Catequese para adultos sobre a Trindade: Quem é Jesus Cristo?

Jesus Cristo Pantocrator, das mais
antigas imagens de Jesus (séc. VI-VII).
Monastério Sta. Catarina, Monte Sinai

Se perguntarmos “Deus existe?”, as pessoas que não tem fé poderão argumentar e questionar. Mas bem poucos questionariam se o personagem histórico Jesus de Nazaré existiu. Independente das questões de fé, os historiadores aceitam que de fato Jesus existiu, que viveu em Israel há aproximadamente 2000 anos e que sua pregação e influência mudaram a História. Mas quem foi Jesus? Porque foi tão importante a ponto de mudar os destinos do mundo? O que ele fez de tão especial?

Algumas religiões ensinam que Jesus foi um profeta, um grande mestre e/ou um homem piedoso. Algumas outros aceitam Jesus como um “guia espiritual”, um exemplo de moral, um “espírito iluminado” que veio ao mundo para nos instruir. Já os cristãos creem que Jesus foi infinitamente mais do que um profeta, um grande mestre e um homem piedoso: cremos que Jesus é o Messias, o Cristo, Deus e Salvador. A Bíblia Sagrada, junto com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), afirma que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se fez carne e habitou entre nós. Junto com o Pai e o Espírito Santo, é nosso Senhor e nosso Sumo Bem. Jesus Cristo é “verdadeiro Deus e verdadeiro homem, semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado”(Hb 4,15).

O melhor resumo sobre quem foi Jesus e o que a Igreja ensina sobre Ele está na confissão de Fé dos Apóstolos (o Credo):

“Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso,
Criador do Céu e da Terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho,
Nosso Senhor; que foi concebido
pelo Poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos;
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus,
está assentado à Direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na Comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna. Amém.”

Jesus Cristo é a Palavra de Deus (Verbo Divino) em forma humana. Desde antes da Criação de tudo o que existe, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (João 1,1-5). Jesus veio ao mundo em forma humana para consumar o Plano de Deus para toda a humanidade. O próprio Nome “Jesus”, dado pelo Anjo no momento da Anunciação, significa “Deus Salva”. Jesus é chamado “Cristo”, porque esse termo grego significa “Ungido”. Jesus é o Cristo porque está consagrado por Deus Pai e ungido pelo Espírito Santo para a sua Missão Redentora. A palavra “Cristo” tem o mesmo significado da palavra “Messias”, no hebraico. Jesus é o Messias Salvador esperado pelos Profetas e por todo o povo de Deus. Do nome “Cristo” é que nos veio o nome de “cristãos”: portanto, quem não crê em Jesus como Deus, não pode ser corretamente chamado de cristão.

Dizemos que Jesus é o “Filho único de Deus”, num sentido especial: Jesus mesmo se apresentou como o Filho que “conhece o Pai” (Mt 11,27). Assim, Ele afirmou sua relação incomparável com Deus Pai. Ele é “o Filho Único de Deus” (1 Jo 4,9) por ser a segunda Pessoa da Santíssima Trindade: os Apóstolos viram “a sua Glória, Glória do Filho único da parte do Pai” (Jo 1,14).

Jesus Cristo, sendo Deus Todo-Poderoso, deixou a Glória Divina e Celeste por Amor a cada um de nós: foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, uma jovem israelita muito humilde, pura e santa. Assim, o Senhor da Glória nasceu como uma simples criança, no seio de uma família humilde, tendo recebido por pai adotivo José, homem piedoso que obedecia à voz dos anjos. Tudo isso aconteceu há mais de dois mil anos, e esses fatos são celebrados por nós todos os anos, no dia 25 de Dezembro.

