Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo |
Um Papa Chamado Francisco
Quanta coisa eu gostaria de escrever neste breve artigo! Antes de tudo, louvor à Providência de Deus, que não deixa faltar pastores à sua Igreja; que a conduzam conforme o coração de Cristo. Logo após a eleição do novo papa, ainda na Capela Sistina, os cardeais cantaram a plenos pulmões o hino de louvor à Santíssima Trindade – Te Deum laudamus! Muitos tinham lágrimas nos olhos.
A Igreja recebeu um novo Sucessor de Pedro para conduzi-la nos caminhos do Evangelho e para animar todos os seus membros no testemunho da salvação de Deus, manifestada a toda a humanidade por meio de Jesus Cristo. Participei pela primeira vez de um conclave e posso dizer que foi ocasião para uma experiência eclesial única e profunda! Pude perceber a sincera busca do melhor para a Igreja e sua missão. O Espírito Santo não dorme!
Antes de entrar no conclave, rezamos muito, tratamos com franqueza, respeito e profundo senso de responsabilidade as questões que precisavam ser tratadas em vista da escolha do novo Pontífice. O clima no Colégio Cardinalício era sereno e fraterno. A entrada em conclave, com o canto da Ladainha de todos os Santos e da especial invocação do Espírito Criador – Veni Creator Spiritus – foi o início de um ato continuado de oração, que durou até à escolha do novo papa. Para tudo isso, não podia haver espaço mais apropriado que a Capela Sistina, com os esplêndidos afrescos de Michelângelo, especialmente da grande cena do Juízo Universal.
Eleito o cardeal Jorge Mário Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, ele escolheu o nome de Francisco, em memória de São Francisco de Assis. Várias surpresas, deixaram desconcertados os “vaticanistas” mais experientes: um papa não-europeu; já nem tão jovem; um latino-americano da Argentina; o primeiro papa jesuíta, que toma o nome de Francisco ainda não usado por nenhum Pontífice anteriormente! Bem que Jesus disse: o Espírito Santo sopra onde quer e ninguém sabe de onde seu Sopro vital vem, nem para onde vai... Precisamos todos estar atentos à sua ação, deixando-nos conduzir por Ele!
Certamente, Francisco é um nome muito indicativo das características que o novo Papa quer dar ao seu pontificado. São Francisco tinha sido um pecador, dado às vaidades do mundo; mas encontrou a Misericórdia de Deus e se voltou inteiramente Ele: “Meu Deus e meu tudo!” A partir de sua conversão, procurou viver o Evangelho em profundidade, cultivando a Comunhão com Deus e desejando voltar-se sempre mais para Cristo, a ponto de ser chamado de “homem inteiramente 'cristificado'”.
Não é esse mesmo o apelo que a Igreja recebe e faz a todos, desde há mais tempo?! Conversão para um renovado encontro com Deus, um discipulado verdadeiro, para a santidade de vida através da Comunhão profunda com Deus, deixando-se abraçar e amar por Ele? Na sua primeira Missa com o Colégio Cardinalício, no dia seguinte à sua eleição, o papa Francisco observou que, sem esta Comunhão profunda com Deus e a identificação com Jesus Cristo “crucificado”, sem confessar o seu Nome, a Igreja não passa de uma “ONG piedosa”... Na basílica de São Francisco, em Assis, há uma bela escultura do Santo abraçado aos pés do Crucificado, que baixa a mão direita para abraçar Francisco.
Mas não é só isso: tendo conhecido a Misericórdia e o Amor infinito de Deus Pai, São Francisco passou a reconhecer em cada criatura um irmão e uma irmã; sobretudo nos homens e mulheres, buscando viver com todos a fraternidade universal, sem excluir ninguém. Coração livre, ele podia amar a todos de coração inteiro e puro. Amou sobretudo os doentes (o leproso!), os pobres, os pecadores, os supostos “inimigos”; conseguia dialogar com os “diferentes”, sem mais nenhum dos preconceitos que regulam, geralmente, as relações humanas. Que grande desafio para a Igreja e a humanidade inteira!
Outra dimensão nada secundária na escolha do Papa Francisco: após sua conversão, o Santo de Assis ardia pelo desejo de falar a todos do Amor misericordioso de Deus: “o Amor não é amado, o Amor não é amado! – saiu a gritar pelas ruas e as pessoas acharam que estivesse louco. Louco de Amor a Deus! Havia compreendido a loucura de Jesus Cristo crucificado e que era preciso anunciar a todos essa bela notícia. Assim, São Francisco enviou seus frades como missionários em todas as direções. E essa dimensão missionária urge mais do que nunca em nossos dias.
Papa Francisco já entrou no coração do povo. Deus o ilumine e fortaleça! Deus abençoe toda a Igreja e a humanidade inteira através do seu Ministério Petrino, como servidor das ovelhas do Supremo Pastor! E São José, que festejamos no dia da inauguração solene de seu Pontificado, interceda paternalmente por Papa Francisco!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. 19.03.2013
Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
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Sabemos que existem católicos e católicos. Alguns estão festejando a eleição do Papa Francisco, como o herege Leonardo Boff. Outros, como eu, mesmo confiando na Providência Divina e rezando muito, estão preocupadíssimos, já que o próprio Catecismo nos adverte que nos últimos tempos a Igreja sofreria grandes provações, e diversas profecias atribuídas a Nossa Senhora dão conta de terríveis infidelidades da parte do clero.
ResponderExcluirPedindo prudência a todos os irmãos, vou deixar alguns motivos da minha preocupação:
1) Durante a Missa, o Papa Francisco não se ajoelha na Consagração da Eucaristia, isto é, o humilde não dobra os joelhos diante de Jesus Cristo!?
Neste site evangélico estão comemorando o Papa que se ajoelha diante de "pastores" pentecostais para receber benção!
