3º Domingo do Advento, o Domingo Gaudete


NESTE terceiro domingo do Advento, o Domingo Gaudete, da alegria, o Evangelho narra uma decepção. São João Batista está preso na fortaleza de Maqueronte, por ordem do rei Herodes, e, ali, anseia o cumprimento da profecia de Isaías: "O Senhor manifestará a seus servos seu poder, e aos seus inimigos sua cólera" (66, 14). Em seu exílio, João espera Aquele que "tem a pá na mão e limpará a sua eira", que "recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível" (Lc 3, 17).

Percebendo, no entanto, que Jesus vem com mansidão e que sua pregação está centrada na misericórdia, São João manda seus discípulos lhe perguntarem: "És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?" (Mt 11, 3). João Batista não sabia a novidade que Jesus vinha trazer. Ele não estava errado em recordar a profecia de Isaías 66, como se esta fosse uma visão retrógrada de um "deus" violento e justiceiro. O que ele ignorava era que o Messias profetizado por ele e pelo Antigo Testamento não viria apenas uma vez, mas duas vezes: uma, na humildade e na misericórdia; e outra, na glória, como o "Rex Tremendae Majestatis - Rei de tremenda majestade" cantado no Dies Irae.

É este o testemunho de São Bernardo: "Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens. Foi então, como ele próprio declara, que viram-no e não o quiseram receber. Na última, todo homem verá a salvação de Deus (Lc 3,6) e olharão para aquele que transpassaram (Zc 12, 10)"01. E também o testemunho de São Cirilo de Jerusalém: "Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos"02.

Para provar a João Batista que é "aquele que há de vir", Jesus recorda-o de outro trecho da profecia de Isaías, contido na primeira leitura desta liturgia dominical: "Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos. Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto" (35, 5-6a.10). O Messias virá com sinais de alegria, para trazer conforto ao povo exilado e maltratado de Israel.

A situação de João é difícil. Ele está preso em uma fortaleza, sob o jugo de um rei injusto, que o prendeu para satisfazer os caprichos de uma mulher de má vida. Talvez ele esperasse que a justiça viesse ainda para ele, que ele seria libertado daquele lugar, e, no entanto, o que vem é um Juiz manso e humilde. João Batista experimenta, então, aquilo que São João da Cruz - cuja memória a Igreja celebra hoje - chamou de "noite escura": aquela alma que vivia até então reconfortada pelas consolações de Deus, experimenta uma espécie de silêncio.

É diante desta realidade que o cristão precisa cultivar a virtude da esperança, sem a qual a vida se assemelha, no dizer de Santo Agostinho, à superfície de um lago refletindo o céu escuro e cinzento. "Criai ânimo, não tenhais medo!", diz o Messias. "Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para nos salvar" (Is 35, 3).

"Ele que vem para nos salvar": Ele verdadeiramente vem salvar o seu povo. A grande novidade cristã é que Deus irá salvar-nos fazendo-se pequeno, na Cruz. Por isso, Ele diz: "Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele" (Mt 11, 11). São João Batista é grande, mas maior é aquele que se fez pequeno e humilde para salvar-nos, isto é, o próprio Jesus.

É importante aguardar a segunda vinda de Cristo, na qual Ele "enxugará toda lágrima" e na qual "já não haverá morte" (Ap 21, 4), com o espírito de que fala São Pedro: "Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar" (2 Pd 3, 15). A paciência de Deus é fonte de salvação para nós! Quando clamamos justiça, devemos recordar que a justiça virá, mas não somente para os maus, como para todos, inclusive para nós. Jesus revelou uma vez a Santa Faustina Kowalska que terá a eternidade inteira para fazer justiça. Agora, porém, é o tempo da misericórdia.

Por fim, o Advento lembra à Igreja militante duas coisas importantes: a primeira é a ter esperança; a segunda, que nós podemos fazer grandes coisas com nossa penitência. Se realmente fizermos jejuns, vigílias e orações, estaremos trabalhando juntos com o Cristo na redenção da humanidade, que parece caminhar loucamente para o abismo e para a ruína. Com o coração verdadeiramente contrito, é possível repetir, então, com São Paulo: "Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo" (Cl 1, 24).

No duelo entre o bem e o mal, o bem vencerá, o amor vencerá. A pergunta é de que lado estaremos quando Deus vencer.

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Referências:
Sermo 5 in Adventu Domini, 1-3: Opera omnia, Edit. cisterc. 4 [1966], 188-190
Cat. 15, 1-3: PG 33, 870-874

Fonte:
Site Padre Paulo Ricardo, artigo "Criai ânimo, não tenhais medo!", homilia do 3º Domingo do Advento, disponível emhttp://padrepauloricardo.org/episodios/terceiro-domingo-do-advento
Acesso 14/12/013
vozdaigreja.blogspot.com

Papa Francisco: o homem do ano segundo a revista Time

"Quero ver a cara deles quando descobrirem que eu sou católico!"...

