A Oração Infalível


No Evangelho segundo S. Lucas (18,1-8 ) encontramos a parábola da viúva e do juiz iníquo, em que um viúva insiste e persiste no seu pedido, até finalmente ser atendida. A razão pela qual Jesus contou esta parábola é esclarecida pelo próprio Evangelista, que diz que o Senhor contou-lhes esta parábola para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre sem nunca desistir.

Eis aí uma característica essencial da oração cristã: a perseverança. E a partir desta constatação somos levados à seguinte reflexão: qual é a garantia que nós podemos ter de que Deus vai ouvir às nossas súplicas, em nossas necessidades?

Que a perseverança na oração é muito importante nós já sabemos, porque os Evangelhos insistem muito nisso. O próprio S. Lucas acrescentou ao seu Evangelho aquela outra conhecida parábola do amigo inoportuno, que vai à casa de seu vizinho em plena noite batendo para pedir três pães. Ele tanto insiste que o outro, para se ver livre dele, acaba atendendo-o (Lc 11,5-8).

No capítulo 15 de S. Mateus temos o episódio da mulher cananeia que não se cansa de pedir até ser atendida, chegando a se comparar, ela mesma, aos cachorrinhos que se alimentam das migalhas que caem da mesa de seus donos. Novamente a importância da insistência, da perseverança na oração.

Todas essas passagens nos mostram a importância de não só nos aproximarmos de Cristo, mas de persistirmos em nossas orações, em nossos pedidos a Ele. Mas precisamos tirar de nossas cabeças a ideia de que a perseverança e a insistência são necessárias para "dobrar o Coração de Deus”. Não se trata disso. Pelo contrário, nós precisamos da perseverança e da insistência porque o nosso coração é que não se dobra com facilidade.

Nesse estudo vamos examinar quais são as características da oração infalível, isto é, como devemos rezar para que tenhamos a mais absoluta certeza de que a nossa oração vai ser atendida. Em determinadas situações, não adianta ficar como que “batendo a cabeça na parede” ou “dando murro em ponta de faca”, como se diz popularmente. Não adianta insistir do jeito errado, persistindo num engano. Existem fundamentos, características próprias que fazem com que uma oração seja infalível, e elas foram dadas por Graça a todo aquele que crê.

Parece-nos que isso é algo que as pessoas sempre procuraram muito, talvez mais até do que a própria salvação de suas almas, o que é de se lamentar. Assim como Esaú trocou a benção paterna (e divina) juntamente com seus direitos de filho herdeiro por um prato de lentilhas (G 25, 29-34), muitos preferem os prazeres e posses materiais do que a vida eterna no Reino do Céus. Muito vemos por aí os anúncios de supostas “orações de poder” e “novenas milagrosas” de todo tipo. Em praticamente toda igreja em que entramos encontramos folhetinhos com as mais variadas (algumas estapafúrdias) devoções a "santos de causas impossíveis", que no imaginário popular seriam como que agentes infalíveis para nos darem tudo aquilo que pedirmos... Alguns desses folhetos contém até ameaças para aqueles que não cumprirem determinada prática!

Essas pessoas não imaginam o quanto se afastam de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, dando tantas voltas em torno da Fonte, ao invés de irem beber direto no inesgotável Rio de Água Viva, pois foi Ele mesmo quem nos prometeu que estaria conosco todos os dias, até o fim do mundo.

Já entre os “evangélicos” é comum o uso da passagem do Evangelho segundo S. João (13,13-14) como uma espécie de muleta verbal para toda e qualquer situação: em praticamente tudo o que dizem, acrescentam ao final da frase um curioso: “Em nome de Jesus!”... A dona de casa diz que vai preparar o almoço de hoje “em nome de Jesus!”. O vendedor diz que vai bater a sua meta mensal “em nome de Jesus!”. A filha diz que vai tirar um “A “na prova de matemática “em nome de Jesus!”... Sim, qualquer comentário dessas pessoas, sobre qualquer assunto, é seguido sempre de um “em nome de Jesus!”, mesmo que seja uma fofoca sobre a vida de um vizinho, por exemplo, e até para contar ou rir de uma piada, muitos deles finalizam com um inevitável e impensado “em nome de Jesus”. Foi filmado e noticiado, recentemente, que até os deputados corruptos da nossa bancada "evangélica" andaram agradecendo pela roubalheira “em nome de Jesus!”...

Interessante é que, agindo assim, essas pessoas não percebem que estão desobedecendo ao Segundo Mandamento, que diz: "Não tomareis o Santo Nome do SENHOR, vosso Deus, em vão". - O Nome de Deus não é amuleto, não é um talismã para ser usado como uma garantia de sucesso em tudo o que se fizer, como se Ele fosse atender a todos os nossos caprichos só por usarmos o seu Nome.



Existe uma oração que é sempre infalível

Deixando de lado essas interpretações equivocadas das Sagradas Escrituras, é importantíssimo saber que existe, sim, uma oração que é sempre infalível, ou um jeito de pedir a Deus infalivelmente. Há um jeito certo de dirigir a Deus as nossas súplicas, e é isto o que iremos investigar neste estudo.

É o próprio Evangelho que nos dá esta garantia. Em S. Mateus 7, 7-8, o Cristo diz: “Pedi e se vos dará, buscai e achareis, batei e vos será aberto...”

No mesmo Evangelho Segundo S. Mateus (21,22), o Senhor reafirma: “Tudo o que pedirdes com fé, na oração, vós o alcançareis”.

No discurso de despedida de Jesus, no Evangelho segundo S. João, o SENHOR insiste nessa mesma questão: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu Nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Tudo o que pedirdes em meu Nome, vo-lo darei” (Jo 14, 13-14). Mais adiante, novamente: “Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15, 7).

E prossegue o Salvador: “Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma. Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará. Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja perfeita” (Jo 16,23-24).

Nosso Senhor parece estar prometendo, garantindo que realmente existe uma infalibilidade para a oração do cristão que tem fé. Por outro lado, o Apóstolo S. Tiago nos diz em sua Epístola: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal...” (Tiago 4,3). Por quê?

O grande problema é que, se por um lado temos uma evidência de fé, registrada nas Sagradas Escrituras, por outro lado temos a refutação que vem dos simples fatos. Ora, muitas vezes pedimos e não recebemos, procuramos e não encontramos, batemos à porta e ela não abre.

Fica assim para nós evidente que há um modo certo de pedir, e que se soubermos pedir, se conhecermos realmente esta forma de “oração infalível”, então seremos sempre atendidos.



A fórmula da oração infalível: as quatro exigências

Sendo assim, afinal, como é que podemos ter essa garantia, dada pelo próprio Senhor, de que nossa oração será infalivelmente atendida? Muitos católicos não sabem que Sto. Tomás de Aquino já desvendou e esclareceu muito bem a essa pergunta, na segunda seção da segunda parte da Suma Teológica (questão 83, artigo 15), onde, num resumo precioso, ele diz o seguinte: “Quatro são as condições exigidas simultaneamente para que sempre se receba o que se pediu na oração”.

São, portanto, quatro exigências, quatro requisitos, quatro características da oração que é atendida sempre, e que precisam estar presentes em nossas súplicas para que infalivelmente sejam atendidas, - pois é esta a Promessa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. - Se faltar uma delas, falta a garantia divina: se falta algum destes pontos, é uma oração que poderá ser ou não atendida, mas não se aplica a ela, necessariamente, a Promessa de Cristo que acabamos de ver.

Quais são, então as quatro exigências para que a oração seja sempre, infalivelmente, atendida? Vejamos a lista desenvolvida por Sto. Tomás de Aquino:

1. Que se peça para si;

2. Que se peçam coisas necessárias a salvação;

3. Que se peça piedosamente;

4. Que se peça com perseverança.


Vemos claramente que o último item trata daquilo falamos logo no início e que consta do Evangelho de S. Lucas (11,5-8; 18,1-8): a perseverança. Ocorre, porém, que às vezes perseveramos demais em pedidos errados, e nunca somos atendidos. Por isso é que cada ponto dessa lista é importante. Cada um deles é um elemento que se liga ao outro, e juntos formam um conjunto coeso.


Assim, Sto. Tomás diz que, em primeiro lugar, a sua oração será atendida infalivelmente se você pedir para si mesmo. Esta exigência pode em princípio causar algum espanto ou surpresa, porque alguns poderão ver aí uma aparência algo egoísta, coisa tão contrária a tudo o que Jesus pregou. Mas não se trata disso. Ocorre que Deus nos abençoa conforme a nossa disposição, a nossa entrega, o nosso desejo sincero e a nossa fé. Ou seja, Deus quer derramar a sua Graça sobre nós, e quer derramá-la abundantemente, mas é preciso que estejamos dispostos a isso.

Quando pedimos pelo outro, - e devemos, sim, fazer isso, - nós não temos a garantia de que aquela oração vai ser atendida, porque Deus respeita a nossa liberdade. Nem sempre adianta rezarmos por uma pessoa que não está aberta, que não está disposta a receber a Graça. Podemos e, insisto, devemos pedir pelo nosso próximo, e Deus poderá conceder o que pedimos por um ato de Misericórdia. Mas esta não é uma oração infalível, porque a Graça depende, em parte, daquele que a recebe, e nós não podemos nos comprometer pelo outro, já que não podemos interferir na sua liberdade.