(http://noticias.gospelmais.com.br/papa-francisco-i-argentino-ajoelhou-receber-oracao-pastor-51253.html)
O nosso Papa não se ajoelha diante do Santíssimo Sacramento, mas se ajoelha diante de "pastores" que blasfemam contra a Igreja de Cristo?! É esse o conceito de ecumenismo que ele tem?
2) O Papa Bento manteve por algum tempo certos costumes do pontificado de João Paulo II, por uma questão de respeito. Já o Papa Francisco fez prevalecer as suas preferências litúrgicas já na sua primeira Missa como Papa. Mandou recolocar o “Altar novo”, uma mesa móvel que fora retirada por Bento XVI. Na época, foi inclusive explicado que a mesa feria a arquitetura histórica da Capela Sistina. Humilde?
3) Papa Francisco não quer ser chamado de Papa, e sim de bispo!? Por que negar-se à dignidade que lhe foi confiada? Por que reluta em aceitar o título de Papa?
4) Papa Francisco, ao invés de dizer, conforme a tradição, “o Senhor esteja convosco” ou “louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo” como primeiras palavras de Sumo Pontífice ao povo, usou um sinistro “boa noite”!?
5) O "humilde" Papa Francisco, minutos após a sua eleição, disse ao pobre mestre de cerimônias que lhe oferecia a tradicional capa vermelha do seu antecessor, Bento XVI: "Você pode vesti-la. O Carnaval acabou!". Quem duvida, veja nos links abaixo:
(http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2013/03/16/carnaval-acabou-avisou-papa-apos-eleicao.htm)
(http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/03/carnaval-acabou-avisou-papa-apos-eleicao.html))
Se honrar os símbolos da dignidade do Sucessor de Pedro é "carnaval", então Bento XVI, João Paulo II e todos os outros Papas eram palhaços? Será que esse é o gesto de um Papa realmente humilde?
6) Em audiência, o Papa Francisco não deu a benção com o Sinal da Cruz em "respeito" aos jornalistas descrentes! Se vocês quiserem ver por conta própria, aqui está o vídeo completo: https://www.youtube.com/watch?v=NYGYGx0Y_es (16 de março/2013 - Sua Santidade decide não conceder a benção apostólica em respeito aos ateus e descrentes a partir do minuto 28)
7) Papa Francisco, muito "humilde", dispensou o mantelete, o sapato vermelho e as vestimenta papais, porém mandou gastar dinheiro para fazer trajes mais simples. As vestimentas anteriores já estavam prontas, por isso, seria mais humilde da sua parte usá-las ao invés de gastar mais dinheiro para mostrar humildade.
8) Papa Francisco dispensou o Anel de ouro papal, o Anel do Pescador, e usará um anel de prata que pertenceu ao Arcebispo Macchi, secretário particular do Papa Paulo VI. Isso é humildade ou desrespeito?
9) Papa Francisco dispensou a Cruz de ouro papal, pra usar sua Cruz de Ferro de bispo, o que por sinal ele quer continuar sendo.
Na Suma Teológica de São Tomás de Aquino, lemos: “É REPROVÁVEL DESPREZAR AS HONRAS, DE MODO A DESPREZAR AQUILO QUE AS MERECE” (II, II, 129, 1 ad 3).
Os símbolos de honra prestados ao Papa são homenagens a Deus, e não ao homem que o representa.
Rezemos pelo Papa, como ele pediu, curvando-se diante do povo.
Desde já peço perdão a Deus e aos irmãos se fui duro nas minhas palavras
L. A.
Lucas, acho que as palavras foram duras, sim. Compartilho de alguns desses seus temores, e eu também fiquei bastante surpreso, para dizer o mínimo, com algumas das atitudes citadas no comentário. Mas ainda é muito cedo para formar um juízo de valor, e precisamos de muita paciência e prudência para irmos compreendendo, aos poucos, as reais intenções de Francisco. Além disso, até que se prove o contrário, devemos fidelidade ao sucessor de Pedro legitimamente eleito.
ExcluirDeus nos ajude.
Apostolado Voz da Igreja
Lucas,
ExcluirEm meu blog escrevi um texto à respeito:
http://firmatfides.wordpress.com/2013/03/22/o-zelo-catolico/
Espero que seja uma boa orientação das atitudes que um bom católico deve tomar numa situação dessa.
Pax Domini!
Lucas.
Agora ficou claro que são dois Lucas! Com a boa verbalização e argumentação de ambos, haviam ficado dúvidas...
ExcluirApostolado Voz da Igreja
Lucas I, :)
ExcluirO seu texto é equilibrado, sensato, prudente. Concordo com tudo o que você disse em seu post no "Firmat Fides". Conversando com um padre muito digno e meu amigo, hoje mesmo, após a Santa Missa, ele me dizia que o problema é a enorme diferença entre o estilo de Bento XVI e o de Francisco. Os dois são quase "polos opostos", por assim dizer, enquanto pastores. Quem estava muito satisfeito com o estilo de Bento XVI, naturalmente vai estranhar um pouco o estilo completamente diferente de Francisco. E vice-versa.
Como eu disse ao "Lucas II" (risos), não deixo de reconhecer que algumas atitudes iniciais de Francisco realmente me causaram certo estupor, como recusar-se a dar a benção apostólica com o Sinal da Cruz em respeito aos que não tem fé. Acho que isso chocou muita gente, e causou repercussão mundo afora; mas não podemos nos esquecer de que ser humano algum está livre de erro, de equivocar-se, mesmo o Papa, mesmo na melhor das intenções, e ainda é cedo para formar uma opinião definitiva sobre um papado que tem ainda poucos dias de existência.
Pax Domini
Apostolado Voz da Igreja