O beijo de Judas Iscariotes: o inimigo está dentro – Parte III


COM ESTE post, concluímos a publicação da série de três artigos de autoria do Reverendíssimo Padre Michael Rodriguez, sacerdote da diocese de El Paso, EUA.


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Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Dignáre me laudáre te, Virgo sacráta. Da mihi virtútem contra hostes tuos. Sit Nomen Dómini benedíctum! Amém.

(1) Na Última Ceia, Jesus Cristo molhou o pão e o deu a Judas Iscariotes. Em João 13:30, lemos o seguinte: “Tendo Judas recebido o bocado de pão, apressou-se em sair. E era noite…”.

(2) No Santo Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 10, o Filho de Deus diz a seus doze discípulos: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa”.

(3) Em uma entrevista de 26 de dezembro de 1957 com o Pe. Fuentes, a Ir. Lúcia de Fátima disse: “O que aflige o Imaculado Coração de Maria e o Coração de Jesus é a queda de almas religiosas e sacerdotais. O demônio sabe que os religiosos e sacerdotes que abandonam a sua bela vocação arrastam numerosas almas para o inferno. (…) O demônio deseja tomar posse de almas consagradas. Ele tenta corrompê-las a fim de embalar as almas de leigos e com isso levá-las à impenitência final”.

(4) Em uma carta escrita em 16 de setembro de 1970, Ir. Lúcia de Fátima escreveu: “O demônio foi capaz de infiltrar o mal sob o disfarce de bem,” e “o demônio foi bem-sucedido em iludir e enganar as almas que têm muita responsabilidade por causa das posições que ocupam! Eles são cegos guiando cegos”.

(5) Por volta de 1527, o Rei Henrique VIII da Inglaterra pretendia deixar a sua esposa de dezoito anos, a Rainha Catarina, e substituí-la por Ana Bolena. Ele buscou o apoio de João Fisher, um dos homens mais eminentes da época. Fisher fora um bispo exemplar da Diocese de Rochester por vinte e três anos, numa época em que as vidas de muitos bispos eram menos que edificantes. Ele fora o favorito do pai e do avô do Rei Henrique, chanceler da Universidade de Cambridge, membro do Conselho Privado do rei, um líder na Casa dos Lordes e, entre o clero, foi reconhecido universalmente por sua piedade e erudição.

São João Fisher se opôs à traição conjugal do Rei Henrique e declarou que este e Catarina eram verdadeiros marido e mulher, que suas filhas eram legítimas, e que aquilo que Deus unira nenhum homem deveria separar. Ele liderou essa oposição quase sozinho. Quando, em seu leito de morte, escutou que quase todos os prelados haviam assinado um juramento afirmando a supremacia de Henrique e repudiando a autoridade do Papa, ele exclamou: “O forte foi traído”, culpando assim mais os pérfidos eclesiásticos do que o Rei. Cerca de 95% dos bispos e clérigos ingleses traíram a Santa Madre Igreja!

Em 22 de junho de 1535, o mesmo São João Fisher, aos setenta e sete anos de idade e quase incapaz de caminhar, foi levado da Torre de Londres para as proximidades da Tower Hill. No andaime, pouco antes de ser decapitado, São João Fisher disse: “Eu vim aqui para morrer pela Igreja Católica de Cristo. E eu agradeço a Deus . . .”.

(6) A Igreja Católica aprovou a Aparição Mariana de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Quito, Equador, em 1634. Nesta Aparição, a Santa Mãe de Deus disse à Venerável Madre Mariana de Jesús Torres que no final do século XIX e ao longo de grande parte do século XX na Igreja se produziria uma grande heresia. Nossa Senhora disse que o Sacramento do Matrimônio seria atacado e profanado, que leis iníquas seriam promulgadas com o objetivo de abolir este Sacramento e facilitar a todos a viverem em pecado. Nossa Senhora alertou também: “O espírito cristão decairá rapidamente, extinguindo a luz preciosa da Fé até que ela chegue ao ponto em que haverá uma quase total e geral corrupção de valores morais”. Ela falou de padres que se tornariam negligentes em seus deveres sagrados, da falta de vocações sacerdotais e religiosas, da inocência que não mais seria encontrada nas crianças nem a modéstia nas mulheres.

(7) Nossa Senhora de La Salette revelou o seguinte: “Os chefes, os líderes do povo de Deus negligenciaram à oração e à penitência, e o demônio ofuscou a sua inteligência. Eles se tornaram estrelas cadentes que o antigo demônio arrastará com a sua calda para fazê-las perecer. Um grande número de sacerdotes e membros de ordens religiosas deixarão a verdadeira religião; dentre essas pessoas haverão até mesmo bispos.”

(8) O Papa Paulo VI disse, em 29 de junho de 1972: “A fumaça de Satanás entrou na Igreja de Deus através de alguma rachadura .”

(9) No 56º aniversário do “Milagre do Sol,” em 13 de outubro de 1973, no Japão, Nossa Senhora de Akita disse à Ir. Agnes Sasagawa: “O trabalho do demônio se infiltrará na Igreja de tal maneira que se verá cardeais se opondo a cardeais, bispos contra bispos. Os padres que me venerarem serão escarnecidos e sofrerão a oposição de seus confrades… Igrejas e altares serão saqueados; a Igreja estará repleta daqueles que aceitam concessões e o demônio pressionará muitos padres e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor”.

(10) No sexagésimo aniversário do “Milagre do Sol,” em 13 de outubro de 1977, o Papa Paulo VI exclamou: “A cauda do demônio está funcionando na desintegração do mundo católico. A escuridão de Satanás entrou e se espalhou por toda a Igreja Católica até mesmo ao cume. A apostasia, a perda da fé, está se espalhando por todo o mundo e nos mais elevados níveis dentro da Igreja”.

(11) Em 1995, o Cardeal Mario Luigi Ciappi, teólogo papal para cinco papas consecutivos (do Papa Pio XII ao Papa João Paulo II), comunicou ao Professor Baumgartner em Salzburgo, Áustria: “No Terceiro Segredo foi predito, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará no topo”.

(12) A Sra. Bela Dodd, que se converteu à Fé pouco tempo antes de sua morte, era advogada do Partido Comunista dos Estados Unidos. Ela dava uma série de palestras na Universidade Fordham e em outros lugares durante os anos que antecederam o Vaticano II. A edição de novembro de 2000 do periódico "Christian Order" reconta este testemunho de um monge que participou de uma dessas palestras no início dos anos 1950:

“Ouvi essa mulher durante quatro horas e ela me deixou de cabelo em pé ao final. Tudo o que ela disse se tornou realidade ao pé da letra. Você poderia pensar que ela era a maior profetiza do mundo, mas não era. Ela estava simplesmente expondo passo-a-passo o plano de batalha da subversão comunista da Igreja Católica. Ela explicou que de todas as religiões do mundo, a Igreja Católica era a única temida pelos comunistas, porque ela era a única oponente de fato. A ideia toda era destruir, não a instituição da Igreja, mas sim a fé das pessoas, e até mesmo usar a instituição da Igreja, se possível, para destruir a fé através da promoção de uma pseudo-religião: algo que lembrava o catolicismo, mas que não era a coisa real. Uma vez que a fé fosse destruída, ela explicava que haveria um complexo de culpa introduzido na Igreja… A chamar a 'Igreja do passado' como sendo opressiva, autoritária, cheia de preconceitos, arrogante em reivindicar ser a única dona da verdade e responsável por divisões de comunidades religiosas ao longo dos séculos. Isso seria necessário a fim de constranger os líderes da Igreja a uma 'abertura para o mundo' e para uma atitude mais flexível em direção a todas as religiões e filosofias. Os comunistas iriam então explorar essa abertura a fim de minar a Igreja.”

(13) Em uma entrevista de 1990, o Pe. Malachi Martin comentou: “Hoje em dia, em muitas igrejas, se você encontrar a confissão, o que pode ser difícil, você pensa que se trata de uma conversa entre você e o padre. (...) É um bate-papo amigável entre pessoas. Originalmente, você ia a um padre para ser absolvido de seus pecados. Hoje em dia, a crença é que o padre não dá absolvição alguma. Você sente muito por seus pecados e ele lhe dá uma benção. A confissão acabou! A confissão acabou porque o pecado acabou”.

(14) Em uma entrevista de 1991, o Pe. Malachi Martin afirmou:

“Dentro da Igreja, há um corpo substancial de bispos e cardeais que são completamente contrários a duas coisas. Eles são contrários à Missa Romana da maneira que a conhecemos antes do Vaticano II e eles são contrários a qualquer coisa relacionada à Nossa Senhora. Eles não querem quaisquer notícias sobre Fátima. Eles não querem quaisquer notícias sobre Akita. Eles não querem nem mesmo quaisquer notícias sobre Lourdes. Há um esforço internacional coordenado para atacar e denegrir Fátima e colocá-la em uma dimensão menor. Este é um sinal da atividade de Satanás. A coisa mais patética e assustadora para mim é me deparar com paróquias inteiras que nunca ouvem que a Missa é o Sacrifício do Calvário. Sob a liderança do pároco e sob as ordens do bispo, os catecismos paroquiais, livros religiosos e sermões refletem todos um abandono da Fé. As crianças não conhecem o seu catecismo. Elas não conhecem as doutrinas básicas da Igreja. Elas não são mais católicas, mas elas não sabem disso. Essa é a devastação da Igreja de Cristo. Se você me perguntar qual é realmente a causa fundamental da derrocada da Igreja, minha resposta é que esta é a interrupção e destruição da Missa.”

