Meu testemunho de fé - parte 3

De Henrique Sebastião

* Leia aqui a primeira parte deste testemunho

* Leia aqui a segunda parte deste testemunho

No dia 14 de abril de 2008, uma segunda-feira, acordei angustiado, pensando nas minhas dificuldades em crer na Presença Real do Cristo na Sagrada Eucaristia. Passei o dia inteiro remoendo essa dúvida crucial, sem conseguir encontrar consolação. Assim continuou por toda a semana. Eu olhava para dentro de mim mesmo e me achava desonesto, incoerente, praticando uma coisa e acreditando (ou deixando de acreditar) em outra. Essa situação, até então, não me incomodara tanto, mas tornava-se agora motivo de grande preocupação. Passei aqueles dias massacrado por essa dúvida mortal. Do que adiantava ir à Igreja, comparecer às Missas e até proclamar as Sagradas Escrituras do alto do ambão (ou púlpito), se eu não conseguia acreditar no principal, naquilo que constitui a quintessência da fé cristã e católica?

Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e Salvador, não poderia estar literalmente Presente ali, naquela casquinha de pão, depois de consagrada por um homem pecador igual a mim. Eu havia aprendido, anos atrás, que as palavras do Senhor em sua última ceia tinham sido apenas simbólicas: "Eu sou o Pão da Vida" era apenas uma metáfora. Quando elevou o Pão e disse: "Este é o meu Corpo", Ele tinha que estar falando de metaforicamente... Enfim, depois de uma semana atormentado por esse verdadeiro espinho em meu espírito, eu já ponderava abandonar, mais uma vez, a Igreja.

Chegou o domingo, dia 20 de abril de 2008. O dia nasceu com sol brilhando, temperatura amena e céu de azul intenso. Saí da cama sentindo-me cheio de energia e com uma disposição que há muito tempo não experimentava. Estava animado para a vida, feliz e seguro comigo, espiritualmente falando: sentia-me saudável, tranquilo e relaxado, sem nenhum motivo aparente. Eu e minha esposa estávamos escalados para a primeira e segunda Leituras da Palavra de Deus, na Missa das dez horas desse domingo.

Chegamos à igreja com cerca de quinze minutos de antecedência, como de costume. E, como sempre, logo após cumprimentar amigos e o padre, à entrada do templo recebendo o povo, vou à Capela do Santíssimo Sacramento para pedir por minha leitura: que minha voz seja seja clara; que seja luz para os que a ouvirem... Tudo parece calmo naquele dia, e eu continuo experimentando grande tranquilidade.

A Celebração tem início, e logo chega o momento da minha leitura. Subo ao ambão e faço a primeira leitura daquele dia: proclamo a Palavra, bem e tranquilamente. Volto a me sentar, dando graças a Deus no meu íntimo. Depois do canto do Salmo, é a vez de minha esposa: com sua bela voz, ela procede a segunda leitura lindamente.

O padre inicia a leitura do Evangelho do dia: "'Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé também em mim. Para onde eu vou, já conheceis o Caminho'. - Tomé disse: 'Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o Caminho?' Jesus respondeu: 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também ao meu Pai.' - Disse Felipe: 'Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!' Jesus respondeu: 'Há quanto tempo estou convosco, e não me conheces, Felipe? Quem me viu, viu o Pai. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa das obras. Em verdade em verdade vos digo, quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas; porque eu vou para o Pai, e farei o que pedirdes em meu Nome. O que pedirdes em meu Nome, eu o farei'" (Jo 14,1-12).

Inicia-se a Homilia, a pregação do sacerdote: Pe. Luiz Paulo de Souza busca o coração e o entendimento dos fiéis, mas eu logo começo a me dispersar. Meus pensamentos vagueiam, e mesmo que eu insista em tentar me manter atento, repetidamente viajo em minha mente, entre passado e futuro, memórias e preocupações com tarefas a cumprir... Poucos trechos da Homilia consigo captar; não consigo focar minha atenção por mais do que alguns segundos.

Assim eu prossigo durante o transcorrer do restante da Celebração: disperso. Vou recitando as orações automaticamente. Chega afinal o momento central de toda a Celebração. O sacerdote convoca: "Orai, irmãos e irmãs, para que este Sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo-Poderoso", e a assembleia, de pé, responde: "Receba o Senhor, por tuas mãos, este Sacrifício, para a Glória do Seu Nome, para o nosso bem e de toda a Santa Igreja"...

Hora da Consagração do pão e do vinho: o momento máximo, o ápice de todo o cerimonial católico. Todos se colocam de joelhos para receber, em Sagrada Comunhão, o Salvador do mundo. O sacerdote repete mais uma vez as palavras do Cristo: "Tomai e comei, todos vós. Isto é o meu Corpo, que será entregue por vós. Tomai e bebei, este é o meu Sangue, que será derramado por vós... Fazei isto em memória de Mim...".

Nesse momento, voltam a perturbar-me os espinhos das minhas dúvidas. Estou ali, ajoelhado diante do Altar, mas sem saber se realmente creio. Sinto-me mal. Termina a Consagração, voltamos a nos sentar. Chega o belíssimo momento em que o sacerdote clama: "Felizes os convidados para a ceia do Senhor!", e levantando a Hóstia Consagrada, completa com as palavras de São João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus; eis Aquele que tira o pecado do mundo!" - E todos repetem juntos a oração baseada no que disse um centurião romano há dois mil anos: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo".

As pessoas responsáveis pelas leituras ficam sentadas ao presbitério, à lateral do Altar, em cadeiras dispostas em fileira, assistindo à Celebração bem de perto. Nesse dia, conforme a ordem da leitura, eu estava sentado na primeira cadeira da fileira, tendo de um lado os demais leitores, de outro a assembleia, e, diante de mim, o padre, que naquele instante tinha a Hóstia Consagrada elevada em suas mãos. Estando eu ainda disperso, olhos baixos, procurando no piso por alguma lembrança perdida ou remoendo alguma preocupação futura qualquer, distante de tudo que ali ocorria, o movimento do sacerdote me chama a atenção. Eu olho, e lá está ele segurando a Hóstia inteira, bem alto, diante da assembleia; naquela fração de segundo, eu já não sabia mais o porquê daquele gesto: lá estava ele, o padre meu amigo de sempre, que conta piadas, que brinca sempre comigo e com todos, nas reuniões, nas festas... E subitamente percebi que ele não era o mesmo de sempre. Algo estava muito diferente. Estava sério, - como tinha que ser, - mas a sua expressão era leve, de um modo que eu não saberia explicar. E então, algo me fez voltar os olhos para a Hóstia...

A forma circular e branca nas mãos do sacerdote estava também diferente, e ainda mais. Havia uma luz, emanando a partir do seu centro, e ela mudava suavemente de cor, tornando-se dourada! Um dourado brilhante, que parecia formar um halo esmaecido ao redor de sua forma, iluminando as mãos que a seguravam. Levei um susto! Pareceu-me que alguém segurava uma lanterna acesa por trás da fina Hóstia! Imediatamente olhei para o leitor sentado ao meu lado, como que a indagar: "o que é isso?"...

