Módulo 4: Ascética e Mística 2 | Manual prático para a vida interior, Lição II


O poder do silêncio: uma parábola para a prática da vida interior


Apresentaremos agora uma pequena parábola, talvez já sua conhecida, dileto leitor, a qual gostaria de propor que fosse profundamente meditada, porque traz em seu sentido um princípio da vida espiritual que é fundamental para o crescimento interior. Entendido este princípio, todas as práticas de oração, meditação e contemplação serão imensamente facilitadas, ganhando novo sentido e sua direção correta. Segue.


— Há muitos anos, no tempo de nossos avós, certo fazendeiro descobriu que tinha perdido seu relógio de bolso – uma herança de família e um objeto valioso, do tipo que era muito valorizado na época –, no celeiro de sua fazenda, que era um lugar bem grande. Ficou aflito e, depois de muito procurar em vão, resolveu recorrer à ajuda de um grupo de crianças, amiguinhos de seu neto que um dia brincavam pela casa, prometendo uma boa recompensa para quem encontrasse o objeto.


    Por horas a fio, as crianças passaram em revista o celeiro, que além de grande era repleto de velhos objetos por todos os cantos, com muitas frestas pelas paredes e piso, e montes de feno e palha. Nada encontraram, porém.


    Desanimado e já descrente de que sua ideia pudesse dar certo, o fazendeiro estava prestes a desistir, dispensando as crianças, quando um certo menino muito educado e meio diferente dos outros por ser mais quieto, e que até então não participara da busca, pediu-lhe uma chance para tentar achar o relógio, já que todos os outros não haviam conseguido.


    “Por que não?”, raciocinou o fazendeiro; seria uma tentativa a mais, que se não obtivesse êxito, mal não faria. Então, mesmo sem acreditar, autorizou o menino a entrar no celeiro e fazer a sua tentativa.


    As outras crianças ficaram do lado de fora, e riam dele, duvidando que poderia encontrar o relógio, já que todas elas juntas, em maior número, não tinham conseguido.


    O menino fechou-se no celeiro, sozinho. Algum tempo se passou e eis que, de súbito, surge ele de volta, sorrindo, com o relógio em mãos! Todos ficaram espantados, e logo o fazendeiro perguntou-lhe, sem conseguir entender o que tinha acontecido: “Como conseguiu encontrar, se eu que sou adulto já tinha tentado muitas vezes e não consegui, e todas as outras crianças, juntas, também falharam?”. E o menino respondeu: “Eu não fiz nada a não ser ficar sozinho e bem quieto, e me sentei no chão. No meio do silêncio, escutei bem baixinho o tique-taque do relógio, e assim pude me orientar”.


O santo silêncio! Não é preciso complicar a vida interior. Simplesmente colocar-se a sós e em silêncio, humildemente, aos Pés de Nosso Senhor – como Ele mesmo nos ensinou a fazer –, pondo-se em companhia de nossa Mãe do Céu e dos santos Anjos (especialmente o nosso guardião), esta é uma das maiores e mais eficientes práticas de ascese e uma condição indispensável para a vida mística.


    O silêncio, a solidão e a atenção são também condições indispensáveis para a prática de vida interior proposta nesta formação em seu módulo n.2. A alma em paz crê melhor, porque quando em serenidade vê o que os olhos físicos não podem ver. Uma mente em paz é capaz de pensar melhor do que uma mente confusa e agitada. Não deixe de conceder ao menos alguns minutos de silêncio à sua mente, todos os dias, pois somente assim é que se pode ouvir a Voz de Deus, que nos ama e quer salvar, o auxílio poderoso de nossa Mãe do Céu e aquilo que nos sugere o Anjo de nossa guarda, para nos conduzir na direção certa.


    Que você, diletíssimo(a) estudante, por cujas intenções e alma eu rezo constantemente, possa pausar as agitações da sua mente, de tempos em tempos, e apenas silenciar de vez em quando, para ouvir o santo “tique-taque” que vêm do Céu.

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