As falhas dos padres, os "pastores evangélicos", a Igreja, as "igrejas", o Papa...


O leitor auto-identificado como Antonio deixou-nos, em 4/1/2012, a seguinte pergunta:


"Boa tarde, é a primeira vez que entro neste blog, mas ja estou cheio de duvidas, o correto seria eu me converter a igreja católica ou a Jesus Cristo, a Maria ou a Jesus Cristo, aos Santos ou a Jesus Cristo, tudo isso sobre religião deixa as pessoas cheias de duvidas e sempre acaba a nos deixar mais desiludidos, porque pastores, padres a maioria desses lideres religiosos só fazem besteira, mas eu acho que deveriam dar exemplo para que nós podessemos acreditar em alguma coisa, esses dias no you tube assisti ao padre da canão nova ensinando falar em linguas, o bispo macedo e o valdemiro só pedem dinheiro, o papa parece que quer fazer um tal de ecumenismo em aceitar tudo nas igrejas.

gostaris que vc postasse mais sobre o ecumenismo e sobre esses padres e pastores que só fazem cagadas."



Bem interessante você deixar esse comentário hoje, aqui neste blog, porque ontem mesmo eu conversava com um amigo a respeito dos erros dos homens na Igreja, e o quanto isso pode dificultar a vida daqueles que chegam, que estão ainda tentando entender as coisas...

De fato, vivemos tempos complicados. Mas se você tem fé, e se você quer encontrar a verdade, se quer entender o que é Igreja, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, conhecer o Caminho que Ele nos deixou neste mundo, então você precisa ter paciência e manter essa fé. Não se deixe levar pelos erros dos homens, porque, se você se concentrar neles, nunca vai chegar a lugar algum. Antes de tudo, é preciso "mudar o foco".

Em primeiro lugar você precisa, urgentemente, parar de colocar "no mesmo saco" os padres, os "pastores evangélicos" e até o Papa. Isso não está certo. Existe gente séria em todo lugar, e por mais que nós critiquemos aqui, também existe gente séria nas comunidades ditas "evangélicas". E existem, é claro, muitíssimos picaretas da fé. Atrevo-me a ponderar que, possivelmente, no cenário brasileiro atual, a maioria dos “pastores” e “bispos evangélicos” seja constituída por gente que vê na religião e na fé dos ingênuos uma oportunidade de lucro fácil. Já tratamos deste assunto neste blog (veja aqui e aqui). Da mesma maneira, existem hoje, - não negamos, - muitos padres desviados da verdadeira doutrina católica e apostólica. Porém, isso não quer dizer que a religião está perdida, que não devemos mais confiar em ninguém e em nada.

A grande questão é você saber que a Verdade existe, e que ela é imutável, perene e eterna. A Verdade não depende da vontade e nem da interpretação dos homens. Ainda que eu não acredite nela, a Verdade permanece sempre a mesma. E se eu acredito no que é real, isso é bom para mim. Crer no real é garantia de êxito, de alegria e de alcançar a felicidade. Crer no que não é real é abraçar o engano, e isso só pode levar à dor, ao sofrimento, à decepção... à perdição, enfim.

Hoje está na moda um certo pensamento que diz que não existe uma só verdade. Cada um tem a sua verdade, e todos temos que respeitar as opções do outro, afinal, é a verdade dele. Muito ouvimos frases do tipo: “Isso pode ser verdade para você, mas não é verdade para mim”... Dizem que não há uma verdadeira realidade, apenas percepções e opiniões diferentes. É isso o que o Papa Bento XVI chama de relativismo. Para tais pessoas, tudo é relativo.

Será que numa sociedade justa os direitos de um devem terminar onde começam os direitos do outro? Foi isso o que Jesus ensinou, quando disse que deveríamos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós mesmos. Parece muito simples e correto, não é? Porém, até contra esses princípios tão básicos do bom senso sempre tem alguém levantando dúvidas. Um autor de best sellers brasileiro disse que essa regra não tem sentido, porque imagine se um masoquista (que gosta de sentir dor) saísse por aí fazendo aos outros o que ele gostaria que fizessem a ele(!)... Percebe o que é relativismo?