Já quanto pedimos para nós mesmos podemos nos comprometer, e já estamos assim usando de uma das condições necessárias para que sejamos atendidos infalivelmente conforme as Promessas de Nosso Senhor.


Segunda condição: você precisa pedir coisas necessárias à sua salvação
, o que por sua vez vai auxiliar na salvação dos outros. Se pedimos algo como uma cura ou que um sofrimento seja afastado, ou ainda que uma dívida seja sanada, por exemplo, não temos necessariamente a Garantia Divina para estas orações, porque nada disso é intrinsecamente necessário à nossa salvação.

Deus pode nos atender, - e sabemos o quanto nos atende, - se pedimos com fé mesmo algo que não se enquadre nessa segunda exigência. Mas nós só podemos ter a plena certeza de que seremos atendidos quando pedimos coisas necessárias para a salvação de nossas almas.

Assim, por exemplo, você pode pedir pelas virtudes, por uma graça que fortaleça o seu espírito para seguir Jesus; pode pedir por fortaleza ou prudência para não cair em pecado, pode pedir a graça de não morrer em pecado grave, pode pedir que determinada tentação o deixe... Coisas como essas, quem pedir receberá infalivelmente, desde que o pedido se enquadre também nas outras três condições.


A terceira condição é pedir piedosamente
 e, então, precisamos entender também: o que é uma oração piedosa?

* Em primeiro lugar, é uma oração humilde. S. Tiago, em sua epístola, nos lembra um versículo do Livro dos Provérbios que diz: “Deus resiste aos soberbos, mas dá sua Graça aos humildes (Tg 4, 6 - citando Pr 3,34)”

A oração piedosa é uma oração humilde, em que você se coloca diante de Deus, literalmente, como um mendigo, suplicante. Você não se coloca diante de DEUS como alguém que está ali “exigindo os seus direitos”, com arrogância, sem temor. É preciso saber reconhecer a sua incapacidade, e, ao mesmo tempo o Poder e a Grandeza de DEUS.

** Segunda coisa, a oração piedosa é feita com firme confiança. S. Tiago diz: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor, pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder. Mas que os irmãos humildes se gloriem de sua elevação”... (Tg 1,6-9)

A oração piedosa é, portanto, confiante. Interessante notar, neste ponto, que o próprio Senhor Jesus Cristo, por diversas vezes, antes de conceder alguma graça, perguntava antes a quem lhe pedia se realmente confiava nEle, como vemos na passagem de S. Mateus: "E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: ‘Tem compaixão de nós, filho de Davi!’. E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: ’Credes vós que eu possa fazer isto?’; disseram-lhe eles: ‘Sim, Senhor!’. Tocou então os olhos deles, dizendo: ‘Seja-vos feito segundo a vossa fé’. E os olhos se lhes abriram”. (Mt 9, 27-30).

Os cegos confiaram e, por confiarem, foram atendidos. Pedir crendo, sem vacilação: eis aí a segunda exigência.

*** Terceira característica essencial da oração piedosa: pedir em Nome do Cristo. Por isso as orações litúrgicas quase sempre se encerram da mesma maneira: “Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho...” – Em Nome do Senhor, nossa oração é piedosa (nossa oração, e não tudo que dissermos, pois não queremos tomar o nome de Deus em vão).

**** Por fim, para que uma oração seja piedosa, precisa ser feita com atenção. Quando pedimos displicentemente, sem prestar atenção ao que estamos dizendo, é uma irreverência que não cabe quando nos dirigimos ao Criador.


A quarta e última exigência da oração infalível, segundo S. Tomás de Aquino, é a perseverança. E foi sobre esta que inciamos este estudo, falando do amigo inoportuno, da viúva e do juiz, da mulher cananeia... Mas podemos usar também o exemplo direto do próprio Jesus:

O capítulo 6 do Evangelho segundo S. Lucas, por exemplo, narra como Jesus passou a noite orando a Deus. No Horto das Oliveiras, antes de se entregar em Sacrifício, vemos que Jesus dá o exemplo de perseverança quando, cheio de angústia, orava com insistência, e no Evangelho segundo S. Marcos vemos como o Cristo rezava antes de Judas o trair: "E, afastando-se de novo, orava dizendo novamente a mesma coisa..." (Mc 14, 39). O próprio Senhor, Deus feito homem, insistia e persistia a Deus Pai em sua súplica.


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Temos assim quatro exigências, quatro características básicas da oração que é sempre infalível. Se você tiver estas quatro características em sua oração, ela será infalível. Não se trata de colocar a sua confiança em “orações de poder”, "novenas infalíveis" ou pensar que a intercessão de algum santo das “causas impossíveis” é que vai fazer com que você sempre receba o que pede. Sem essas quatro condições, seu pedido até poderá ser atendido, sim (pois a Misericórdia Divina é infinita), mas a sua oração não se enquadrará na Promessa infalível de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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** Baseado na homilia do 29º Domingo do Tempo Comum, de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em audio em
http://padrepauloricardo.org/episodios/29-domingo-do-tempo-comum-a-oracao-infalivel
Acesso 30/10/013
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Bela cantora italiana dá exemplo às jovens de todo o mundo


É exemplar para todas as nossas jovens a história de uma jovem e linda cantora italiana chamada Maria Luce Gamboni (foto). Ela tem dezoito anos de idade e havia sido escalada para o papel principal num badalado espetáculo musical do ainda mais badalado produtor David Zard, considerado por muitos como o maior produtor musical italiano. David Zard foi quem primeiro trouxe os "megashows" de muitos dos maiores nomes da música internacional aos grandes estádios. É considerado o empresário que criou na Itália a evolução dos musicais e o "criador do teatro para as massas" (segundo Silvana Mazzocchi, do Cinquantamila Giorni).

Diante de todos esses fatos, é fácil entender a importância, para qualquer jovem artista, de ser a protagonista de um espetáculo assinado por David Zard. Bem, nossa heroína María Luce foi escolhida para ser a disputadíssima Julieta do espetáculo "Romeu e Julieta, Amar e Mudar o Mundo" ('Romeo & Giulietta – Ama e cambia il mondo'). Melhor do que ganhar sozinha na loteria. Não poucas jovens dariam tudo para estar no lugar dela,  mas María Luce declinou o convite.

Por quê? Acontece que havia no espetáculo uma cena de nudez. Em uma cena, Julieta teria que se apresentar usando algo como um véu ou camisola totalmente transparente, estando completamente nua por baixo. Primeiro, ela então pediu ao diretor que a deixasse pelo menos usar roupa íntima por baixo, mas a resposta foi taxativa: ou ela fazia a cena nua, ou então seria trocada por outra. Ela então respondeu: "Pois chame outra. Mais do que o dinheiro e o meu sonho, eu prefiro o meu pudor".

«Por encima del dinero y de mi sueño yo prefiero mi pudor», disse a jovem. E disse ainda uma outra verdade bastante esquecida nestes nossos tempos: «El canto es una cosa, despojarse de la ropa, es otra».

Sim. Cantar é uma coisa, tirar a roupa para a platéia é outra. A história lembra uma outra situação envolvendo um tema parecido, envolvendo o ator brasileiro Pedro Cardoso, que há cerca de cinco anos protestou contra o fato de os atores e atrizes serem obrigados a fazer pornografia (O site "Deus Lo Vult!" tratou  do assunto na época - veja aqui). As palavras dele foram as seguintes: "O personagem é justamente algo que o ator veste. Ao despir-se do figurino, o ator despe-se também do personagem, e resta ele mesmo, apenas ele e sua nudez pessoal e intransferível".

Certíssimo. E é este exatamente o ponto central da queixa de María Luce. Ora, cantar é uma coisa, ficar nua diante de uma plateia é outra coisa completamente diferente! A voz de uma jovem cantora não é melhor apreciada quando ela tira a roupa, muito pelo contrário. O mais provável é que toda a atenção seja atraída para seu corpo e, diante dele, o canto passe desapercebido. E a jovem italiana quer ser apreciada pelo talento que tem, e não por  seus dotes físicos. Até porque ela escolheu a carreira de cantora e não de stripper.

O episódio envolvendo Maria Luce revela mais uma forma de coisificação da mulher, vista como objeto sexual, de erotismo descabido, de vulgaridade dispensável. - Ora, o que importa o corpo da jovem Julieta (ou, melhor dizendo, o corpo da jovem cantora que a está representando, uma vez que despir-se do figurino é despir-se também do personagem) para a peça? Trata-se de um musical, e não de um show erótico!

É reconfortante e animador ver que uma bela jovem, cheia de sonhos e ambições, ainda é capaz de perceber o descabimento de certas exigências supostamente artísticas, e colocar sua moral e seus princípios acima de todos os outros valores. Às vezes, ser capaz de dizer “não” é afirmar e ensinar que há coisas mais importantes do que o sucesso. É mostrar que a realização pessoal não tem a ver com sacrificar a nossa honra nos altares do sucesso fácil e da fama. Que o "pudor", – esta palavrinha tão esquecida e fora de moda, – ainda é mais valioso que o dinheiro.

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Fonte:
Portal "InfoVaticana", em
http://infovaticana.com/por-encima-del-dinero-y-de-mi-sueno-esta-mi-pudor/
Acesso 31/10/013
** Baseado no artigo “Meu pudor está acima do dinheiro e do meu sonho”, de Jorge Ferraz, publicado no site "Deus Lo Vult!"
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Como vemos nossos filhos?


