Continuamente, certas publicações espíritas divulgam a falsa noticia de que a Igreja Católica já reconheceria e aceitaria a prática da evocação e comunicação com os mortos. Tais notícias, evidentemente, são sempre divulgadas sem nenhuma citação de fontes, sendo fácil de notar que são inconsistentes e confusas, já que são sempre 100% falsas. Não existe a menor possibilidade de que isso um dia tenha acontecido ou venha a acontecer, já que estamos falando de uma prática categoricamente proibida pelas Escrituras, pela Teologia e por toda a doutrina católica. O máximo que a Igreja pode fazer a respeito do espiritismo é propor uma convivência pacífica, na medida do possível, o que já tem feito há um bom tempo. Mas conviver pacífica e respeitosamente com o diferente não é a mesma coisa que aceitar os seus erros doutrinais. Quando um católico crê em reencarnação e procura "médiuns" para falar com espíritos dos quais não tem como conhecer a origem, comete grave pecado. Se tais práticas se tornam habituais, ele deixa de ser católico, pois exclui-se automaticamente da Comunhão da Igreja.
3. E as visões dos santos?
Recebemos, recentemente, a seguinte mensagem do leitor Valdemir Faleiros, em nosso post sobre a vida de Chico Xavier:
"Henrique, espero que meu comentário não seja ironizado por vc respeite as pessoas que aqui chegam amigo... Espero também, não ser chamado de sem educação, pois em nenhum momento fui... Quero ver agora, se vc tem peito de mostrar a verdade.”
Logo em seguida, o Valdemir acrescenta ao seu comentário o link para uma página espírita-esotérica (que por motivos óbvios não divulgaremos) que apresenta uma matéria ida ao ar há alguns anos pelo programa "Fantástico" da rede Globo de televisão (que notoriamente promove o espiritismo - informações neste link), intitulada "Museu das Almas do Purgatório".
Antes de entrar na questão do museu e do que ele significa, gostaríamos de deixar bem claro ao Valdemir e a todos os nossos leitores que, entre os cento e tantos comentários que aquela postagem recebeu, em nenhuma de nossas respostas fomos desrespeitosos. Fomos, isto sim, muito desrespeitados, sendo que alguns comentários foram bastante ofensivos, mas todos receberam respostas puramente informativas. Portanto, não entendemos a preocupação do Valdemir.
Entrando no assunto, o chamado "museu" de fato existe, numa igreja em Roma, e foi idealizado com o intuito de demonstrar a real existência do lugar ou estado das almas que permanecem em purificação até que possam ser admitidas ao Paraíso Celeste: o Purgatório, tema sobre o qual já tratamos neste blog (veja aqui).
Antes de entrar na questão do museu e do que ele significa, gostaríamos de deixar bem claro ao Valdemir e a todos os nossos leitores que, entre os cento e tantos comentários que aquela postagem recebeu, em nenhuma de nossas respostas fomos desrespeitosos. Fomos, isto sim, muito desrespeitados, sendo que alguns comentários foram bastante ofensivos, mas todos receberam respostas puramente informativas. Portanto, não entendemos a preocupação do Valdemir.
Entrando no assunto, o chamado "museu" de fato existe, numa igreja em Roma, e foi idealizado com o intuito de demonstrar a real existência do lugar ou estado das almas que permanecem em purificação até que possam ser admitidas ao Paraíso Celeste: o Purgatório, tema sobre o qual já tratamos neste blog (veja aqui).
Este curioso "museu" contém relíquias que seriam testemunhos da comunicação de certas almas do purgatório. A referida matéria televisiva fala de um pesquisador brasileiro de parapsicologia, chamado Clóvis Nunes, que entrou no local e filmou as peças ali conservadas. Foi entrevistado também o Padre Gino Concetti, teólogo franciscano que não dá grande importância às peças do museu: “Eu penso que a materialização da religião e das verdades é sempre uma expressão ligada a uma determinada época, a uma cultura e sensibilidade. Eu acredito mais numa verdade sobrenatural espiritual. Não podemos saber nada do purgatório, apenas isto: é um lugar, como disse Dante, onde os espíritos vivem até serem dignos do Reino dos Céus. Sabemos que o inferno é um lugar de tormento, como disse Jesus no Evangelho, onde há pranto e lamento. Mais do que isso não podemos saber”.
Padre Gino diz que, pessoalmente, não acredita naquelas relíquias: “Não é possível materializar uma coisa espiritual. Nós imaginamos as almas entre chamas para exprimir a ideia de que essas almas sofrem tormentos e precisam de ajuda. Mas na verdade não é assim”.