O Menino Deus cresceu em estatura, sabedoria e Graça diante de Deus e dos homens. Sua mãe guardava as coisas maravilhosas das quais era testemunha, e meditava sobre tudo em seu coração (Lc 2, 51-2). Ainda criança, aos doze anos, Jesus manifestou a Sabedoria Divina quando foi com sua família visitar o Templo em Jerusalém. No caminho de volta para casa, Maria e José deram falta dele no comboio, e precisaram voltar para buscá-lo. Chegando ao Templo, encontraram-no entre os mestres da Lei e escribas, questionando-os sobre as coisas de Deus (Lc 2,41-50). Quando completou 30 anos de idade, Jesus foi batizado por João Batista. Às margens do rio Jordão, João pregava ao povo a conversão dos pecados, para que pudesse receber o Reino de Deus que estava próximo. Jesus entrou na água, como todo o povo, para ser batizado. O batismo de João era um rito penitencial; aproximavam-se dele confessando os pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é um batismo de penitência: a manifestação do Espírito Santo em forma de pomba, e de Deus Pai, que faz ressoar sobre Ele a Sua Voz, dizendo: “Este é o meu Filho, o Eleito; a Ele ouvi!” (Lc 9,35), dão-lhe significado radicalmente diferente. Jesusfoi investido como Profeta (que anunciará a Mensagem da Salvação), Sacerdote (que oferecerá o único Sacrifício Agradável ao Pai) e Rei Salvador.

Depois disso, Jesus foi para o deserto, onde foi tentado por Satanás (Mt 4,1-11). As tentações de Jesus no deserto relembram a tentação de Adão no Paraíso e as tentações de Israel no deserto. Satanás tenta Jesus na obediência ao Pai Celeste, tenta desviá-lo de cumprir sua Missão. Cristo, novo Adão, resiste e triunfa, e a sua vitória anuncia sua suprema obediência e seu Amor de Filho. A partir daí, Jesus manifesta mais abertamente seu Poder sobre a natureza, - acalmando as tempestades, caminhando sobre as águas, multiplicando os alimentos... - e também o seu poder sobre os demônios, sobre o pecado e sobre a morte, curando os doentes, restaurando a visão aos cegos, ressuscitando os mortos... Jesus subiu a montanha e, no momento da Transfiguração, revelou-se Glorioso.

Jesus “assinou” sua pregação com sinais e milagres, para atestar que o Reino está presente nEle mesmo. Embora cure, Ele não veio para eliminar todos os males deste mundo, e sim para nos libertar da escravidão do pecado. Jesus escolheu especialmente, dentre seus seguidores, doze Apóstolos, para serem testemunhas da sua Ressurreição, e os fez participantes na sua Missão e na sua Autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e conduzir a Igreja. Nesse Colégio dos Apóstolos, Pedro recebeu “as Chaves do Reino dos Céus” (Mt 16,19) e ocupou o primeiro lugar entre eles, com a missão de apascentar o “Rebanho do Senhor” (João 21,14-17) e confirmar os seus irmãos na fé (Lc 22,31-32).

Por fim, no tempo certo, Jesus subiu a Jerusalém para sofrer sua Paixão. Como Rei Messias que traz o Reino, entrou gloriosamente em sua cidade, montado num jumento e sendo aclamado pelo povo, cuja saudação é retomada no Santo Eucarístico: “Bendito o que vem em Nome do Senhor! Hosana (salva-nos) nas Alturas! (Mc 11,1-10)”. Depois disso, Jesus foi traído por um dos doze, e após sua última ceia com seus discípulos, foi capturado, falsamente acusado, condenado a morte, torturado, flagelado e, por fim, submetido à terrível pena de morte na cruz. Mas antes de ser entregue à morte, Jesus expressou perfeitamente sua entrega ao Sacrifício por nossa salvação, na refeição que tomou com os Apóstolos, na noite em que foi entregue. Na véspera de sua Paixão, fez desta última Ceia o Memorial da Oferta voluntária de si mesmo ao Pai, para a salvação dos homens: “Isto é o meu Corpo, que será entregue por vós” (Lc 22, 19); “Isto é o meu Sangue, que será derramado por uma multidão, para a remissão dos pecados” (Mt 26, 28).

A Eucaristia, que nesse momento Jesus instituiu, será Memorial do seu Sacrifício até que Ele volte, como prometeu. Jesus incluiu também os Apóstolos na Celebração de sua própria Oferenda, e pediu-lhes que a perpetuassem. Desse modo, instituiu os Apóstolos como sacerdotes da Nova Aliança: “Eu consagro-me por eles, para que também eles sejam consagrados na Verdade” (Jo 17, 19/CIC §476). Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o Templo de Jerusalém e contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso o entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte (CIC §574-576). A morte de Cristo, porém, é Desígnio de Deus, para reconciliar consigo toda a humanidade destinada à morte por causa do pecado. Por Amor, Deus enviou seu Filho em resgate dos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, a morte de Jesus aconteceu em tudo segundo as Escrituras. O sofrimento e a morte de Jesus manifestam que a sua humanidade é o instrumento perfeito do Amor Divino que quer a salvação de todos (CIC §606-609-620).