Percebe-se atualmente uma crise educativa que se torna cada vez mais preocupante em todo o mundo. De modo geral, constata-se que o nível médio de educação diminui drasticamente e que o processo formativo dos jovens enfrenta grandes dificuldades. As crianças e os adolescentes aprendem cada vez menos; a autoridade dos professores tende a desaparecer e os jovens sentem-se sós e desorientados. E isso numa época de (suposto) incrível desenvolvimento da pedagogia. Nunca houve tantas pessoas que estudam essa ciência e nunca tivemos tantas teorias pedagógicas como agora.

No Brasil, a crise educativa é cada vez mais preocupante, apesar de tantos eminentes pedagogos. Um recente estudo comparou a educação em 40 países e mostrou que o Brasil, a 6ª Economia do mundo, está em penúltimo lugar na educação(!), atrás de países como Singapura (5º), Romênia (32º), Turquia (34º) e Argentina (35º)[1]. Certamente, uma das causas da atual crise educativa no Brasil não é a falta de recursos, mas algo mais profundo: não sabemos mais como ver e tratar os nossos filhos.

Até a metade do século passado, tínhamos uma ideia bem clara sobre quem eram os nossos filhos: acima de tudo, eram considerados Dons de Deus, presentes que nos tinham sido dados para serem tratados com atenção, carinho e muita responsabilidade. A paternidade era considerada uma participação especial no Poder criador de Deus, de modo que os filhos eram tratados com respeito e a vida era acolhida com alegria e generosidade. Isso era assim porque o nosso modo de viver, até então, era marcado pelos ensinamentos e pela cultura cristã. Seguia-se o exemplo de figuras como a de Ana (Cf. 1Sm 1), uma mulher estéril que todos os anos ia ao Templo prestar culto a Deus, e que certa vez teve a ousadia de pedir-Lhe um filho. Depois que Deus escutara suas ferventes orações, ela retornou ao Templo para agradecer o dom recebido e para consagrar a vida daquele novo ser a Deus. Ana era plenamente consciente de que a vida humana procede de Deus, para quem nada é impossível, e a Ele retorna.

Especialmente a partir da “revolução” de maio de 1968 (Sorbonne) uma nova cultura surgiu, na qual a visão bíblica foi abandonada. Freud, na sua época, sonhava o dia em que fosse separada a geração dos filhos da estrutura familiar, algo que vem se tornando frequente. Desde então, procura-se incutir nos jovens a ideia de que ter filhos é um obstáculo, algo que tolhe a liberdade, que impede a realização pessoal. Os filhos passaram a ser considerados como uma ameaça, e a gravidez como uma espécie de doença, que deve ser evitada a todo custo. Uma notícia de gravidez, antes motivo de festa ara toda a família, hoje é comumente recebida como uma má notícia, quase uma desgraça, algo que só vai atrapalhar os planos de riqueza e sucesso... Os filhos passaram a ser considerados como uma “ameaça”, não mais como um Dom, um Presente Divino.

Daí surgem problemas sérios. Consta de um popular magazine inglês que, naquele país, no ano passado, um dos pedidos mais feitos ao “Papai Noel” pelas crianças foi um pai; outro pedido comum foi um irmão. O risco atual é que os adultos passem a considerar os próprios filhos como uma espécie de “mercadoria”, um sonho de consumo, que deve ser realizado num momento perfeitamente determinado. Os filhos são cada vez mais frutos de cálculos, e não do amor. Isso deixa feridas graves nas crianças.

Deixar de considerar os filhos como Dom Divino e tê-los simplesmente como o resultado de uma técnica é um passo importante para a desconfiguração das famílias e para arruinar a educação. Paradoxalmente, vem ocorrendo com frequência que os pais procurem “superproteger” os filhos, mimando-os excessivamente e buscando livrá-los de qualquer perigo enquanto, ao mesmo tempo, não querem encontrar tempo para dedicar-se à difícil tarefa educativa dos mesmos. As crianças são enviadas cada vez mais cedo às creches e escolinhas, e a professores e desconhecidos é delegada a tarefa sagrada de transmitir os valores que as crianças deveriam receber em casa, no seio familiar.

Nesse ponto, devemos talvez voltar nosso olhar ao Livro que formou a civilização ocidental. O Evangelho conta-nos somente uma cena da adolescência de Jesus e do seu “processo educativo”. Quando ele tinha 12 anos, foi levado ao Templo por Maria e José para participar na festa da Páscoa (Cf. Lc 2). O jovem judeu, ao cumprir essa idade, passava a ser considerado adulto na fé. Quando aquela família retorna para casa, Maria e José se distraem e Jesus, como verdadeiro adulto, permanece no Templo discutindo com os doutores da Lei. Quando Ele é reencontrado, Maria o repreende, mesmo sabendo que Quem estava diante dela não só era um “adulto” na fé, mas o próprio Filho de Deus: “Meu filho, que nos fizeste? Teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição!”. E Jesus, depois de manifestar a plena consciência da sua Identidade divina ('Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?'), volta com Maria e José, e a Sagrada Escritura diz que o SENHOR “era-lhes submisso em tudo”.

Que impressionante! Maria e José não fugiram de sua responsabilidade educativa em relação àquele adolescente que sabiam ser o Filho de Deus! E Jesus, sendo verdadeiro Deus, volta para casa com a sua família, obedecendo-lhes em tudo até os 30 anos! Vemos, assim, que na Família de Nazaré ninguém fugia da própria responsabilidade, uma vez que eram unidos por um verdadeiro Amor, o qual se demonstra na autoridade, na humildade e no serviço e não na indiferença ou na superproteção.

Parece, portanto, que para se recuperar o sentido da verdadeira educação, para se enfrentar à grave crise educativa atual, devemos ajudar as famílias a voltarem a considerar a vida como Dom de Deus, a tratarem os seus filhos com verdadeira diligência, não delegando toda a responsabilidade educativa a outras pessoas ou instituições. A tarefa é árdua, mas pode ser realizada especialmente à luz da fé que por séculos iluminou a nossa sociedade. Devemos voltar a seguir ao modelo da Sagrada Família mais do que parâmetros contraditórios de uma “revolução” que só trouxe ao mundo a exaltação do egoísmo, da irresponsabilidade e o consequente aumento do sofrimento dos mais débeis.

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Texto (adaptado) de Pe. Anderson Alves, Diocese de Petrópolis (RJ), doutorando em Filosofia na Pontifícia Università della Santa Croce, Roma. Este artigo foi publicado originalmente pela Agência Zenit, em 30-12-2012.
[1] Portal G1, "Ranking de qualidade da educação coloca Brasil em penúltimo lugar", em
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/11/ranking-de-qualidade-da-educacao-coloca-brasil-em-penultimo-lugar.html 
Acesso 31/10/013.
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Caminhamos a passos largos para o caos anarquista, com o apoio da mídia e dos políticos!

Parte do material apreendido pela polícia paulista
(foto da coluna de Felipe Patury/Época)

Polícia apreende estoque de bananas de dinamite com grupo anarquista para ser usado no "dia de fúria" programado para manifestação em São Paulo!

passamos de supostas manifestações democráticas para atos terroristas há muito tempo, e a mídia continua batendo na tecla de que toda a depredação está sendo feita por "uma pequena minoria, um pequeno grupo que se infiltrou no meio da manifestação pacífica"... Até quando?! 

A nota publicada pelo jornalista Felipe Patury, em sua coluna no site da revista Época é altamente preocupante. Revela a apreensão pela polícia paulista de um estoque de bananas de dinamite e cordões detonadores que seriam utilizadas em ato terrorista no mês de novembro. Segundo apurou a polícia, estão preparando o que denominam “dia de fúria”.

Usar dinamite, ameaçando a população inocente, como de resto qualquer tipo de violência, não é “manifestação”, mas sim ato terrorista. Na íntegra, esta é a nota da coluna de Felipe Patury:

“O movimento anarquista 'Ação Direta' assume a posse das 119 bananas de dinamite apreendidas pela polícia paulista em Guarulhos, na quarta-feira passada (23/10/013). O jornalista Leonardo Morelli, que se apresenta como líder e porta-voz do grupo, afirma que elas foram fabricadas artesanalmente. A 'Ação Direta' promete um 'dia de fúria' para novembro.”
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A esmola e o encontro com o pobre

OFielCatólico.com.br
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O segredo da felicidade


Ninguém é feliz se não viver segundo a santa Lei de Deus, e esta é uma realidade simples, que se pode compreender tanto pela fé quanto por meio da razão.

Canta o salmista: “Vossos Mandamentos são minhas delícias. Eterna é a justiça das vossas prescrições. Dai-me a compreensão delas, para que eu viva.” (Sl 118,143-144).

E como essa realidade não depende exclusivamente da fé religiosa, grandes homens e mulheres de diversas culturas e religiões chegaram à mesma verdade. Mohandas K. Gandhi, o “Mahatma” Gandhi, grande estadista e humanista indiano, parece tê-la compreendido bem, quando disse: “Uma vida sem religião é como um barco sem leme. É a religião que dá base moral a todas as outras atividades. A oração não é um passatempo de velhinhos: é o meio mais potente de ação. Sem a oração não temos consciência da nossa fraqueza”.

