editora. Nessa oportunidade, ao final do ano 2017, tive o meu trabalho com a elaboração do Homiliário completo de Bento XVI em quatro grandes tomos (intitulado ‘Um Caminho De Fé Antigo E Sempre Novo, Antologia completa de homilias, discursos, catequeses e mensagens para o Ano Litúrgico’), organizado pelo Prof. Dr. Rudy Albino de Assunção (colaborador da FLSP) pessoalmente elogiado pelo Papa Emérito, diretamente do Vaticano, por mensagem do Mons. Antonio Catelan, secretário da Sociedade Ratzinger do Brasil.[5].
De 2018 a 2020 fui o responsável pelos projetos gráficos da editora católica Caritatem, do Rio de Janeiro, para a qual também prestei serviços como autor e editor, além de atuar como redator e criador de projetos gráficos para a editora Castela, de São Paulo. De 2020 até o presente momento tenho prestado serviços de redação e editoração para a editora da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), para o Centro Dom Bosco (RJ), para o Instituto São Roberto Belarmino (PR), para a editora Audax (RJ), para a editora Resistência Cultural, de José Lorêdo Filho (MA) e para as instituições associadas da Faculdade Pìo XII (ES).
Tenho como colaboradores e consultores no projeto deste Curso de Teologia aqueles mesmos irmãos em Cristo que me auxiliaram e auxiliam na produção do nosso trabalho na internet e da nossa revista até aqui, especialmente o prof. Igor Andrade, revisor técnico deste Curso. Mais informações no endereço abaixo:
Peço de todos o perdão por essa tediosa apresentação. Por mais inúteis que sejam em nossos dias as universidades que adotam, praticamente todas elas (honrosas e raras exceções ainda existem), o malfadado sistema “pagou-passou”, e que só podem nos conceder “canudos” imprestáveis para os conteúdos que nos interessam neste curso, ainda é necessário dizer quem está dizendo o quê. Todavia, prezado aluno, muitíssimo mais importante do que aquele que diz (ou escreve), é o seu trabalho e empenho em pesquisar e confirmar cada dado e cada informação aqui apresentada. Mais além, importam mais o trabalho e o empenho em aprofundar o que aqui será dito. É assim que se forma para a vida, da maneira que vale a pena. É assim que se formam cristãos bem preparados na ciência sagrada da Teologia.
Deus vos ilumine e guarde para que superem este pobre mestre (já que o campo das coisas santas é inesgotável, e os conhecimentos que vamos adquirindo sobre eles não param de crescer e se desenvolver)! Se assim não suceder, de duas uma: ou o mestre não se qualifica ou o aprendiz é preguiçoso.
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Notas
[1] História de Israel; Epistemologia das Ciências e da Teologia; Introdução à Teologia; Fenomenologia da Moral; Antropologia da Religião; Metodologia do Trabalho Teológico; Psicologia da Religião; Educação para a Comunicação; Introdução ao Hebraico bíblico; Sagrada Escritura, Português. O Instituto Teológico São Paulo (ITESP) é um estabelecimento de educação superior cujo Bacharelado é mantido pela Associação São Paulo de Estudos Superiores e criada a partir do desdobramento das atividades educacionais da Congregação do Santíssimo Redentor, da Pia Sociedade de São Carlos e da Associação Propagadora Verbo Divino. O curso de Teologia do ITESP é voltado especialmente a seminaristas, destas e de outras congregações religiosas, e se insere em sistema de Agregação com o Pontifício Ateneu Santo Anselmo, tendo seu título reconhecido no Sistema Europeu de Educação Superior.
[2] Filosofia da Educação pelo Prof. Dr. Joel Gracioso e Introdução à Filosofia Moderna pelo Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva.
[3] Mestre e Doutor em Filosofia pela USP, membro da Sociedade Brasileira de Filosofia Medieval e professor na Faculdade de São Bento (SP), no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil e no Instituto de Teologia Bento XVI. Especializado em Patrística, tem ampla experiência no ensino da Filosofia e da Teologia, com ênfase em Filosofia Medieval, Ética, Antropologia Filosófica, Filosofia da Religião e Teologia Cristã Oriental. Dedica-se principalmente aos estudos do final da Antiguidade e o Medievo, atuando nos seguintes temas: Plotino, Santo Agostinho, interioridade, materialismo, o mal, filosofia do espírito e pensamento bizantino. O Prof. Dr. Joel Gracioso é consultor, orientador e membro colaborador da Fraternidade Laical São Próspero desde 2013.