Ora, os masoquistas não representam aquilo que é comum, eles não são a regra, e sim uma exceção: eles não representam a maioria, e é claro que as regras de moral são sempre baseadas na maioria. Além disso, o masoquismo pode ser classificado como uma patologia médica: trata-se de um desvio, seja físico, mental, moral ou espiritual. Não é saudável gostar de sentir dor! E é claro que até os masoquistas gostam de respeito, de receber tratamento justo, e que eles também precisam ser amados, tratados com dignidade, etc. Portanto, essa exceção à regra de maneira nenhuma põe em dúvida a perfeição da Regra de Ouro de Jesus Cristo. Mas, se quisermos relativizar, podemos questionar qualquer coisa, até as mais simples e óbvias. Até as mais sagradas.

Então, o que é a Verdade? Você está sentado diante do computador agora? Eu digo que sim, você vê e sabe que sim, isto é verdade. Quem disser o contrário, mente, de propósito ou não, por má intenção ou por engano. Mas a verdade permanece a mesma: você está diante do computador. A verdade é definida pelo dicionário como “Concepção clara de uma realidade; realidade, exatidão, conformidade a um fato; uma declaração provada como realidade”.

Aqueles que acreditam que tudo que existe é relativo, e que, portanto não há uma verdade objetiva, por causa disso também crêem que não existe certo e errado, e que não há nenhuma autoridade que possa decidir se uma ação é certa ou errada. E se não há certo e errado, o que quer que pareça certo num dado momento, certo será. Este tipo de ética torta leva a uma mentalidade e a um estilo de vida do tipo “vamos fazer tudo o que parece bom, tudo aquilo que quisermos”. Os resultados são devastadores, para os indivíduos e para a sociedade. É assim que pensam os viciados, os depravados, os criminosos em geral...

Outra maneira de pensar diz que existem realidades absolutas e padrões que definem o que é verdadeiro e o que não é. As ações são certas ou erradas de acordo com esses padrões absolutos. São os princípios de moral. Agora, você pode imaginar o caos que seria se não houvessem absolutos, se não houvesse realidade objetiva? Pense na confusão que seria a vida se os números não tivessem valores absolutos. Por exemplo, 2 + 2 não seria igual a 4: poderia ser 3 ou 5 ou 1.000.000... Se não houvessem verdades absolutas, o mundo seria o caos. Não haveriam leis da ciência, as leis da física... Tudo seria sem sentido e não existiriam padrões de medida, nem certo e errado.

E se não existem padrões e verdades absolutas, e se todas as coisas são relativas, então matar muitos é tão certo quanto não matar ninguém. Roubar é tão certo quanto não roubar. Crueldade é igual à não-crueldade. Note a que resultados desastrosos a negação da verdade absoluta pode levar. Afinal, se não existe a verdade absoluta, então ninguém pode dizer “você não deveria fazer isso” ou “você deveria fazer aquilo”... O governo não poderia impor regras à sociedade, e a anarquia tomaria conta de tudo. Um homem deseja uma mulher, ele a toma para si, à força. Caos... Cada um faz o que é certo do seu ponto de vista. As pessoas seriam “livres” para assassinar, estuprar, mentir, trapacear... e ninguém poderia dizer que tais coisas são erradas. Não haveriam leis nem justiça, porque ninguém poderia ter o direito de definir e impor padrões e regras. Um mundo sem absolutos seria o mais horrível mundo imaginável.

Sim, a Verdade absoluta existe, e ela pode ser encontrada e entendida, desde que nós realmente queiramos. E se a Verdade absoluta existe, as “outras verdades” estão erradas. Entende isto?

Então, retomando sua pergunta, Antonio, tudo o que eu tenho para lhe dizer é: estude, reze, busque com o máximo esforço, com a máxima sinceridade, com toda a determinação. Só há uma Igreja com dois mil anos de história neste mundo, só há uma Igreja que preserva a Tradição dos Apóstolos desde os tempos bíblicos até hoje: esta é a Igreja Católica. Todas as outras “igrejas”, que você menciona, surgiram a partir do 16º século, com Lutero e Calvino.