O mundo hoje acha que é autossuficiente. Cada vez mais pessoas imaginam que já não precisam mais de Deus; vivem como se o Criador não existisse, e sofrem sem entender porquê. Acontece que ninguém é feliz de verdade sem Deus, sem acolher a sua Vontade, que é sempre o melhor para cada um de nós. Haverá alguém mais sábio do que Ele?

Ao longo da História, os homens criaram milhares de leis e códigos de Direito em busca da justiça e da felicidade, procurando em muitos caminhos e descaminhos algo que Deus já nos deu de presente há muito tempo: seus Dez Mandamentos. Se a humanidade seguisse voluntaria-mente essas poucas e simples regras, não seriam necessários tantos códigos e leis complicadas, e nem mesmo policiamento ou presídios.

Ter fé no Amor de Deus é crer que Ele se interessa, apaixonada e continuamente, por cada um de nós. É fundamental repetir mentalmente, para si mesmo: “Deus sabe tudo a meu respeito, pode tudo para o meu bem, toma conta de tudo e me ama infinitamente”. É preciso saber escutar Deus falar nas circunstâncias e nos acontecimentos da vida. Acostume-se a perguntar: o que Deus está me dizendo com este fato? Acostume-se a pedir ao Espírito Santo que lhe dê discernimento para entender.

“Acreditamos, muitas vezes, que Deus não ouve nossas perguntas. Mas na verdade, ao contrário, nós é que não escutamos as suas respostas”, disse certa vez François Mauriac1. Ele disse também que “o drama da nossa vida consiste na resistência que opomos ao paciente trabalho de Cristo sobre o nosso destino”.

Mauriac está dizendo algo muito profundo e verdadeiro: em qualquer diálogo, não podemos somente querer falar; para conversar com alguém, devemos também observar o momento de calar, de fazer silêncio para ouvir... Se você quiser conversar com Deus, precisa fazer silêncio e ficar atento para ouvir o que Ele fala. Tudo o que nos acontece é para nos ajudar a subir; são como degraus para Deus, escolhidos e dispostos por Ele mesmo.

Montesquieu2 rezava assim: “Senhor Deus, dai-nos as coisas boas, ainda que não as peçamos, e recusai-nos as perigosas, mesmo que imploremos por elas!”. Pedimos a Deus o que nos agrada, mas Ele nos dá o que precisamos. Deixe o Senhor dos senhores conduzir a pequena embarcação de sua vida; assim, ela será sempre protegida do naufrágio.

Resumo de tudo o que foi dito, seguir os Mandamentos de Deus, em última análise, é amar a Deus sobre todas as coisas. A pessoa dócil a Deus é também humilde e mansa para com o seu semelhante, pois vive em Deus e vê Deus no seu próximo.


A questão essencial

Nesse momento, a pergunta que muitos fazem a si mesmos (embora muitas vezes não o confessem) é a mais importante: como amar a Deus sobre todas as coisas? Isso é mesmo possível? Como fazê-lo? Como é que um ser humano pode ser capaz de amar a Deus mais do que aos seus pais, mais do que aos seus amigos, à sua namorada ou namorado, esposa ou esposo? Como é que alguém pode ser capaz de amar mais a Deus do que aos seus filhos? Como seria possível a um ser humano amar a Deus mais do que às pessoas que lhe cercam e lhe são queridas, com as quais convive e se relaciona, sendo que nem sequer podemos ver a Deus?

Como alguém pode amar a esse Deus invisível, enfim, mais do que tudo e até mais do que a si mesmo?

Pois este é o Primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Ora, se a nossa busca por Deus é sincera, - e ela precisa ser, - temos então de nos perguntar se tudo isso não seria radical demais, um radicalismo exagerado.

E aqui abro parênteses para uma confissão pessoal: por um longo tempo, este que vos escreve sofreu sem compreender a ideia de amar a Deus sobre todas as coisas. Em minha infância e boa parte da juventude, parecia-me uma exigência impossível de ser atendida. Para mim, era como se Deus estivesse sendo injusto ou exigente demais, ao dar uma ordem que ser humano algum seria capaz de cumprir. Como alguém poderia amar a Deus mais que tudo?..

Mas a resposta para a questão que parecia insolúvel me veio, de maneira tranquila e bem antes do que eu poderia supor, a partir do momento em que resolvi que não havia outra escolha a não ser, simplesmente, confiar em Deus, esforçando-me sincera e serenamente para compreender, enquanto pedia em oração.

E a resposta, tão simples quanto inapelável, foi esta: como eu poderia amar a alguém mais do que a Deus, se foi Deus Quem fez todas as pessoas, as que eu conheço e as que um dia conhecerei e serei capaz de amar, e foi Deus também Quem me deu a oportunidade de conhecer a todas essas pessoas? Como eu poderia amar alguma coisa mais do que a Deus, se foi Deus Quem me deu tudo o que eu tenho, que eu tive ou que algum dia terei? Se foi Deus Quem me deu saúde física e mental para usufruir de tudo o que já tive, que já vi, já vivi, experimentei? Como amar qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa mais do que a Deus, se, por fim, foi Deus Quem me deu a vida, e deu à existência todas as pessoas, todos os seres e todas as coisas?

De um modo muito profundo, amar a Deus é, verdadeiramente, amar a si mesmo! Para todo aquele que de fato crê que Deus é a própria Vida, está dada a resposta.

Assim se vê a tolice daqueles que pensam que podem ser felizes dando as costas para Deus: eis o maior engano dos homens e mulheres dos nossos dias.

Henrique Sebastião, editor

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1. Célebre escritor francês de formação católica. François Charles Mauriac (1885 —1970) recebeu o prêmio Nobel de Literatura (1952) em reconhecimento “à profunda impregnação espiritual e artística com que seus romances penetraram o drama da vida humana” (TILLARD, Jean-Marie R. Somos os Últimos Cristãos? São Paulo: Loyola, 1999.

2. O Barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido como Montesquieu, político, filósofo e escritor francês (1689-1755). De família nobre, recebeu a formação dos padres oratorianos.

Referência:

AQUINO, Felipe. Não Vos Conformeis com Este Mundo. Lorena: Cléofas, 2007, pp. 19-21.
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A Bíblia copiou e adaptou mitologias pagãs?

[ARGUMENTO DOS ADVERSÁRIOS] Para atacar a autoria divina e a inerrância da Sagrada Escritura, alguns utilizam como argumento que muitas passagens bíblicas são cópias ou adaptações de mitologias e de textos pagãos mais antigos. Desse modo, entre os antigos textos profanos e os textos bíblicos não haveria diferenças, uma vez que os segundos são apenas cópias ou adaptações dos primeiros. Ora, como a cópia - ou resumo - de um texto falso também é falsa, e na Bíblia há textos que são cópias ou resumos de fontes profanas repletas de erros e fantasias, seguem-se que determinados textos escriturísticos são errôneos e fantasiosos.

[RESPOSTA] Pio XII (Humani generis, Dz 3898) disse que "se pode certamente conceder" que os autores sagrados tenham colhido algo das antigas tradições populares, mas evidencia que, quando agiram dessa forma, foram ajudados pelo sopro da divina inspiração que os tornavam imunes de todo erro ao escolher e ao julgar aqueles documentos. A inspiração divina acompanha a redação do texto, mas também a seleção do que é verdadeiro quando se utiliza uma fonte profana. Por exemplo, um texto da Sagrada Escritura que é declaradamente um resumo é o Segundo Livro dos Macabeus, onde o autor sagrado diz: "eis o que Jasão de Cirene narra em cinco livros que vamos tentar resumir em um só" (II Mac 2, 23). A inspiração divina, nesse sentido, fez com que o autor sagrado selecionasse e organizasse o que há de verdadeiro e útil para os desígnios de Deus na obra de Jasão de Cirene.

Por conseguinte, quando o autor sagrado utiliza das antigas tradições populares, seleciona o que nelas há de verdadeiro e rejeita o que é fruto da imaginação. Por isso, "[...] aquilo que foi colhido das narrações populares para se inserir na Sagrada Escritura de modo algum é comparável às mitologias e outras narrações de tal gênero, que procedem mais de uma ilimitada imaginação do que daquele amor à simplicidade e à verdade que tanto resplandece nos livros sagrados [...] a tal ponto que os nossos hagiógrafos devem ser tidos neste particular como claramente superiores aos antigos escritores profanos" (PIO XII. Humani generis. Dz 3899).

Mas, como as antigas tradições populares podiam conter alguma verdade sobre a criação do mundo por Deus e acerca da formação do primeiro homem e da primeira mulher, além da queda de ambos? Isso pode ser explicado pela Revelação Primitiva que foi transmitida de geração em geração. A Revelação Primitiva refere-se à comunicação gratuita de Deus ao primeiro homem, isto é, Adão, pois como diz Santo Tomás de Aquino (Suma Teológica, I, q. 94, a. 4. rep.): "E para o governo próprio e dos demais, não só é necessário o conhecimento natural, pois a vida humana se ordena a um fim sobrenatural, do mesmo modo que a nós, para governar nossas vidas, nos é necessário conhecer os conteúdos da fé. Por isso, o primeiro homem recebeu conhecimento do sobrenatural tanto quanto lhe era necessário para o governo da vida humana naquele estado". Depois da queda, Adão transmitiu aos seus descendentes o que tinha recebido do próprio Deus, mas, com o suceder das gerações, foram-se acrescentando novos e diferentes elementos à história original que mesclaram o verdadeiro e o falso, o real e o fantasioso. Assim, se o autor sagrado recorreu a uma dessas fontes, selecionou, por inspiração divina, aquilo que é verdadeiro e deixou o que é falso. O mesmo tratamento deve ser dado às histórias do dilúvio ou da torre de Babel, só que aqui, em vez de uma Revelação Primitiva, têm-se fatos reais que foram transmitidos por tradição em diferentes povos e, com o suceder das gerações, acabaram com várias versões em diversos povos.