(15) Em uma entrevista de 1990 e 1991, o Pe. Malachi Martin afirmou ainda:

“Hoje em dia, muitos bispos e padres são apóstatas. Eles não são mais católicos. Católico significa alguém que sabe que a Missa é o Sacrifício do Calvário, tem devoção à Nossa Senhora, é devoto do Santo Padre, reza e cumpre as leis da Igreja. Hoje em dia, não temos esse tipo de clero católico em muitos lugares. Há centenas de bispos que estão fora da Igreja em sua doutrina e ensinamento. Então, há o comportamento dos bispos. Há bispos homossexuais nos Estados Unidos, que têm acompanhantes sabidamente homossexuais em suas casas.”

Não é sem razão que São João Crisóstomo, Doutor da Igreja, declara: “Os corredores do inferno estão pavimentados com crânios de bispos.”

(16) Em 13 de dezembro de 2005, o Pe. Bob Hoatson impetrou uma ação judicial contra o Cardeal Edward Egan de Nova York e nove outras autoridades e instituições católicas, reclamando um padrão de “retaliação e assédio” que teve início depois que Hoatson alegou um acobertamento de abuso de clérigos em Nova York e começou a ajudar as vítimas. O Pe. Hoatson alegou que o Cardeal Egan é “homossexual ativo” e que ele tem “conhecimento pessoal disso”. Sua ação judicial indicou como gays ativos outros dois clérigos católicos de alto escalão na região — o bispo de Albany, Howard Hubbard e o arcebispo de Newark, João Myers. O Pe. Hoatson afirma que bispos ativamente gays estão com muito medo de serem eles mesmos expostos para entregar padres pedófilos. A homossexualidade escondida dos bispos, conforme a ação judicial afirma, “afetou a capacidade dos réus de supervisionar e controlar predadores, e serviu como motivo para a retaliação”.

Só recentemente, o Hartford Courant relatou que durante os doze anos do Cardeal Egan como Bishop de Bridgeport, ele repetidamente deixou de investigar padres onde havia sinais óbvios de abuso. A Diocese de Bridgeport teve que liquidar os casos e indenizar as vítimas em cerca de $12-15 milhões em danos. Ao se referir a um caso de negligência inacreditável, de acordo com o Hartford Courant, em 1990, Egan recebeu um memorando sobre “um padrão de acusações em desenvolvimento” de que o Rev. Charles Carr de Norwalk havia acariciado meninos. Egan manteve Carr trabalhando por mais cinco anos, e somente o suspendeu depois que uma ação judicial foi impetrada, e, então, em 1999 ele o designou como capelão no hospital de Danbury. Como assim? O Connecticut Post também reportou que no início do seu reinado, dezenas de pessoas chegaram a acusar o Rev. Raymond Pcolka de Greenwich de abuso sexual e violência contra crianças. Egan reclamou que nunca foi “comprovado” que os acusadores estavam dizendo a verdade. Bem, Egan nunca nem mesmo se incomodou em entrevistá-los e manteve Pcolka no apostolado. [Toda essa negligência municia fartamente os inimigos da Igreja, mas nenhum membro do alto escalão da própria parece se importar com isso]

Escrevendo para o Business Insider, em 8 de fevereiro de 2012, Michael Brendan Dougherty, que viveu na Arquidiocese de Nova York sob o reinado do Cardeal Egan, salienta que Egan efetivamente puniu alguns padres, mas não molestadores de crianças. Mas ele puniu rapidamente e expulsou aqueles padres católicos que celebravam a Missa Tradicional em Latim. De acordo com Dougherty, Egan mimava abusadores de crianças e perseguia padres decentes durante o seu ignominioso reinado como Príncipe da Igreja.

(17) O trecho a seguir foi extraído de um artigo publicado pelo Eric Giunta, em 21 de abril de 2010, na RenewAmerica.com. Em 2004, um grupo de católicos leigos preocupados da Arquidiocese de Miami constituíram-se a si mesmos uma organização leiga sob o nome Christifidelis. Eles se motivaram a agir assim por aquilo que alegaram ser uma supercultura gay governando a arquidiocese. As alegações incluíam que: a vasta maioria dos sacerdotes da Arquidiocese são gays sexualmente ativos, muitos padres estavam utilizando os fundos paroquiais de maneira indébita para viver estilos de vida exorbitantes, e o Arcebispo Favalora e o vigário geral Monsenhor William Hennessey estão implicados nesta supercultura. Em 20 de abril de 2010, a Santa Sé forçou Favalora a apresentar a sua renúncia.

Há centenas de páginas de documentação consistindo grandemente de testemunho anônimo acusando diversos padres diocesanos de promiscuidade arbitrária e crimes financeiros durante o curso do reinado de Favalora. Um antigo padre da Arquidiocese de Miami observou: “Você não poderia dirigir a Arquidiocese sem o clero gay, nem a Arquidiocese de Miami ou qualquer outra.”

Gaude, María Virgo, cunctas hǽreses sola interemísti in univérso mundo.

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Fonte:
Website Fratres in Unun, disponível em
http://fratresinunum.com/2012/04/12/o-beijo-de-judas-iscariotes-parte-iii/
Acesso 26/11/013.
vozdaigreja.blogspot.com

O beijo de Judas Iscariotes: o inimigo está dentro - parte II


** Ler a primeira parte deste artigo

Pe. Michael Rodríguez
CONTINUAÇÃO da série de três artigos de autoria do Reverendíssimo Padre Michael Rodriguez, sacerdote da Diocese de El Paso, EUA.

(1) No Santo Evangelho segundo São Mateus, Capítulo 10, o Filho de Deus diz aos seus doze discípulos: “O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. Sereis odiados de todos por causa de meu Nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra”.

(2) Em 26 de dezembro de 1957, a Irmã Lúcia, de Fátima, falou ao Pe. Fuentes, “A Bem-Aventurada Virgem Maria me contou que o demônio está com vontade de se engajar em uma batalha decisiva contra a Virgem. De agora em diante, precisamos escolher os lados. Ou estamos a favor Deus ou estamos a favor do demônio. Não há outra possibilidade”.

(3) A heresia do Arianismo causou uma confusão catastrófica na Igreja, entre 336 e 381 aD. O arianismo foi condenado em 325 aD, em Niceia, onde o Primeiro Concílio Ecumênico foi realizado. Ainda em 336, ressurgiu. A heresia, ao final, arrastou 90% dos bispos, antes que fosse finalmente derrotada cinquenta anos mais tarde. Na confusão e perda de fé disto decorrentes, mesmo o grande Santo Atanásio foi perseguido e enviado ao exílio.

(4) São João Gualberto, Abade, nasceu em Florença, Itália, ao final do século X. Ele se tornou fundador dos Beneditinos Ambrosianos de Val. Sua virtude cristã heroica foi demonstrada por ter perdoado o assassino de seu próprio irmão. Antes de se tornar monge, ele havia procurado este assassino com um bando de soldados. Quando encontraram o assassino, este colocou seus braços em forma de cruz e pediu-lhe clemência pelo amor de Cristo Crucificado. São João o perdoou, e através desse grande ato, Deus o levou a se tornar monge.

Apesar de suas virtudes cristãs exemplares de misericórdia e perdão, São João Gualbert não hesitou em buscar a remoção de um prelado corrupto de sua época. Foi à Roma pedir ao Papa que destituísse o Arcebispo de Florença porque era indigno de seu cargo. O fundamento para a petição de São João era que o Arcebispo havia pago dinheiro a determinadas pessoas de influência a fim de ser ele mesmo nomeado Arcebispo.

(5) A Aparição da Bem-Aventurada Virgem Maria em La Salette foi aprovada pela Igreja Católica em 1851. De acordo com Nossa Senhora de La Salette: “O vigário de meu Filho terá muito que sofrer, uma vez que, por um tempo, a Igreja será a vítima de grande perseguição: este será um tempo de escuridão. A Igreja sofrerá uma crise terrível. Todos os governos civis terão um e o mesmo plano, que será o de abolir e acabar com todo princípio religioso, abrir caminho para o materialismo, ateísmo, e vício de todos os tipos. Roma perderá a Fé e se tornará a sé do Anticristo.”

(6) No final dos anos trinta, antes de se tornar o Papa Pio XII, o Cardeal Eugenio Pacelli afirmou: “Estou preocupado com as mensagens da Bem-Aventurada Virgem à Lúcia de Fátima. Essa persistência de Maria sobre os perigos que ameaçam a Igreja é um alerta divino contra o suicídio de alterar a Fé, em sua Liturgia, sua teologia e sua alma”.

(7) Antes falecer, em 1981, o Pe. Joaquin Alonso, o arquivista oficial de Fátima durante dezesseis anos, testemunhou o seguinte, em referência ao Terceiro Segredo de Fátima: “Portanto, é completamente provável que o texto faça referências completas à crise de fé dentro da Igreja e à negligência dos próprios pastores, [às] lutas internas no próprio seio da Igreja e da negligência pastoral grave da alta hierarquia”.