[4] Cabido é o nome dado ao colégio dos clérigos chamados cônegos, constituído principalmente para assegurar um culto mais solene na catedral ou em uma igreja importante. Sua ação está ligada principalmente à participação nas ações litúrgicas mais solenes presididas pelo bispo.
[5] Episódio que registrei em nota, em: www.ofielcatolico.com.br/2017/12/perdoem-me-os-leitores-por-este-momento.html
* Antes de quaisquer considerações iniciais, informamos a todos os inscritos que precisem de alguma ajuda ou informações adicionais, que os nossos meios de contato são:
• WhatsApp: (11) 9-8646-7461(não atende ligações, responde mensagens de texto ou voz)
• E-mail: ofielcatolico@gmail.com
• Caixa de comentários ao final de cada módulo/aula
** Outro aviso importante: sempre ao início e ao final de cada módulo, abaixo do texto da primeira e da última aula, disponibilizaremos o link (ícone em forma de nuvem) para o arquivo em PDF do seu fascículo mensal, do qual poderá fazer download para impressão e montagem de apostila. Esses fascículos mensais completarão um grande volume que conterá as matérias das disciplinas que estudaremos juntos em nosso primeiro ano juntos.
Observações prévias*
O que oferecemos com este Curso é uma formação vitalícia para o fiel católico, pensada especialmente para o leigo, mas que também será útil para consagrados, religiosos e sacerdotes. Não há um prazo predefinido para a sua conclusão, mas sim a conclusão de disciplinas teológicas específicas que serão ministradas contínua e sucessivamente. Traremos novos conteúdos todos os meses, que a partir do módulo 4 estão divididos sempre em quatro partes principais, as quais comporão os seus estudos todos os meses:
1) Teologia Fundamental/Dogmática;
2) Sagradas Escrituras
3) História da Igreja
4) Teologia Ascética e Mística (subsídios para a vida interior).
Trata-se de uma formação para a vida cristã como um todo, que visa a preparação dos fiéis para enfrentar a grande crise da Igreja dos nossos tempos: uma formação abrangente e perene.
Ao início, teremos:
Parte 1 – Teologia Fundamental/Dogmática:
1. A Fé necessária
a) A Fé, dom divino
b) A compreensão da Fé (Teologia)
2. Cristo e a Igreja
a) Continuidade histórica
b) A ‘Igreja primitiva’
c) O Corpo Místico
d) Títulos e símbolos da Igreja
3. Origens da Igreja
a) A preparação pré-messiânica
b) O Cordeiro de Deus, Redentor do mundo
c) Sangue e Água
d) A Nova Eva
4. Desenvolvimento e manifestação da Igreja no mundo
a) A Igreja foi fundada na eleição dos Doze, no Calvário ou no Pentecostes?
• Bibliografia consultada e recomendada
Parte 2 – Teologia Ascética e Mística (subsídios para a vida interior)
PRIMEIRA PARTE:
1. Natureza da Ascese e das práticas de crescimento interior (espiritual) católicas
2. Suas fontes
3. Sua relação com a Teologia Dogmática e Moral
4. Sua relação com a Tradição apostólica
5. Sua relação com os Santos Padres
6. …com os Santos Doutores
7. …com a razão
8. Seu desenvolvimento no Oriente e no Ocidente
9. Metodologia segura para uma vida interior sã e católica
10. Sua excelência e sua fundamental importância, tantas vezes relegada a segundo plano
SEGUNDA PARTE:
1. A perfeição da vida cristã que nos é possível – nós, pessoas comuns
2. Progresso na vida espiritual: sinais de crescimento e dificuldades
• Bibliografia consultada e recomendada
* * *
Nesta coleção de volumes que compõem o Curso Livre de Teologia da Fraternidade Laical São Próspero, usam-se determinados vocábulos de modos específicos, que caracterizam o nosso estilo de redação, às vezes invulgar, pelo fato de lidarmos com oque há de mais invulgar – o Santo – em nossos estudos. Assim:
•A palavra “Fé” é grafada com inicial maiúscula quando se refere de modo absoluto ao dom divino (e virtude sobrenatural concedida pela Graça) necessário para a salvação, e não genericamente a qualquer tipo de crença ou mesmo à fé em algum elemento isolado da Sã Doutrina.
•A palavra “Pecado” é grafada com inicial maiúscula quando se refere ao Pecado Original, causa da queda do homem e que se encontra na raiz de todos os pecados.