Outra citação sobre o assunto

Resposta da Comissão Bíblica de 27 junho de 1906: A autoria mosaica do Pentateuco: Dz 3396: "Pergunta 3: Pode-se conceder, sem detrimento da autenticidade mosaica do Pentateuco, que Moisés, para compor sua obra, se valeu de fontes, ou seja, de documentos escritos ou de tradições orais, das quais, segundo o fim peculiar a que se propusera e sob o sopro da inspiração divina, colheu algumas coisas e as inseriu em sua obra, ora literalmente, ora resumidas ou ampliadas quanto ao sentido? Resposta: Sim."

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Referências:
DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Paulinas; Edições Loyola, 2007.
II MACABEUS. In: Bíblia Sagrada. 103. ed. São Paulo: Ave-Maria, 1996.
MERCABA. Revelación primitiva. Disponível em: http://mercaba.org/Mundi/6/revelacion_primitiva.htm Acesso em: 21 out. 2013.
TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Disponível em: http://hjg.com.ar/sumat/index.html Acesso em: 21 out. 2013.

** Fonte:
Bonun Depositum

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Anátema


Anátema, significado:
excluído, banido ou excomungado.

Você já viu dois versículos da Bíblia, um atrás do outro, que dizem essencialmente a mesma coisa?

Não? Bem, aqui está um par deles...

Gálatas 1,8: "Mas ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um Evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema."

Gálatas 1,9: "Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele anátema!"

Agora, por que você acha que São Paulo se repetiu em Gl 1,8-9? Por que alguém se repete propositadamente, a não ser que seja para enfatizar um ponto muito importante?

Nós, seres humanos, somos ótimos para ouvir, mas muitas vezes deixamos muito a desejar quanto a prestar atenção ao que ouvimos. São Paulo enfatiza um ponto muito importante: que se você não pregar a verdade, estará se separando do Reino de DEUS.

É impressão minha ou esse texto do site Veritatis Splendor fala alto aos nossos dias?
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Um papa liberal ou socialista?

Este é mais um artigo do Conde Loppeux de la Villanueva, - com o qual, mesmo lamentando profundamente, eu concordo plenamente...



Li com certa tristeza a entrevista do Papa Francisco ao jornal italiano La Repubblica. Logo na primeira frase, já fiquei surpreso:

 - “Os maiores males que afligem o mundo nestes dias são o desemprego dos jovens e a solidão dos idosos. Os idosos precisam de cuidado e companhia; os jovens precisam de trabalho e esperança, mas não tem um nem outro, e o problema é que eles sequer os buscam mais. Eles foram esmagados pelo presente. Você me diz: é possível viver esmagado sob o peso do presente? Sem uma memória do passado e sem o desejo de olhar adiante para o futuro para construir algo, um futuro, uma família? Você consegue ir adiante assim? Este, para mim, é o problema mais urgente que a Igreja enfrenta.”

Um papa que chega a essa conclusão (...) parece reduzir os problemas da humanidade à falta de emprego ou de serviço de previdência social. Será um papa mesmo ou algum liberal ou socialista preocupado com cifras econômicas? Os males que afligem a Europa na atualidade não são apenas políticos e materiais. Eles também possuem uma causa espiritual, uma causa teológica. O Velho Continente deixou de ser cristão. Os valores espirituais da civilização europeia estão distorcidos. O Estado se agiganta, consolidando a idolatria secularista, numa verdadeira burocracia mundial. E o papa está preocupado com empregos e solidão de velhos? Virou agora economista? Ora, como se tais questões não fossem consequência da perda de valores!

E Francisco se trai em estranhas declarações:

 - “O proselitismo é uma solene tolice, não tem sentido. Nós temos que conhecer um ao outro, ouvir um ao outro e melhorar o nosso conhecimento do mundo ao nosso redor. Às vezes, após um encontro, desejo marcar outro porque novas idéias surgem e descubro novas necessidade. Isso é importante: conhecer as pessoas, ouvir, expandir nosso círculo de idéias. O mundo é cruzado por vias que se aproximam e se separam, mas o importante é que elas levem ao Bem.”

Quer dizer então que o católico não deve pregar o Evangelho a toda criatura? Quer dizer então que no meio da desinformação, da calúnia e da destruição sistemática da fé católica no mundo, o proselitismo é uma tolice? Se os pregadores da Europa do início da Idade Média ou os jesuítas do século XVI escutassem as palavras do Santo Padre, simplesmente não teríamos mais Cristianismo em toda a Terra.

Porém, o que nos aconselha Francisco? Que dialoguemos, que entendamos o mundo que nos odeia, para acompanhar “novas idéias” e “necessidades” e expandir nosso “circulo de idéias”. Talvez os católicos sejam realmente “estreitos”. E isso tudo para nos levar ao “bem”. O problema aqui ainda se torna mais grave: o que é o bem, nas palavras do papa? Eis o que ele responde:

 - “Cada um de nós tem uma visão do bem e do mal. Temos que encorajar as pessoas a caminhar em direção ao que elas consideram ser o bem (...). E repito aqui: Cada um tem sua própria ideia de bem e mal e deve escolher seguir o bem e combater o mal como concebe. Isso bastaria para fazer o mundo um lugar melhor.”

Vamos acompanhar o raciocínio papal. Digamos que Hitler, ao mandar construir Auschwitz e exterminar milhões de judeus, poloneses e russos, considerasse aquilo como “bem” [o que realmente é o  caso]? E que as “raças inferiores” fossem concebidas como um “mal” [idem]? Isso bastaria para fazer do mundo um lugar melhor [simplesmente eliminando esses povos, riscando-os do mapa como se nunca tivessem existido]?

E Stálin? Alguém duvidaria de suas boas intenções deportando milhões de pessoas inocentes para os campos da Sibéria, já que ele seguia um “bem” em que acreditava?

[Encorajar cada um a caminhar em direção ao que considera bem, e isso basta. Se isso não é o relativismo absoluto, não sei mais o que é!] O estrago das declarações do papa se faz sentir sobre toda a comunidade. Muitos católicos querem “interpretar” as palavras ambíguas de Francisco, dando a entender aquilo que ele não disse ou deixou de dizer. Os adivinhos e intérpretes das obscuras declarações papais tentam salvar o erro tapando o sol com peneira.

Outros [muitos] ameaçam cair na apostasia, já que acreditam ter a liberdade de crer em qualquer coisa, ou buscar o que consideram pessoalmente ser um “bem”. Talvez um [ou muitos] católico[s] comece[m] a ser espírita[s] ou protestante[s], porque não considerarão mais o catolicismo suficientemente um “bem” pessoal para ele. Se o bem agora é algo pessoal, e não um elemento objetivo, qualquer aberração pode ser escolhida em nome de um “bem”. Basta alguém escolher e gostar. Tal é a gravidade das declarações de Francisco.

O papa vai mais além, criticando o “proselitismo”:

 - “É o amor pelos outros, como Nosso Senhor pregou. Não é fazer proselitismo, é amar. Amar o próximo, aquele fermento que serve ao bem comum.”

Mas para quê fazer "proselitismo" da Igreja, se cada um pode considerar um bem que lhe é conveniente, não é mesmo? A questão que se perde no ar é: como fica o amor sem a verdade? E que “fermento” é esse que serve ao “bem comum”, se o bem comum está para o homem e não o contrário? Amar o próximo como a si mesmo não dispensa o amor a Deus sobre todas as coisas!

Sem querer julgar o Santo Padre, mas parece que ele sofre de uma vaidade peculiar. Ele diz:

 - "Os líderes na Igreja frequentemente foram narcisistas, bajulados e negativamente influenciados por seus cortesões. A corte é a lepra do Papado.”

Nem toda vaidade implica ostentação e riqueza. Por vezes, a vaidade pode transparecer numa falsa aparência de humildade. Francisco cai numa perigosa ostentação de apelo à pobreza que parece forçada, demagógica. É verdade que muitos papas foram narcisistas, bajulados e influenciados pelos seus cortesões. E que a cortesania “vaticana” foi negativa ao papado. Contudo, o sentido oposto é visivelmente perigoso. E neste ponto, ele cai em outras declarações obscuras e temerárias:

 - “Também acontece comigo quando encontro um clericalista, de repente, me torno anticlerical. O clericalismo não deveria ter qualquer coisa a ver com o cristianismo. São Paulo, que foi o primeiro a falar aos gentios, os pagãos, crentes em outras religiões, foi o primeiro a nos ensinar isso.”

Se o “clericalismo” não tem nada a ver com o Cristianismo, por que devo obedecer ao papa? Por que devo obedecer ao bispo? Por que devo aceitar o mandamento do Magistério da Igreja? Os protestantes e demais seitas evangélicas seguem uma linha de pensamento um tanto parecida. Alguém tem dúvida do porquê dos evangélicos terem crescido tanto no Brasil como na América Latina, às custas da Igreja Católica? Se o papa não tem confiança no “clericalismo”, então por que um leigo teria? Depois de todas essas declarações, o Santo Padre ainda condena o “materialismo”. Vai entender!