Pe. Malachi Brendan Martin

(8) Em uma entrevista, em 1991, o Pe. Malachi Martin disse o seguinte: “Tudo o que sabemos dos santos e dos Papas a partir do século dezenove nos diz que o nosso século em particular é o tempo de crise no qual existe uma batalha de dois mil anos entre Cristo e Satanás. Se tivermos que ser bastante francos, devemos dizer que há um aumento enorme no pecado público ou legalizado. Há um aumento enorme no número de abortos. Há um aumento enorme na quantidade de pornografia. Esses acontecimentos devem ser atribuídos a uma atividade intensa por parte de Satanás. Penso que estamos testemunhando a escalada para o ponto de crise da grande batalha entre Lúcifer e Maria, a Mãe de Deus.”

“(...)Os clérigos não tomarão medidas verdadeiras porque eles não querem problemas. Eles não querem ser impopulares. Eles não querem ser mártires. Muitos bispos e padres pensam que não há nada errado com o aborto. Eles perderam a sua fé. Eles não são mais católicos. Eles se tornaram alguma forma de neo-católicos, que é meio caminho entre os anglicanos e os clubes rotarianos. No campo da educação, a situação é até mesmo pior. Não há dúvida de que o ensinamento do catecismo, o ensino da religião, desapareceu. Os jesuítas, dominicanos, carmelitas e franciscanos se tornaram secularizados. E você não pode falar mais sobre faculdades católicas. Não há como estimar o dano que tem sido feito. Hoje em dia, os marxistas, lésbicas e homossexuais têm direitos iguais nos campus católicos. Eles ensinam sobre preservativos, o estilo de vida homossexual e a eutanásia. Os estabelecimentos católicos de ensino querem ser como os outros. Querem se adaptar ao sistema, mas infelizmente o sistema é imoral."

"Assim, a condição da Igreja é muito triste a partir desse ponto de vista. Além desses problemas existe o fato de que a Igreja está dilacerada por facções. A grande maioria dos católicos nos países ocidentais agora foram afastados da Igreja como ela era. Eles não rezam mais da mesma maneira. Eles não pensam mais da mesma maneira. O jejum e a abstinência acabaram. Nossa Igreja está sendo completamente secularizada porque a fé desapareceu”.

(9) O Papa João Paulo II, escrevendo sobre a Igreja na Europa, em sua Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, a 28 de junho de 2003, afirma (nº 9): “Na raiz desta perda de esperança está uma tentativa de promover uma visão de homem separada de Deus e separada de Cristo. A cultura europeia dá a impressão de 'apostasia silenciosa' por parte de pessoas que têm tudo que precisam e que vivem como se Deus não existisse.

(10) Bernard Janzen, jornalista canadense e editor, escreveu (1990): “Há frequentemente uma enorme discrepância entre a realidade de uma determinada situação e a sua imagem sendo projetada ao público. O período da história da Igreja após o Vaticano II foi apresentado pelas autoridades eclesiásticas atuais como uma grande renovação e um segundo Pentecostes. As duras realidades do declínio estatístico, perda disseminada da fé entre os fiéis e incontáveis escândalos confirmam que este exercício de relações públicas tem sido um ato de grande decepção.”

(11) Pe. Malachi Martin, em entrevista de 1990, disse: “Oh, penso que a Missa Nova é a causa de todas as nossas dificuldades. É uma calamidade porque Monsenhor Annibale Bugnini elaborou essa Missa deliberadamente para criar uma cerimônia não católica. Uma dificuldade com a Missa Nova é que ela ensejou Missas inválidas. Ela também tirou das mentes das pessoas do ponto central da Missa, o Sacrifício no Calvário. Agora se trata de uma refeição em comum, feita em uma mesa. O sacerdote é o ministro. Nós as pessoas fazemos uma refeição juntos.”

S. João Crisóstomo
* Não é sem razão que São João Crisóstomo, Doutor da Igreja, declara: “Os corredores do inferno estão pavimentados com crânios de bispos”. Sem dúvida, o inimigo está dentro. Quase 100 anos atrás, Nossa Senhora de Fátima desceu à Terra para instar-nos a rezar o Santo Rosário e a fazer penitência. Ela alertou-nos que a grande apostasia na Igreja começaria no topo.

Virgo Dei Génetrix, María, deprecáre Iesum pro me

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Fonte:
Website Fratres in Unun, disponível em
http://fratresinunum.com/2012/03/14/o-beijo-de-judas-iscariotes-parte-ii/
Acesso 26/11/013.
vozdaigreja.blogspot.com

O Beijo de Judas Iscariotes: O Inimigo está Dentro - parte I

INICIAMOS hoje a publicação de uma série de três artigos de autoria do Reverendíssimo Padre Michael Rodriguez, sacerdote da Diocese de El Paso, EUA.

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Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Dignáre me laudáre te, Virgo sacráta. Da mihi virtútem contra hostes tuos. Benedictus Deus in sanctis suis. Amém.

Pe. Michael Rodríguez
Tenham cuidado! O inimigo está dentro da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Na noite mais sagrada da história da humanidade, quando o Filho de Deus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio, a serpente estava lá, sussurrando no ouvido de Judas Iscariotes.

(1) Santo Evangelho segundo São Mateus (26, 46-49): “Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui. Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor combinara com eles este sinal: 'Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o'! Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: 'Salve, Mestre'. E beijou-o.”

(2) São Paulo, o grande Apóstolo, falando aos bispos e clero em Êfeso (Atos 20, 28-30), adverte: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o seu próprio Sangue. Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos.”

(3) Em uma carta escrita em 4 de dezembro de 1970, Ir. Lúcia, vidente de Fátima, escreveu: “Nossa Senhora solicitou e recomendou que o Rosário fosse rezado todos os dias, tendo repetido isso em todas as Aparições como se ela estivesse nos advertindo de que, nesses tempos de desorientação diabólica, não devemos nos deixar enganar por falsas doutrinas que diminuem a elevação de nossa alma a Deus através da oração”.


S. João Crisóstomo

(4) Juntamente com São Basílio, São Gregório Nazianzeno e Santo Atanásio, São João Crisóstomo é tido como um dos quatro grandes Doutores Orientais da Igreja. - São João Crisóstomo nasceu em 344 aD e passou a maior parte de sua vida em Antioquia, cidade onde os sete macabeus foram martirizados e onde, pela primeira vez, homens foram chamados de “cristãos”. Em 398 aD, São João Crisóstomo foi consagrado Arcebispo e Patriarca de Constantinopla.

São João Crisóstomo foi simplesmente o oposto de seu predecessor, o afável bispo Nectário. Começou a “limpar a casa,” dando ao clero mais trabalho e insistindo na necessidade de mais oração. Ele exigia que os monges retornassem a seus mosteiros em vez de ficar vagando, como alguns faziam. São João não dava banquetes, comia uma refeição frugal à noite, vestia-se modestamente, vendeu o rico mobiliário do palácio episcopal e deu o dinheiro, comida e roupas aos pobres.

Dois de seus maiores inimigos eram bispos: Severiano, Bispo de Gabala, na Síria, e Teófilo, Patriarca de Alexandria. Com ajuda e suporte da Imperatriz, Eudóxia, Teófilo reuniu um grupo de bispos do Egito e eles realizaram um Concílio falso para depor São João Crisóstomo. Levantaram acusações falsas e frívolas contra ele, — de que ele havia deposto um diácono para surrar um funcionário, chamado vários de seus clérigos de homens sem categoria, ordenado sacerdotes em sua capela doméstica, havia vendido bens que pertenciam à igreja, que ninguém sabia o paradeiro de suas receitas, que ele fazia suas refeições sozinho. - Eles também o acusaram de traição contra o imperador.

O imperador então emitiu uma ordem para bani-lo, mas esta foi desafiada por seu povo, que se reuniu ao redor da igreja para proteger o seu pastor. Em um sermão de despedida aos fiéis, São João Crisóstomo exclamou: “Tempestades violentas me rodeiam de todos os lados, ainda assim não tenho medo, porque estou firmado em uma rocha. Embora o mar se agite, e as ondas se elevem bem alto, elas não podem afundar o navio de Jesus. Não temo a morte, que é um ganho para mim, nem o exílio, porque toda a Terra é do Senhor, nem a perda de bens, porque vim ao mundo nu e devo deixá-lo na mesma condição. Cristo está comigo, a quem temerei?”

S. João Eudes
(5) São João Eudes fundou a Congregação de Jesus e Maria. Juntamente com Santa Maria Margarida Alacoque, foi o fundador e iniciador da devoção do Sagrado Coração. Nasceu na Normandia, França, em 1601, e faleceu em 1680. Disse ele: “A marca mais evidente da Ira de Deus e o castigo mais terrível que Ele pode infligir ao mundo são manifestos quando Ele permite que seu povo caia nas mãos de padres que são sacerdotes mais no nome do que em atos, sacerdotes que praticam a crueldade de lobos vorazes em vez da caridade e afeição de pastores devotos”.

(6) La Salette ainda hoje é uma pequena aldeia no alto dos Alpes franceses, próximo de Grenoble. Em 19 de setembro de 1846, duas crianças pobres, Melanie Mathieu, de 14 anos e Maximin Giraud, de 11 anos , viram uma Senhora extraordinariamente bela enquanto vigiavam o gado na montanha. Ela lhes disse para não temerem, que ela tinha vindo para dizer-lhes algo de grande importância. Cinco anos mais tarde, essa Aparição da Santa Mãe de Deus foi aprovada pela Igreja. De 1858 a 1877, Melanie disseminou a mensagem de Nossa Senhora de La Salette, e a pôs por escrito em 1878.

