"Quam dabit homo commutationem pro anima sua?" - “Que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt.16, 26)
Por Santo Afonso Maria de Ligório
Oração
Coisa estranha! Ninguém quer passar por negligente nos negócios do mundo, porém muitos não têm nenhuma dificuldade em descuidar o negócio da Eternidade, o mais importante de todos. Muitos até fazem de tudo para perderem a alma, e a maior parte dos cristãos vive como se as verdades eternas fossem fábulas. Não sejamos tão insensatos e pensemos seriamente em que nos serviria ganharmos o mundo inteiro, se depois viéssemos a perder as nossas almas? Perdida a alma, está tudo perdido, e para sempre!
I. A salvação eterna é certamente o negócio que sobre todos os outros mais nos interessa, porque dele depende a nossa eterna felicidade ou desgraça! Todavia, é desse negócio que os cristãos menos se ocupam! Não se poupa nenhum cuidado, nem se perde nenhum momento para chegar a tal dignidade, ganhar tal demanda, concluir tal negócio! Por intenções materiais e mundanas, não se come, não se dorme... Mas, depois, que se faz para assegurar a salvação eterna? Como é que se vive? Não se faz nada, ou melhor, faz-se tudo para a perder, e a maior parte dos cristãos vive como se a morte, o juízo, o Inferno, o Céu e a eternidade não fossem verdades da fé, mas sim fábulas inventadas pelos poetas.
Que mágoa sentimos quando perdemos um negócio, um investimento! Quantos cuidados para reparar o prejuízo! Quando se perde um cavalo (em nossos tempos um carro), quantos esforços para o reaver! Ao mesmo tempo, porém, perdemos a Graça de Deus e dormimos, gracejamos e rimos! – Coisa estranha! Todos cuidam zelosamente dos negócios do mundo, mas são inúmeros os que não se importam em descuidar do negócio da salvação, o mais importante de todos! Confessam que os santos foram verdadeiros sábios, porque só trabalharam para se salvarem, mas eles mesmos ocupam-se de todas as cosias do mundo com exceção da sua própria alma!
Mas vós, - diz são Paulo, - ao menos vós, meus irmãos, aplicai-vos ao grande negócio da vossa salvação eterna, que é o negócio que mais vos interessa: "Rogamus vos, ut vestrum negotium agatis." - "Procurai viver com serenidade, ocupando-vos das vossas próprias coisas e trabalhando com vossas mãos, como vo-lo temos recomendado." (1 Ts 4, 11). “Porquanto”, exclama Jesus Cristo, “de que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?" (Mt 16, 26) Perdida a alma, está tudo perdido, e perdido para sempre.
II. Persuadamo-nos de que a salvação eterna é para nós o negócio mais importante, por ser irreparável se não o realizarmos. Portanto, afim de o levarmos a feliz êxito, não receemos trabalhos nem fadigas. “O Reino eterno”, diz são Bernardo, “não se dá aos preguiçosos, mas aos que se houverem valorosamente no serviço de Jesus Cristo.”
Oração
Ah! Meu Deus, graças vos dou por me achar ainda aqui aos vossos Pés e não no Inferno, tantas vezes por mim merecido. Mas de que me serviria a vida que me concedeis, se eu continuasse a viver privado da vossa Graça? Nunca mais isto me suceda! Virei-vos as costas e vos perdi, ó meu Supremo Bem. Arrependo-me de todo o coração, e antes tivesse morrido mil vezes! Eu vos perdi; mas o Profeta me diz que sois todo bondade e vos deixais achar pela alma que vos busca: Bonus est Dominus animae quarenti illum (Ps. 142, 10). Se no passado tenho fugido de Vós, ó Rei de meu coração, agora vos busco e só a Vós quero buscar.
Amo-vos, † Jesus, meu Deus; amo-vos sobre todas as coisas, com todo o afeto da minha alma. Aceitai-me e não desprezeis o amor de um coração que por algum tempo vos desprezou. "Doce me facere voluntatem tuam" - "Ensina-me a fazer a tua Vontade" (Thren. 3, 25): Ensinai-me a fazer a vossa Vontade. Dizei-me o que devo fazer para vos agradar; quero fazer tudo que desejardes. Meus Jesus, salvai a minha alma, pela qual destes o Sangue e a Vida; dai-me a Graça de vos amar sempre nesta vida e na outra.
Espero tudo pelos vossos Merecimentos. Confio também em vossa intercessão, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria.
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Fonte:
LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 126-128.
LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 126-128.
vozdaigreja.blogspot.com
O EXIGENTE MESTRE JESUS EXPLICITA: ESTEJAIS PREPARADOS!
ResponderExcluirHb 9,27: "Está escrito que todos hão de morrer uma só vez, depois de que segue-se o juízo".
Passamos por esse mundo como folhas, flores, etc., mesmo o homem sendo o rei da criação, exceto sua alma que é o sopro de Deus, e mesmo os que se comportam impiamente duvidariam de tudo, menos da morte certa a cada um, sempre de forma indefinida de condições e locais.
Consumada, compareceremos imediatamente ao Tribunal de Deus, Justo Juiz conhecedor de nosso mais íntimo âmago e nos julgará segundo sua imparcial justiça de cada ato nosso e indevidas palavras, de como nos responsabilizamos pelo seu reino ou se aliado às ideologias de cada época, e nesse momento saberemos imediatamente de nosso destino final: salvação, junto a Deus, à Virgem Mãe e seus santos ou aos réprobos iludidos por Satanás, às vezes nesse mundo se apresentariam sob humanas figuras sugerindo anjos de luz...
É muito necessário que peçamos sempre a Deus enquanto há tempo, além de um nosso comportamento exemplar, o mínimo que podemos fazer - conviria de quando em tempo nos retirarmos para pensar nela e consequencias - que nos julgue segundo sua misericórdia pois sob sua justiça impossibilitaria nossa salvação, e nem as eventuais boas obras nossas poderemos dispor como atenuantes, apenas a bondade de Deus, sob o salmo 102,10: "Não façais conosco o que merecem nossos pecados, nem nos pagueis como o merecem as nossas iniquidades!