O leitor Valfredo deixou-nos o seguinte comentário ao post "Pergunta e resposta: a Bíblia e a proibição de imagens":
"Padroeiros, os santos são considerados intercessores para os catolicos, então como dizer que vocês não acredita na divindade dos idolos.(?)"
Respondendo, Valfredo, precisamos dizer que você está fazendo uma "salada" muito confusa de termos e conceitos! Com todo o respeito, vamos tentar desfazer esses nós que se formaram aí na sua cabeça...
Primeiro, "santo" é um cristão que entregou sua vida a Deus e aderiu ao caminho de Cristo. A Bíblia fala inúmeras vezes dos santos:
"Santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o SENHOR vosso Deus." (Lv 20,7)
"Porquanto está escrito: 'Sede santos, porque eu sou Santo'." (1 Pd 1,16)
Diversos livros do Novo Testamento iniciam-se com a saudação "à Igreja dos santos...", e o próprio Senhor Jesus Cristo disse: "Sede santos como vosso Pai Celestial é santo" (Mt 5,48).
As Sagradas Escrituras referem-se também aos santos que estão no Céu, como podemos ver em Hebreus 12, 22 - 23:
“...Chegastes ao Monte Sião, à Cidade do Deus Vivo, à Jerusalém Celeste, e aos muitos milhares de anjos; à Assembleia Universal e Igreja dos Primogênitos que estão inscritos nos Céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados”. - A Bíblia Sagrada está afirmando, categoricamente, que os santos que já morreram neste mundo estão bem vivos e aperfeiçoados, no Céu, em Comunhão com Deus.
Em Apocalipse 8,3 está escrito:
"E veio outro anjo, e pôs-se junto ao Altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o Altar de Ouro, que está diante do Trono."
Portanto, veja que não há nenhum sentido em dizer que "só Jesus é santo", como muitas vezes ouvimos da boca de algum irmão "evangélico". Isso é totalmente antibíblico. Jesus quer que o imitemos e sejamos também santos.
Entendido este ponto, em segundo lugar, quando uma comunidade da Igreja elege algum santo para ser o seu "padroeiro", quer dizer que elegeu aquele irmão em Cristo, que foi um modelo para a Igreja e que já está no Céu com Deus, para ser o seu especial intercessor. Quer dizer também que aquela comunidade o admira e busca seguir o seu exemplo de vida cristã. Só isso.
Também as primeiras comunidades da Igreja viam em Pedro e em Paulo grandes exemplos de santidade, e os elegeram como seus padroeiros, embora não se usasse essa expressão naquele tempo:
O livro dos Atos dos Apóstolos conta o seguinte:
"Deus fazia milagres não vulgares por mão de Paulo, de tal modo que até, sendo aplicados aos enfermos os lenços e aventais que tinham tocado seu corpo, não só saiam deles as doenças, mas também os espíritos malignos se retiravam." (At 19,11-12)
"Deus fazia milagres não vulgares por mão de Paulo, de tal modo que até, sendo aplicados aos enfermos os lenços e aventais que tinham tocado seu corpo, não só saiam deles as doenças, mas também os espíritos malignos se retiravam." (At 19,11-12)
O mesmo livro dos Atos diz também que:
"Traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e enxergões, a fim de que, ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra algum deles." (At 5,15)
"Traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e enxergões, a fim de que, ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra algum deles." (At 5,15)
Que grande fé na intercessão dos santos! No entanto, hoje os nossos irmãos protestantes nos chamam de "idólatras" por mantermos viva a mesma fé da Igreja dos primeiros tempos...
Quanto à questão da intercessão, é muito simples: quando você ora a Deus pedindo por algum irmão ou irmã, você está intercedendo a Deus por esse irmão ou por essa irmã. E a Escritura não nos exorta a intercedermos a Deus uns pelos outros?
Portanto, você já pode e deve tirar da sua cabeça, de uma vez por todas, essa ideia que o pastor incutiu de que os santos são "ídolos". Ídolo, no contexto bíblico, é uma imagem de um deus pagão. Os santos que os cristãos veneram são grandes servos de Cristo que estão no Céu. E eles não são "divinos", pois somente Deus possui Divindade. Se eu peço a Deus alguma graça para a sua vida, e essa graça é atendida, isso não quer dizer que eu seja "divino".
Para entender melhor, leia também este nosso outro artigo, que aborda o mesmo tema: Manual Bíblico Católico - 2 (clique para ler) .
Deus o abençoe lhe conceda a Luz!
Henrique Sebastião
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Muito boa resposta! :D
ResponderExcluirDanilo
otima resposta !!!!!!!!