De acordo com esses documentos, disse a Mãe de Deus em La Salette: “Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por suas vidas perversas, por sua irreverência e sua impiedade na celebração dos Santos Mistérios, por seu amor ao dinheiro, seu amor a honras e prazeres, os sacerdotes se tornaram fossas de impureza. Ai dos sacerdotes e daqueles dedicados a Deus que através de suas vidas perversas estão crucificando o meu Filho novamente!”

(7) O Papa Leão XIII reinou por vinte e cinco anos (1878-1903) e com 93 de idade. Durante o seu pontificado, tomou conhecimento da infiltração maciça do ateísmo, ocultismo e de todas as formas do mal penetrando a sociedade. Ficou particularmente perturbado pela influência dos maçons, cujo objeto era a ruína da Igreja Católica. Ele teve uma experiência mais que extraordinária com relação ao mal. Enquanto se consultava com vários Cardeais na capela privada do Vaticano, em 13 de outubro de 1884 (exatamente 33 anos antes do “Milagre do Sol”, em Fátima), ao passar diante do Altar, parou subitamente e pareceu perder toda a consciência do que estava ao seu redor. Sua face delgada ficou pálida, seus olhos ficaram estarrecidos de terror e ele ficou imóvel por vários minutos, até que as pessoas que estavam ao seu redor pensaram que ele estivesse prestes a morrer. Seu médico correu para o seu lado, mas o Papa se recuperou, e quase de maneira dolorosa exclamou: “Oh! Que palavras terríveis eu ouvi.” O Papa então compôs a famosa oração a São Miguel Arcanjo.

Depois de algum tempo, Leão XIII confidenciou o que havia visto. O demônio se gabou a Deus de que poderia destruir a Igreja se tivesse mais tempo e mais poder. Então, pediu a Deus 75 anos, depois 100 anos. Sua solicitação foi concedida por Deus, com o entendimento de que haveria uma punição quando ele falhasse. -Como forma de implorar a proteção divina contra Satanás, o Papa Leão XIII ordenou a recitação das Três Ave-Marias e a oração a São Miguel Arcanjo após toda Missa Rezada. A recitação dessas orações após a Missa foi descontinuada após o Vaticano II.


São Pio X

(8)
Em sua Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, na qual condenou a heresia do modernismo, o Papa São Pio X escreveu: "Sem demora falemos, antes de tudo, que os fautores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se tanto mais nocivos quanto menos percebidos”. Salienta o Papa santo que eles buscam destruir a Igreja a partir de dentro e escreve: "Não se afastará da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado”.

(9) No início dos anos 60, durante a época do Concílio Vaticano II, nossa Mãe Santíssima apareceu em Garabandal, uma pequena aldeia nas montanhas a nordeste da Espanha, a quatro moças: María Loli, Conchita, Jacinta, e María Cruz. Apesar das aparições não serem formalmente aprovadas pela Igreja, o Santo Padre Pio as apoiou e o bispo local confirmou que não havia nada na mensagem contrário à Fé Católica. Nossa Senhora de Garabandal disse: “Muitos cardeais, bispos e sacerdotes estão na estrada para o inferno e arrastam muito mais almas junto consigo”.

(10) No nono aniversário de sua coroação como Papa, na Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em 29 de junho de 1972, o Papa Paulo VI declarou: “Acreditamos que após o Concílio viria um dia de sol brilhante para a história da Igreja. Porém, invés disso veio um ida de nuvens, tempestades e de escuridão… e como foi que isso aconteceu? Há um poder, um poder adversário. Chamemo-nos pelo nome: o demônio. Parece que por alguma rachadura misteriosa a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus”.

(11) O Papa João Paulo II, em 7 de fevereiro de 1981, apenas alguns anos em seu pontificado, afirmou: “Devemos admitir realisticamente e com sentimentos de profunda dor que os cristãos hoje em dia, em grande medida, se sentem perdidos, confusos, perplexos e até mesmo decepcionados; idéias opostas à verdade revelada e sempre ensinada estão sendo espalhadas em abundância no exterior; heresias, no sentido pleno e próprio da palavra, foram espalhadas na área de dogma e moral, criando dúvidas, confusões e rebelião; a liturgia foi adulterada. Os cristãos são tentados pelo ateísmo, agnosticismo e pelo cristianismo sociológico destituído de dogmas definidos ou uma moralidade objetiva”.

(12) Em 17 de março de 1990, o Cardeal Oddi deu o seguinte testemunho ao jornalista italiano Lucio Brunelli, “O Terceiro Segredo não tem nada a ver com Gorbachev. A Virgem Maria nos alertou contra a apostasia na Igreja”.

Pe. Malachi Martin
(13) Em uma entrevista de 1992, o Pe. Malachi Martin disse o seguinte: “Não há dez bispos que concordem com alguma coisa. Não há duzentos padres que concordem com alguma coisa. Não há coesão sobre a presença real do Santíssimo Sacramento, sobre a devoção a Nossa Senhora, sobre o valor do celibato, sobre o valor da pureza, sobre o valor do matrimônio, ou sobre o valor da vida humana. Estamos divididos pela dissensão. A maioria dos católicos romanos da América aceitam a contracepção. A maioria aceita o aborto como opção. Um elevado percentual aceita o homossexualismo. O que é isso? Temos o homossexualismo nos seminários, dirigidos pelos bispos. Temos hereges ensinando nos seminários, dirigidos pelos bispos. Pera lá! A Igreja como a conhecíamos não existe mais! E Roma não pode fazer nada a respeito. O Cardeal Ratzinger não pode fazer nada a respeito. O Papa não pode fazer nada a respeito. Eles sabem disso tudo, mas eles não podem fazer nada a respeito. Então, descobrimos que há um anel de sacerdotes na Arquidiocese de Chicago que tem praticado pedofilia satânica entre si e assassinado qualquer membro dissidente de seu próprio grupo. Por quanto tempo isso tem ocorrido? E ninguém tem feito nada a respeito! Pera lá, a organização é uma fachada! A Igreja não existe como antes!”

(14) A edição de novembro de 2000 do periódico Christian Order continha a seguinte informação: “Nos anos 30, a liderança comunista emitiu uma diretriz mundial sobre a infiltração na Igreja Católica. Enquanto que no início dos anos 50, a Sra. Bella Dodd também fornecia explicações detalhadas da subversão comunista da Igreja. Falando como ex-oficial de alta patente do Partido Comunista Americano, a Sra. Dodd dizia: 'Nos anos 30 colocamos mil e cem homens no sacerdócio a fim de destruir a Igreja a partir de dentro'. A ideia era que esses homens fossem ordenados e progredissem em seus cargos de influência e autoridade, como Monsenhores e Bispos. Doze anos antes do Vaticano II ela afirmou que: 'Justo agora eles estão nos lugares mais altos da Igreja' — onde eles estavam trabalhando para mudar a Igreja. Ela disse que essas mudanças seriam tão drásticas que 'vocês não reconheceriam a Igreja Católica'”.

(15) No outono de 2002, o Pe. Nicholas Grüner, perito de Fátima mundialmente conhecido, escreveu: “Deus também nos fala, através da Mensagem de Fátima, que Ele punirá o mundo através de quatro castigos —guerra, fome, perseguição à Igreja e perseguição ao Santo Padre. O que a maioria das pessoas não sabe, incluindo aqueles na Igreja, é que a perseguição à Igreja é o que estamos enfrentando atualmente. Isso é um castigo terrível. A Santa Madre Igreja atualmente está sendo perseguida pela infiltração de homens perversos; homens hereges; homens apóstatas, como, por exemplo, maçons, comunistas e, particularmente, pela rede de pedofilia e homossexuais. A perseguição da Igreja é um castigo espiritual muito pior do que todos os castigos materiais. É esse castigo espiritual que está na raiz do escândalo de pedofilia na Igreja hoje em dia”.

Suub tuum præsídium confúgimus, sancta Dei Génetrix; nostras deprecatiónes ne despícias in necessitátibus nostris, sed a perículis cunctis líbera nos sempre, Virgo gloriósa et benedícta.

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Fonte:
Website Fratres in Unun, disponível em
http://fratresinunum.com/2012/03/02/o-beijo-de-judas-iscariotes-palavras-claras-e-corajosas-sobre-a-crise-na-igreja
Acesso 26/11/013.
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Solenidade de Cristo Rei do Universo


A IGREJA chega, enfim, ao término de mais um ano litúrgico. Neste domingo, Solenidade de Cristo Rei do Universo, os fiéis são chamados a reconhecer o reinado de Deus sobre todos os povos e nações. A data também coincide com o encerramento do Ano da fé convocado por Bento XVI, a fim de recordar os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica.

A Solenidade de Cristo Rei do Universo é relativamente recente. Foi Pio XI, na primeira encíclica de seu pontificado, quem a estabeleceu, em 1925. Na Quas Primas, o Santo Padre almejava recordar o senhorio de Jesus sobre todos os reinados, governos e instituições. Via isso como tarefa urgente, dada a crescente rejeição dos ensinamentos da Igreja por parte dos homens, retirando Jesus Cristo e sua lei sacrossanta tanto da vida particular quanto da vida pública. "Baldado era esperar paz duradoura entre os povos - ditava o Papa -, enquanto os indivíduos e as nações se recusassem a reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Senhor Jesus Cristo"01.