• Para as referências a Deus Pai e, às vezes, à Santíssima Trindade, adotamos o uso de algumas traduções bíblicas tradicionais, que se valem da solução “SENHOR” nos lugares onde, no original hebraico, aparece o sagrado Tetragrama YHWH, que representa o misterioso Nome de Deus revelado a Moisés na “Sarça Ardente”: “EU SOU QUELE QUE É” ou “EU SOU AQUELE QUE SOU”, ou “EU SOU QUEM SOU” ou ainda “EU SOU O EU SOU”. Tal costume deriva já de São Jerônimo, que traduziu o Tetragrama, por respeito e pela dificuldade/impossibilidade de decifrar o Nome Sagrado[1], por Dominus(=‘Senhor’). Ainda muito antes, por temor e respeito à santidade inatingível de Deus, também o povo de Israel não ousava pronunciar seu santo Nome. Nas leituras sagradas, o Nome revelado a Moisés na “Sarça Ardente” era substituído pelo título “Senhor” (‘Adonai’, em grego ‘Kyrios’).
Das citações
• CATECISMO. As citações do Catecismo da Igreja Católica serão referidas, no corpo do texto, usando-se da sigla ‘CIC’, e se referirão de ordinário à edição vigente, a saber, o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993., salvo exceções, que serão devidamente assinaladas no corpo do texto.
• BÍBLIA SAGRADA. A maioria das citações da Bíblia utilizadas neste curso, salvo exceções acompanhadas de notas explicativas, são da tradução dos originais em hebraico, grego e aramaico dos Monges de Maredsous, beneditinos da Bélgica, publicadas em português na versão da editora Ave-Maria. Para finalidades mais técnicas, será utilizada majoritariamente a Bíblia de Jerusalém revista e ampliada (École Biblique de Jérusalem/Paulus, 2002), considerada ainda pela maior parte dos biblistas a melhor edição de estudos (técnicos) das Sagradas Escrituras disponível em idioma português.
• SAGRADAS ESCRITURAS. Em todo este curso, optamos pela expressão no plural, no lugar do uso também possível no singular (Sagrada Escritura), pelo fato de que apenas esta opção, por si, já se torna didática. Ocorre que “Bíblia” é um substantivo próprio derivado do grego biblos ou biblia (Βίβλος – βιβλία), plural de biblion (βιβλίον) e significa “biblioteca”. De fato, o Livro sagrado dos cristãos não é um só livro, mas sim um volume composto de uma coleção ou conjunto de livros. Por ser a Bíblia uma coleção de (73) livros reunidos em um, é apenas mais correto dizer “Sagradas Escrituras”, usando o plural, e manter esse hábito indiretamente já ajuda a enfraquecer a heresia protestante do Sola Scriptura, a qual faz subentender a ideia da Bíblia como um livro completo e fechado em si, dado por Deus já acabado, como regra absoluta de fé e prática dos cristãos e como a única/exclusiva solução para todas as questões teológicas da humanidade em todos os tempos. Por essa mesma razão é que os pastores e teólogos protestantes apreciam especialmente o termo “Palavra de Deus” para se referir ao Livro sagrado; algo que, como veremos logo ao início do primeiro livro deste Curso, não está correto em sentido absoluto.
– Notas * Este apêndice e os primeiros doze módulos-aulas desta formação serão disponibilizados em formato de apostilas (PDF), que podem ser impressos e encadernados. Neste campo de conteúdos digitais (online) poderão ocorrer ampliações e aperfeiçoamentos, especialmente neste Apêndice e nesta seção ‘Observações prévias’.
[1] O Tetragrama YHWH, encontrado muitas vezes na forma latinizada IHVH ou JHVH, refere-se ao Nome do ‘Deus de Israel’. É formado pelas consoantes hebraicas Y / Yod ou Yud (י), H / Hêh ou Hêi (ה), W / Vav (ו) e H / Hêh/Hêi (ה), e originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda, isto é, HWHY (יהוה). Mais adiante, em volume próximo, aprofundaremos o tema sobre o Nome de Deus. Vide fascículo em PDF para visualizar uma melhor formatação dos caracteres hebraicos e uma tabela ilustrativa.
Henrique Sebastião
Editor, redator e autor com artigos publicados em obras diversas. Possui formação em Teologia e Filosofia e é pesquisador da área de Ciência das Religiões. Atuou como jornalista para a Arquidiocese de SP entre 2013 e 2015. É o fundador da FLSP e o principal responsável pelo site O FIEL CATÓLICO.