ResponderExcluirUm certo dia ao sair para uma missa um evangélico me disse que a igreja católica mesmo declarando ser contra ao espiritismo,pratica-o quando reza para os mortos. Que orientação este blog pode me dar a esse respeito?
ResponderExcluirGrata.
"Católico em dúvida", as diferenças entre o espiritismo e o catolicismo são tantas e tão grandes que é até difícil saber por onde começar a explicá-las.
ExcluirEm primeiríssimo lugar, a Igreja não crê em "reencarnação", e sim na ressurreição. Se houvesse uma sucessão de "reencarnações", como acreditam os espíritas, então para que Jesus Cristo teria entregado sua vida em sacrifício, pela nossa salvação? O destino de todos já estaria traçado, todos estaríamos condenados a "encarnar" e "reencarnar" até atingirmos nosso destino. A fé, a Igreja, os Sacramentos, as orações, a penitência... Tudo isso seria inútil.
Não cremos que precisamos ficar nascendo e renascendo neste mundo para irmos nos aperfeiçoando aos poucos, de uma vida para outra, até atingirmos a perfeição. Cremos no Perdão gratuito de Deus, mediante o Sacrifício Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Também não cremos que Jesus foi uma espécie de "espírito de luz" ou "espírito guia". Cremos que Jesus é Deus, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que nos resgatou do Pecado e da Morte.
Quanto à comunicação com espíritos de mortos, basta consultar o Catecismo da Igreja Católica (CIC), que é a fonte segura para nos informarmos a respeito da autêntica doutrina católica. Basta procurar no seu índice e informar-se a respeito de qualquer assunto importante. Quanto ao espiritismo, o texto é claro, no parágrafo 2117: "a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo". Quem recorre ao Catecismo encontra a doutrina da Comunhão dos Santos, que nada tem a ver com diálogo com mortos.
A Igreja aceita e recomenda, isto sim, a oração aos santos (pedidos humildes dirigidos aos justos que estão já no Céu, para que intercedam por nós), mas não aceita a evocação dos mortos (prática que busca obter mensagens dos mortos). São coisas completamente diferentes.
Para o católico, também é fundamental o testemunho da Sagrada Escritura. O mesmo Deus que permite, às vezes, a aparição de santos ou, em alguns casos muito específicos, de pessoas falecidas, proíbe terminantemente a evocação dos mortos:
“Se alguém se dirigir aos que evocam os espíritos e aos adivinhos, para se entregar às suas práticas, voltarei minha Face contra este e o afastarei do meu povo.” (Lv 20, 6)
“Todo homem ou mulher que evocar os espíritos ou se der a adivinhação será punido de morte.” (Lv 20,27 - ver ainda Lv 19,31 / Dt 18,11)
Bem diferentes dos fenômenos espíritas são as visões dos santos, que são espontâneas, não resultam de evocações. Nunca será lícito ao cristão crer que dispõe de um meio seguro para se comunicar com as almas dos defuntos; todo o nosso intercâmbio com eles se realiza mediante a insondável e soberana permissão de Deus.
Satanás não raro se dissimula em “anjo de luz” (cf. 2Cor 11,14), por isso não temos como comprovar a origem dos tais "espíritos" que supostamente nos enviam mensagens por meio de médiuns. As autênticas aparições de santos ou almas neste mundo (não provocadas) não são frequentes e não acontecem quando queremos.
Como se vê, nada do que a Igreja crê se identifica com a posição dos espiritas, que afirmam poder entrar em contato com tal alma por meio da ação de "médiuns", como se tivessem algum poder sobre aqueles que não são mais da nossa convivência e cuja sorte só Deus conhece.
Leia mais sobre este assunto clicando no link abaixo:
Postagens sobre o espiritismo
Apostolado Voz da Igreja
Em primeiro lugar, parabenizo pelo blog. Há tempo procurei uma fonte onde pudesse esclarecer certas dúvidas que infelizmente não temos quando vamos a missa. Encontrei esse blog por acaso ou quem sabe,foi uma inspiração divina.Gostaria de uma orientação quanto ao que dizer a minha irmã que é evangélica e sempre discute o fato de que temos de confessar Jesus como salvador diante de Deus e dos irmãos para obter a salvação. Certo dia fui convidada a aceitar Jesus e quando disse que já O tinha aceitado, ela me veio com esse argumento de que é preciso confessá-Lo para que meu nome ficasse escrito no livro da vida.
ResponderExcluirRecentemente houve uma celebração perto de casa e no final,fomos convidados a aceitar Jesus. Fiquei constrangido, afinal ficam todos pensando: nossa, como podem não aceitá-Lo?Como sei que esse convite vai ser constante,que argumentos posso usar? Os que tenho usado até agora não foram suficientes para convencê-la.
Grato.