Já naquela época, o Santo Padre enxergava com preocupação o avanço do pensamento laicista, que, reivindicando uma pretensa neutralidade do Estado em assuntos religiosos, joga para escanteio os ensinamentos do Sagrado Magistério, sobretudo no que diz respeito à moral e à dignidade da pessoa humana. Essa realidade, infelizmente, é ainda hoje observável em uma centena de ações contrárias à fé cristã, quer no âmbito público, quer no âmbito privado.

O princípio laicista se resume na ideia de que a religião seria um assunto da esfera privada, não sendo, portanto, possível respaldá-la nos debates públicos. Com efeito, as discussões concernentes a temas como aborto, casamento gay, eutanásia e etc não deveriam levar em conta a moral cristã; a razão seria o suficiente para o discernimento dessas questões.

Ocorre que, no decorrer da história, comprovou-se cabalmente que a neutralidade do Estado em assuntos religiosos é não somente absurda como também impraticável. Quando governos renegam a lei natural de Deus, assumindo o princípio da maioria como juízo universal dos costumes, o Estado acaba por se constituir em uma nova divindade. Isso aconteceu todas as vezes em que as autoridades quiseram banir a religião do coração dos povos.

Não por acaso essa confusão entre o que é de César e o que é de Deus foi causa de perseguições aos cristãos desde o princípio, quando estes se recusavam a prestar culto à pessoa do imperador. O cristianismo nunca aceitou servir de plataforma para estratégias políticas. E por isso mesmo viu-se constrangido por dezenas de autoridades, ao longo desses dois mil anos de história, que desejavam instrumentalizá-lo em seus programas de governo.

O Papa Pio XII, a fim de dirimir a inquietação suscitada pela Solenidade de Cristo Rei do Universo, esclareceu, em 1958, que a "legítima e sadia laicidade do Estado" é "um dos princípios da doutrina católica" e que, sendo assim, tributar a Cristo os seus direitos de realeza não fere, de forma alguma, essa laicidade, já que o Estado não está isento de suas obrigações para com Deus quando se trata da lei natural02. Até porque a mistura entre o sagrado e o profano torna-se realidade justamente quando essas autoridades se afastam da Igreja.

A Igreja procurou aprofundar esse ensinamento de Pio XII sobre a "legítima e sadia laicidade do Estado" durante a confecção da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II. Nela, os Padres Conciliares afirmam que "se por autonomia das realidades terrenas se entende que as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios, que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando, é perfeitamente legítimo exigir tal autonomia"03. Porém, adverte o Concílio, "se com as palavras «autonomia das realidades temporais» se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem as ordenar ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais assertos".

Refletindo sobre essas palavras do Concílio juntamente com um grupo de juristas italianos, Bento XVI ressaltou que "compete a todos os fiéis, de forma especial aos crentes em Cristo, contribuir para elaborar um conceito de laicidade que, por um lado, reconheça a Deus e à sua lei moral, a Cristo e à sua Igreja o lugar que lhes cabe na vida humana individual e social e, por outro, afirme e respeite a "legítima autonomia das realidades terrestres"04 tal qual define o Magistério Conciliar. Reconhecer Cristo como Rei do Universo, por conseguinte, é também a única maneira de assegurar a autonomia da esfera pública, aplicando a máxima do "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

E no que consiste esse reinado de Cristo sobre os povos? É o que vem nos recordar o Evangelho deste domingo. Ao contrário dos governos que assumem o lugar de Deus, banindo a religião da sociedade e constituindo-se em verdadeiros ditadores, a realeza de Cristo se apresenta sob a forma de serviço. Ele reina do alto da Cruz. Não subjuga a humanidade debaixo de sua coroa, mas a torna livre pelo sacrifício no madeiro. O Reinado Social de Cristo consiste, dessa maneira, na atitude do crucificado: dar-se inteiramente; amar até as últimas consequências.

Que nesta Solenidade possamos olhar para Cristo e, a exemplo do bom ladrão, reconhecê-lo em sua realeza e dizer: "Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado". (Cf. Lc 23, 42)

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Referências

** Baseado na homilia da Solenidade de Cristo Rei do Universo de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em audio em
http://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-de-cristo-rei-do-universo
Acesso 23/11/013

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Encerra-se o Ano da Fé


NESTE domingo, 24 de novembro de 2013, termina o Ano da Fé, durante a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As paróquias e diversas comunidades católicas promoverão a solene renovação da Profissão da Fé.


Dom Odilo P. Scherer

Em meio às comemorações da data, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, em recente artigo, disse que neste ato de renovação da fé há uma força testemunhal muito expressiva, a qual "cremos apenas de modo individual e subjetivo, mas em comunidade, juntamente com muitos outros, que professam a mesma Fé".

"A Igreja é uma grande comunidade de Fé, formada de inúmeras comunidades menores e, finalmente, de pessoas, que creem pessoalmente e vivem a Comunhão de Fé com a grande comunidade eclesial. . São incalculáveis aqueles que viveram essa mesma Fé, a qual a Igreja também crê, e já nos precederam na Casa do Pai", escreveu o Cardeal.

Para Dom Odilo, o Ano da Fé foi uma bênção, auxiliando-nos a tomar uma consciência renovada da preciosidade da Fé da Igreja e da importância de professá-la com convicção e alegria.

"O Ano da Fé termina, mas a vivência da Fé continua; temos agora o nosso compromisso de testemunhar a Fé com intensidade e de traduzir a Fé em frutos de vida cristã. Não basta ter iniciado bem o Caminho: é preciso perseverar nele, para alcançar a meta da nossa Fé: a vida eterna e a comunhão plena com Deus. A Fé é um Dom precioso, recebido de Deus, e que requer a nossa resposta diária através das atitudes de Fé, pois ela nos leva a viver em contínua sintonia e comunhão com Deus e a ter as luzes de Deus (Lumen Fidei), para iluminar todas as circunstâncias da vida, além de nos ajudar a fazer as escolhas certas."

"Podemos imaginar a Fé como uma planta, que precisa ser cultivada para viver, florescer e produzir frutos. A Fé precisa ser alimentada no encontro pessoal frequente com Deus na oração. Sem oração, a Fé enfraquece e morre, como a planta, que não recebe água. Alimento essencial da Fé é também a Palavra de Deus, acolhida quer na Liturgia, quer em outras ocasiões, como também na leitura pessoal e orante da Sagrada Escritura. É importante ler e conhecer o Catecismo da Igreja Católica; ele é a explicação que a própria Igreja dá oficialmente sobre os motivos e as bases da nossa Fé."

Concluindo, o Dom Odilo afirmou que, somente "a Fé verdadeira produz frutos", que são as "obras da Fé", e ainda:

"Frutos da Fé são as boas obras da justiça, caridade e solidariedade, que revelam a fecundidade e autenticidade da Fé. São ainda as virtudes humanas e cristãs, que traduzem o jeito de viver de quem está em sintonia com Deus".

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** Conteúdo publicado em GaudiumPress.Org, disponível em http://www.gaudiumpress.org/content/52971-O-Ano-da-Fe-termina--a-vivencia-da-Fe-continua#ixzz2kuJ90zsC

Acesso 22/11/013
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33º Domingo do Tempo Comum: Evangelho segundo S. Lucas (21,5-19) - a perseguição dos justos


O EVANGELHO, assim como toda a Liturgia deste domingo (17/11/013), tem um sabor de perseguição à Igreja, que deverá se intensificar no fim dos tempos. Jesus olha o grande Templo e profetiza que vai ruir. Analogamente, não só o grandioso edifício vai desabar, mas também todo este mundo, esta realidade temporal, juntamente com aqueles que nele depositam a sua confiança. Antes, porém, que essas coisas aconteçam, nós, cristãos, seremos perseguidos (Lc 21,12).

Mas o mesmo Deus que profetiza a grande perseguição não seria capaz também de impedi-la? Não poderia evitar tanta tribulação para o seu povo? Por que Deus permite que sua amada Esposa, - a Igreja, - sofra tantas perseguições?

De fato, todo cristão fiel sofre e sofrerá. O Apóstolo S. Paulo chega a dizer que "todos aqueles que quiserem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3,12). A perseguição é uma marca da Igreja. A contradição é que exatamente aí nos alegramos, ainda mais, por sermos católicos. Se a Igreja permanecer fiel, será perseguida. Este é um bom sinal!

Uma Igreja aplaudida pelo mundo é uma Igreja espiritualmente doente. Isso não quer dizer que a Igreja precisa ser suicida. - Jesus não foi um suicida. - Mas ela precisa saber aceitar a perseguição como cruz, e aceitá-la com alegria. O Senhor nos advertiu: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós..." (Jo 15,20).

Esta é uma realidade que deve ser interpretada em chave cristológica, ou seja: estamos configurados a Cristo. Do mesmo modo como Deus Pai não ordenou aos seus anjos que salvassem Jesus do martírio, permitindo que seu próprio Filho padecesse pelo bem da humanidade, também a sua Igreja não será poupada, até que tenha cumprido integralmente a sua missão.