A reportagem ouviu também o padre capuchinho Vittorio Traini, exorcista do Vaticano: “As almas não manifestam a sua presença com essas coisas, a menos que tenham sido graças muito especiais ou extraordinárias, concedidas a pessoas especiais. Assim como existem essas manifestações, há também manifestações de caráter infernal, do diabo”.
Como vemos, a verdade está bem longe do que alguns espíritas afirmaram, isto é, que a Igreja estaria aceitando as práticas espíritas ou coisa parecida... Mesmo assim, insistentemente, diversos veículos espíritas vêm divulgando a existência do "museu" como uma espécie de "prova" de que a Igreja Católica aceitaria a comunicação com os espíritos dos mortos conforme defende a doutrina espírita, numa atitude puramente desonesta e lamentável. Deixemos então o disse-que-disse, e vamos aos fatos.
1. Inconsistência da notícia
Não é a primeira vez que o espiritismo procura atrair para si o abono da Igreja Católica. Basta lembrar que, no recente filme (fictício e totalmente apologético) sobre a vida de Chico Xavier, além de incluírem um padre católico como o principal amigo do "médium", os espíritas ainda insistiram em citar como "muito católico" o ator Tony Ramos, que atua na produção. Ora, um padre como ombro amigo de Chico Xavier, mais um ator de renome "muito católico" atuando no filme espírita, formariam a combinação perfeita para passar uma mensagem clara aos católicos menos esclarecidos: o espiritismo é conciliável com o catolicismo. Desonesto e lamentável, mais uma vez...
A Igreja aceita a comunicação com espíritos? Algumas simples verdades:
a) Vez em quando surgem "notícias" dando conta que o padre fulano teria declarado que acredita na comunicação com os espíritos, ou que o padre ciclano concorda com a doutrina espírita... Há um vídeo no Youtube em que um padre da "igreja católica brasileira" é desonestamente apresentado como padre católico, defendendo o espiritismo e renegando a doutrina católica. Insistimos que esse tipo de notícia nunca cita suas fontes, tratando-se quase sempre de boatos ou de deturpação da realidade. Mas, - isto é muito importante, - ainda que algum padre, por qualquer motivo, realmente aprovasse as práticas espíritas, isso não significaria que a Igreja confirma ou aceita o espiritismo. Aliás, tal padre seria imediatamente afastado de suas funções. Toda decisão doutrinária da Santa Sé é publicada em documento assinado pelo Papa ou por seus colaboradores; a coleção “Acta Apostolicae Sedis” é o órgão através do qual são divulgados todos os atos oficiais da Santa Sé. Nenhum teólogo ou padre, falando isoladamente, pode ser tido como representante do pensamento ou da doutrina oficial da Igreja.
b) O Catecismo da Igreja Católica (CIC) é a fonte segura para nos informarmos a respeito de questões da autêntica doutrina católica. Basta procurar no seu índice e informar-se a respeito de qualquer assunto importante. Aliás, quanto ao espiritismo, o texto é claro, no parágrafo 2117: "a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo". Quem recorre o Catecismo, só encontra a clássica doutrina da Comunhão dos Santos, sem nenhuma referência a “diálogo com falecidos”. Vejam-se os parágrafos seguintes:
§958 “A comunhão com os falecidos. Reconhecendo cabalmente esta Comunhão de todo o Corpo Místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (…) e já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2Mc 12, 46), também ofereceu sufrágios em favor deles. A nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós."
§959 "A única família de Deus. Todos os que somos filhos de Deus e constituímos uma única família em Cristo, enquanto nos comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor a Santíssima Trindade, realizamos a vocação própria da Igreja."
§2683 "As testemunhas que nos precederem no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como santos, participam da tradição viva da oração, pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e pela sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na Terra. Entrando na alegria do Mestre, eles foram postos à frente de muitos. A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro.”
A Igreja aceita a oração aos santos (pedidos humildes dirigidos aos justos, já no Céu, para que intercedam por nós), mas não aceita a evocação dos mortos (pratica ritual que pretende obter mensagens dos mortos). São coisas completamente diferentes.
c) A Igreja aceita tranquilamente o estudo da paranormalidade, coisa bem diferente de comunicação com mortos. Sensitivo é o indivíduo dotado de paranormalidade mais aguçada; não é "médium" espírita; só o será se julgar que seus fenômenos psíquicos sejam produzidos por espíritos do além.