Muitíssimos Sinais e Prodígios também têm confirmado a Igreja Católica como verdadeira, como as aparições de Nossa Senhora em Lourdes, Fátima, Guadalupe (leia a respeito aqui)... Tenho conhecido inúmeros testemunhos de médicos e homens de ciência, e também de pesquisadores altamente gabaritados, que se converteram à fé católica depois de estudar alguns desses casos. Milagres extraordinários sempre ocorreram e continuam ocorrendo exclusivamente dentro da Igreja Católica. Não estou falando de alguém que vai à frente de uma assembleia e diz: “pastor, eu estava com uma dor no braço terrível e agora que começou o culto não sinto mais nada!”... Não. Eu me refiro a casos de cânceres incuráveis, de membros perdidos que recuperaram suas funções, e até de ressurreições(!). Estou me referindo, em especial, aos Milagres Eucarísticos, quando o pão se torna Carne e o vinho vira Sangue, e o fenômeno é comprovado pela ciência (leia aqui e aqui)! Refiro-me à preservação inexplicável dos corpos de diversos santos, e a muitos, muitos outros casos estudados pela ciência e comprovados como supranaturais.

A razão, a lógica, a boa consciência e os fatos, inclusive milagrosos, levam a um só caminho: este Caminho é Cristo. “Devo me converter à Igreja, à Maria, aos santos ou a Jesus Cristo?”, você pergunta. Bem, a resposta é que não há essa grande diferença entre uma coisa e outra, porque a Igreja é a chave e o instrumento que Jesus mesmo nos deixou para chegar a Ele. Maria e os santos são seus testemunhos e instrumentos dEle neste mundo (leia sobre Maria aqui, e sobre o papel dos santos aqui). E não é possível contrapor Jesus Cristo à Igreja, mesmo que ela seja (como é) gerida por seres humanos imperfeitos e falhos. A afirmação de que “não importa seguir esta ou aquela ‘igreja’ (supondo que existam muitas), mas sim seguir Jesus”em si mesma, já é uma grande contradição.

Se consideramos Jesus Cristo importante, se temos fé nEle, somos obrigados a considerar também a Igreja muitíssimo importante! Isso porque foi o próprio Jesus quem instituiu a sua Igreja sobre a Terra, conforme claramente registrado na Bíblia Sagrada: "Bem aventurado és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram (que sou o Cristo), mas meu Pai que está nos Céus. Pois eu te declaro: tu és Pedra (Pedro na tradução), e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja; as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as Chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus" - Jesus Cristo (Mateus 16, 18).

Observando o trecho por inteiro, simplesmente lendo a fala de Jesus Cristo a Pedro, na íntegra, torna-se impossível distorcer as palavras do Senhor, mudar o sentido, procurar ali significados que não existem. A declaração é clara, direta, incisiva. Vemos que, além de fundar a sua única Igreja sobre Pedro, Jesus ainda lhe dá as Chaves do Reino dos Céus, e o poder de “ligar e desligar” na Terra e nos Céus. Além de mudar o nome do Apóstolo, de Simão para Pedra, o que já demonstra que está lhe entregando, a partir daquele momento uma missão especialíssima, Cristo ainda lhe confere a autoridade sobre a Igreja na Terra. Ora, nosso Senhor está deixando muito, muito claro, que todo aquele que quiser entrar no seu Reino deve procurar fazer parte da Igreja que ele mesmo deixou.