Mas o jovem ao meu lado tinha uma expressão absolutamente indiferente; era óbvio que ele não via o mesmo que eu. Aproximei meu rosto do dele, que, ignorando totalmente o meu comportamento, continuava inabalável, olhando para a frente, como se nada de incomum estivesse acontecendo. Voltei a olhar para a Hóstia nas mãos do padre; o brilho resplandecente continuava! Desviei, então, meu olhar para a assembleia, na certeza de que encontraria algum rosto estupefato: alguém sem dúvida estaria percebendo o mesmo que eu. Mas o que vi foram rostos indiferentes, alguns até distraídos... Nenhum dos presentes demonstrava qualquer sinal de estar vendo absolutamente nada além do comum!

Voltei a olhar para o Pão de forma fina e circular, que continuava elevado pelas mãos do sacerdote. E vi como que uma luz dentro da luz, em forma de suave chama brilhando em seu centro, uma chama alongada e tênue, tremeluzindo e fazendo com que toda a Hóstia mudasse, da cor branca comum para um dourado suave...

Fechei meus olhos com força e voltei a fixar o olhar, incapaz de acreditar no que estava vendo: A chama continuava viva, o brilho dourado permanecia! As mãos do padre continuavam a segurá-la, imóveis, firmes como rocha, como se ele não fosse mais um ser humano comum. Fechei novamente meus olhos e voltei a apertá-los, uma, duas vezes. Achei que estivesse tendo algum tipo de miragem ou ilusão de ótica, mas a visão continuava! Percebi que me encontrava fora da realidade comum, mesmo estando, fisicamente, naquele lugar conhecido, rodeado de pessoas conhecidas. Olhando a face do padre, via seus olhos suavemente semicerrados, seu rosto iluminado, e ele me parecia inebriado, transbordante de bem-aventurança, como que saturado de divindade e como se naquele momento fosse realmente Um com o próprio Cristo! De volta à Hóstia, a chama continuava brilhando, intensa e perfeitamente visível, mas suave e delicada, a um só tempo.

Afinal me ocorreu que eu era um pecador miserável, infiel e indigno de presenciar tal Maravilha, e involuntariamente abaixei meu olhar ao chão, mas logo voltei a olhar a Hóstia, e a visão continuava! Eu vivia a sensação de ser transportado a uma outra realidade. Outras vezes olhei para os lados, para as outras pessoas, inconformado por ninguém mais perceber o mesmo que eu. E estavam todos como que paralisados, mortos em vida. Apesar da minha agitação, dos meus movimentos irrequietos e olhares insistentes para os lados, ninguém me notava. Era como se, naqueles instantes, eu existisse e me movesse num espaço-tempo diferente. Não haviam sons nem oscilações em volta, não havia dispersão, não havia nada além de mim e do Pão da Vida! Apenas a chama que tremeluzia em seu centro parecia viva, e era como se essa chama viesse de além do momento e do lugar, como se uma janela ou uma passagem se houvesse aberto, bem no centro dela, e uma realidade diferente de tudo que eu conheço, por trás dela, se mostrasse aos meus olhos. Não havia mais gravidade, não havia mais peso e nem medida, não haviam mais sentidos, não havia mais "eu"...

Só então me dei conta da grandeza do que estava acontecendo. E era como se eu não respirasse, como se eu não existisse de fato, como se meu ser e a minha humanidade estivessem num outro lugar, ou talvez fosse melhor dizer "em nenhum lugar"; como se tudo ao meu redor fosse irreal, ou como se eu mesmo não existisse. Entrei numa espécie de leve êxtase, esqueci de mim mesmo...

Depois dessa percepção, senti-me novamente indigno, e voltei a olhar para o chão. E quando voltei a erguer meus olhos, a luz e o brilho dourado haviam desaparecido. O padre continuava com a Hóstia nas mãos, mas agora tudo parecia normal de novo. Tudo se movia normalmente, tudo era do jeito como sempre fora. Voltaram os sons, os movimentos e as cores comuns das coisas. O sacerdote colocou a Hóstia na Patena e prosseguiu com o ritual da Comunhão.




Finalmente entendi o que havia acontecido, mas não me conformava, e o meu lado racional ainda me impelia a olhar para os lados, para os companheiros da Liturgia sentados ao meu lado, e também para a assembleia... Queria confirmar se, realmente, ninguém tinha visto o mesmo que eu vira: por fim, conformei-me e aceitei o que tinha acontecido, sabendo que a visão fora para mim, e uma paz imensa tomou conta de todo o meu ser.

A partir dali, não voltei a me dispersar. Todo o restante da Celebração me pareceu especial, maravilhoso, magnífico, de uma beleza indescritível. Ao final daquela Missa, mesmo sem comungar (pois ainda não podia), soube que havia assistido à mais perfeita prática religiosa que pode existir neste mundo. Senti que estar ali, compartilhando daquela Cerimônia, era como visitar o Céu. Pela primeira vez em minha vida, compreendi o que significa realmente aceitar a Jesus Cristo: é fazer-se Templo para Ele. E entendi o quanto isso é diferente de tudo. - Percebi, finalmente, que nunca vou experimentar a Comunhão com Deus somente lendo a Bíblia, orando e louvando: é preciso me alimentar da Sua Carne e beber do Seu Sangue.

"Disputavam entre si os judeus dizendo: 'Como, como pode este nos dar a comer a sua carne?' Mas Jesus lhes disse: 'O que se alimenta da Minha Carne e bebe o Meu Sangue, esse fica em Mim, e Eu nele'." João, 6,53-57

Depois disso, eu não duvidei mais. E nunca mais precisei procurar a Deus em nenhuma outra religião ou "igreja". Alguns meses depois, finalmente me casei com aquela que, até então, era somente minha companheira, contraindo o Sacramento do Matrimônio; fiz minha primeira Comunhão, recebi a Crisma e intensifiquei minha vida na Igreja, trabalhando em pastorais sociais e participando mais ativamente na comunidade. Iniciei meu curso universitário em Teologia, e hoje trabalho como redator de comunicação para a Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Em minha experiência de vida, vi grandes graças acontecerem, na minha vida e nas vidas de muitos dos meus irmãos de fé. Conheci santos na Terra, pessoas que dedicaram suas vidas inteiras ao serviço do Evangelho.

Hoje sou um católico feliz e realizado, comungando frequentemente do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Missa. Sou o editor, articulista e responsável por uma publicação de apologética e evangelização católica, e também por este blog, instrumentos que idealizei e desenvolvi, com a ajuda do Pe. Marcelo Monge, da Paróquia São João Batista do Brás, para levar a voz da Igreja até aqueles que buscam a Deus com sinceridade, em espírito e em verdade.

Mas para finalizar este longo depoimento, preciso deixar bem claro um ponto fundamental: a fé não depende e nem pode depender de visões, sinais, milagres ou fatos extraordinários. Com a maturidade espiritual, o cristão aprende a experimentar com os sentidos da alma o que não pode com os sentidos físicos. A Eucaristia é Mistério da Fé, que só pode ser acolhido por aqueles que aceitam de coração e alma esta Graça tão sublime e tão além da nossa razão. Entretanto Deus, quando quer, confirma a nossa fé com Sinais espantosos, como ocorreu em Lanciano e em diversos outros lugares e ocasiões. Mas a Eucaristia não precisa estar cercada de Luz para ser milagre. O Pão do Céu é sempre, em toda celebração da Santa Missa, o maior e mais belo milagre que pode existir, pois é Deus em nosso meio, Sinal Visível e Palpável do Amor de Deus por nós; Deus que, sendo Forte, se fez fraco, sendo Divino e Todo-Poderoso, se faz Alimento, doando-se a cada momento, em algum Altar do mundo, para a nossa salvação, fazendo de cada cristão fiel um templo vivo.