Confesso um profundo ceticismo ao papado de Francisco. Suas declarações revelam fraqueza, inconsistência, confusão. Talvez seja por isso que a imprensa o aprecie tanto. Ele dá a munição necessária aos inimigos. Suas palavras são absorvidas alegremente pelos relativistas para atacar o trabalho dos fiéis. [Para o papa, se] O fiel católico prega o Evangelho e a doutrina da Igreja, defendendo-a de seus detratores, isso é “proselitismo”! E se o católico disser que a Igreja é a única que prega a religião verdadeira? Bobagem! Cada um acredita no bem que quiser!

Ainda verei aqui os adivinhos católicos das obscuras pregações papais aborrecidos, tentando interpretar o que foi dito, e afirmar o que não foi falado!

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Fonte:
Blog Conde Loppeux de la Villanueva, disponível em:
http://cavaleiroconde.blogspot.com.br/2013/10/o-que-seria-dos-protestantes-sem-igreja.html
Acesso 13/10/013
vozdaigreja.blogspot.com

O que seria dos protestantes sem a Igreja Católica?

Ritual de Investidura de um Cavaleiro - Séc. XII

Por Conde Loppeux de la Villanueva

Alguns evangélicos detestaram minhas explanações em um artigo que publiquei sobre os “pecados” históricos e teológicos do protestantismo (veja aqui). Meu amigo Julio Severo, blogueiro de confissão protestante e militante cristão pró-vida, postou uma resposta em sua página, que é cheia de equívocos históricos. Na verdade, suas declarações apenas revelaram aquilo que critiquei no imaginário protestante. A ideia errônea de uma Igreja Católica irremediavelmente corrupta e de uma “Reforma” moralizadora e salvadora da Cristandade. Até o dado momento, não vi nenhuma refutação realmente convincente.

O protestantismo do século XVI ameaçou destruir todas as bases culturais e históricas do Catolicismo na Europa. Em nome dos erros da Sola Scriptura e de outras idiossincrasias teológicas, queria apagar da memória cerca de quase mil e quinhentos anos de Cristianismo. Ou, na melhor das hipóteses, reescrever essa tradição e essa história conforme as conveniências de cada seita ou grupo político apologista do cisma reformado. De fato, esse apagão cultural ocorreu dentro da cultura protestante. Monarcas como Henrique VIII saquearam os mosteiros e templos católicos, expulsando ou executando monges e padres e obrigando toda a uma população a aderir à sua nascente igreja particular. Na Alemanha foi até pior. Igrejas foram queimadas, obras de arte foram destruídas e os católicos foram obrigados à conversão forçada ou assassinados. A Alemanha foi um verdadeiro palco de guerra civil e religiosa.

Até aqui falei de história. De fatos. Como católico, naturalmente que sempre me chamou a atenção essa lendária calúnia contra a Igreja Católica. O peso histórico dessas calúnias foi tão estrondoso que fez até o Papa João Paulo II declarar um mea-culpa inconveniente, já que o fez baseado em uma perspectiva enviesada. O Santo Padre pediu desculpas por boa fé. Porém, suas declarações acabam por legitimar meias verdades históricas. Os católicos da atualidade são bombardeados por um nível tal de estigma social, que ficam simplesmente desarmados e sem resposta, por ignorância.

Voltemos aos protestantes. Obviamente que a Igreja do século XVI não era exemplar. Estava acometida pelas corruptas famílias nobres da Itália e também era alvo de disputas pelos poderes seculares da Europa. A depravação do clero era algo que não poderia ser ignorado. Contudo, o problema central é vender a ideia de que o protestantismo significava uma oposição a isso. Eis a questão. O protestantismo representou a mais completa rebelião do poder secular contra o poder espiritual. Na verdade, a Reforma não foi uma mera consequência da corrupção da Igreja Católica. A rebelião protestante é parte e consequência dessa corrupção. A decadência do clero católico apenas serviu de pretexto.

Muitos ficaram ofendidos quando associei o protestantismo ao catarismo, heresia gnóstica do século XII, em Albi, na França e demais regiões da Itália e no norte da Espanha. Pois bem, se atentarmos aos anabatistas e aos rebeldes fanáticos luteranos de Thomas Müntzer ou mesmo da tirania religiosa de Münster, houve aberrações horripilantes de seitas milenaristas que pregavam a destruição da ordem vigente e a instituição de utopias sociais. Em muitos aspectos lembram as utopias totalitárias do século XX.

Friedrich Engels escreveu um artigo sobre a Reforma, onde fazia a objeção dialética entre Lutero e Müntzer. O primeiro, embora rebelado contra Roma, representava a situação encabeçada pelos príncipes protestantes alemães. Müntzer seria uma espécie de “teólogo da libertação” ou da “Missão Integral” do século XVI. Pregava a abolição da propriedade, a rejeição á autoridade e o estabelecimento de um regime comunista de bens. Insuflou uma violenta rebelião camponesa, que foi esmagada com incrível crueldade.

Entretanto, há um erro na análise de Engels, preso aos esquemas mentais do materialismo histórico. Lutero também era revolucionário. A diferença é que não era totalmente um utopista. Há quem diga que o monge agostiniano foi o pai do nacionalismo alemão. De fato, ele significou a ruptura da ordem internacional cristã da Idade Média, para o surgimento dos Estados nacionais e do absolutismo monárquico. Naturalmente que Lutero não foi o único gerador do processo. Outros fatos coexistiram com ele. Todavia, sua doutrina política deu força suficiente para que os príncipes rebeldes da Europa usassem as armas teológicas contra a Igreja Católica.

Pensemos aqui numa outra hipótese: se o protestantismo conquistasse toda a Europa, incluso Portugal, Itália e Espanha e destruísse a fé católica, qual seria o futuro do Cristianismo? Com certeza o prejuízo seria terrível. A história cristã tradicional seria apagada para se impor uma nova e fictícia ordem religiosa, embasada em erros históricos e teológicos.

Qualquer igreja ou seita evangélica ou “reformada” praticamente reescreveu toda a história do mundo antigo e medieval, em particular, sobre as origens da Igreja cristã, riscando o legado católico do mapa. Embora as historietas sobre uma suposta “Idade das Trevas” tenha surgido na prepotência do humanismo renascentista europeu, a militância protestante absorveu profundamente esse mito e a entronizou na sua propaganda anticatólica. A tônica central da historiografia protestante já se tornou um padrão de pensamento: havia uma idealizada “Igreja primitiva” que guardava as Escrituras como se fosse uma espécie de código penal. Essa “igreja” foi corrompida quando o Imperador Constantino “criou” a Igreja Católica e destruiu a espiritualidade dos primeiros cristãos. E do final do Império Romano até a Reforma, a Igreja viveu seu período de trevas, paganismo, corrupção e tirania dos papas e do clero romano, “escondendo” a Bíblia do povo e contrapondo sua “tradição” humana às Escrituras. Lutero e Calvino vieram “salvar” a igreja verdadeira do engodo romano buscando a “palavra de Deus”. Qual católico ignorante não se converteria ao protestantismo depois dessa ladainha? A [hilária] historiografia apologética protestante encontrada em qualquer livro parte uma teologia errônea para sustentar uma falsa história.

Uma das mais significativas lendas negras da historiografia protestante é basicamente sobre a Inquisição. Criou-se toda uma sorte de desinformações a respeito dessa instituição abominada pela posteridade. A lenda nasce, em parte, por conta das guerras entre a Espanha católica e as nações “reformadas” da Holanda e Inglaterra. A Espanha era o país mais poderoso, rico e culturalmente sofisticado da Europa. Era um gigantesco império, que envolvia a América do Sul, central e do norte, parte da Itália, parte da atual Bélgica e Holanda, além de algumas regiões da Alemanha. E um verdadeiro bastião militar da fé católica da Contra-Reforma. Se os protestantes não conseguiam derrotar os tércios e as armadas dos Áustrias espanhóis, ou seja, Carlos V e Felipe II, eles seriam derrotados pela propaganda. Dito e feito.

Os supostos horrores atribuídos à inquisição, com suas torturas abomináveis e sadismo dos inquisidores, são mitos cada vez mais desmistificados por historiadores sérios. Na verdade, a inquisição foi a primeira instituição europeia a limitar o uso da tortura para fins de confissão. Recordemos que a tortura era um método comum do tribunal criminal secular. Segundo estudiosos como Henry Kamen, a tortura era raramente empregada e havia restrições para seu uso.

Vende-se a ideia comum de que a Inquisição Espanhola foi uma instituição que impunha o terror e o medo generalizados nas populações católicas e também protestantes e esterilizou a cultura ibérica. Nada mais falso. A sociedade espanhola aceitava a inquisição como instituição legítima e defensora da ortodoxia. Recordemos que o ápice da Inquisição espanhola foi também o auge da cultura espanhola, o Siglo de Oro, onde uma penca de escritores, moralistas, teólogos, juristas, místicos, poetas e músicos brilhou por todo o século de Felipe II.

