Fé, alegria e oração - a Via da Purificação e a Via da Iluminação


A conversão, no cristianismo, é um processo que se dá com base principalmente na vontade. Neste processo, vale menos o intelecto, e menos ainda a emoção, por seu caráter efêmero, fugaz, inconstante. Atualmente, entrentanto, prosperam grandes movimentos religiosos que valorizam excessivamente o sentimentalismo, criando e alimentando nos fiéis a ideia de que o “sentir-se bem” deve servir como principal parâmetro para decidir se aquele caminho religioso é autêntico. "Aqui está Deus, porque aqui eu me sinto bem!", é o pensamento dos frequentadores de tais movimentos. Acham que a oração ideal é aquela em que o sujeito chora, fica emocionado, sente um ardor no peito... As Missas e/ou cultos são excessivamente animados, com guitarras, bateria alta, gritos, bateção de palmas a todo momento... Tudo isso cria um estado de euforia, leva alegria aos corações, mas... Trata-se de uma alegria passageira. E a pessoa fica condicionada a querer sempre mais. Logo começa a pensar que numa celebração em que não aconteça todo aquele ardor festivo, Deus não está presente. Será?

Os grandes autores do cristianismo entenderam que a construção do cristão fiel passa por duas etapas distintas: primeiro, a Via da Purificação; depois, a Via da Iluminação.


A Via da Purificação

O primeiro momento da Via da Purificação ocorre quando a alma encontra Deus: sente-se saciada e amada por Deus. Começa a reconhecer Deus como amigo, companheiro, o Deus que é Bom, que nos ama e salva. As orações são fervorosas, a alma sente-se “enamorada” de Deus.



Mas no segundo momento da Via da Purificação, a alma começa a perceber que na realidade ela continua com os mesmos defeitos que tinha antes de conhecer a Deus. É um momento difícil e delicado. O buscador percebe que luta e luta contra si mesmo, mas é ainda o mesmo ser humano pequeno e falho (a 'luta da carne contra o espírito', vista em Mc 14, 38; em todo o capítulo 7 da Epístola aos Romanos e em outros textos bíblicos). A oração, então, perde fervor. A alma tem a impressão de que Deus não lhe responde. Surge um vazio. E é então que dois caminhos se abrem:

1º - A Purificação – a alma começa a aprender que, mesmo em Comunhão com Deus, ela continua somente humana, e continua fraca. Que tem que se entregar a Deus a cada dia, a cada instante, e que essa entrega basta. Entende que ser cristão é entregar-se, manso e humilde, diante do Criador. Não é preciso e de nada adianta buscar Deus na emoção, nas sensações intensas… É a silenciosa e simples Presença de Deus que lhe dá força. E essa pessoa que ama a Deus não somente no falar, mas em seu íntimo, prossegue, esquecendo de si própria. É um outro processo delicado: o da eliminação do amor próprio.

Importante dizer que eliminar o amor próprio, nesse caso, não quer dizer desprezar-se ou odiar a si mesmo, num sofrimento doentio, esquizofrênico e estéril. Eliminar o amor próprio é a pessoa "negar-se a si mesma", como disse Nosso Senhor (Mc 8, 34-35), no sentido de reconhecer-se pequena, incapaz de alcançar a salvação por seu próprio poder ou méritos. Quer dizer aceitar a própria incapacidade e render-se diante da Soberania Divina. Por nós mesmos, nada podemos fazer (Jo, 15, 5). É Deus que realiza em nós as grandes e pequenas coisas.



2º - A Queda – a alma não suporta mais o fato de que Deus não lhe responde. Não suporta que seja tão fraca. Começa a achar que exagerou na dose, que na realidade tudo não passou de um furor vazio, uma ilusão. A fé começa a se enfraquecer, cai nos vícios, a pessoa se perde do caminho da purificação, retomando sua vida anterior.


A Via da Iluminação

Mas, finalmente, aquele que vence a etapa da Via da Purificação começa a Via da Iluminação. A alma adquire maior consciência da Presença de Deus, começa a ver o Toque de Deus no dia-a-dia, a manifestação do Amor de Deus às suas criaturas, mesmo no sofrimento, mesmo nas dores e dificuldades... Começa a perceber e saber que Deus está sempre com ela. A alma tem o que se chama de “Presença de Deus”.