Depoimento do ex-"pastor evangélico"
Sidneh Veiga

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Meu testemunho de fé - parte 2

De Henrique Sebastião

Leia aqui a primeira parte deste testemunho

Depois de alguns anos, comecei a sentir curiosidade em conhecer outras religiões. E fui buscar a Deus no espiritismo, depois nas religiões da tradição oriental, em especial no budismo e no hinduísmo. Pratiquei yoga, fiz meditação transcendental, estudei brahmanismo e diversas filosofias de linha Vedanta. Conheci diversas seitas malucas, desde aquelas que buscam contatos com ETs até as que prometem ensinar as pessoas como fazer o tal "desdobramento astral", técnica que permitiria ao praticante "sair do corpo" em espírito, para ir conhecer outras dimensões e mundos... Foram anos de estudos e novos conhecimentos adquiridos. Apesar de ter conhecido -, e por algum tempo até acreditado -, numa série de filosofias e doutrinas falsas, não considero essa fase da minha vida como tempo perdido, pois foi um período de profundo aprendizado. Principalmente aprendi, na prática, quanta enganação e falsidade existe no mundo, sob a fachada de "religião". Entendi o quanto tantos seres humanos vagam perdidos, buscando a Deus onde Ele não pode ser encontrado.

Foi no meio desse processo de busca que conheci minha esposa. Ela é aquilo que podemos chamar de uma pessoa de bem. Ela também tinha sede de Deus. De família toda evangélica”, mas católica de alma: logo me chamou a atenção que ela, ao passar diante de uma igreja católica, fazia o Sinal da Cruz. Aquilo me intrigava. Um dia questionei esse hábito, e ela me disse que, quando criança, sua avó, católica praticante, a levava à Missa todo domingo. Depois que cresceu, toda a família tornou-se "evangélica", mas ela nunca deixou de cultivar, no fundo do coração, um profundo respeito e um amor particular pela Igreja Católica, mesmo sem entender porquê.


Silvana Sebastião

Depois que minha mente e minha alma se abriram um pouco, muitas coisas foram acontecendo em minha vida, que me levaram a repensar aquelas antigas convicções preconceituosas contra a Igreja Católica. Não caberia enumerá-las todas nesta mensagem, mas posso dizer que a principal foi conhecer instituições como a Toca de Assis, a Missão Belém e o Arsenal da Esperança, que auxiliam pessoas em situação de rua, e pastorais que levam a Mensagem de Cristo e ajuda concreta aos pobres e sofredores, sejam órfãos, idosos, doentes, menores abandonados e até prisioneiros... Nunca tinha sentido curiosidade em conhecer esse imenso trabalho de caridade da Igreja Católica, do qual só ouvia falar, de vez em quando. O fato é que a própria Igreja Católica não parecia fazer muita questão de alardear o grande e lindo trabalho que presta aos sofredores em todo o mundo.

Acabei descobrindo que a Igreja Católica é a instituição que mais faz caridade no mundo, obedecendo ao Mandamento de Jesus Cristo, que diz: "Estava nu e me vestistes, estava faminto e me destes de comer, estava preso e fostes me visitar" (Mateus 25,36-46)... Lembrei-me que nas "igrejas evangélicas" o foco estava na prosperidade, nas bênçãos... Era servir para ser servido, dar ofertas e pagar dízimo para receber em dobro, ou várias vezes mais. As pessoas iam à Igreja para ficarem ricas, para serem felizes no casamento, no trabalho, para realizar sonhos materiais... Não para fazer a Vontade de Deus, e sim para que Deus realizasse suas vontades...

E assim, aos poucos, fui perdendo o enorme preconceito que havia sido implantado em mim contra a Igreja Católica. Para encurtar a história, demorou, mas um belo dia minha esposa (nessa época ainda éramos namorados) me convenceu a ir à uma Missa. Com muito custo, me convenceu. Procuramos a igreja mais próxima da minha casa e lá fomos, lembro-me bem, num sábado à noite. Era justamente o mês de junho, quando acontece a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Logo ao começar a celebração, o padre pediu, a toda a assembleia, oração "por nossos irmãos evangélicos". Disse assim, nessas palavras, e falou também do grande desejo da Igreja, de ver um dia a união entre todos os cristãos, pois Cristo não veio para dividir, e sim para unir. Nesse momento, eu senti vergonha: durante todo o tempo em que frequentei "igrejas evangélicas", ouvi "pastores" atacando e caluniando os católicos. Mas na primeira vez em que pisei em uma igreja católica, depois de muitos anos, a primeira coisa que ouvi da boca de um padre foi o pedido de oração “por nossos irmãos evangélicos"... Quem é que estava fazendo a Vontade de Deus? Naquele instante eu não podia negar, para mim mesmo, que sem dúvida os católicos é que estavam cumprindo o Mandamento de Cristo.

Ao sair da Missa, naquele dia, me senti profundamente abençoado. Aos poucos, voltei a frequentar a Igreja Católica, que não tinha nada a ver com aquele monstro horrível que os "pastores" haviam pintado. Agora, depois de anos de estudo, bem mais maduro e preparado, eu podia compreender, finalmente, o que acontecia ali. E via que era tudo perfeitamente compatível com a Bíblia e com a autêntica Doutrina de Jesus Cristo. O que eu não entendia, com boa vontade pesquisava nos livros e bons sites da internet, como o “Veritatis Splendor”, o da “Frente Universitária Lepanto” e outros. Também descobri que a melhor tradução da Bíblia era a usada pelos padres e teólogos católicos, a Bíblia de Jerusalém.

Eu me sentia muito bem na Igreja Católica, mas não comungava do Corpo e Sangue do Senhor, pois ainda não era devidamente casado, isto é, eu e minha esposa ainda não havíamos contraído o Sacramento do Matrimônio. Mesmo assim, fomos bem acolhidos por toda a comunidade daquela paróquia, embora não da mesma maneira como costumam acolher os "evangélicos". O povo católico, normalmente, não está tão preocupado em agradar às pessoas que chegam: esta é uma falha que ainda existe e precisa ser corrigida: nos últimos tempos, os fiéis católicos vêm se conscientizando da importância de acolher bem, mas a mudança de atitude é um processo lento. Ocorre que os católicos não estão habituados a tentar "converter" as pessoas à força, não estão preocupados em lotar as igrejas.

Encurtando a história, eu e minha esposa começamos a participar da equipe de Liturgia na paróquia próxima de nossa casa, fazendo as leituras nas Missas de domingo. E cada vez mais, quanto mais eu me aprofundava na doutrina católica, mais a minha fé aumentava, mais eu compreendia que aquela, de fato, era e é a única Igreja instituída por Jesus Cristo neste mundo, para a nossa condução e salvação. Aprendi a diferenciar o que é a Igreja enquanto organização humana, gerida por homens falhos e imperfeitos, e as falhas desses homens imperfeitos, da Igreja Celeste, a Igreja Corpo de Cristo, do qual é Ele mesmo a Cabeça. Mas...