Porque o caminho para Deus é o caminho da Cruz?

A Cruz, na vida do cristão, não é exceção; é regra. Se não houver Cruz em sua vida, talvez seja preciso fazer um exame de consciência.O caminho da Igreja é o mesmo caminho trilhado por Cristo.

“A Igreja só entrará na Glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor em sua Morte e Ressurreição. Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal (...). O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa” (CIC §677).

A perseguição, assim como a batalha contra o Dragão que persegue "a Mulher e sua descendência" (Ap 12) é parte integrante tanto da vida da Igreja, como um todo, como também é parte da vida de cada fiel católico, no seu cotidiano.

Por que Deus permite a perseguição? Entre outras coisas, porque é por meio da perseguição que se manifesta a virtude do justo. Se você ama verdadeiramente, se você escolhe o Caminho do verdadeiro Amor cristão, então você será perseguido, e é preciso saber aceitar e conviver com isso.

Existe na Igreja de hoje um certo método pastoral que pode ser considerado, no mínimo, ingênuo. Muitos bispos e padres andam dizendo mais ou menos o seguinte: “Vamos amar mais do que educar, vamos ajudar os pobres, mesmo aqueles que não querem ser ajudados. Vamos lutar pela justiça neste mundo, vamos deixar de pregar o Evangelho e de nos ocupar tanto com a salvação das almas para empenhar nossas forças na 'construção de um mundo melhor'. Assim, um dia, a sociedade verá que somos bonzinhos e deixará de nos perseguir”.

Isso não está funcionando e não vai funcionar. Muita gente anda se esquecendo do que aconteceu quando o próprio Amor se fez carne: o mundo o traiu e assassinou, e o fez porque é essa a lógica intrínseca do amor sem medidas: se amarmos incondicionalmente, seremos sim amados por alguns, mas inevitavelmente seremos perseguidos pelo mundo. O justo será perseguido pelo fato de ser justo. Diz assim o Livro da Sabedoria:

“Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às nossas ações; ele nos censura por violar a Lei e nos acusa de contrariar a nossa educação. Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! Sua existência é uma censura às nossas ideias; basta a sua vista para nos importunar.” (Sb 2,12-14)

A própria existência do justo é suficiente para incomodar o mundo. Hoje, muitos, dentro da Igreja, dizem: “Vamos ficar quietinhos, vamos ser 'legais', não vamos criar polêmica, e eles vão nos tolerar. Não dificultemos as coisas e eles nos verão como amigos...”. - Infelizmente, isso não existe. Basta a existência do justo para incomodar o mundo. Basta seguir o Evangelho para importunar os servos do Maligno. Toda a Sagrada Escritura, especialmente os Salmos, está repleta dessa realidade, da perseguição aos justos, - e também de sua esperança de salvação por Deus.

“Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. Sereis odiados por todos por causa do meu Nome. Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação.” (Lc 21, 15-19)

Diz o seguinte a 1ª Carta do Apóstolo S. Pedro:

“Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se assim vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua Glória. Se fordes ultrajados pelo Nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de Glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós. Que ninguém de vós sofra como homicida ou ladrão ou difamador ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome. Porque vem o momento em que se começará o Julgamento pela Casa de Deus.” (I Pd 4, 13-17)

Não vos perturbeis com a provação! Isso não é nada de extraordinário, pelo contrário, é o que se espera! Que alegria sermos perseguidos por amor a Cristo! Isto é um galardão, um troféu, uma honra! Cristo nos amou primeiro, e podermos demonstrar também o nosso amor por Ele é a maior das graças!

E não somos somente nós, cristãos, que sofremos. Continua a Escritura:

“Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus? E, se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador Fiel, praticando o bem.” (I Pd 17, 19)

Também os ímpios sofrem, mas a enorme diferença é que eles não têm esperança. E a coroação desta carta do primeiro Papa se dá no capítulo seguinte, quando nos garante: “Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós”. (I Pd 5, 7)

Assim, prezadíssimos irmãos, vejam a resposta que procuramos: por que Deus não faz cessar a perseguição? Porque é por ela que se manifesta a virtude do justo: o Amor. É por meio dela que podemos amar de volta a Quem tanto nos amou. - A ponto de entregar seu único Filho para que vivêssemos eternamente.

O verdadeiro discípulo de Cristo enfrenta a perseguição com uma tranquilidade e uma constância que o identifica como seguidor fiel. "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me" (Lc 9,23).


A boa notícia


Carregar a cruz, porém, não quer dizer que tenhamos que viver uma vida só de tristezas, somente de dores, de privações e provações. Ao contrário: significa aceitar tudo o que Deus nos envia, crendo firmemente que é para o nosso bem maior, e aceitá-lo com alegria, sabendo que a verdadeira felicidade é algo infinitamente maior do que ter os nossos caprichos atendidos todos os dias, algo infinitamente maior do que experimentar novas sensações e desfrutar de muitos pequenos prazeres fúteis a cada instante.

E a Cruz não é a última palavra para nós, não é o último estágio. A Páscoa é. Deus virá para nos redimir, para enxugar as nossas lágrimas, para fazer cessar os sofrimentos e as dores. Que alegria saber que suportamos até o fim, que elegemos Deus como o mais importante, como a “prioridade zero” de nossas vidas, e receberemos o prêmio final: a vida eterna. Satanás continuará fazendo de tudo para que cada um de nós se perca. Mas, se permanecermos firmes, ganharemos a Vida infalivelmente. "Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação" (Lc 21,28).

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** Baseado na homilia do 33º Domingo do Tempo Comum de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em audio em
http://padrepauloricardo.org/episodios/a-perseguicao-dos-justos
Acesso 16/11/013

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“Aquela não é a nossa Igreja”


Por Hermes Rodrigues Nery*


Relato de um episódio ocorrido ao final de uma reunião com os catequistas da Paróquia São Bento  do Sapucaí, em 24 de outubro de 2013

DIAS ATRÁS, recebi o comunicado da Coordenadora da catequese de mais uma reunião no meio da semana com os catequistas. Reunião que visava preparar uma gincana com as crianças para o encerramento de outubro, mês das Missões. Há vários anos, apenas como catequista, gratificava-me o sorriso das crianças nas manhãs de domingo, em que eu podia falar sobre a Pessoa de Jesus Cristo.

Às 19 horas, lá estávamos. Durante a reunião, foi ressaltado que a gincana seria para as crianças brincarem, um momento para diversão. A coordenadora da Catequese sabia que eu havia lançado o livro “A Igreja é Viva e Jovem” na Jornada Mundial da Juventude, e disse que iria sugerir ao pároco (muito popular na cidade por ter fundado uma escola de samba, sucesso em vários carnavais) que houvesse um lançamento também na paróquia.

Na ocasião, com profundo realismo, eu agradecera à Coordenadora pela atenção, mas por ser um trabalho de linha conservadora e em defesa da Tradição e do Magistério da Igreja, não tinha ilusão de que o pároco fosse se interessar. É evidente que o lançamento não aconteceu; ela não me falou mais sobre o assunto e eu compreendi perfeitamente a situação, grato de coração pela sua solicitude, mas ciente de que eu teria todo apoio do pároco se fosse um discípulo de Leonardo Boff. Como um último na paróquia, há vários anos, apenas como catequista, gratificava-me o sorriso das crianças nas manhãs de domingo, em que eu podia falar sobre a Pessoa de Jesus Cristo, sendo que toda a catequese dada tinha a marca da profunda devoção mariana (nas orações antes da catequese, rezamos também a Salve-Rainha), com foco sempre cristocêntrico.

Já quase ao final da reunião, o vigário paroquial (recém ordenado padre, número dois na paróquia) perguntou se havia algum aviso ou algum recado de alguém presente na reunião, ao que solicitei a palavra. Disse que diante de uma certa angústia dos catequistas, muitas vezes sem saber ao certo a que recorrer em termos de material de consulta, de informação, de orientação segura sobre os conteúdos da fé em meio ao relativismo vigente, havia solicitações para que eu indicasse referências para o aprofundamento da fé católica (outro dia perguntaram até qual a melhor edição brasileira em termos de tradução da Bíblia, pois algumas incluíram termos de expressões da ideologia marxista). Diante disso, recomendei aos catequistas as aulas do Padre Paulo Ricardo, disponíveis na internet. Disse que são exposições bem didáticas, em comunhão com o Magistério da Igreja, e que realmente oferecem reflexões que motivam a conhecer mais o conteúdo do Catecismo, o que muito contribui para aqueles que desejam uma sólida formação católica.

Eis que, feita a indicação, o vigário foi à frente de todos, como um raio em céu azul, e proferiu enfaticamente:

- Refuto com veemência esta recomendação. Se vocês estão angustiados devem recorrer a nós, os padres da paróquia, responsáveis pela Catequese e formação.