Mas a via da iluminação tem um risco: a alma está subindo importantes degraus de proximidade a Deus. E quanto maior a altura, maior a queda. A alma deve permanecer no seu caminho de encontro a Deus; o desafio nessa fase, porém, é superar o orgulho espiritual, isto é, achar-se melhor que as outras pessoas. Julgar-se especial, mais santo(a), mais sábio, mais iluminado... Corre o risco até de achar ridícula a manifestação de fé dos outros. A alma vive um egoísmo, uma soberba espiritual. Sabe que Deus está com ela; ama a Deus, mas tem dificuldade em amar as demais pessoas, porque enxerga seus erros e não os compreende. Quer que as coisas sejam do seu jeito, não aceita quem vive de outra forma.

Esta é a etapa definitiva a ser vencida. Se o cristão conseguir superar mais este desafio, estará verdadeiramente próximo de Deus e de uma vida cristã abençoada. - O que não significa estar livre de todos os problemas e dificuldades deste mundo, mas saber lidar com todas as situações, de modo sereno e tranquilo. A alegria não mais se dissipa, pois existe a consciência da permanente Presença de Deus em todos os momentos. É uma alegria, porém, calma, silenciosa, perene, refletida, prudente, sensata... Vemos esse tipo de comportamento, reflexo da autêntica Comunhão com Deus, nas vidas dos santos. É essa fé e essa consciência que conferem o amor, a coragem, a paciência e a persistência necessárias para ser cristão na prática.


Conclusão

Talvez as celebrações citadas no começo deste artigo, aquelas fundamentadas na emoção, coloquem os fiéis que delas participam no caminho da purificação, naquele primeiro momento em que a pessoa "descobre Deus": é aquele momento muito feliz, alegre e agradável, após a conversão espiritual. É quando a pessoa começa a chegar perto de responder às grandes perguntas existenciais (Quem eu sou? De onde venho? Por que existo? Quem é Deus?).

Os movimentos pentecostais ou carismáticos alimentam esse clima de emoção… Com o tempo, porém, surge a inevitável crise de identidade espiritual no sujeito. Essa alegria inicial não pode durar para sempre, ao menos não no plano sensitivo, expansivo, e os grandes doutores da Igreja falaram sobre isso. E então, quando a pessoa começa a perceber que está “enfraquecendo” na fé (um sinal que serve para filtrar os que realmente amam a Deus daqueles que o buscam porque 'sentem-se bem' nos templos ou para obter favores), se o esforço se concentrar somente em manter aquela emoção inicial... O risco de cair no abismo é grande.

É aí que o católico mal orientado abandona a Missa, abandona a Igreja, abandona a Deus. Sente como se tudo tivesse ficado no passado, quer resgatar a alegria, a euforia, não se conforma com o esfriamento dos sentidos... Muitos, nesse momento de fragilidade, acabam encontrando alguma seita "evangélica", e na ânsia por recuperar a sensação inicial da conversão, convertem-se para uma nova religião, e a partir daí continuam migrando de uma "igreja" para outra, sem nunca encontrar verdadeiramente o que buscam.

A emoção, a euforia, a explosão do amor devoto... Tudo isso é natural no início da vida cristã, mas quando não se trabalha com a formação sólida e tenta-se "prender" a pessoa somente pela emoção, o que se está fazendo é abrir a porta para a perda da fé ou mudança de religião. Esse pretenso "carismatismo" forçado é algo que se situa fora da fé, fora da Verdade, fora da religião tal como Deus a criou. De que importa ou do que vale, por exemplo, falar um "blá blá blá" que ninguém entende? Deus já não revelou à Igreja tudo o que era necessário para a nossa salvação?

Ninguém pode depender da emoção, ninguém deve tornar-se "refém" das próprias sensações para continuar fiel a Deus. Deus está na alegria da conversão, mas está também na oração silenciosa, na contemplação do Mistério Divino, na quietude da adoração interior verdadeiramente espiritual, no silêncio de uma reflexão cheia de amor e devoção sincera... Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4, 24). Para adorar em espírito seria preciso participar de shows, gritar, dançar, bater palmas, seguir coreografias? Ou essa exortação combina mais com aproximar-se de Deus no silêncio do coração? A parábola do fariseu e do publicano no Templo pode nos auxiliar neste estudo:

"Dois homens subiram ao Templo com o propósito de orar: um, fariseu; outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: 'Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros'. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!' Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado" (Lc 18, 9-14).

A parábola trata, em primeiro lugar, de humildade, mas também nos dá uma pista clara sobre a maneira ideal de elevar nossas orações a Deus. O Senhor disse também: "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente" (Mateus 6, 6). Um antigo cântico cristão diz: "No silêncio do coração, o Senhor faz ouvir a sua Voz...".