Jesus então conheceu a morte e a sepultura. Mas o Poder Divino preservou seu Corpo da corrupção (Jo 20,26-9/CIC §624-630). Ele desceu aos infernos e ressuscitou no Terceiro Dia. A palavra “infernos”, neste caso, não se refere ao inferno da condenação, mas sim ao estado de todos aqueles que tinham morrido antes de Cristo. Jesus, nos infernos, esteve com os justos que esperavam o Redentor para entrar, enfim, na Visão de Deus. Depois de ter vencido, mediante o seu Sacrifício, a morte e o demônio, que tinha o poder da morte (Hb 2,14), libertou os justos e lhes abriu as Portas do Céu (CIC §632-637). No terceiro dia, o túmulo onde o Corpo de Jesus estava sepultado foi encontrado vazio. A Ressurreição de Cristo foi atestada pelas mulheres, que foram as primeiras a encontrar o Ressuscitado, e o anunciaram aos Apóstolos.

Depois, Jesus apareceu a Pedro, e depois aos doze. Mais tarde “apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Cor 15,5-6) e a outros ainda. Aos Apóstolos, até então, a Ressurreição lhes parecia impossível: com efeito, Jesus os reprovara pela incredulidade (Mc 16,14). A Ressurreição é um acontecimento histórico atestado por meio de sinais e testemunhos, mas, enquanto Mistério da Fé, transcende e supera a História. Por isso, Cristo Ressuscitado não se manifestou ao mundo, mas aos seus discípulos, fazendo deles suas testemunhas diante dos povos (CIC §647 656-657).

O Corpo Ressuscitado de Jesus é aquele que foi crucificado, e carrega os sinais da sua Paixão, mas agora participa da Vida Divina, com as propriedades de um Corpo Glorioso. Por essa razão, Jesus Ressuscitado é soberanamente livre para aparecer aos seus discípulos como e onde quer, e sob aspectos diferentes (CIC §645-646). A Ressurreição confirma a Divindade de Cristo, como também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza as Promessas Divinas em nosso favor. Além disso, o Ressuscitado, Vencedor do pecado e da morte, é o princípio da nossa justificação e da nossa ressurreição: desde agora nos dá a imensa Graça de sermos filhos de Deus. No final dos tempos, Ele também nos ressuscitará (1Cor 6,14/2Cor 4,14).

Depois dos quarenta dias, período em que se mostrou aos Apóstolos sob traços humanos comuns, que escondiam a sua Glória de Ressuscitado, Cristo subiu aos Céus e se assentou à Direita do Pai. Ele é o Senhor que reina agora na Glória Eterna de Filho de Deus, e intercede incessantemente a nosso favor junto ao Pai. Envia-nos o seu Espírito e nos dá a esperança de estar com Ele um dia, tendo-nos preparado um lugar (Jo 14,2/CIC §659-667). Senhor do Universo e da História, Cabeça da Igreja, Alfa e Ômega, Princípio e Fim, Jesus Cristo Glorificado permanece misteriosamente na Terra, onde o seu Reino já está presente. Um dia, voltará em Glória, mas não sabemos o momento. Por isso, vivemos vigiando e orando: “Vinde, Senhor Jesus”!
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4 comentários:

  1. senhor nos abençoe por favor deus e obrigado por tudu

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  2. deus obrigado por tudo

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  3. Jesus é o caminho de Deus p/ Deus. A mediação de Jesus não é só entre Deus e a humanidade; é também entre povos e nações e facções humanas, entre gentios pagões e o povo eleito de Deus que já existia.
    Efesioa: 2, 11-19 lend-se este texto e meditando-o, compreendemos que Paulo acena p/ a Igreja de Cristo," edificada sobre os apóstolos" "templo santo do Senhor" "que se torna habitação de Deus". É ai que se religam Deus e a humanidade. É este o templo da verdadeira religião (religare).
    Temos, assim em Jesus duplo sentido da religião que procede de religare restabelecer a união: 1) ligados de novo, os homens a Deus; 2) ligados de novo os homens entre si, sem inimizades, por causa de Cristo religião é união com Deus. Religião é amizade, afeto fraterno entre os que estão em Cristo.

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