A inquisição espanhola não era feita de fanáticos ensandecidos por sadismo e violência. Era formada por homens eruditos e juristas de Salamanca, gente educada e letrada. No inicio do século XVI, cardeais inquisidores como Ximenes eram humanistas e admiradores de livros como os de Erasmo de Roterdã. Até Torquemada, um dos mais duros inquisidores, embora não o pior, era um homem de letras.

Foi a inquisição espanhola, contrariando toda uma tendência histérica e delirante do direito criminal europeu, que decretou, no início do século XVII, a inexistência do crime de bruxaria. Para o Consejo de la General y Suprema Inquisición, órgão maior da instituição em Madrid, a bruxaria não passava de superstição, difícil de ser comprovada, estimulada por pessoas loucas ou problemáticas. A lógica inquisitorial era muito simples: como juristas, queriam provas. Como não havia provas, não haveria também como afirmá-las de sua existência. Ademais, é comum brandir o espantalho contra a bruxaria, ao citar o Malleus Maleficarum dos dominicanos Kraemer e Sprenger ou o Manual da Inquisição, de Nicolaus Eymerich. Contudo, a inquisição espanhola rejeitou esses livros e, inclusive, proibiu-os.

Esse é um dado importante, pois a historiografia protestante finge ignorar a existência de sua própria inquisição. A caça às bruxas no século XVII foi um fenômeno mais protestante do que católico. Milhares de mulheres “bruxas” foram queimadas na Alemanha, Suíça, Inglaterra, Suécia, Dinamarca e demais países “reformados”. Até hoje há seitas protestantes que vêem bruxas pra tudo quanto é lado.

Outra grande lenda que leio no blog de Julio Severo é a de que a inquisição matou milhares de pessoas em toda a Europa. Nem todos os países católicos tinham uma “inquisição”. Com exceção de Portugal, Espanha e algumas regiões da Itália, os procedimentos para os crimes de heresia pertenciam ao poder secular. Quanto mais se aprofunda a pesquisa sobre o assunto, descobre-se que o número de pessoas entregues ao braço secular pelo sistema inquisitorial foi ínfimo. Em Portugal, ao menos, segundo Anita Nowinski, foram cerca de 1700 pessoas em dois séculos, embora esses números sejam francamente exagerados. Na Espanha, acreditava-se que o máximo seria de 10000 a 20000 pessoas em quatro séculos. Hoje, há dados que diminuem ainda mais esses números. De acordo com o historiador Agostino Borromeo, junto com o Simpósio Internacional sobre a Inquisição, realizado no Vaticano, em 1998, de 1540 a 1700, apenas 800 pessoas foram entregues ao braço secular. Numa ordem de 44 mil processos, apenas 2% dos acusados foram executados. As mortes atribuídas à inquisição em séculos são menores do que uma tarde de verão de qualquer ditadura do século XX. São menores, inclusive, do que as perseguições praticadas pelos próprios protestantes.

É necessário observar um mero detalhe: o mal daqueles que criticam a Inquisição é o de falhar pelo contexto histórico. Os valores religiosos tinham uma importância crucial, tanto nas sociedades católicas, como nas protestantes. A heresia, como a dissidência religiosa, era considerada uma grave ameaça à ordem social. O conceito de “liberdade religiosa” era completamente estranho ao homem europeu do século XVI. Nem Lutero e Calvino pregavam essa ideia. O “livre exame” era “livre” dentro dos preceitos protestantes. Cada religião tinha sua forma de manutenção da ordem social. Era um fator de unidade e de identidade e de preservação da ordem.

Julio Severo fala da perseguição da Inquisição aos judeus como se fosse uma realidade, quando na prática, ficou restrita a um caso particular em Portugal e Espanha. Cabe acrescentar que a inquisição não tinha jurisdição sobre os judeus. Nos Estados papais italianos havia uma comunidade judaica onde os judeus poderiam viver sua religião sem serem incomodados. Na República de Veneza era a mesma coisa. E por quê? Pelo simples fato de que a Inquisição só julgava pessoas batizadas no catolicismo. Os judeus espanhóis e portugueses julgados pela Inquisição tinham batismo católico e eram considerados como tais. O batismo implicava a aceitação das regras, valores e preceitos religiosos da comunidade católica. Era a partir dessas leis que os heréticos ou apóstatas eram inquiridos pelo tribunal eclesiástico.

Julio Severo também diz que a punição contra a dissidência religiosa é algo que contraria o Evangelho. De fato, no Evangelho não há prescrições impositivas contra dissidentes religiosos. Todavia, no Antigo Testamento, o que não faltam são prescrições contra blasfêmias ou práticas pagãs entre os judeus, cuja pena era a morte. Aliás, recordemos que os judeus da Diáspora viviam essas regras severas. Na “tolerante” Holanda protestante do século XVII, a comunidade judaica excomungou Uriel da Costa e Baruch de Spinoza, acusados de ateísmo. Os argumentos protestantes para queimar bruxar na Europa também se embasavam na interpretação literal do Antigo Testamento.

É verdade que a Inquisição católica cometeu muitas injustiças. Todavia, os “heterodoxos”, nas palavras do historiador espanhol Menéndez y Pelayo, não eram totalmente sacrossantos. Muitas heresias catalogadas na Espanha do século XVI, XVII e XVIII eram manifestações de loucuras coletivas que seriam punidas por qualquer sistema penal vigente. A onda de “dejados”, “alumbrados” outros tipos lunáticos que insuflavam uma massa fanatizada pelas palavras do louco herético, causava uma comoção social e uma desordem tal, que poderiam romper os laços de paz social. A extrema ferocidade com que a Espanha combateu a heresia protestante evitou que o país entrasse no campo da guerra civil européia, por conta das dissidências religiosas.

Aliás, um fator interessante dos tribunais protestantes é a sua interpretação literal e sectária da Bíblia, tornando sociedades e reinos em verdadeiras tiranias teocráticas. Com exceção da Inglaterra e Holanda, a linha do legalismo bíblico ganhou ares sectários de lei. Genebra foi um exemplo clássico disso. Por essa razão é que os tribunais protestantes foram tão impiedosos. A carência de distinção entre o secular e o religioso tornava o Estado implacável. A inquisição católica parece branda perto das perseguições protestantes. E lembremos que essas perseguições não se limitavam aos católicos. Protestantes também perseguiam protestantes. Anglicanos, luteranos, puritanos, anabatistas e outros se matavam entre si.

Os Estados Unidos, tão idolatrados por Julio Severo, nasceram da perseguição religiosa protestante contra outra seita protestante. E neste ponto, o meu amigo evangélico sustenta outro mito, que já tinha identificado no texto anterior: a supremacia do protestantismo como sociedade política, em detrimento da sociedade católica. Ele cria uma fantasiosa relação de tolerância entre calvinistas holandeses no nordeste do Brasil no século XVII (...).

Se o mito da prosperidade soa bonito na propaganda protestante, o mesmo se fala dos holandeses, em detrimento dos portugueses. É bem verdade que Mauricio de Nassau era um homem pragmático e um grande político patrocinador das artes e da cultura. Todavia, esse reino de “tolerância” não escondia o radicalismo dos calvinistas holandeses, que odiavam profundamente os católicos ibéricos, inclusos os brasileiros. A coexistência pacífica, aparentemente realista, não escamoteava o desprezo mútuo entre calvinistas, católicos e judeus. Ademais, Julio Severo faz uma confusão entre “liberdade religiosa” e “tolerância religiosa”. Os calvinistas holandeses poderiam tolerar a diferença religiosa, mas não a dissidência interna. Bastou que a Companhia das Índias Ocidentais pressionasse os senhores de engenho através de dívidas impagáveis, para que os católicos se reunissem em armas a expulsar os holandeses.

Ademais, Julio Severo se engana ao crer que a primeira tradução da Bíblia em português é do calvinista João Ferreira de Almeida. Talvez seja a mais famosa e aprofundada, mas a tradução da Bíblia para o português já existia desde o século XIII, na época do Rei Dom Dinis e dos monges do mosteiro de Alcobaça. A relativa desconfiança da Igreja com relação à tradução da Bíblia em vernáculo tinha menos a ver com elementos conspiratórios do que de evitar a disseminação de heresias e interpretações errôneas dos textos bíblicos.

Julio Severo interpreta erroneamente a história e acaba por idealizar algo irreal: “O Nordeste do Brasil muito perdeu por amor à Inquisição católica. Perdeu uma cultura de tolerância e respeito e ficou com uma cultura de trevas, inquisição e morte”.

A Inquisição Católica teve pouca relevância no Brasil. Julio Severo cria uma falsa associação entre Igreja e Inquisição, como se fossem elementos essenciais e institucionais. Há outro problema: por que os católicos ibéricos da América aceitariam se sujeitar a políticos protestantes visivelmente hostis à sua religião e que só acataram a tolerância por questões de puro pragmatismo? É preciso recordar os massacres praticados por holandeses contra os católicos no Brasil, em particular, os de Uriaçu e Cunhaú, em 1645. É preciso também recordar que os holandeses tomaram o nordeste através das armas. Eram inimigos de Portugal e da Igreja Católica.

Falou-se aqui em tolerância e prosperidade. Os países protestantes vendem a ideia de que são tolerantes em matéria de religião. É verdade que começaram a discutir sobre a “tolerância” no século XVII. Contudo, isso se deveu menos a uma mera liberalidade espiritual do que a uma solução civil e política para acabar com as matanças, guerras civis e hostilidades religiosas causadas por eles mesmos. A Inglaterra caiu numa guerra civil entre puritanos e anglicanos, entre o parlamento puritano e os anglicanos alinhados com o rei. A Alemanha foi o palco da guerra dos trinta anos. E a França, embora católica, caiu numa selvagem guerra civil no século XVI.