RÁDIO VATICANA, sobre o texto da revista Time justificando a escolha de Francisco como homem do ano:
"Ao dar a notícia no seu site, a revista norte-americana sublinhou que 'o primeiro Papa não europeu em 1200 anos poderia transformar um lugar onde as mudanças ocorrem em séculos. Mas o que torna este Papa assim importante é a velocidade com a qual ele atraiu a imaginação de milhares de pessoas que haviam perdido todas as esperanças em relação à Igreja."

Frei (Clemente Rojão) comenta: Trata-se de uma asnada milenar. Em primeiro lugar, porque as mudanças na Igreja SÃO RÁPIDAS, e vou citar quatro distribuídas em muitos séculos: Em menos de cinco anos a corte papal saiu de Avignon e foi para Roma, e mais rapidamente ainda a administração apostólica após o antipapa Clemente VII se estabelecer em Avignon. Em menos de cinquenta anos toda a Igreja estava uniformizada e fechada em torno da Contra-Reforma e do Concílio de Trento. Em menos de uma década o tratado do Latrão estabeleceu o estado do Vaticano após a perda dos Estados Pontifícios para a Itália. Em menos de uma década a Reforma Litúrgica para o rito romano ordinário atual estava tão firme em todo o mundo que uma nova geração surgiu completamente alienada sequer da lembrança do rito anterior. OU seja, mudanças rápidas nos séculos XIV, XVI, XIX e XX.

Há governos mundanos que não conseguem aprovar leis e reformas em menos tempo. Logicamente se a Time se refere à doutrina, espere sentada, a doutrina é eterna e imutável. Ai as mudanças não levam séculos, levam séculos dos séculos. Só houve e haverá três mudanças, se é que se pode chamar de mudança: A revelação da lei mosaica, os evangelhos dados pela Encarnação do Filho e a Parusia.

A Time contudo (a dar crédito a redação da Radio Vaticana) falou corretamente em " é a velocidade com a qual ele atraiu a imaginação de milhares de pessoas que haviam perdido todas as esperanças em relação à Igreja". Sem dúvida, os homens do mundo tiveram a imaginação vem atraída por Francisco. A imaginação, não a realidade. Imaginaram que ele fosse fazer isto e aquilo, que fosse mundanizar a Igreja, que fosse liberar geral, que nos transformasse numa gigantesca ONG. A imaginação é a louca da casa, já dizia Santa Teresa D' Ávila. A imaginação imagina o que quiser: Eu imagino agora o papa num trapézio dando um salto mortal. Eu imagino o papa escalando o Everest. Eu imagino o papa tomando um gelatto di chocolate na Piazza de Spagna. Eu imagino o papa até sentado na latrina fazendo uma forcinha. Atraiu a imaginação do mundo mesmo, e o mundo imaginou muita bobagem.

E é pura imaginação mesmo, porque até agora o papa não sinalizou nem com o dedo mindinho que iria fazer as "reformas" que o Mundo pede. Muito pelo contrário, disse "Não, não e não" em sua exortação apostólica. Mas o Mundo continua imaginando o que quiser do papa. É puro auto-engano. Os últimos anos do pontificado de Francisco serão dos mais interessantes, quando o ódio do Mundo se voltar contra ele, desapontado porque o que imaginou ser um liberal era um grandessíssimo de um conservador. Imagino o papa no caixão (oh, imaginação) com as coberturas dos jornais dizendo "Papa Francisco não fez as reformas que se esperava" ou "pontificado de Francisco foi uma decepção".

Convenhamos, Revista Time, quem tem a missão de levar conforto é rede de hotéis. Deixe o conforto a cargo das suítes do Hilton e da Accor, ou às classes executivas das companhias aéreas. A Igreja leva é a Verdade, e esta pode ser a coisa mais desconfortante do mundo. É verdade que a mensagem de Cristo é mesmo um conforto contra a tirania de Satanás e do pecado, mas a missão da Igreja não é dar conforto, o conforto é consequência do julgo suave de Cristo contra as algemas pesadas da tirania do pecado.

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Fonte:

Frei Clemente Rojão. "O Prêmio Certo pelo Motivo Errado, blog Frei Clemente Rojão", disponível em
http://freirojao.blogspot.com.br/2013/12/o-premio-certo-pelo-motivo-errado.html
Acesso 12/12/013
vozdaigreja.blogspot.com

O espiritismo, o cristianismo e as muitas doutrinas - conclusão


** Leia antes a primeira parte deste post

RECEBEMOS, de mais um leitor espírita inconformado com a publicação de nossa postagem puramente informativa sobre Chico Xavier, uma mensagem que publicamos em duas partes, por ser longa, com diversos questionamentos cuja elucidação poderá ser do interesse público. Segue abaixo a segunda e conclusiva parte, seguida de nossas respostas (não estamos autorizados a divulgar o nome do leitor):
"Então amigo, não julgue e sim faça sua parte...Estude sim mas faça sua parte, não seja um fanático, e sim um exemplo do bem e para o bem...