Em outras partes do Novo Testamento Jesus é chamado "Pedra Angular", e certos ignorantes em Teologia têm usado isso para tentar confundir as pessoas mais simples, dizendo que não era Pedro a Pedra, e sim Jesus. Mas é óbvio que não há ligação direta entre as duas situações, são simbologias diferentes. Jesus não está falando consigo mesmo na passagem de Mateus 16: ele fala diretamente a Pedro. Fala a Pedro porque ele foi o único a quem o Pai revelou quem era Jesus, verdadeiramente. Se o Senhor estivesse falando de si mesmo, diria simplesmente "Eu sou a Pedra...", assim como disse "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida", "Eu sou a Ressurreição", etc. Além disso, não teria sentido dizer que ele mesmo era a Pedra e logo em seguida, na mesma fala, entregar a Pedro as Chaves do Reino, dando-lhe autoridade para ligar e desligar na Terra o que seria ligado e desligado nos Céus. Simão a partir dali seria a Pedra, por isso recebeu as Chaves. O texto sagrado é objetivo e não deixa margem para confusão. Mais tarde, após a Ressurreição, o Senhor confirma a missão de Pedro como líder da Igreja, dizendo-lhe: "Amas-me? Apascenta minhas ovelhas!" (Mateus 21, 15-17) – Nessa passagem, Jesus repete esta mesma ordem a Pedro por três vezes! O que mais é preciso para entender que não existem muitas “igrejas”, e sim uma só Igreja, fundada por Cristo sobre Pedro, e que este foi o primeiro Papa da Igreja, embora não fosse chamado assim na época?

Esta liderança de Pedro sobre a Igreja (sobre os Apóstolos) também é confirmada em várias passagens do Novo Testamento, especialmente nos Atos dos Apóstolos, quando o próprio Pedro, em meio à reunião com todos os outros Apóstolos e anciãos, se levanta e declara: “Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós (os Apóstolos), para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho, e cressem” (Atos dos Apóstolos 15, 7).

Jesus Cristo fundou sua Igreja Una neste mundo, e Pedro foi a Pedra fundamental da Igreja: são fatos incontestáveis. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de discernimento compreende estes fatos. E compreendendo bem isso, caro Antonio, responda para si mesmo, com toda a sinceridade: tem algum sentido dizer que quer seguir Jesus e desprezar a Igreja que ele próprio deixou para a nossa orientação?

E como se já não fosse suficiente, a Bíblia Sagrada também nos ensina que é justamente na Igreja que se encontram a base e o sustento da nossa fé: "Escrevo para que saibas como convém andar na Casa de Deus, a Igreja do Deus vivo, que é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (1 Timóteo 3, 15).

Depois de se debruçar sobre estas verdade, será alguém ainda capaz de dizer: "Jesus não fundou igreja"? Se for alguém realmente disposto a encontrar a Verdade, que busque a Deus com a consciência limpa e pureza de alma, sem dúvida vai repensar suas convicções. Se for alguém firmemente determinado a permanecer fiel na doutrina infalível do "pastor", este vai tentar encontrar um jeitinho e uma desculpa para continuar de olhos fechados.


Conclusão

Ponto 1: Só há uma Igreja de Jesus Cristo. Nós podemos e devemos respeitar a opção religiosa de todos, mas não devemos fechar os olhos para a realidade dos fatos.

Ponto 2:
Os padres, seres humanos falhos e imperfeitos, estão sujeitos ao erro e ao pecado como nós, e eles falham, muitas vezes.

Ponto 3:
Uma coisa é o padre, outra é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se algum padre que você conhece está lhe dando motivos para as pesadas críticas que você fez, isso de maneira nenhuma justifica abandonar a Igreja, nem abandonar a fé.

Ponto 4:
Meu conselho final: procure se instruir na fé e se aperfeiçoar na caminhada junto à Igreja de Jesus Cristo. Mantenha a fé, persevere, estude, reze, leia a Bíblia. Se algum padre falhou com você, procure uma outra paróquia, um outro sacerdote. Se existem padres desviados, por certo a maioria do clero ainda é composta de homens de verdadeira fé, corretos, honestos e dedicados. Falo por experiência própria. Busque a verdade. Encontre a Igreja. Peça auxílio. Não desanime. Talvez, um dia, você agradeça por este conselho.

Rezamos por você, por sua vida, sua felicidade e encontro. O Deus da misericórdia lhe abençoe e guarde!

Henrique Sebastião

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