A discussão sobre a “tolerância”, embora mais antiga, ressurge deste contexto. Mas essa “tolerância” era também restrita. Na Inglaterra do século XVII, em particular, na Revolução Gloriosa, os protestantes se toleravam entre si, mas desprezavam os católicos e restringiam ao máximo suas liberdades civis e políticas. Na Irlanda, os ingleses tratavam os católicos como abaixo de animais. Alguém poderia afirmar que a aceitação de católicos nas instituições inglesas poderia ameaçar a volta do catolicismo como religião oficial. Mas a recíproca não era verdadeira nos países católicos com relação aos protestantes? Os protestantes também não queriam impor sua hegemonia e seu poder em detrimento dos católicos?

(...) Julio Severo omite outros dados: os rígidos valores protestantes, em particular, os calvinistas, criaram uma sociedade racista e discriminatória. Uma sociedade que discriminava católicos e outros tipos de povos considerados não-nórdicos ou não-protestantes. As toneladas de inverdades que a cultura protestante americana criou sobre a Igreja Católica são assustadoras. O nível de mentiras chega a ser patológico. São essas falsidades que se repetem à exaustão nas escolas dominicais de qualquer igreja protestante. O ódio a Igreja Católica é dos mais caros dogmas protestantes.

(...) Aliás, por que será que os protestantes estão escandalizados com minhas observações? Eles ganham espaço pelo mesmo imaginário faccioso que repetem dos católicos. O mito da Reforma protestante, o mito da inquisição, o mito do “atraso” católico, dentre outros, é pregado à exaustão como “verdades”, quando na prática são mistificações. Mistificações estas apenas confirmadas pelas palavras de meu querido amigo Julio Severo.

Eu fiz uma pergunta em meu texto onde respondi apenas superficialmente: o que seria dos protestantes sem os católicos? A negação radical da Tradição, dos legados da Igreja medieval e mesmo da teologia cristã durante séculos seria a castração do Cristianismo, a destruição de suas origens. Até as origens do Evangelho seriam apagadas.

Percebe-se que essa castração já nasce com a Sola Scriptura. Mas “sola scriptura” baseado em quê? Em que história? Aquela inventada pelos protestantes, que ora chamam a Santa Madre Igreja de “intolerante” e “corrupta”, ao mesmo tempo em que essa mesma Igreja caluniada guardou fiel e honestamente a Bíblia? Para ser protestante é preciso apagar a história. É preciso passar uma borracha na tradição. É preciso seguir uma opinião pessoal em desfavor de toda uma Tradição Apostólica que foi repassada diretamente de Jesus Cristo, para ser reduzida às tendências caprichosas dos luteranos, calvinistas, anabatistas e milhares e milhares, senão milhões de seitas que mal se entendem entre si e se julgam a “igreja de Jesus”. Nem os cristãos gregos, cujo cisma gerou a primeira ruptura da Igreja em 1054, conseguiram ser tão odiosos contra a Tradição.

Nós, católicos, representamos a preservação de um passado civilizacional que se quer destruir. Será que o protestantismo possui a força civilizacional da Igreja Católica? Será que os norte-americanos representam, atualmente, alguma força neste sentido? Acredito que não.

Se o protestantismo aceita o liberalismo teológico, por que não aceitaria outras formas de liberalismos? Não é curioso notar que o ateísmo cresce absurdamente nos países protestantes, justamente porque o protestantismo é a primeira etapa do secularismo? Na Europa, as igrejas reformadas aceitam casamentos e padres homossexuais, e admitem quaisquer tipos de aberrações morais em nome de certas conveniências politicamente corretas. A legalização do aborto é uma vitória de país protestante espalhado em países católicos. A apostasia é muito mais grave no protestantismo do que no catolicismo. A Igreja Católica pode ter padres, bispos e até papas ruins. Mas somos escravos de uma Tradição que não podemos mudar substancialmente. Essa Tradição, junto com a Sagrada Escritura e o Magistério, é a bussola do católico. A Igreja está nestes pilares.

Por que tanto ódio contra a Igreja Católica? Alguém tem dúvida de que se ela decair totalmente, a civilização ocidental vai junto para o ralo? A crise moral brasileira também é a crise moral do catolicismo. As seitas protestantes são capazes de compensar essa lacuna, por uma razão simples: o protestantismo é teologicamente fraco e suas bases culturais e religiosas são inconsistentes. A própria civilização europeia depende de suas origens católicas.

É por esse motivo que a Igreja Católica tem tantos detratores e inimigos. O ódio protestante pelo catolicismo é paradoxalmente o mesmo compartilhado por segmentos ateus, secularistas, iluministas, marxistas e outros. Eles podem ser aparentemente distintos nas idéias, mas possuem elementos em comum. A Igreja Católica representa a Tradição que teima em resistir. Ainda que o clero não saiba representá-la, ainda que até o papa cometa falhas, ainda que muitos católicos a ignorem, a sua sobrevivência perante os séculos deve ser uma Dádiva sobrenatural.

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Fonte:
Blog Conde Loppeux de la Villanueva, disponível em:
http://cavaleiroconde.blogspot.com.br/2013/10/o-que-seria-dos-protestantes-sem-igreja.html
Acesso 13/10/013
vozdaigreja.blogspot.com

“Não existe um Deus católico”?


Por Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

Confesso que fiquei perplexo lendo esta frase ontem: “Não existe um Deus católico”.

Embora a expressão “Deus católico” seja insólita, negá-la no contexto em que foi negada tem consequências desastrosas. Realmente.

O Antigo Testamento está repleto da expressão o Deus de Israel, o Deus de Abraão, Isac e Jacó... atestando que o Deus vivo e verdadeiro se revelava ao povo eleito, depositário de suas promessas e ensinamentos, e se distinguia dos ídolos dos falsas religiões que aterrorizavam os povos pagãos.

Completando-se com a encarnação do Verbo de Deus a Revelação Divina, a qual se encerra com a morte do último apóstolo, e sendo a Igreja Católica a depositária de tal revelação, dizer que não se crê em um “Deus Católico” parece-me favorecer a heresia monolátrica, isto é, a crença em um deus único concebido pela mente humana, distinto do Deus Uno e Trino que se revelou, encarnou e fundou a Igreja Católica para perpetuar a sua obra de salvação do mundo.

Dizer “não existe um Deus Católico”, no ambiente atual de ecumenismo maçônico e diálogo interreligioso sem fronteiras, só contribui para a demolição da fé católica e reforça a marcha do mundo contemporâneo rumo ao deísmo (sistema dos que creem em Deus mas rejeitam a Revelação, isto é, Jesus Cristo), ao panteísmo, à gnose universal. Afirmar “não existe um Deus Católico” é um convite dirigido aos “irmãos” pedreiros livres e aos “homens de boa vontade” para trabalharem todos juntos na fundação de uma nova religião de uma nova era da humanidade, em que o homem será a sua própria lei.

A infelicidade de tal afirmação cresce ainda mais quando se tem presente que nos dias de hoje o Deus da Metafísica, o Ser Absoluto, o primeiro Motor Imóvel, a Causa Primeira incausada, o Ato Puro dos estudiosos da Ontologia, que serve de base para uma exposição racional do mistério da Revelação Divina, desapareceu completamente da cultura contemporânea. De modo que negar o “Deus Católico” não significa ceder lugar ao Ser Absoluto na mente dos homens de hoje, mas sim ceder lugar à “energia cósmica” que alguns imaginam como um demiurgo.

Acresce que na mesma entrevista o bispo de Roma disse que “cada um tem a sua própria concepção de bem e mal e deve escolher seguir o bem e combater o mal como concebe". Ora, isto equivale a proclamar a soberania absoluta da consciência individual, que já não terá sua autoridade e legitimidade à proporção em que aplica fielmente a lei de Deus na direção da vida humana.

Sinceramente, estou convencido de que a chave para entender o drama dos nossos tempos não está tanto em meditar as promessas de Cristo de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, quanto na meditação da passagem do Evangelho segundo Lucas: “Mas, quando vier o Filho do homem, julgais vós que encontrará fé sobre a terra?" (Lc. 18, 8). Sim, as portas do inferno não prevalecerão, mas os homens maus têm um poder enorme de corromper a fé e desfigurar a Igreja e reduzi-la a frangalhos.

Se se dispensa um “Deus Católico”, se cada um pode seguir o bem como o concebe, será necessária a Igreja para a salvação? [Se é assim, Igreja para quê?] No máximo, será um auxílio para aqueles que querem construir uma utopia de um mundo novo, de um mundo melhor de liberdade, igualdade e fraternidade. Em tal perspectiva, que restará da Igreja? Restarão grupos esparsos de homens que conservam a fé imutável no Deus Uno e Trino.

Que Deus tenha misericórdia de nós. As tentações são muitas. Que Nossa Senhora das Vitórias, neste mês do Rosário, esmague as esquadras do modernismo, como em Lepanto esmagou o inimigo infiel.


Anápolis, 2 de outubro de 2013,
Festa dos Santos Anjos Custódios
Fonte: SantaMariadasVitorias.Org
vozdaigreja.blogspot.com
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