Mas uma coisa eu não entendia. Mesmo depois de mais de um ano frequentando e participando na Igreja Católica, do alto dos meus quase quarenta anos de idade, eu não conseguia entender UMA só coisa: para mim, o Senhor Jesus Cristo, Deus e Salvador, não poderia estar literalmente Presente ali, na Hóstia, naquela casquinha de pão, após a Consagração pelo padre, um pecador igual a mim. Eu ainda acreditava, assim como me havia sido ensinado havia muitos anos, que as palavras do Senhor tinham sido apenas simbólicas: "Eu sou o Pão da Vida" era apenas uma metáfora. Quando Ele elevou o pão, na última ceia com os Apóstolos, e disse: "Este é o meu Corpo", ele tinha que estar falando de maneira apenas simbólica.

E assim, eu continuava indo às Missas, participando na Igreja, mas não aceitava o principal, o fundamento da celebração cristã e católica, o centro de toda a Missa: a Eucaristia. Eu não podia aceitar aquilo, que Jesus viesse ao mundo em forma de pão, pelas mãos de homens pecadores, para alimentar outros pobres pecadores. Todo o resto me agradava, e todas as calúnias contra os católicos em que eu um dia acreditara, iam sendo derrubadas uma por uma: católico não adora imagem; não adora Maria como se fosse uma "deusa" nem põe Maria no lugar de Jesus; imagem na igreja não é idolatria; a Bíblia não é a única fonte de autoridade para o cristão; a Tradição dos Apóstolos é uma coisa muito diferente das tradições dos homens; as palavras "orar" e "rezar" significam a mesma coisa, etc, etc... Tudo se encaixava, para que a Igreja Católica fosse realmente a Igreja de Cristo e procedente dos Apóstolos. Menos a fé na Presença Real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. E eu procurava simplesmente não pensar nisso, praticando a minha fé sem me entregar a questionamentos tão profundos. Agora eu achava que queria ser católico, mas me faltava o principal.

** Leia a continuação deste depoimento aqui
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Meu testemunho de fé

De todo mal, Deus tira sempre um bem maior. Foi a partir de uma provocação absurda, recebida em minha caixa de e-mails, na forma de um convite para abandonar a Igreja de Jesus Cristo, que finalmente consegui concluir um projeto que vinha protelando já há alguns anos: escrever o meu testemunho de fé, na forma de um resumo da história da minha vida e da minha conversão. O texto ficou grande, por isso vou publicá-lo em três partes. Espero que a minha história possa ser útil, e de alguma maneira inspirar outras pessoas; que motive aqueles que se encontram agora confusos, pensando em abandonar a fé católica e apostólica. Deus me ajude a ser testemunha fiel da verdade.


Conversão de Henrique Sebastião - parte 1


Eu acredito que a maior parte das pessoas que participam de campanhas difamatórias contra a Igreja Católica, buscando desviar o maior número possível de católicos de sua fé e levá-los a alguma comunidade dita "evangélica", tem mesmo a intenção de "salvar almas para Cristo". Esse pessoal realmente pensa que está fazendo um grande bem. Sei disso porque eu também já fui o que chamam de "evangélico". Também por isso é que, penalizado, escrevi este meu depoimento, na esperança de ajudar essas pessoas bem intencionadas, porém totalmente iludidas. Esclareço que faço questão de usar sempre o termo "evangélico" entre aspas, pelo simples fato de que, na realidade, evangélicos são os católicos. Em documentos muito antigos da Igreja Católica, anteriores ao surgimento do protestantismo, o povo católico já era chamado, por Bispos e Papas, de "povo evangélico". Além disso, como eu sempre digo e repito por aqui, foi a Igreja Católica que redigiu, traduziu, canonizou e preservou os Evangelhos através dos séculos. Evangélico vem de Evangelho. Se nós temos os Evangelhos, hoje, é graças à Igreja Católica Apostólica Romana. Portanto, nada mais absurdo do que chamar aos grupos que renegam e confrontam à Igreja de Cristo de "evangélicos". Mas vamos à minha história.

Eu nasci numa família católica "não praticante". Fui batizado na Igreja Católica, mas meus pais não compreendiam bem as coisas da Igreja e da fé católica, e assim eu não fui à catequese, nem fui instruído conforme o catolicismo em minha infância e juventude. Sempre tive, porém, uma sede muito grande por Deus: desde a minha infância desejei ardentemente encontrar Deus, conhecer o caminho que leva a Ele.

Aos meus 14 anos de idade, depois de ler a Bíblia Sagrada pela primeira vez, senti aumentar em mim a necessidade de encontrar a Salvação, e quis aproximar-me de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Voltei a frequentar a Igreja Católica -, até então a única Igreja que eu conhecia -, mas não conseguia encontrar ali as respostas que eu tanto buscava, nem a orientação que precisava. Ia à Missa, assistia a tudo sem nada entender... Para mim era tudo um "senta-levanta - ajoelha-levanta" sem sentido. Voltava para casa vazio, desanimado...

Nessa fase de buscas e angústias, num belo dia encontrei, meio sem querer, ali numa rua de um bairro vizinho, uma casa pintada de branco com uma placa afixada em sua fachada com os dizeres: "Igreja Cristã Evangélica". Fiquei curioso em saber o que acontecia ali, saber como era a fé daquelas pessoas, achando que talvez eles tivessem as respostas que eu não conseguia encontrar na Igreja Católica. Resolvi conhecer aquela comunidade e entender a doutrina que seguiam.

Diferente do que acontecia na Igreja Católica, naquele lugar eu fui muito bem acolhido; desde as primeiras vezes em que lá estive, todos me trataram como um irmão querido, me abraçaram, me convidaram a voltar outras vezes, me desejaram bênçãos... Eu, então um jovenzinho entre 15 e 16 anos de idade, sentindo-se incompreendido (nessa época meus pais estavam às vésperas da separação, minha casa era um palco de brigas e conflitos constantes), repleto de problemas existenciais e conflitos internos, ansioso por conhecer pessoas que compartilhassem do mesmo grande interesse que eu (Deus)... fiquei encantado.

Não demorou e eu comecei a frequentar assiduamente a “igreja evangélica”. Todos ali eram sempre muito solícitos e amigáveis, e a pregação do "pastor" era clara, objetiva e fundamentada na Bíblia (na realidade, era fundamentada na interpretação que o ‘pastor’ fazia da Bíblia, mas eu não tinha como saber disso naquele momento). As orações e cantos eram animados, todos "oravam" (não podia dizer 'rezar') e cantavam juntos com grande fé e empolgação... Tudo muito diferente do que eu até então conhecera. E nos cultos, juntamente com os louvores e pregações, não faltavam acusações e ataques pesados à Igreja Católica. Rapidamente aprendi que era a Igreja Católica a prostituta do Apocalipse, o Papa era a besta, Maria era uma "mulher como outra qualquer" e todos os fiéis católicos eram idólatras... Aprendi também que verdadeiros cristãos eram somente os "evangélicos". Só eles é que sabiam interpretar a Bíblia para conhecer a Vontade de Deus. Aliás, a Bíblia era “a única regra de fé e prática para o cristão”, e os católicos não entendiam nada de Bíblia.