Todas as vezes que a Bíblia fala em oração, em cultuar a Deus, fala em silêncio, em reverência. O apóstolo Paulo gastou 40 versículos para tratar do culto público (I Coríntios 14). Falou da necessidade de cantar em espírito, e também com a mente, com o entendimento (I Co 14, 15). Termina o capítulo dizendo: "Tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (I Co 14, 40). Será preciso dizer mais?



O regime comunista matou mais de 100 milhões de pessoas no mundo

Soldados marcham em desfile na China pelos 60 anos
do regime comunista naquele país (foto: AFP)

Para documentar a história sangrenta do comunismo, com o objetivo de honrar as mais de 100 milhões de vítimas dessa tirania e educar as gerações futuras sobre o passado, foi desenvolvido o website Global Museum on Communism (Museu Global do Comunismo, em inglês, disponível no endereço globalmuseumoncommunism.org).

Na página, que é um portal de pesquisa e documentação histórica bastante respeitável, é possível encontrar seções como o "Hall da Infâmia", onde estão as biografias de grandes líderes comunistas como Lenin, Stálin, Mao Tse-Tung (Mao Zedong), Ho Chi Minh, Pol Pot, Fidel Castro, - todos ditadores sanguinários e conhecidos pelo terror imposto aos povos das nações que governaram.

Encontramos também as histórias de bravos homens e mulheres que sofreram como prisioneiros políticos em nações de regimes comunistas, por ousarem levantar a bandeira da liberdade.

De acordo com os cálculos de diversas organizações, o número de mortos pelos regimes comunistas em todo o mundo, até hoje, chega a mais de 100 milhões(!). A China lidera o ranking, com o número de mortes estimado em 65 milhões de pessoas. Em seguida, aparecem a União Soviética, com 20 milhões; o Camboja, com 2 milhões; a Coreia do Norte, com 2 milhões; países africanos, que somam 1,7 milhão; o Afeganistão, com 1,5 milhão; países comunistas do leste europeu, com 1 milhão; Vietnã, com 1 milhão; a nossa América Latina, com 150 mil, entre outros.

Os recursos gráficos do site incluem ainda a seção "Linha do Tempo", que narra ano a ano os fatos que marcaram a história do comunismo, com vídeos e textos, além de galerias de imagens. O "Registro de Vítimas" permite que usuários de todo o mundo enviem seus relatos sobre a relação que tiveram com o comunismo. Há também artigos especiais com temas como "Economias pós-Comunismo", "A Guerra na Religão", "A Perseguição Chinesa aos Uigures", entre outros.

"Nosso museu serve como símbolo de esperança e lugar necessário para lembrança, nestes tempos em que muitos estão esquecendo o alto preço que o comunismo cobra, como a detenção da população e do resto do mundo livre. Educando sobre os horrores do passado e apontando os perigos atuais, o Museu Global do Comunismo assegura que 'nunca novamente' as nações e pessoas permitirão que uma tirania aterrorize o mundo", declara o site.



Informar-se - Um livro editado recentemente (2009) na França e já publicado no Brasil é referência para quem pretende ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. Trata-se de O Livro Negro do Comunismo (tradução de Caio Meira; Bertrand Brasil; 917 páginas). A obra, que reúne artigos assinados por diversos autores, é um retrato monumental das atrocidades cometidas pelo totalitarismo de esquerda através da História.

O tenebroso custo de 100 milhões de vidas inocentes deve-se ao utópico projeto de construir sociedades igualitárias por meio da mão forte do Estado, que nasce da ideologia de luta de classes proposta por Karl Marx.

Importante especificar que o Livro Negro do Comunismo atém-se a fatos históricos, dispensando acusações infundadas e/ou afirmações puramente ideológicas. Os crimes do stalinismo, por exemplo, são conhecidos desde 1956, quando o então premiê soviético, Nikita Kruchev, os denunciou por ocasião do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Era para ser um dossiê secreto, não fosse o correspondente capitalista do jornal The New York Times, que divulgou a terrível informação. Nunca, porém, as monstruosidades de Stalin foram descritas com tanta riqueza de detalhes.

Lançado na França, o livro chamou a atenção e foi um grande sucesso. Não tanto pelos artigos que enfeixa, mas pela introdução assinada por seu organizador, o historiador Stéphane Courtois, um ex-maoísta convertido em crítico antagonista da ideologia marxista. Courtois defende a tese de que o comunismo é irmão gêmeo do nazismo, já que ambos utilizaram o genocídio como estratégia de reorganização social. "Os mecanismos de segregação e de exclusão do totalitarismo de classe se parecem muito com aqueles do totalitarismo de raça", escreve ele.

