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Não cessamos de dar graças a Deus, porque recebestes a Palavra de Deus, que de nós ouvistes, e a acolhestes, não como palavra de homens, mas como aquilo que realmente é, como Palavra de Deus, que age eficazmente em vós, os fiéis.
(1Ts 2,13)
Essa frase de São Paulo Apóstolo nos ensina da maneira mais simples, objetiva e direta possível, qual é a razão essencial da nossa Fé. Não se fundamenta sobre as infinitas reflexões, argumentações e elucubrações às quais, para justificá-la, poderia o cristão se entregar, por toda a sua vida, sem obter o resultado definitivo de uma certeza empírica. Todas as buscas, investigações e teorias, algumas das quais estivemos analisando até este ponto, apenas auxiliam extrinsecamente a nossa adesão de Fé; se avançarmos mais nesse caminho racional, tais investigações farão com que essa mesma Fé fundamente-se também na razão, mas de modo algum descobrirão evidências “científicas” dos grandes Mistérios divinos; as “provas” que seremos capazes de alcançar serão sempre lógicas[1]; mostram que é razoável crer sem ver, nada mais. Não se tratam de provas no sentido empírico-matemático, como quando provamos a existência da gravidade soltando, de determinada altura, um objeto mais pesado que o ar, ou quando determinamos o resultado de um teorema pelo uso dos cálculos exatos. São provas no sentido de argumentos convincentes e, sim, racionais, que nos permitem chegar a suficiente certeza quanto aos pontos mais fundamentais da Fé.
Como já vimos, porém, a firme adesão de nossa mente e de nossa vontade à Verdade revelada funda-se intrinsecamente sobre a atestação divina, ou seja, a Autoridade de Deus, que a revela. É a verdade incriada que se nos manifesta. Cremos porque Deus falou, dando-nos a conhecer a realidade supranatural e o nosso destino sobrenatural. Deus é a veracidade mesma, e isso vem antes de tudo, por dom do mesmo Deus.
A Fé é a prova das coisas que se não veem.
(Hb 11, 1)
Aí está o testemunho das Sagradas Escrituras provando uma vez mais a sua origem divina, pois com um frase resume páginas de tentativas de explicação meramente humanas. Sim, o que está provado não se discute. Mas que prova temos aqui? A Palavra de Deus, cujo valor é definitivo. Por mais sábio que seja, um homem pode enganar-se; por mais verdadeiro, pode em algum momento sucumbir à tentação da mentira. Deus não é assim, e a sua Palavra é sempre firme. Mas como provar que diante da Doutrina da Igreja estamos diante de uma Revelação realmente divina? É a Fé que recebemos como dom do Céu que o atesta. Eis aqui um grande mistério que só se pode aceitar.
Daí deriva também a infalibilidade da Fé. Se é impossível que Deus se engane e/ou nos engane, estamos – e não podemos deixar de estar –, com a verdade quando aceitamos o Testemunho de Deus. Por mais obscuro que seja para nós o mistério, estamos absolutamente garantidos contra qualquer erro aderindo a essas verdades, tal a Autoridade da Palavra que no-las revela.
Para uma alma de Fé viva e ardente, torna-se o mundo invisível tão real quanto o visível; mais até! E ao incréu que se espanta com isso, responde essa alma: “Se Nosso Senhor assim afirma, como poderia ser falso?”. Inútil qualquer prova, desnecessária qualquer argumentação além da aceitação.
Explica-se assim a inabalável certeza com a qual a Igreja prosseguiu desde sempre na pregação da mensagem evangélica; não a abalaram as perseguições dos tiranos, nem os sarcasmos dos sábios deste mundo, nem as grandes crises internas que atravessou no correr dos tempos; ela bem conhece que o seu ensinamento não se funda apenas em autoridades humanas, mas está firmado sobre as palavras de seu Esposo, e que são palavras da vida eterna.
‘Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus’ (disseram os discípulos). E Jesus respondeu: ‘Não vos escolhi Eu a todos?’”
(Jo 6,69-70)
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[1] Já que a Lógica é o ramo da Filosofia que se ocupa das formas do pensamento, como a dedução, a indução, as hipóteses, inferências, etc., e justamente das operações intelectuais que visam à determinação do que é verdadeiro e do que é falso. A palavra significa propriamente o modo coerente de se raciocinar, pelo qual se estabelecem as relações de causa e efeito; refere-se à coerência desse raciocínio, e também o estudo das leis do pensamento que expõe as regras que devem ser observadas na exposição da verdade.
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