Mesmo que, lá no fundo, eu soubesse que havia muita coisa errada no meio daquele discurso todo, a verdade é que eu queria acreditar, porque queria fazer parte daquele grupo de pessoas ardorosas e unidas entre si, tão diferentes dos católicos frios que eu conhecia. Assim, aos poucos, fui me deixando convencer. Quando vi, já me deixara levar completamente. Com o passar do tempo, estava também abominando os católicos e acusando-os de todos aqueles pecados.

No dia 12 de Outubro, aproveitávamos o feriado de Nossa Senhora Aparecida para sairmos às ruas a "evangelizar"(sic) o povo nas ruas... Distribuíamos folhetinhos com passagens da Bíblia totalmente fora de contexto e tentávamos convencer os católicos de que eles estavam perdidos, que seriam condenados ao fogo do inferno se não procurassem a "igreja evangélica" mais próxima e "aceitassem Jesus como seu único e suficiente Salvador"...

Logo fui "batizado"(sic) na “igreja evangélica” e, a partir daí, cada vez mais, desprezava a Igreja Católica. Tudo que o Papa ou qualquer padre dizia era imediatamente rejeitado. Eram todos traidores de Cristo, apóstatas e corruptores da Palavra de Deus.

O tempo passou e eu, que sempre fui uma pessoa dada aos estudos, questionador por natureza, comecei a encontrar inconsistências tremendas entre o que o "pastor" pregava e o que a Bíblia realmente dizia. Por exemplo, na Escritura Jesus Cristo funda a sua Igreja sobre o Apóstolo Pedro, num texto claríssimo e categórico do Evangelho segundo Mateus (16, 16-19). Mas "pastor" dizia que Jesus estava falando era dEle mesmo, que era Ele a Pedra, e não Pedro. Mas, ora, simplesmente não era isso que o texto dizia, e se fosse, o Senhor diria claramente "Eu sou a Pedra", como sempre fez, quando disse "Eu sou o Caminho", "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou a Porta", "Eu sou o Bom Pastor", etc, etc... Além disso, o Senhor mudou o nome de Simão para Pedra (Pedro) naquele exato momento, e a seguir lhe deu as Chaves do Reino do Céu! Ora, como se pode negar uma passagem tão evidente, direta e objetiva quanto esta? Assim, eu começava a suspeitar de que o "pastor" estava distorcendo o texto para tentar provar uma ideia contrária àquilo que a Bíblia realmente diz.

Hoje sou teólogo e pesquisador das Escrituras e das Ciências da Religião, há mais de 20 anos; depois de aprender a ler o texto no original, em grego koiné, não tenho mais nenhuma dúvida do erro protestante na tradução desta e de tantas outras passagens. Naquele tempo, evidentemente, eu não tinha a mesma facilidade e os mesmos recursos que tenho hoje; mesmo assim, quanto mais estudava, mais e mais eu comprovava aquilo que até então desconfiava: os "evangélicos" acreditam que entendem muito a Bíblia, mas na verdade entendem muito somente da interpretação particular que os "pastores" fazem da Bíblia. Há uma infinidade de deturpações grosseiras do sentido das Escrituras que este blog já abordou (veja aqui). Importante, por ora, é dizer que aos poucos fui compreendendo que a "igreja evangélica" que eu frequentava não era aquele caminho de sabedoria e retidão que eu imaginara no início.

Comecei a travar com o "pastor" e com meus irmãos de fé uma série de debates. Nesse momento, mesmo sendo ainda muito jovem, eu já começava a entender melhor a Bíblia e a História do Cristianismo do que o próprio "pastor". Eu o colocava em situações das quais ele não sabia como sair. Um dia, ele perdeu a paciência comigo e me ameaçou, dizendo que eu tinha que "aceitar pela fé" o que ele dizia, ou então perderia a minha alma imortal!

Foi então que comecei a viver uma fase que muitos "evangélicos" conhecem bem: a fase de ficar migrando de uma "igreja" para outra, por não conseguir encontrar a Verdade em nenhuma delas. Em todas elas, tentavam me convencer de que não importavam os erros do "pastor" nem os dos "irmãos", mas sim perseverar em alguma "igreja evangélica"... O "pastor" é humano, sujeito ao erro, as pessoas são falhas e pecadoras, mas não podemos abandonar a "igreja" por causa disso. Engraçado é que essas mesmas pessoas eram as primeiras a atacar duramente a Igreja Católica quando surgia algum escândalo envolvendo um padre. Sempre rápidos em condenar toda a Igreja Católica por causa do erro de um homem, mas quando o erro era do "pastor", aí eles sabiam separar as coisas muito bem.

Na visão dessas pessoas, qualquer "igreja" vale, pois para elas "a 'igreja' não importa: o importante é Jesus". Também é muito curioso que pensem assim, pois foi Jesus mesmo quem nos deixou a sua Igreja, e até disse aos Apóstolos, representantes dessa mesma Igreja, que lhes entregava autoridade até para perdoar ou reter os pecados (João 20-23). Se Jesus mesmo confiou à sua Igreja o poder de perdoar os nossos pecados, como pode alguém dizer que a Igreja não importa? Além disso, a Bíblia afirma explicitamente, em I Timóteo 3,15, que a Igreja é a coluna e fundamento da Verdade para o cristão. E como dizer que a Igreja não importa, se o Apóstolo Paulo insistiu em dizer, várias vezes, que a Igreja é o Corpo de Cristo neste mundo? Eu via claramente que, também neste sentido, só a Igreja Católica é que ensinava o mesmo que Paulo, plenamente de acordo com a Bíblia. Para os "evangélicos", porém, toda "igreja" era válida, menos a Católica, justamente a mais antiga, a única que vinha do tempo dos Apóstolos...

Além disso, por conhecer católicos praticantes, eu sabia que o catolicismo não era como descreviam na "igreja evangélica". A Igreja Católica, por exemplo, nunca ensinou ninguém a "adorar imagens", como os "pastores" tanto gostavam de dizer: isso simplesmente não existe nem nunca existiu! E eu sentindo cada vez mais intensamente que algo estava muito errado ali... Comecei a entrar numa série de debates com "pastores" e "missionários"... E me assustava de perceber o quanto todos eles desconheciam aquilo que mais imaginavam entender: a Bíblia Sagrada.

Mais ainda me assombrou ler os escritos dos primeiros Padres da Igreja, aqueles primeiros cristãos, os verdadeiros membros da Igreja primitiva: estava claro que eles confessavam o catolicismo, e não as coisas que me ensinavam nas "igrejas evangélicas". Comecei a ver que o que haviam me ensinado sobre os católicos, naquelas comunidades tão acolhedoras, de gente de fé tão vibrante, não era a doutrina católica verdadeira, e sim aquilo que eles imaginam que é catolicismo! Muitos ali se diziam "ex-católicos", mas com cinco minutos de conversa era fácil perceber que jamais haviam sido católicos de fato, que nunca haviam conhecido a doutrina católica, e muito menos praticado o catolicismo. O que me apresentaram, e tanto criticavam, não era a Igreja Católica verdadeira, e sim uma caricatura dela. Uma caricatura muito mal feita.

Diziam, por exemplo, que a Igreja Católica acrescentou livros "apócrifos" à Bíblia, mas eu, assim como meu amigo Alessandro Lima, do apostolado Veritatis Splendor, comprovei que a Bíblia de Guttemberg, anterior ao protestantismo, já incluía todos os livros da Bíblia Católica de sempre! Os "pastores" estavam mentindo, para mim e para todos! O conteúdo dos folhetos e panfletos que eu distribuía, achando que estava ajudando a "salvar almas para Cristo", estavam a serviço do Pai da Mentira, pois espalhavam uma série de falsidades!