A tese de Courtois pode soar forte, mas encontra eco em alguns dos maiores pensadores do nosso século, como a filósofa alemã Hannah Arendt, profunda conhecedora da história e da ideologia nazista. Ela observou que, de fato, os princípios do comunismo e do nazismo têm muito em comum. Ambos dividem o mesmo credo num partido único, que deve controlar de forma absoluta o aparato estatal. Além disso, amparam-se em ideologias incontestáveis, recorrem à polícia política e à repressão implacável dos dissidentes.

A principal diferença entre o terror nazista e o comunista é que o último se prolongou por muito mais tempo e, portanto, colecionou mais vítimas. A partir de 1917, quando os bolcheviques tomaram o poder na Rússia, até 1953, quando Stalin morreu, os expurgos, a fome, as deportações em massa e o trabalho forçado nos gulags (campos de concentração de presos políticos) mataram 20 milhões de pessoas na União Soviética(!). Só a grande fome de 1921-1922, causada em boa parte pelo confisco de alimentos dos camponeses, acabou com mais de 5 milhões de cidadãos(!). Na virada dos anos 1920 para os 1930, a coletivização forçada do campo representou uma declaração de guerra do Estado soviético contra os pequenos e médios produtores rurais. A etapa final desse processo foi outra terrível fome, entre 1932 e 1933, que ceifou mais 6 milhões de vidas(!).

Em outros países que adotaram o regime marxista, os números da matança são igualmente eloquentes. A fome causada pelo projeto chamado "grande salto para a frente", implantado por Mao Tsé-Tung em meados dos anos 50, deixou um saldo espantoso de 65 milhões de mortos(!). Em termos proporcionais, o maior genocídio comunista foi no Camboja. O Khmer Vermelho, com sua obstinação em transferir a população das cidades para o campo, matou de inanição e cansaço nada menos do que 25% dos habitantes do país entre 1975 e 1979(!).

Os adeptos do marxismo/comunismo sempre se esquecem de que, no comunismo, o totalitarismo é regra. Jamais se ouviu falar de um país socialista com representantes eleitos pelo voto, liberdade de imprensa e de associação. Já o regime político que melhor se coaduna com a livre iniciativa e a propriedade privada é o da democracia liberal. Sobre esta última, talvez a melhor definição seja a do ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill. Em 1947, ele disse: "A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que já foram experimentadas".


vozdaigreja.blogspot.com

Páscoa da Ressurreição do Senhor!



Hoje, e nos próximos cinquenta dias, celebramos o dia glorioso em que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos para nos oferecer a vida eterna! Sim! Aleluia! Mas... O que significa isso, mesmo?

Com certeza muitos estão satisfeitos hoje com seus ovos e coelhos de chocolate, coelhinhos de pelúcia e outros bichos. Satisfeitos em presentear amigos, namorada(o)s, familiares... Mas... estarão tão satisfeitos por desfrutar dessas alegrias passageiras quanto aqueles que conhecem o verdadeiro sentido deste dia? E você, comeu hoje ovos de chocolate ou se alimentou da Palavra de Deus? Entristeceu-se por causa de algum problema temporal ou enfermidade, ou se alegrou com Aquele que ressuscitou e está Vivo?

Dizia o filósofo ateu Friedrich Nietzsche: “Não é verdade que Cristo ressuscitou, porque, se fosse, os cristão teriam outra face”. - Faz pensar, não é? Será que a nossa face é a face de um cristão ressuscitado? É a face extremamente feliz e realizada de uma pessoa que "vive, se move e existe em Deus", como falou o Apóstolo Paulo (Atos 17, 28)? A experiência da Ressurreição não deveria ser a transfiguração da nossa face, - e não só da nossa face, mas também (e principalmente) do modo como vemos as coisas? Do modo como vivemos? Como nos realacionamos com os outros? Uma experiência que nos transforma em "outros Cristos" no mundo? Não deveria nos tornar, a cada um de nós, verdadeiras "imitações do Senhor", que se aperfeiçoam um pouco mais a cada dia, a cada nova participação no Corpo e Sangue do Senhor Ressuscitado?