E acrescentou, demonstrando muita contrariedade com o que eu havia há pouco recomendado:

- Esse Padre Paulo Ricardo é um cismático, a Igreja “dele” não é a “nossa”. Ele é um padre de antes do Concílio Vaticano II, não aceita a nova realidade. É um padre dos livros, das coisas velhas e ultrapassadas de Roma, não se atualizou. A nossa realidade é local, e temos que dar uma catequese a partir de como vive o nosso povo. O que sabe o Padre Paulo Ricardo da realidade da nossa comunidade? Saibam que ele não é bem visto por muitos de nós, até bispos. Sabiam que ele quer nos impor a batina, aonde já se viu? A “sua” Igreja está no passado, a “nossa” no presente, no aqui e agora. A “sua” Igreja é a da teologia antiga, das hierarquias, que concebe a Igreja como uma monarquia. Mas a Igreja não é uma monarquia, vocês entendem? Ainda bem que houve o Concílio Vaticano II, que o Papa Bom João XXIII, que será agora declarado santo pelo Papa Francisco, abriu as janelas da Igreja, para o ar fresco entrar. Foi o aggiornamento.

E continuou:

- Agora, houve uns bispos cismáticos, como o monsenhor Lefébvre, da Fraternidade São Pio X, que recusaram a “nova” Igreja e ficaram lá, com as coisas velhas do passado. Não é “aquela” Igreja que devemos ensinar aos nossos catequizandos, mas a “nova”, a Igreja da base, a Igreja do povo, da teologia do povo, e não aquela superada pelo Vaticano II. Aquela não é a nossa Igreja!

Muitos ficaram atônitos, diante daquela explosiva colocação. A coordenadora da catequese manteve-se de olhos baixos, em silêncio, sem saber o que dizer ou fazer depois daquele balde de água fria e da forma categórica com que o vigário rechaçou a minha indicação. Todos silenciaram, como se estivessem imobilizados, o que me lembrou um comentário há alguns meses de outra catequista, ao final de outra reunião:

-Eu não falo mais nada. Se ainda me mantenho catequista, é por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, sim, é nosso Senhor e Salvador!

Mesmo assim, ao terminar de falar o vigário, argumentei dizendo que as aulas de catecismo do Padre Paulo Ricardo estão em consonância com a sã doutrina e o Magistério da Igreja, e que dão a resposta católica segura aos inúmeros questionamentos da atualidade, em tempos tão convulsivos, de secularização crescente, ateísmo militante e forças manipulatórias que instrumentalizam a Igreja para fins ideológicos anti-cristãos, que de modo sofisticado agem por dentro da instituição, com a hermenêutica da ambiguidade, com ação cada vez mais corrosiva. Por isso também a evasão do fiéis, que não reconhecem a Igreja de Cristo nesta descaracterização, nos reducionismos e até nas somas das heresias que estão por toda a parte, desconstruindo conceitos, demolindo o arcabouço doutrinal, no afã de fazer valer uma outra Igreja, mais pagã do que cristã.

E ressaltei:

- Mas a Igreja de Cristo é santa, e é a ela que está prometida a proteção permanente do Espírito Santo. E voltei-me aos catequistas presentes, dizendo do quanto me aprecia a frase que rezamos a cada Missa: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

No caminho de volta para casa, outra catequista concluiu:

- Realmente, o que podemos fazer? Não temos nenhum poder de decisão. Eles assumiram os postos de comando. Estamos sitiados.


Nas alturas azuis da Mantiqueira…

Cheguei com minha esposa e filhos, ainda muito pequenos, em São Bento do Sapucaí, no dia de São José, em 19 de março de 2001. Sonhava com um lugar que pudesse oferecer uma infância para meus filhos, e a bucólica cidadezinha foi um presente de Deus, propiciando momentos de convivência com o povo bom e devoto daqui, nas alturas azuis da Mantiqueira.

Dois anos depois, subitamente, o então pároco ligou-me para dizer que seria transferido para a periferia de São Paulo, - e que as coisas iriam mudar. - De fato, informaram-me que o novo pároco tinha não apenas estilo, mas pensamento diferente do anterior. Uma das catequistas me advertira: “As coisas tem de ser do seu modo, e não tem jeito”. Sem sequer usar o clergyman, e com o foco no social, desentendeu-se de cara com o casal que trabalhava no escritório paroquial, e não titubeou em demitir os dois, marido e mulher, para mostrar que com ele as coisas funcionavam assim: ou faz as coisas do jeito dele, ou então não serve.

Não tardou para que seu estilo “rolo compressor” fizesse também do jornal paroquial sua vítima. Incomodado com a metodologia e a linha editorial adotada, alguns meses depois, nos chamou para uma reunião com o conselho paroquial, e foi implacável: “Não quero mais!” E ponto final. Foi assim que o jornal “Comunidade São Bento”, até então o meu ganha-pão na cidade, sofreu esse revés. Ao que socorreu-me um padre norte-americano, presidente de uma instituição educativa no Município mas residente no Rio de Janeiro, que viabilizou a sustentação daquele periódico comunitário por mais algum tempo. Dez anos se passaram daquele doloroso episódio, ao que, na época, uma catequista ressaltou: “Deu para ver como as coisas funcionam agora? Ou faz do jeito dele ou está fora, entende? Você viu o que aconteceu com a Ana Paula e o Marquinho? E agora, o que você vai fazer? Vai embora?".

De fato, o pároco anterior havia me dito: “As coisas vão mudar!”. Contudo, permaneci na cidade até hoje, e permaneci Catequista. Ana Paula e o Marquinho tiveram mesmo que ir embora.


Eles conseguiram assumir os postos, em tática gramsciana

Logo após a reunião em que o vigário refutou (violentamente) minha recomendação das aulas do Padre Paulo Ricardo, a mesma catequista voltou a dizer:

- O nosso sentimento é de impotência, imobilização, acuamento. É isso! Estamos sitiados. O que ocorre é que nós, que amamos a Igreja, a Tradição e o Magistério, estamos na base da base, sujeitos aos progressistas, que ocuparam os postos de comando e hoje ditam o que querem, e pronto. Os que buscam manter a Tradição Viva são cuspidos para fora. E aí sim prevalece o burocratismo, a pastoral da manutenção, a instrumentalização e a ideologização da Igreja para fins meramente assistencialistas. Mas você viu o que ele disse: a Igreja 'dele' é a de 50 anos para cá, e à 'anterior', de dois mil anos, referiu-se como 'coisas velha e ultrapassada'. Os que defendem a Tradição de dois mil anos é que são cismáticos, e não eles, com a nova teologia populista, a 'teologia do povo'. Eles conseguiram assumir os postos, em tática gramsciana, e agora fazem do modernismo, 'a síntese de todas as heresias', como definiu São Pio X, o que vale. É fato.

E respondi:

- Sim. Mas ao contrário de muitos que evadiram-se, ainda me mantenho catequista, mesmo sabendo da angústia e o desamparo de boa parte do rebanho católico. Não evadi, pois sou um batizado. Nosso Senhor prometeu proteção à Igreja, à Igreja santa! Não existe isso de “esta” ou “aquela” Igreja, mas a Igreja é uma só: a de Jesus Cristo, “que comunica e difunde a graça da Cabeça divina nos membros corpo místico”, lembrando a Mediator Dei. Ele é a Cabeça, e nós os membros. Ele é a Videira. Queremos estar enxertados na Videira, mesmo que aparentemente estejamos em minoria.

E com isso, descemos a rua da Igreja matriz, em meio à noite escura, mas sabendo que acima de nós, as estrelas feitas por Deus permanecem fixas no firmamento.

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Opinião

Eu, Henrique Sebastião, editor e redator da revista e do blog "Fiel Católico", penso que é tempo de irmos além da oração, – que não deve faltar, mas o momento é para a ação. – O que vejo cada vez mais claro é que nós, os fiéis católicos, precisamos nos unir para mostrar que estamos aqui, e que não aceitamos esta “nova igreja”, este simulacro de Igreja que querem nos impor à força. Precisamos, cada um de nós, fazer a diferença, e juntos somos mais fortes.

É preciso escolher entre o bem e o mal, e já não é mais possível permanecer neutro, encolhido, assistindo à toda essa barbárie sem nada fazer. Precisamos “aparecer” para esses padres e bispos hereges, precisamos gritar: “Estamos aqui! Somos fiéis católicos e exigimos respeito à doutrina católica e apostólica de sempre”!

Precisamos formar grupos, planejar ações, agir em conjunto. Precisamos nos reunir e convidar mais pessoas, precisamos abrir os olhos de tantos quantos pudermos, precisamos encontrar os padres conservadores, que hoje estão sendo perseguidos, e apoiá-los, dizer a eles que estamos ao seu lado, que faremos tudo o que pudermos para auxiliá-los. Precisamos nos manifestar aos bispos, protestar, enviar cartas… Proclamar a Verdade a plenos pulmões, de cima dos telhados! Precisamos mostrar as nossas caras e afirmar nossa indignação e nossa fidelidade à Tradição e ao Magistério.

Precisamos deixar claro que não queremos essa tal “igreja do Brasil” e nem a dita “igreja da América Latina”! Queremos a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica, Romana!

Precisamos nos reunir para rezar, e também para estudar e aprender, cada vez mais. Precisamos nos unir como os primeiros cristãos, na medida do possível. Precisamos nos preparar, pois assim como olhando para o céu somos capazes de saber quando chega uma tempestade, vemos agora que está próxima uma grande tribulação. É mais do que importante, é sumamente necessário que façamos, – nós, fiéis católicos, – a nossa parte, para que a autêntica fé e a verdadeira tradição cristã sejam preservadas. Muito depende de nós, e Nosso Senhor conta conosco.

