Apêndice introdutório 3: apresentação dos conteúdos. Objetivos deste apêndice


Se esta é a sua primeira incursão ao estudo da Teologia, saiba que este ponto será um marco em sua vida. Deste momento em diante, sua vida nunca mais voltará a ser o que era. A Fé é um dom sobrenatural de Deus que transforma, em maior ou menor grau, a vida daquele que crê, mas aquele que procura compreender a sua fé através da luz da razão – também esta um presente de Deus a cada um de nós – vai sofrer de modo especial uma transformação interna radical e definitiva, que modelará tudo aquilo que será é e fará a partir de então.

    Pois então, bem-vindo a este ponto chave da sua vida, o estudo da Teologia, e por óbvio, antes de entrar nele, faz-se necessária uma apresentação. Todo o nosso curso, por completo, pode ser resumido como uma grande jornada introdutória à Teologia (não há como ser diferente e o mesmo se dá com relação a todo curso de Teologia possível, pois estamos diante de um tipo de estudo – o estudo do Sagrado – que por sua própria natureza não se limita e nem terá fim neste mundo), portanto não teremos a disciplina formalmente denominada “Introdução à Teologia”, que muitas vezes compõe a grade de disciplinas de graduação das instituições formais.

    A partir daqui, tenha certeza, com grande satisfação estaremos estudando juntos, pois não há professor que não aprenda com seus alunos. Este apêndice  introdutório ao Curso propriamente dito – que começa pela disciplina Iniciação às Sagradas Escrituras – pretende apresentar um panorama epistemológico da ciência teológica, suas regras, seu objeto e ainda a sua relação com outros ramos da ciências.

    Por meio de uma breve apresentação histórica, veremos: 

        1) Como surgiu e de que modos se foi construindo a Teologia, essa ciência incomparável e tão incomum; 

        2) Como se “faz Teologia”, utilizando-se de quais instrumentais e mediações;

        3) Qual é (e qual deve ser) a relação da Teologia com a realidade social e eclesial;

        4) Como se distinguir as diversas teologias nascidas e produzidas como frutos dos diversos contextos eclesiais.

    Já o exortamos e continuaremos insistentemente a incitá-lo, leitor e aluno, que não limite seus estudos ao conteúdo deste trabalho, mas que o tenha como um  referencial a partir do qual poderá expandir seus horizontes de conhecimentos em busca da sabedoria, e que, observada a santa obediência a tudo quanto desde sempre prescreveu a santa mãe Igreja, permita-se formar a sua própria opinião sobre os temas que o aguardam.

    Desejamos, com grande esperança em Nosso Senhor, os melhores êxitos na realização dos seus estudos, bem como das suas pesquisas e atividades!


Objetivos deste apêndice

Os estudantes do Curso Livre de Teologia da Fraternidade Laical São Próspero (doravante denominado FLSP), ao final deste módulo introdutório deverão ser capazes de reconhecer e analisar um panorama epistemológico da ciência teológica, suas regras, seu objeto e sua relação com outros ramos da ciência e interpretar, por meio da apresentação histórica, a construção desta ciência, como se faz Teologia, quais os seus instrumentais e mediações, sua relação com as outras ciências e com a realidade social e eclesial. Poderão, ainda, distinguir as teologias produzidas nos diversos contextos eclesiais.

    Ao final destes estudos, os estudantes deverão ter adquirido uma sólida base teórica para fundamentar criticamente suas convicções de fé. Além disso, adquirirão habilidades necessárias ou muito importantes para cumprir o seu papel enquanto cristãos críticos e bem formados em sua áreas de atuação social, a saber: o ambiente familiar, o paroquial, o de trabalho, etc. Deverão saber, ainda, como proceder com ética e responsabilidade social perante as situações que se apresentam no dia a dia, dando o exemplo que se espera e que se exige de um membro do Corpo Místico de Cristo. Já os não cristãos deverão ter adquirido, ao menos, o  conhecimento mínimo necessário com relação às mesmas questões, enquanto arcabouço para a melhor compreensão de um mundo e de uma sociedade radicalmente influenciados pela cultura dita “judaico-cristã”[1].

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Notas:
[1] Como disse o historiador argentino Rúben Calderón Bouchet (1918-2012), “a aproximação destes dois termos –, judaico e Cristão –, aplicado às verdades  reveladas por Deus, traz consequências lamentáveis porque relativiza o conteúdo religioso, fazendo-o depender da civilização hebreia, e isso não é católico, embora venha com a pretensão de ser muito protestante e moderno. Tampouco é aceitável se o aplicamos à nossa civilização, que é, essencialmente, greco-latina” (Revista Gladius, nº 1/1984). De fato, toda doutrina judaica pré-cristã só tem sentido na medida em que se abre à Revelação do Cristo; enquanto se fecha em si mesma, torna-se incompatível com o cristianismo. Ainda assim, esta grave ressalva se faz neste sentido estrito, a saber: quando usada em referência à Revelação. Em sentido amplo, a expressão pode ser honestamente utilizada, e também é um fato inegável que Deus mesmo quis que o cristianismo tivesse origem no judaísmo, e assim atestou Nosso Senhor: “A salvação vem dos judeus” (Jo 4,22) [recomendamos a leitura do trecho bíblico completo (vs. 21 a 24) para dirimir possíveis dúvidas]. (N. do R.)

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