Se Jesus ressuscitou, se é verdade que nós somos o seu Corpo Místico neste mundo, do qual Ele é a Cabeça, então nós não deveríamos ver e viver a vida de um modo diferente? Sim, porque se a Cabeça já está na Luz, nós então devemos caminhar na certeza, porque estamos seguros da vitória e do triunfo da vida sobre a morte. Devemos, pois, ressuscitar todos os dias, buscar uma nova alegria de viver a cada momento, mesmo nas dores e angústias deste mundo.

"Isso é mais fácil de falar do que de fazer", podem pensar alguns. Mas não foi exatamente por isso que o Senhor chamou cada uma de nós a tomarmos a nossa própria cruz e segui-Lo? Qual é a sua cruz? Você sabe muito bem, não sabe? Pois bem: tome-a, com alegria, e siga o Caminho que é o próprio Cristo. Nossa Mãe Santíssima e todos os santos e santas que já viveram e vivem, seja neste mundo ou agora no Céu, caminham ao nosso lado. À nossa frente, Jesus! A vitória sobre o mundo, sobre o pecado e sobre a morte, é certa! Jesus ressuscitou, e nós com Ele! Aleluia! Feliz Páscoa da Ressurreição do Senhor!

Semana Santa - Pe. Paulo Ricardo

** Assista antes ao primeiro vídeo desta palestra






Fonte: PadrePauloRicardo.Org

Caminhando para a Luz: "Cruzando o Tibre"


Meu nome é Emerson Oliveira. Nasci num lar católico. Minha família sempre foi católica praticante. Meus pais iam à Missa cotidianamente. Eu nasci assim. Meu pai, quando eu era ainda criança, me dedicou a Deus, pedindo que eu fosse um pregador do Evangelho. Talvez seja por isso que sempre esta vocação religiosa permeou meu ser. O nome que escolhi para o meu testemunho, "Cruzando o Tibre", tem a ver com a metáfora dos conversos à Igreja Católica, que “cruzam o Tibre” (o rio que corta Roma), se bem que no meu caso, como vão ver, foi mais um retorno à casa materna.

Desde criança sempre gostei de assuntos religiosos. Quando tinha 12 anos eu, depois de chegar da escola, chamava meus amiguinhos num jardim e lhes ensinava o catecismo. Sempre tive vontade de ensinar religião. Eu amava fazer isso. Às vezes chegava a juntar até 7 amigos.

Minhas grandes influências em religião também foram filmes religiosos, como Os Dez Mandamentos, de Cecil B. DeMille (meu filme religioso favorito) e O Rei dos Reis, de Nicholas Ray. Esses e outros filmes formaram boa parte de minha bagagem religiosa, pois eu sempre fui muito atencioso ao lado espiritual. Depois, esta vocação foi se desenvolvendo, e até pensei em ser monge redentorista, no Seminário Santo Afonso, em Aparecida do Norte. Sempre gostei de estudar hagiografia (vida dos santos) e ver filmes de santos, como Santa Bernadette Soubirous (tenho vários filmes religiosos, como ‘A Canção de Bernadette’).

Com 13 anos eu fiz minha Primeira Comunhão e Crisma. Foram épocas muito felizes. Mas, infelizmente, depois dos 16 anos, eu deixava às vezes de ir à Missa.

Em 1988, algo aconteceu. Eu estava passando por um momento delicado, de depressão. Eu sempre tive problemas com questões sentimentais, e às vezes isso passava para depressão. Cheguei até a visitar um centro espírita, e inclusive uma vizinha minha, querendo me ajudar, chamou uma amiga "médium" para vir fazer uma sessão espírita aqui em casa. Imagine, uma família católica tendo aquilo em casa! Católica praticante, e minha mãe tinha horror àquilo. Foi assustador. E, sem entrar em detalhes, percebi que a minha situação havia piorado em vez de melhorado. Isso foi numa tarde de sexta-feira. À noite, fui para a escola, mas estava transtornado. Parecia que tinha ficado louco; meus amigos viravam para lá e para cá, parecia tudo uma bagunça e fiquei confuso.

Mas, naquela noite, vieram à minha casa um "pastor" e um diácono da igreja adventista da promessa, vender Bíblias. Essa igreja é pouco conhecida, pois as pessoas a confundem com a Adventista do Sétimo Dia; não é a mesma coisa: a IAP não aceita Ellen White, mas ensina outras coisas igual ao adventismo. Nessa noite, eu contei o caso para esse "pastor", ele orou o Pai-Nosso e a partir desse momento minha vida começou a melhorar.