Respondamos a Cristo, que pergunta: “Quando o Filho do Homem voltar, encontrará ainda fé sobre a Terra?” – Respondamos que SIM, mas não só com nossas palavras, e também (principalmente) com os nossos atos! Avante! À luta, irmãos e irmãs!


** Graças ao Bom Deus, sou hoje patrocinado e assistido por um sacerdote fiel à Tradição e ao Magistério. Nosso apostolado está radicado em São Paulo. Quem quiser entrar em contato conosco, com o objetivo de unir forças, para que juntos possamos planejar táticas e métodos de ação nesta grande crise, esteja à vontade. Juntos, somos mais fortes, porque "onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18, 20). 

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* Hermes Rodrigues Nery é Catequista na Paróquia São Bento do Sapucaí

Fonte:
Website "Fratres in Unum", em
http://fratresinunum.com/2013/11/14/aquela-nao-e-a-nossa-igreja/#comment-79398
Acesso 14/11/013
vozdaigreja.blogspot.com

A Aliança entre Deus e a humanidade


Reflexão para o 32º Domingo do Tempo Comum – Evangelho segundo S. Lucas 20,27-38

NA LEITURA deste domingo, Nosso Senhor Jesus Cristo fala sobre o casamento, em seus vários sentidos. O Senhor caminha já para a consumação da sua Missão na Terra. Confronta-se então com o grupo dos saduceus. Diferentes dos fariseus, que acreditavam na ressurreição dos mortos, nos anjos e em outras realidades transcendentes, a fé dos saduceus resumia-se à Torá (os primeiros cinco livros da Bíblia), que não falam da vida eterna nem da ressurreição dos mortos.

Jesus, como excelente orador e debatedor, coloca-se na posição de debater usando somente os argumentos aceitos pelos seus adversários. Assim, para demonstrar que existe a ressurreição, mostra os próprios textos em que os saduceus criam, que falam do “Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó”, e arremata dizendo que Deus não é deus de mortos, mas sim o Deus dos vivos. Desta maneira quebra a argumentação dos saduceus em sua própria origem, na raiz, naquilo que eles mesmos defendiam como verdade inquestionável. O que o Senhor desejava é que todos abrissem as portas de suas consciências para a Transcendência do Reino de Deus.

Da mesma maneira, inúmeras vezes procuramos agir nós, sempre que somos interpelados por pessoas que creem somente naquilo que está escrito, literalmente, nos textos sagrados, rejeitando toda a riqueza da Sagrada Tradição cristã e do Magistério da Igreja instituída por Nosso Senhor. Dentro desse contexto, somos todos chamados a compreender o AT não literalmente, mas enquanto estágio inicial da Revelação Divina; não mais procurando interpretá-lo ao pé da letra, e sim dentro do seu devido contexto. Ali encontramos a preparação para a Realização plena do Plano de Deus, - que é Jesus Cristo, - o auge e o sentido de toda a Revelação Divina.

O tema do Evangelho deste domingo envolve a questão do casamento e da ressurreição, e ambos os temas são postos num mesmo contexto. O Papa João Paulo II, em suas célebres catequeses sobre a Teologia do Corpo, tomou este tema e colheu, com grande inteligência espiritual, a mensagem contida por trás deste Evangelho. Ocorre que o casamento aponta para o fim dos tempos, para a escatologia.

Observando as Sagradas Escrituras, vemos que na primeira página da Bíblia encontramos um casamento: a união entre Adão e Eva. Na última página da Bíblia encontramos um outro casamento: a união entre o Cordeiro de Deus e a humanidade (as Núpcias do Cordeiro). João Paulo II apontou que aquele primeiro casamento foi como que uma flecha disparada em direção ao Casamento último. Se nós, cristãos, cremos que o Matrimônio é um Sacramento, isto é, um sinal visível de uma realidade invisível, é porque cremos de fato que todos os seres humanos, sejam casados ou celibatários, foram chamados a uma União definitiva com Deus no fim dos tempos. Esta é a realidade de nossa vocação com Deus.

Assim, de alguma forma, quando vemos um casal que celebra seu Matrimônio, um homem e uma mulher que se unem sacramentalmente diante de um padre, que é celibatário, temos naquela cena uma realidade que ilumina toda a vida cristã: de alguma forma, o casal recorda ao padre que todos somos feitos para o casamento: esta é a vocação definitiva de todos nós. Ao mesmo tempo, o padre, celibatário, recorda ao casal que essa união definitiva, para a qual somos todos chamados, ainda não é aquela, mas sim o Casamento final entre Deus e a humanidade. Por isso, a união entre o homem e a mulher deve ser um sinal visível de uma realidade que virá definitivamente no Céu.

Quando Jesus explica tal realidade aos saduceus, usa as seguintes palavras:

Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento; mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem de ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.” (Lucas 20,34-36)

O Senhor mostra-nos, portanto, que o casamento entre homem e mulher é uma realidade passageira. Nós iremos ressuscitar, e como ressuscitados assumiremos uma outra realidade, e esta sim será definitiva. Viveremos, em corpo e alma, uma União com Deus semelhante à que vivem os anjos.

O Evangelho de hoje nos mostra uma belíssima reflexão sobre estas duas vocações: Matrimônio e celibato. A vocação do Matrimônio é extraordinária porque nos lembra que homem e mulher devem se amar como Cristo ama a Igreja. Devem unir-se, perdoar-se mutuamente, viver tudo em comum, mas sem que um absorva o outro.

As crenças orientais veem o ser humano como uma energia que um dia vai se dissolver em Deus. Seríamos, cada um de nós, como um grão de sal que um dia vai se dissolver no grande Mar, que seria Deus. Tal analogia não nos atrai a nós, cristãos, porque se vamos um dia nos dissolver, isso significa algo diferente do que se pode entender por salvação. Se eu vou me dissolver em algo maior, então vou deixar de existir enquanto indivíduo, sendo totalmente absorvido na Divindade e perdendo a minha individualidade.

Nós, cristãos, pensamos na salvação e na União com Deus em termos de Matrimônio exatamente porque nele homem e mulher se unem mas não perdem a sua individualidade. Tornam-se um só corpo, mas não é uma união que faz dos dois uma espécie de “mistura” onde cada coisa deixa de ser ela mesma. A união sagrada entre homem e mulher, ao contrário, deve possibilitar que cada um seja mais ele mesmo, que se realize enquanto pessoa.

Assim também o próprio Cristo, a perfeita União entre Deus e homem. Como cremos no grande Mistério da Encarnação? O dogma do Concílio de Calcedônia (1451) nos diz com muita clareza que quando Jesus se fez homem, assumiu nossa humanidade, mas a União entre Deus e homem não fez com que Deus e homem se confundissem. "Unidos, mas não confundidos". Ao mesmo tempo, a natureza humana e a Natureza Divina, em Jesus Cristo, são distintas, mas não separadas. Deus se fez homem, mas não deixou de ser Deus, nem o homem que nasceu filho de mulher deixa de ser plenamente homem.

Assim iremos nos unir a Deus no Céu: não perderemos nossa identidade, mas nossa humanidade irá se realizar plenamente. O que é uma união? Numa união, você está unido com algo, mas não confundido com esse algo. Não se trata de uma mistura onde sua identidade é perdida. Entretanto, ao mesmo tempo em que o meu ser permanece distinto do outro, eu não estou separado dele. É isso que nós, católicos, entendemos por Comunhão.

De diversos modos, o diabo quer nos convencer do contrário, incutindo em nossas mentes que, se nos unirmos a Deus, deixaremos de ser nós mesmos, perderemos a nossa identidade, nossa individualidade, e perderemos toda a nossa liberdade. Mas a realidade divina é o exato oposto disso. Quando nos afastamos de Deus, aí é que nos alienamos de nós mesmos. Quando vemos as pessoas que desprezam Deus e a religião, observamos que se acham muito independentes, autônomas, “rebeldes”... Olhando mais de perto, porém, vemos que são todos iguais, escravos das opiniões alheias, dos modismos do mundo.

A Igreja nos recorda de que, quando permanecemos unidos a Deus, aí é que somos mais nós mesmos. Unido a Fonte da vida e de todo ser, o ser humano desenvolve suas potencialidades. O eu humano, que é como uma flor em botão, desabrocha e floresce. Quando entregamos nossas vidas, aí é que a recebemos de volta, em plenitude.

A vocação ao matrimônio revela uma realidade semelhante. A união entre homem e mulher não deve levar uma identidade a sujeitar e prevalecer sobre a outra, mas sim que se complementem, se realizem, se apoiem, sustentem e auxiliem. Que cresçam juntas.

Na vocação para o celibato, homens e mulheres são chamados a guardarem-se e entregarem-se plenamente a Deus, por entenderem que a união com outro ser humano não será capaz de saciar os anseios mais profundos do seu coração.

Em ambas as vocações, encontramos a vocação eucarística que é de toda a Igreja, que a leva dia a dia ao seu destino último, pleno, maravilhoso, eterno. Assim como S. João, que na última Ceia reclinou a cabeça no peito de Cristo, a Igreja procura seu lugar, em peregrinação angustiante neste mundo, onde possa descansar e reclinar a cabeça.

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** Baseado na homilia do 32º Domingo do Tempo Comum de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em audio em
http://padrepauloricardo.org/episodios/o-casamento-entre-deus-e-a-humanidade
Acesso 9/11/013
vozdaigreja.blogspot.com
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