Foi assim que, com muita dor no coração, e me sentindo perdido, abandonei as "igrejas evangélicas". Mesmo assim, uma convicção eu tinha, naquele momento: jamais eu seria católico. A verdadeira lavagem cerebral que sofri durante meus anos de "evangélico" tinha sido realmente muito bem feita. Tinha aversão por catolicismo. Perdi a fé nas "igrejas evangélicas", mas certas coisas ficaram tão incutidas em minha mente, que não me permitiam pensar por mim mesmo. Enfim, tentei manter a fé em Deus, mas resolvi ficar distante de qualquer religião, por um tempo. Acreditava, como havia aprendido com os "evangélicos", que “religião não salva ninguém”, que “religião não importa”. Então, seguiria a Deus do meu jeito. Relaxei e fui viver um pouco a vida, sem me preocupar mais tanto com Bíblia, com doutrinas, com nada. Estava decepcionado.

** Leia a continuação deste depoimento aqui
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Renegue a cruz... Ou rua!

Shirley Chaplin, enfermeira demitida por usar o crucifixo

Duas britânicas demitidas por terem se recusado a retirar os crucifixos que levavam ao pescoço

"A Igreja Ortodoxa russa não pode permanecer de braços cruzados, quando na Europa a religião cristã é espezinhada": disse o Igúmeno (abade) Philip Ryabykh, representante do Patriarcado de Moscovo no Conselho da Europa, numa declaração ao jornal "La Voix de la Russie". Está se referindo é às duas cidadãs britânicas demitidas por terem se recusado a retirar a cruz cristã no seu local de trabalho: o caso de adida da British Airways do aeroporto de Heathrow, e o da enfermeira Shirley Chaplin, serão em breve examinados pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e os representantes cristãos ortodoxos, juntamente com juristas russos, já garantiram seu pleno apoio. Uma situação que, segundo Philip, não tem precedentes.

As duas mulheres pediram ao Tribunal para reconhecer que a liberdade de religião foi violada e que elas foram discriminadas precisamente em referência à sua pertença religiosa. Todavia, o legislador britânico não esperou que o caso fosse apresentado aos juízes de Estrasburgo, e propôs uma norma que permite que o empregador despeça os funcionários que se recusem a ocultar sua fé religiosa.

"A sentença do Tribunal europeu dos direitos do homem", – disse o igúmeno Philip, – "será aplicada em todos os países que fazem parte do Conselho da Europa, entre os quais a Rússia, a Ucrânia, a Bielo-Rússia e a Moldova, ou seja, a todos os fiéis da Igreja ortodoxa russa". A tradição ortodoxa exige que se exponha a cruz, e admoesta o representante do Patriarcado de Moscovo: "Se os juízes de Estrasburgo rejeitassem o pedido destas duas cristãs e dessem razão aos empregadores que lhes impediram de usar a cruz, este caso poderia ter consequências negativas para os cristãos ortodoxos residentes nos países europeus. Para nós, isto seria absolutamente inaceitável, porque os fiéis têm a obrigação de usar os símbolos cristãos em todas as circunstâncias» (La Voix de la Russie)

É inadmissível e inacreditável que em pleno século 21 alguém ainda possa declarar-se favorável a ações anticristãs absurdas e fascistas como esta! Pretendendo defender o caráter laico do Estado, criminosamente confunde-se "laico" com "ateu". Um cidadão ou cidadã de qualquer país livre não pode, simplesmente, ser proibido de declarar a sua fé! Um ateu não pode alegar que se sente "ofendido" pelo fato de um cristão usar o símbolo da sua fé, assim como um cristão não pode se ofender pelo fato de uma outra pessoa não usá-lo. Seria muito simples e óbvio, se não fosse pelo ódio profundamente anticristão que toma conta do mundo, hoje.

"E, quando ouvirdes falar de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será logo.

Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; e haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.

Mas antes de todas estas coisas lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e presidentes, por amor do meu Nome."


(Lucas 21,9-12)


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Fonte:
L'Oservatore Romano, em
http://www.osservatoreromano.va/portal/religione/2012/Afastaasmaosdacruz!
Acesso: 21 - jul - 2012

Perseguição aos cristãos

Protesto contra o massacre de cristãos, no Egito (fonte: Portal Terra/Istoé Mundo)

Neste exato momento, mais de 200 milhões de cristãos sofrem intensa perseguição em todo o mundo[1]. Outros 250 milhões enfrentam declarada discriminação, sobretudo em países socialistas/comunistas ou governados por regimes islâmicos1. Cristãos estão sendo perseguidos e massacrados, torturados e mortos em países como Nigéria, Indonésia, Iraque, Sudão e outros. Para não abandonar a fé, veem-se obrigados a fugir da China, Egito, Índia, Afeganistão, Coreia do Norte, Etiópia, Uganda e pelo menos outros 50 países[1].

Em diversos pronunciamentos públicos, o Papa lamentou os episódios de violência e ações terroristas contra os cristãos, da parte de regimes que tentam impor uma religião majoritária ou que simplesmente rejeitam o cristianismo. Em alguns Estados da Índia, por exemplo, onde os cristãos são minoria, a Igreja dispõe de vocações sacerdotais; religiosos e religiosas empenham-se, trabalhando arduamente em obras educativas e assistenciais em favor dos mais pobres. Esse trabalho, porém, encontra a resistência e até a perseguição de certos grupos hinduístas radicais!

Outra forma de perseguição, mais sutil, acontece nos países mais desenvolvidos. Não se trata de perseguição violenta, mas, como disse o Papa, de um “escárnio cultural sistemático”, que ridiculariza as crenças religiosas cristãs e católicas. Uma freira que trabalha no Movimento Eucarístico Juvenil, no Canadá, testemunha que, em determinados ambientes, os jovens católicos são criticados e alvos da zombaria dos colegas. Na escola e na universidade, até mesmo professores ridicularizam a religião[2]. Nesse contexto, o jovem cristão é excluído, afrontado, desrespeitado.

Na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do ano passado, na Espanha, os jovens peregrinos católicos foram afrontados por movimentos de ateus ativistas. Houve tumulto e agressões da parte de manifestantes favoráveis ao Estado laico e contra a visita do Papa e a JMJ. Com o protesto, que contou com a presença de milhares de pessoas, a polícia precisou desalojar parte do centro da cidade. Voz da Igreja publicou artigo sobre o assunto, que pode ser lido aqui.

Em diversos países da Europa, como Itália e Espanha, movimentos ateístas radicais organizam-se contra a religião, especialmente contra a Igreja, com manifestações como a ocorrida na “Marcha dos Indignados” de 2011, quando igrejas foram invadidas e depredadas, e imagens cristãs foram estraçalhadas e pisoteadas em praça pública[2]. O crucifixo também é alvo desses grupos, que o entendem como “ofensivo” ao sentimento dos não cristãos e dos que não têm religião. Segundo estes, o Estado, por ser laico, deveria proibir toda manifestação religiosa externa ou pública. Confundem “laico” com “ateu”... Veja mais a respeito aqui.