Foi num domingo de junho de 1988 em que eu, incrivelmente, cheguei até a dar uma passadinha, naquela tarde, numa “igreja universal do reino de deus (Mamon)”. Vi orações e até uma suposta “cura” (hoje, sei que se tratava de uma encenação, uma farsa para convencer pessoas simples a frequentar aquela igreja-empresa). No fim, é claro, o "pastor" aproveitou para pedir dizimo e ofertas para os fiéis. À noite, fui à adventista da promessa, que é aqui perto de minha casa, onde minha irmã tinha sido a primeira de nossa família a frequentá-la. Foi minha irmã mesmo quem me persuadiu a ir conhecer essa denominação. Ela, que era católica, alegou que ia sair da Igreja Católica “para uma igreja mais organizada”, em suas palavras. Ela com isso queria dizer uma igreja onde as pessoas eram "praticantes" pois, segundo ela, nem sempre via bons testemunhos nos católicos.

Bom, naquela noite eu “aceitei Jesus”, segundo eles dizem. Melhor seria dizer que aceitei a falsa imagem de Jesus que eles me venderam, pois a verdadeira doutrina de Jesus Cristo eu estava abandonando naquele momento. Com o tempo, eu, que fui o segundo a ir para a "igreja da promessa", como eles chamam, comecei a tentar trazer também os meus pais, que ainda eram católicos. O "pastor" usou de métodos que hoje sei serem falaciosos, como afirmar que "na coroa do Papa está escrito: Vicarius Fillis Dei, que soma 666 (o que é mentira); que a Igreja Católica queimou bíblias (outra mentira) e outras daquelas fábulas manjadas que certas "igrejas" evangélicas usam como método para arregimentar fiéis.

Com essas mentiras e também com os meus apelos, pouco a pouco fui trazendo meus pais para a adventista da promessa. Eles ainda rezavam o Terço e eu, do alto da minha ignorância e soberba de "evangélico" recém-convertido, "explicava" que a Bíblia não ensinava nada daquilo. Eu havia me transformado num dedicado defensor da adventista da promessa.

Eu era muito amigo do "pastor" que me trouxe à adventista, e até o considerava “meu pai na fé”. Com a sua ajuda, trouxemos também meu pai (que foi o mais difícil para trazer à igreja adventista, pois era católico convicto). Eu fui tão influente em trazer meus pais à adventista que minha mãe me chamava de “a chave” (que os trouxe à adventista). Eu havia me tornado uma chave que tranca a porta que leva ao verdadeiro Caminho até Deus, com certeza... E assim foi. Acabei levando meu irmão também à denominação adventista. Meu pai, minha mãe e meu irmão... Somente duas irmãs permaneceram católicas.

Eu fui um dedicado defensor da causa adventista, tanto é que convidei um padre para vir aqui em casa para debater com o "pastor", para ver quem estava certo. Os ânimos estavam exaltados e eu estava crente na adventista. Ficamos felizes quando parecia que havíamos ganhado o debate (isso com o 'pastor' usando o 'doutrinal', que é o manual de fé da adventista da promessa).

Eu era o único jovem da igreja, talvez, que mais saía com o "pastor" para dar estudos bíblicos sobre o sábado. Eu era muito útil, pois tinha conhecimentos em História e outros assuntos, complementando os estudos nas casas. Por isso o "pastor" me chamava. Tive alguns cargos na adventista da promessa, como professor de "escola bíblica" e pregador. Cheguei a dar palestras, eu e um amigo meu, tentando “provar” a guarda do sábado na História (hoje eu acho isso engraçado. Eu estava já fazendo o método certo, mas com o ensino errado). Eu "ensinava" em palestras que Constantino mudou o sábado para o domingo, no ano 321(?), e que a Igreja Católica era a Grande Babilônia de Apocalipse. Enfim, eu era um adventista, e mais bem instruído nas falsas informações e mentiras, que essa denominação propaga, do que a média. "Ensinei" e preguei mentiras, várias vezes, nessa falsa igreja.

E frequentei algumas listas evangélicas na internet, de debates bíblicos. Nelas, alguns chegavam a me chamar de “agente católico infiltrado” visto eu defender, às vezes, mais a Igreja Católica do que o protestantismo, nessas discussões. Confesso, hoje, que fui um péssimo apologista protestante, pois nunca defendi mesmo a sola scriptura e outros princípios da Reforma. Eu não ligava, pois para mim importava mais a minha consciência em defender o que era certo, e não o apego ou a fidelidade a determinada doutrina.