2. O testemunho bíblico
Para o católico, é fundamental o testemunho da Sagrada Escritura. O mesmo Deus que, segundo seus inescrutáveis Desígnios, permite as vezes a aparição de santos ou defuntos, proibiu terminantemente a evocação dos mortos:
“Se alguém se dirigir aos que evocam os espíritos e aos adivinhos, para se entregar as suas práticas, voltarei minha Face contra esse homem e o afastarei do meu povo.” (Lv 20, 6)
“Todo homem ou toda mulher que evocar os espíritos ou se der a adivinhação, será punido de morte; lapidá-lo-ão; seu sangue recairá sobre ele.” (Lv 20,27 - ver ainda Lv 19,31 / Dt 18,11)
Não obstante essas severas proibições, conta a Escritura que o rei Saul, atribulado numa campanha bélica, foi ter com a pitonisa ou "médium" de Endor, pedindo-lhe que o pusesse em comunicação com a alma de Samuel, seu guia de outrora (cf. ISm 28, 7-14). A Bíblia Sagrada acentua bem que esse feito foi ilícito: “Saul se tornara culpado diante do Senhor porque interrogara e consultara os que evocam os mortos” (1Cr 10, 13). Ainda assim, Deus permitiu que o espírito de Samuel evocado respondesse, não por causa dos ritos da pitonisa, mas para que através das palavras de Samuel o rei se arrependesse e fizesse penitência, ao menos no fim de sua vida (Saul morreria no dia seguinte); a exortação dirigida a Saul em circunstâncias tão especiais ou extraordinárias seria particularmente eficaz. Isto, porém, não quer dizer que Deus se dirija aos homens por via tão incomum todas os chamados "médiuns" o desejem.
3. E as visões dos santos?
Bem diferentes dos fenômenos espíritas são as visões dos santos. Estas são totalmente espontâneas, não resultando de ritos ou evocações para as provocar. Não há dúvida, tais visões podem ser a resposta do Senhor às preces de almas justas. Contudo, assim como o Senhor Deus pode atender a essas orações (caso isso ocorra para o bem dos fiéis), pode também não fazê-lo; nunca será lícito ao cristão crer que dispõe de meio seguro para se comunicar com as almas dos defuntos; todo o nosso intercâmbio com eles se realiza mediante a insondável e soberana permissão de Deus. Mesmo quando uma pessoa devota julga estar sendo agraciada por visões, os mestres da vida espiritual aconselham-lhe toda a cautela na interpretação de tais fenômenos, pois Satanás não raro se dissimula em “anjo de luz” (cf. 2Cor 11,14). As autênticas aparições de santos ou almas neste mundo (não provocadas) não são tão frequentes quanto propalam certas noticias das quais não temos como conhecer a fonte.
Como se vê, nada do que a Igreja crê se identifica com a posição dos espiritas, que afirmam poder entrar em contato com tal alma por meio da ação de "médiuns", como se ainda tivessem poder sobre aqueles que não são mais da nossa convivência e cuja sorte só Deus conhece.
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O trabalho desse blog e fantástico.
ResponderExcluirEu vi o posto sobre Chico Xavier há quatro meses atrás, mas só pude entrar no blog agora.
Parabéns pelo empenho na luta para divulgar a verdadeira Igreja Católica e todas as suas riquezas espirituais.
Pessoalmente, já avaliei diversas religiões, não a fundo, confesso, mas vejo que somente a Católica possui história e riquezas tão ligadas à Cristo, que é um orgulho ser católico.
É um orgulho me comunicar com Deus através desta Igreja.
Respeito todas, mas pessoalmente só encontro meu lugar no mundo seguindo essa Igreja.
Reconheço que sou menos do que um grão de areia perto da imensidão de Deus e que sou pecador máximo, não merecendo nenhuma graça dele.
Mas fico feliz de saber que na Terra e em nosso tempo ainda existe uma Igreja como a Católica.
Poderia escrever mais, mas seria só enrolação para os demais leitores.
Parabéns pelo trabalho, era só o que eu queria falar.
E uma boa semana.
Gostei do post porque tem base teológica e bíblica. Agora mesmo não sendo espírita eu procuro ser amigo deles. Acho que a amizade e o respeito deve ser com todos.
ResponderExcluirO espiritismo é uma doutrina totalmente contraria à católica; Em Hb 9,27: esta escrito que após a morte segue-se o juízo. Não mais comunicação dessa pessoa com os de cá, sua sentença já foi determinada e doravante está nas mãos junto de Deus, no purgatorio ou sentenciado á morte eterna.
ResponderExcluirAs aparições de entidades se dizendo anjos ou o que for em centros espíritas, seitas evangélicas quase todas praticam esse procedimento e outros são presenças demoníacas, verdadeiro satanismo.