(Fonte: Portal Terra/Istoé Mundo)


A perseguição contra os cristãos ocorre, principalmente, por dois motivos:

# Ideológico: é ocaso de países com governos socialistas/comunistas (como a China continental e o Vietnã);

# Religioso: nos países que professam uma religião oficial e temem que os cristãos queiram converter os cidadãos. É o caso dos governos islâmicos e de alguns Estados da Índia, dominados por hinduístas fundamentalistas.

O Secretário-geral do Apostolado da Oração na Indonésia nos conta que, naquele país, um cristão não pode ser funcionário público nem lecionar em uma universidade do Estado. Na Malásia, o governo chegou a proibir que “o Deus dos cristãos” fosse chamado de “Alá”, que significa Deus na língua árabe. Essas discriminações tornam terrível a vida dos cristãos nesses países. Na Indonésia, de 2004 a 2010, foram fechadas ou destruídas 2.442 Igrejas!

Há um ano, houve um ataque massivo contra igrejas em Temanggung (Java central). Em Bagdá, capital do Iraque, a catedral sírio-católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi atacada durante a celebração da Missa, causando a morte de dois sacerdotes e de mais de 50 fiéis. Os cristãos, nesses países, vivem amedrontados. Naquele país, cristãos são regularmente assassinados e sequestrados; igrejas são destruídas e centenas de milhares de cristãos são obrigados a fugir.

Cristãos estão sendo martirizados no mundo, mas poucos cidadãos das nações livres sabem disso. Mídia e governos poderiam falar mais sobre o assunto e atuar contra estes abusos, mas geralmente se recusam, por motivos políticos.

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Fontes:
1. Instituto Humanitas Unisinos, por John L. Allen Jr., publicada no site National Catholic Reporter, em 13-01-2012 [http://www.ihu.unisinos.br/noticias/505846-cinco-mitos-sobre-a-perseguicao-anticrista]
2. Rádio Vaticana, em: http://www.radiovaticana.org/por/index.asp. acesso outubro 2011.

Santidade: o que é ser santo?


O que leva à santificação? A oração? A penitência? O jejum? A leitura da Bíblia? A adoração? A obediência? É possível ser santo, hoje?

Podemos ser santos por Graça divina ou através dos nossos esforços e boas obras? Será que algum ser humano neste mundo é capaz de ser perfeitamente santo? Isso pode parecer impossível, mas no Evangelho segundo São Mateus, Jesus diz: “Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48)...

Observando as vidas das pessoas santas, e estudando as biografias dos santos canonizados pela Igreja, podemos aprender com eles; isso ajuda a entender melhor essa questão que pode parecer complicada.


O que significa santidade?

A palavra santo (no grego hágios; no hebraico kadosh), significa separado (sagrado), outro, outra coisa. Ser santo, literalmente, é ser separado por Deus e para Deus, é ser uma outra “coisa”, diferente do mundo que nos rodeia. Por isso mesmo, o sentido moral da palavra não pode ser esquecido.

Santificar é tornar santo. A vontade de Deus para a sua vida é que você seja santo (Lv 19, 2 / 1 Pd 1, 16 / Hb 12, 14). O cristão foi ressuscitado com Cristo e vive a vida nova em Cristo. Mas a santidade não nos isola do convívio social, ao contrário: deve ser demonstrada no dia a dia e nos relacionamentos cotidianos (1 Pd 1, 15-17). É necessário viver na prática essa nova vida em Cristo (Rm 6, 4)! Não basta despojar-se do “velho homem”; é essencial vestir-se do novo (Ef 4, 22-24). Santificação é viver de acordo com esta nova vida que recebemos.

Cultivar a santidade é o processo de ir crescendo em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 40), assim como Jesus em Nazaré, chegando à maturidade de Cristo (Ef 4,13), capaz de tomar decisões prudentes, sábias e iluminadas ao longo da vida.

Santidade é, mesmo com o coração queimando, perdoar, “deixar para lá”; mesmo com o corpo cansado, prestar serviços conforme as suas capacidades, para o bem de todos, pois a caridade tudo crê, espera, sofre (1Cor 13,4-7). Santidade é ter o coração voltado para o Coração de Cristo, por uma sintonia interior, Dom do Espírito Santo, como escreveu São Paulo: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2, 5).

Como diz o livro do padre jesuíta Héber Salvador de Lima, santidade é ir “mancando em busca do Reino”, que é o título do seu livro1 sobre a vida de Santo Inácio de Loyola: este grande servo de Deus, por causa de uma fratura mal curada da perna, ficou coxo, e, coxeando, percorreu o caminho da santificação, isto é, da imitação do Salvador, o quanto pôde.

Assim, santidade nem sempre é “perfeição”2, a não ser a perfeição do amor santo, mas não perfeição de fazer tudo sempre “certinho”, tudo segundo “as regras”. Até São Francisco de Assis, este grande modelo de vida cristã, numa ocasião chegou a subir num telhado novinho, erguido pela indústria de São Boaventura, e destelhá-lo, para dar abrigo aos estudantes franciscanos, atirando telhas ao chão e quebrando-as...

A diferença é que São Francisco logo caiu em si e pediu desculpas pelos seus “cinco minutos” de ira. Esta imperfeição, porém, não o tirou do caminho seguro da santidade!

Por isso, onde Mateus escreveu: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” (Mt 5, 48); Lucas transcreveu: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). Isso nos dá confiança! Fazer tudo sempre “certinho”? Parece impossível! Nem São Francisco conseguiu! Ser misericordioso? Isso parece bem mais ao nosso alcance, não é mesmo? Mãos à obra, então! Tratemos de santificar as nossas vidas, cada um de nós, e demos nosso exemplo ao mundo que nos rodeia!


** Saiba mais lendo um estudo mais aprofundado sobre o mesmo tema
vozdaigreja.blogspot.com

Pesquisa aponta queda de católicos - uma outra visão

Ontem publiquei post comentando a recente divulgação da pesquisa do IBGE apontando a queda de católicos e o crescimento de pessoas sem religião e "evangélicos" no Brasil. Hoje, visitando o ótimo blog "Ecclesia Una", li a postagem de nosso irmão Everth, comentando o mesmo tema. por considerar o artigo de grande valor, resolvi republicá-lo por aqui. Segue...


Cresce número de evangélicos no Brasil. Mas fora da Igreja continua não havendo salvação.
05/07/2012 por Everth Queiroz Oliveira - Ecclesia Una




Está nos jornais desta última semana: Catolicismo cai 22,4% e vê nova ascensão de evangélicos; uma notícia semelhante saiu no G1: Aumento de evangélicos no Brasil reduz número de católicos para 64,6%. “Herança da colonização portuguesa, o catolicismo enfrenta o momento de maior arrefecimento da história do Brasil”, reporta o Terra. “Mesmo mantendo sua predominância, o catolicismo perde cada vez mais terreno para a religião evangélica.” Os números falam por si. Nas últimas duas décadas, a pesquisa revela que um grupo de aproximadamente 123 milhões de fiéis deixou de se declarar “católico”.