No ano 2000, criei o site "Logos", influenciado pela revista Ultimato, sendo interdenominacional. Nele, não coloquei uma só linha defendendo o sábado. Já ia percebendo que eu também não estava sendo um bom apologista do sábado na internet (apesar dos meus profundos conhecimentos sobre a falsa doutrina do sábado) pois o "Logos" não faz apologia do sábado.

Com o tempo eu, que era ávido estudioso e pesquisador, comecei a perceber que a IAP tinha uma presença pífia na internet, assim como seus membros (refiro-me à comparação com outras denominações cujos membros são aplicados em debater doutrinas). Aquilo me desapontou, pois eu pensei: “ora, se o sábado é tão digno de ser defendido, por que a IAP não aparece mais incisivamente na internet?” Sua ausência era notória e comecei a perceber que isso era crônico.

Sempre fui dedicado aos estudos apologéticos: Pais da Igreja, História da Igreja, apologética em geral... E nisso a adventista da promessa deixava muito a desejar. Eu pensava: ‘ora, se esta é a verdadeira igreja, porque é tão pobre em conhecimentos gerais?’ Se dependesse da IAP, eu não ia sequer conhecer os primeiros séculos do cristianismo... Comecei a perceber que eu era um "estranho no ninho", pois parecia que os meus conhecimentos me tornavam um tipo de "extraterrestre" naquela denominação. Tentei várias vezes conclamar os jovens a estudarem sobre seitas e heresias, mas eles desvaneciam rápido. Isso muito me chateou, pois eu gosto de reciclar idéias.

Com o tempo comecei a perceber que a adventista da promessa criava uma espécie de "redoma" em torno das pessoas, alienando-as das ideias externas. Não quero com isso "falar mal" da IAP, como alguns "pastores" alegaram, mas apenas expor a verdade. O fato é que a IAP (assim como muitas denominações protestantes) estava totalmente despreparada para enfrentar o desafio das seitas, o que me deixou frustrado, pois gosto de trocar ideias, e aquela igreja não me favorecia em crescimento intelectual. Eles dão muita ênfase às experiências espirituais (falar em línguas) e "dons do Espírito Santo", mas são pouco afeitos a estudos profundos. Só se “baseiam” na Bíblia e no doutrinal próprio. No mais, são parecidos com qualquer denominação evangélica.

Certa vez, um advogado amigo meu, que é batista, me disse: “Emerson, sai dessa adventista e vai para a batista. Lá darão mais valor para sua inteligência”. Ele falou certo, mas a igreja errada. Se eu saísse da adventista e fosse para qualquer denominação protestante (e olha que visitei sempre a batista e a presbiteriana), estaria trocando o seis pelo meia-dúzia, ou seja, saindo de um lugar para passar para o outro que crê a mesma coisa: a sola scriptura. Foi exatamente ao ver que toda denominação protestante crê no ensino furado do sola scriptura que percebi que não adiantaria eu trocar de lugar: eu ficaria na mesma. Somente uma Igreja que estivesse fora do eaquema sola scriptura é que poderia estar certa. Esta é a Igreja Católica.

Durante esse tempo na adventista da promessa eu sabia (porque pesquisava bastante) que havia vários textos bíblicos que eram delicados à posição dessa igreja, como Colossenses 2, 16-17 ('...Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas a Verdade é Cristo'). Mas eu, comodamente, fingia que “não via”, ou aceitava sem pensar as interpretações da IAP. Dois livros que me influenciaram bastante foram “Ensaio Sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã”, do Cardeal John Henry Newman, e "Adventismo do Sétimo Dia Renunciado", de D. M. Canright (este me fez diluir as últimas reservas adventistas).

A sensação que temos, nas falsas igrejas, é a de que a segurança de estarmos com a "verdade", naquele lugar, sobrepuja as evidências! Quantas vezes eu ouvia falarem: “nós temos a doutrina completa, pois temos os Dez Mandamentos”... A adventista da promessa incentiva a leitura bíblica mas, infelizmente, como muitas denominações pentecostais e neopentecostais, uma leitura fundamentalista e superficial. E eu sabia, como pesquisava a Teologia e as ciências bíblicas, que não se pode fazer assim para encontrar a verdade dos fatos.

A grande virada aconteceu em 2006. Eu estava examinando uma lição bíblica do ano de 2005, sobre o sábado e abstinência, e uma lição escrita pelo "pastor" que escreveu o doutrinal (visto com muito respeito pelos IAPs) me deixou estupefato. Nela, o autor, que aparentemente não sabia nada de grego, comentando sobre Atos 20, 7 (que é uma grande prova para o domingo), chegou a afirmar que no grego “não existe a expressão ‘primeiro dia da semana’”! Essa alegação é tão ridícula que faria qualquer professor de grego rir! Eu não podia acreditar... O autor do doutrinal, o manual da fé adventista, cometendo um erro tão primário!

