Os últimos parágrafos da Carta Apostólica Porta Fidei (13-15) chamam-nos a recolocar o Cristo no centro da nossa fé e da nossa devoção, pois é somente nEle que poderemos encontrar todas as respostas que procuramos, a motivação para as nossas vidas e a satisfação das nossas ansiedades mais profundas, pois o homem precisa de Deus: "Deus é o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira." (CIC §1035)
A seguir, o agora Papa Emérito Bento XVI lembra que toda a história da salvação, e também a própria história do mundo, desenvolveu-se por meio de homens e mulheres que foram movidos pela fé, e traça um rápido panorama da história da Igreja que começa na Anunciação do nascimento do Salvador à Virgem Maria, passa pelos santos Apóstolos e mártires, e chega até os nossos tempos. Tudo para demonstrar que não pode haver Igreja sem fé.
Podemos declarar a nossa fé da boca para fora, podemos “frequentar” a Igreja, e até podemos participar em obras e ações da Igreja, mas se a motivação das nossas ações não for a fé genuína, até quando durarão as nossas ações externas?
É comum encontrarmos pessoas que por um tempo participaram na vida de alguma paróquia, integraram a equipe de liturgia ou de canto, atuaram em alguma pastoral... Mas, depois de um tempo, abandonaram a Igreja e ninguém mais os vê, ninguém sabe deles. Os motivos para o afastamento normalmente tem a ver com alguma discordância com o padre ou com um outro membro do grupo: são pessoas que se sentiram contrariadas e não pensaram duas vezes antes de deixar a comunidade, muitas vezes passando até a frequentar alguma outra religião ou “igreja”.
A carta apostólica demonstra com clareza a razão de ocorrerem tais situações: a falta de fé. Sem a fé verdadeira, mesmo a boa vontade ou o desejo de fazer o bem não duram muito, porque não estão ancorados em Deus, que é a razão maior, a motivação e o sustento de tudo aquilo a que nos propomos.
A fé é a âncora, a fonte e o “motor” que nos sustenta em continuar fazendo o bem, participando na Igreja, comungando dos Sacramentos, auxiliando os nossos irmãos que sofrem... Como disse o Santo Pe. Damiano de Veuster, (1840-1889), canonizado por Bento XVI em outubro de 2009, que escolheu dedicar toda a sua vida a cuidar dos pobres leprosos da Ilha de Molokai (Hawaí):
“Sem a fé na constante Presença de nosso Divino Mestre, eu nunca seria capaz de colocar em risco a minha vida pelos meus leprosos. Aos pés do Altar encontro a força necessária (...). Sem o Santo Sacramento, uma situação como a minha não seria sustentável. Porém, com o meu Senhor perto de mim, posso continuar para sempre, feliz e satisfeito, com esta paz alegre no coração e o sorriso nos lábios, trabalhando com entusiasmo em benefício dos pobres e desafortunados leprosos. Assim, aos poucos, sem muito estardalhaço, continuo praticando o bem.”
É esta fé profunda, que constitui a raiz da própria Igreja, que o Ano da Fé pretende resgatar. É esta a proposta do nosso Papa Emérito Bento XVI para a Igreja do século 21. Cabe a você fazer a sua parte, através do seu testemunho, que pode e deve ser partilhado, principalmente, através do seu exemplo de vida.
Que a Mãe de Deus e nossa Mãe nos acompanhe e auxilie nesta caminhada! Nós cremos, Senhor Jesus, mas aumentai a nossa fé!
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