Morre mais uma estrela

Amy Winehouse antes da fama

Amy Winehouse foi encontrada morta em Londres, sozinha, deitada em sua cama, aos 27 anos de idade, seguindo o mesmo roteiro trágico das vidas de outros ídolos mundiais da música, como Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison Jimi Hendrix... Uma garota dotada de grande talento, uma linda e potente voz, que rapidamente alcançou o sucesso e os primeiros lugares das paradas. O que espanta é saber que uma moça bonita, rica, famosa e amada por tantos, com a vida inteirinha pela frente, simplesmente não se gostava. E aí, mais uma vez, fica nítido o quanto a religião é importante na vida de uma pessoa.

Não estamos falando aqui da religião puramente ritual, a religião como obrigação, algo que fazemos automaticamente, porque nossos pais disseram que deveríamos fazer. Estamos falando da religião no sentido verdadeiro, que vem do latim "religare", isto é, o religar com Deus, nosso Criador e Pai. Sim, Deus faz MUITA falta na vida de uma pessoa. De qualquer pessoa; não importa quanto dinheiro ou fama se tenha; não importa que sejamos muito importantes neste mundo, ou muito talentosos em alguma arte, ou muito admirados. Não importa nem mesmo que sejamos muito amados, se não tivermos Deus. A morte precoce da jovem cantora inglesa nos joga na cara aquela verdade que Jesus Cristo ensinou tão claramente: "De que aproveitará ao ser humano ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?" (Mateus 16, 26).

Casos como esse fazem pensar na questão da morte. Pode não parecer, mas pensar na morte é uma coisa muito útil e muito santa para se fazer. Quando somos jovens, achamos que somos eternos, invencíveis, que nada pode nos fazer mal. E é com este sentimento de invencibilidade que muitos caem na tentação das drogas, dos vícios, da promiscuidade... Pensando que serão capazes de ser mais fortes, que não serão tocados pelo vício e pela sujeira do mundo, é exatamente assim que o ser humano cai.

Vinte e sete anos era a idade de Amy! Morrer aos vinte e poucos é humanamente uma tragédia, a interrupção precoce de uma vida que poderia ter dado muito mais ao mundo. Ainda mais no caso de alguém que nasceu com um talento tão grande. Alguns adeptos da "vida loca" já comentaram que a vida dela foi curta mas foi intensa. Infelizmente, no caso de Amy, antes de ser intensa foi fútil e vazia. Sim, essa pobre moça provavelmente ganhou e gastou, nesses vinte e sete anos, mais dinheiro do que a maior parte de nós vai ser capaz de juntar a vida toda. Conheceu gente famosa, foi famosa, viajou o mundo, vestiu roupas caras, viveu muitas alegrias passageiras... Mas as coisas do mundo – fama, dinheiro, momentos de diversão – naturalmente só fazem sentido enquanto se está no mundo. E o mundo passa. A morte trágica desses grandes astros da música nos lembra também o Livro do Eclesiastes, segundo o qual "tudo neste mundo é vaidade".

É como se Deus gritasse alto para nos despertar de nossa letargia: "Assim passa a glória do mundo!"... Morreram Cobain, Morrison, Hendrix, Joplin, Winehouse... Para os fãs, ficam suas músicas, e a saudade. E para eles próprios, de que valeu suas vidas?

Nossa vida é potencialmente curta (uma vez que cada um de nós pode morrer hoje ou amanhã). Por isso mesmo, sim, ela precisa ser "intensa"; mas o que é uma vida realmente intensa? Uma vida que valha intensamente a pena? Ou uma vida insana, sem propósito, que desperdiça loucamente suas energias em falsos prazeres, festas e futilidades?

Eu conheço uma vida curta que foi verdadeiramente intensa. Não viveu nem mesmo os vinte e sete anos de Amy: durou só vinte e quatro anos neste mundo. Não ganhou a fortuna de um Kurt Cobain e nem teve a fama glamourosa de um Jimi Hendrix ou de uma Janis Joplin, mas soube empregar verdadeiramente bem os anos de sua juventude. Era francesa e se chamava Teresa. Entre tantas outras coisas, deixou-nos estes versos:

Revesti as Armas do Todo-Poderoso,
Sua divina Mão dignou-se me adornar;
Doravante, nada me assusta.
Do seu amor, quem pode me separar?
Ao seu lado, lançando-me na arena,
Não temerei nem o ferro nem o fogo.
Meus inimigos saberão que eu sou rainha,
Que sou a esposa de um Deus!
Oh, meu Jesus! Guardarei a armadura
Com que me visto ante teus adorados Olhos.
Até o entardecer desta vida, minha mais bela veste
Serão meus santos votos!


[...]

Se do guerreiro tenho as armas poderosas,
Se o imito e luto com valentia,
Como a Virgem de encantos graciosos,
Também quero cantar, combatendo.
Fazes vibrar as cordas de tua lira
E esta lira, oh, Jesus, é meu coração!
Posso, então, das tuas misericórdias
Cantar a força e a doçura.
Sorrindo, desafio o combate
E, nos teus Braços, oh, meu divino Esposo,
Cantando hei de morrer, sobre o campo de batalha,
Com as armas na mão!…


('Minhas armas', in "Obras Completas de Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face", pp. 622-624. São Paulo, Editora Paulus, 2002)

A morte no campo de batalha, combatendo o bom combate, com armas na mão: eis o desejo de uma alma jovem! Não a morte num palco ou – pior – num apartamento vazio e solitário, desvanecido o glamour após deixar o palco e as luzes. A vida de combate preconizada por Santa Teresa, morta aos vinte e quatro anos, foi uma vida intensa. Que o Altíssimo tenha misericórdia da alma de Amy Winehouses e de tantos outros que também não se amam e escolhem o mesmo caminho. Que o Senhor lhe dê a paz. E que essa nova tragédia faça-nos ver que é fundamental viver bem a vida. E se gostar. Pois a melhor maneira de amar e fazer bem a si mesmo é amar a Deus, que é Amor e Vida, sobre todas as coisas.

Baseado em artigo do website Deus Lo Vult!

2 comentários:

  1. Estranho pensar na morte.
    Alguns costumam pensar assim. Nossa sociedade não favorece nosso encontros com nossos limites. A finitude assusta e faz-nos perceber que já não temos mais "todo o tempo do mundo".
    Há que se fazer uma opção radical pela vida. Não por uma vidinha qualquer, mas por uma vida plena; vivida e realizada. Gosto de uma expressão que meu pai usa. Diz ele: " tem gente que está fazendo peso sobre o mundo". Penso que isto é uma grande reflexão, especialmente para quem é católico e batizado. Qual a minha marca no mundo?

    Um abraço fraterno a todos

    Mônica

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  2. Mônica, particularmente eu era fã da Amy, claro, como cantora. Como exemplo de vida, ela era a pior. Mas ela tinha uma bela voz e ótimas canções. Infelizmente, como falei no post, Deus faz MUITA falta na vida de qualquer pessoa, não importando se é astro ou estrela do rock ou um(a) trabalhador(a) humilde.

    Concordo plenamente com você: em nossa sociedade predomina esse costume meio hipócrita de fingir que somos eternos, que não existe morte, nem velhice, nem doença...

    Muito proveitoso o que você falou. Uma opção radical pela vida: que marca deixaremos no mundo? Me fez lembrar um livro do filósofo Mário Sérgio Cortella: "Qual é a Tua Obra?"

    Abração!

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