Tenho conhecimentos razoáveis das línguas bíblicas para estudar, e vi que ele estava totalmente errado! E vi outros erros semelhantes na lição, onde ele fazia de tudo para distorcer o texto bíblico para defender o sábado. Com a minha experiência em detectar os erros das Testemunhas de Jeová, vi que ele estava cometendo o mesmo absurdo: não tinha conhecimento nenhum do grego bíblico e estava se enveredando por uma área que não conhecia. Depois, procurei pastores da central de São Paulo, para conversar, e até escrevi para o presidente da igreja, mas não obtive respostas rápidas: eles alegavam que estavam preocupados com "questões administrativas"...

Insisti várias vezes e escrevi para vários "pastores" perguntando como o autor do doutrinal adventista pôde ensinar algo tão absurdo. As pessoas confiam no que ele escreveu no doutrinal! Mas não obtive respostas e as poucas que tive foram respostas minguadas. Isso me desencantou do adventismo. Eram os últimos momentos.

Tentei de toda forma ainda salvar o adventismo, dando direito de resposta aos "pastores", mas não me respondiam. Fiquei decepcionado. A igreja que “tinha a doutrina completa” não conseguia defender sua doutrina maior - o sábado. Posso sumarizar meu roteiro assim:

1 – Eu já era católico com certa informação antes de entrar na adventista, mas havia deixado de ir à Missa;

2 – Fui na Adventista da Promessa em parte por uma questão emocional, mas depois me tornei dedicado defensor do doutrinal (o manual de fé da adventista da promessa) dando até palestras. Aprendi depois a separar o emocional do racional e isto, infelizmente, poucas pessoas fazem, deixando só o emocional tomar conta dos seus pensamentos;

3 – Mesmo como adventista eu nunca fui anti-católico. Eu só não aceitava os ritos católicos porque havia sido “convencido” de que eram meras invenções humanas. Meu remédio para sair disso foi estudar a História da Igreja e Patrística, onde descobri que a crença da Igreja primitiva não era nada adventista e sim, igual à Igreja Católica: não mudou quase nada nesses 2000 anos de história;

4 – O adventista da promessa (ou o 'evangélico' no geral) é condicionado mentalmente pelos "pastores" para pensar que os ensinos católicos são invenções que não estão na Bíblia. Se fossem honestos consigo mesmos, iriam perceber que a crença da Igreja primitiva era a mesma da Igreja Católica de hoje, no geral, como disse acima;

5 – Eu também era um leitor da Bíblia como adventista, mas aprendi que é preciso ir além. A adventista, infelizmente, tem uma leitura muito fundamentalista da Bíblia, lendo ao pé da letra muitos textos que têm se ser entendidos somente com linguística e exegese. Infelizmente, poucas vezes se faz uso dessas ferramentas nas "igrejas evangélicas";

6 – Eu comecei a perceber que os ataques à Igreja Católica, quanto à "adoração de imagens", a devoção à Virgem Maria e etc., eram todos frutos da má interpretação e concepção do ensino católico. Vendo em seu devido contexto, o ensino católico faz total sentido. Eu percebi que o protestantismo, ele sim, é uma invenção do séc. XVI;

7 – O único remédio para o "evangélico" em geral (principalmente os neopentecostais) é ESTUDAR a História da Igreja e ver que a crença da Igreja primitiva é mais católica do que gostariam de imaginar.

Finalmente, por causa da incongruência do autor do doutrinal adventista, em distorcer as línguas bíblicas para ensinar o sábado (método nada honesto), foi que me afastei da adventista da promessa. Percebi que se fecham numa fortaleza imaginária e acham que o mundo está longe dali. Mas a questão é que a Igreja precisa estar inserida no mundo e não fora do mundo, para poder influenciá-lo, e a única Igreja que fez isso nestes 2000 anos foi a Igreja Católica. Tenho prazer em recitar o Credo e sei que, fazendo assim, estou compartilhando a mesma crença da verdadeira Igreja cristã de 2000 anos.

__________________________
# Fonte: Apostolado Veritatis Splendor
# Endereço do atual apostolado de Emerson de Oliveira na internet: "Sentir com a Igreja"
# Canal de Emerson de Oliveira no Youtube: "Logos Apologética Cristã"
Subir