O uso do itálico na palavra “fiéis” é proposital. Ora, se estes que deixaram o catolicismo fossem verdadeiramente fiéis, não teriam abandonado a sua fé, traído a sua Igreja, renegado o seu Batismo. Se “migraram” da barca de Pedro para a confusão dos botes protestantes, é porque ou não possuem um conhecimento autêntico da doutrina – questão de ignorância – ou se entregaram ao relativismo moral e ao pragmatismo subjetivista – questão de egoísmo mesmo.

Gostaria de deter-me um pouco nesta questão do relativismo. Está se espalhando de maneira assustadora no meio dos cristãos uma ideia diabólica, segundo a qual a religião não seria mais importante, afinal “placa de igreja não salva ninguém” – é o que dizem costumeiramente. Pior de tudo: há muitos “católicos” aderindo a esta forma de pensamento – não surpreende que muitos desses mesmos “católicos” depois se filiem a comunidades evangélicas, traindo uma Fé que, na verdade, nunca conheceram de fato. Realmente, a salvação não tem nada a ver com “placa de igreja”. A salvação tem a ver com a Igreja. O uso da letra maiúscula aqui identifica algo muito maior e mais significativo que um simples edifício material ou uma mera denominação religiosa; identifica aquilo que as Escrituras dizem ser o Corpo Místico de Cristo (cf. Cl 1, 24). E este edifício espiritual, que tem o próprio Cristo como cabeça, é sim necessário para a salvação. Afinal, foi pela Igreja que Jesus se entregou em sacrifício, ensina São Paulo: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 25-27). E esta Igreja tem fundamento visível, constituído pelo próprio Deus. Foi a São Pedro que nosso Senhor concedeu as chaves do Reino dos céus e foi sobre ele também que edificou a Sua Igreja (cf. Mt 16, 18-19). Pela história, sabemos que os apóstolos deixaram sucessores e estes, ao longo dos séculos, foram transmitindo a Fé que receberam, mantendo-a íntegra, incólume. Então, não tem nada de “o que importa é o coração” ou “eu me basto”; o que basta é a doutrina apostólica, é o ensinamento dos primeiros cristãos, é a pregação do Evangelho na sua pureza. E isto é legado aos cristãos pela Igreja Católica, fora da qual – dizemos e repetimos com orgulho – não há salvação.

Ora, mas isto não é entrar em defesa de “placa de igreja”? Absolutamente não! Como foi dito, estamos falando da Igreja, e não de igrejas… Estas têm a ver com fundação humana, têm a ver com a rebeldia, com a desobediência, desde a revolta de Lutero no século XVI até o escândalo dos mercenários pentecostais de nosso tempo, como Valdomiro Santiago, Edir Macedo et caterva. Quando dizemos que fora da Igreja não há salvação, falamos daquela fundada por Deus – a Igreja de Cristo, “una, santa, católica e apostólica”, esposa do Cordeiro.

Como diz São Cipriano, “aquele que se separa dela (…) se junta com uma adúltera”. Estes que se juntaram principalmente às seitas pentecostais geralmente experimentaram os amargos frutos da Teologia da Libertação. Sedentos de uma experiência mais pessoal com nosso Senhor, acabaram entregando-se a uma prostituta – nem todos verdadeiramente conscientes disto. Outros dissidentes, porém, traíram a Cristo gratuitamente. Mesmo sabendo que “esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação” (CIC, n. 846), correram para as seitas, em busca de conforto econômico, físico ou psicológico. “Porque virá tempo – já alertava o Apóstolo dos gentios – em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tm 4, 3-4).

Aquilo que o IBGE traduz como estatística já estava profetizado por São Paulo há milênios. Não temos o que temer; não há porque se assustar. Acontece em nossos tempos aquilo que nosso Senhor já falava que seria o julgamento: “A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más” (Jo 3, 19).

Graça e paz
Salve Maria Santíssima!

Pesquisa aponta a queda de católicos; Igreja perde fíéis...


um assunto que eu gostaria especialmente de comentar hoje. Nos últimos dias, em diversos jornais televisivos e impressos, revistas, páginas e redes sociais da internet, está sendo amplamente divulgada a pesquisa do IBGE que aponta que a Igreja Católica teve uma queda recorde no seu número de fiéis, e que o número de “evangélicos” e pessoas sem religião aumentou... Atrelada a esta mesma pesquisa, em algumas fontes, ainda encontramos a divulgação das previsões de um certo demógrafo, dizendo que os católicos deixarão de ser maioria no país até 2030.

Antes de tudo, lembramos a todos que o Papa Bento XVI já tratou deste assunto, há alguns anos, e nós já publicamos um artigo comentando a respeito, que pode ser lido aqui.

Dito isto, só gostaria de reiterar que, como católico, nos últimos anos tenho visto as igrejas mais cheias do que nunca, com novos seminaristas e jovens padres chegando, com fé renovada e grande interesse em resgatar o respeito à Tradição e à sagrada Liturgia. Vejo também os verdadeiros fiéis católicos demonstrando uma fé cada vez mais vibrante e concreta, em palavras e gestos. Participo de pastorais que auxiliam homens e mulheres em situação de rua e crianças abandonadas, e nunca vi tantos católicos voluntários como nos últimos tempos. As Missas de domingo, em todas as paróquias que conheço, - e não são poucas, - estão cada vez mais concorridas.

Constatar tudo isso só me leva a uma de duas conclusões: ou esses números são imprecisos ou essas pessoas que deixaram de se declarar como católicas, nos últimos anos, são aqueles famosos "católicos do IBGE", isto é, pessoas que nunca praticaram a fé e agora estão, apenas, deixando de se declarar como “católicas”. O fato é que estão indo embora sem nunca terem chegado. Muito simples.

Consequentemente, os que agora estão ficando na Igreja são os católicos de verdade, aqueles que praticam a sua fé, aqueles que não se deixam levar por calúnias, que sabem diferenciar a igreja enquanto instituição gerida por homens, e as falhas dos homens que administram paróquias e comunidades, da Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo, Igreja coluna e fundamento da Verdade (1Tim 3,14-15), Igreja que nos irmana com os santos no Céu.

Resumindo: para nós, católicos de fé, não importa a quantidade de fiéis, e sim a qualidade destes fiéis. O cristianismo começou com um pequeníssimo grupo, de apenas doze homens convictos, e hoje é a maior religião do planeta. Nosso Senhor Jesus Cristo advertiu, nos Evangelhos, que neste mundo teríamos dificuldades, e que nos últimos tempos a situação se complicaria. Católicos, combatam o bom combate, terminem a corrida, guardem a fé, como nos exortou o Apóstolo Paulo (2Tm 4,1-7)! O mais importante não é sermos muitos, nem sermos a maioria, e sim sermos realmente fiéis. Instruam-se, preparem-se para responder aos ataques e calúnias que por certo sofreremos, cada vez mais, daqui para a frente.

"Estai sempre prontos a responder, para a vossa defesa, a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança" (I Pedro 3,15). Se fizermos, cada um de nós, a nossa parte, com o nosso testemunho conquistaremos o respeito de todos, tanto pela palavra quanto pelo exemplo. E lembrem-se sempre que estamos unidos, aqui na Terra, aos santos do Céu, aqueles que já fizeram a sua parte e vivem a Bem-aventurança eterna na Casa do Pai, à Santíssima Virgem Maria, a São Miguel, com todos os exércitos de anjos e, principalmente, ao próprio Autor da Vida, Jesus Cristo. À luta! Deus nos guarde!

Henrique Sebastião
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