Não sou tão bom em palavras ou na língua portuguesa mas busco meu humilde conhecimento para aprender com os bons homens deste mundo, com suas escrituras, obras, com o bem, pois todos colocam lições boas em nossas vidas. O equivoco, o erro, as falhas humanas esqueço e busco tirar o que estes colocaram de bom como ensinamento e exemplo...

Entenda o que Deus nos colocou, entenda a missão de Jesus neste mundo, se não entender quando Jesus vier vamos novamente matá-lo por nosso julgamento ignóbil, por nossa curta visão, por nosso fanatismo e por nossa falta de absorver o bem. Em tudo podemos tirar o bem, basta mudarmos nossa visão de doutores da lei, donos da verdade e donos do certo...o que é certo neste mundo, quem garante que esta ou aquela religião é verdadeira, quem garante que tais escrituras foram as relíquias de Deus e de Jesus...

Que Deus lhe ilumine, e busque aprender, tire o melhor de cada religião, por que nem Deus nem Jesus disse esta é a religião ou escritura verdadeira, mas disse sim: Ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Se entender isto não mais julgarás, não mais condenará seu irmão, não vai querer ser o certo e sim irá buscar aprender com tudo e com todos... Em tudo podemos tirar o bem...

O mais importante é o que você tem feito para o bem seu, de seu semelhante, quantas horas você esta guardando para o auxílio ao próximo, para visitar o enfermo, o preso, o desabrigado, os necessitados, o que tem feito de bem, como trato seus entes querido, como tem tratado seu próximo."

NOSSA RESPOSTA

Prezado leitor espírita,

Continuo reproduzindo o seu texto, destacando-o, e respondendo parte por parte, para que você compreenda bem o que estou dizendo:


"Então amigo, não julgue e sim faça sua parte... Estude sim mas faça sua parte, não seja um fanático, e sim um exemplo do bem e para o bem..."

Como já expliquei na primeira parte desta resposta, emitir opinião a respeito de um assunto que se conheça bem, apresentando fatos biográficos e acompanhados das devidas fontes, não é "julgamento". Se apresentar o erro, o engano e/ou o dolo fosse "julgar", então Jesus teria julgado os fariseus, chamando-os de "hipócritas", "raça de víboras", "sepulcros podres", etc (conf. Mt 12, 34; 23, 13-15; 23,27 e outros).

O curioso é que, ao mesmo tempo em que me diz para não julgar, você me julga. Para defender Chico Xavier, você julga quem escreveu o artigo. Você não admite que “julguem” o ídolo, o grande mito que não pode ser questionado, mas você julga quem apresenta os fatos comprometedores da vida dele!

Você não me conhece, eu que sou o principal autor daquele artigo, então como pode saber se estou ou não "fazendo a minha parte"? Se você me manda fazer a minha parte, fica subentendido que eu não estou fazendo, e você sem me conhecer e sem saber o que eu faço forma um juízo arbitrário a meu respeito. Isto é julgamento!

O que eu faço e também o que deixo de fazer é bem conhecido por Deus, que (Ele sim) me julgará no tempo oportuno. Tento fazer o melhor que posso, mas por certo sou falho. Especificamente neste blog, o que estou tentando fazer é cumprir a minha obrigação enquanto cristão, teólogo e diretor de um apostolado cristão, buscando esclarecer a verdade dos fatos a quem a procura.

Tenho muitíssimos defeitos, mas sou, sim, "fanático" pela verdade, pela vida e pelo amor. Tudo isso encontro em Deus e não em mitos fabricados.


"Não sou tão bom em palavras ou na língua portuguesa mas busco meu humilde conhecimento para aprender com os bons homens deste mundo, com suas escrituras, obras, com o bem, pois todos colocam lições boas em nossas vidas."

Até nisso você se equivocou. Você é bom, sim, sua escrita está acima da média. Agora, concordo que deve continuar buscando, de preferência ajustando o foco. Em vez de doutrinas bonitas, confortadoras, agradáveis, busque a Verdade.


"O equivoco, o erro, as falhas humanas esqueço e busco tirar o que estes colocaram de bom como ensinamento e exemplo..."

Seguindo esse mesmo raciocínio, eu poderia tirar o bem de qualquer pessoa. Eu poderia me tornar um seguidor, por exemplo, de Adolf Hitler, sem problemas. Afinal, nós não devemos olhar os erros, as falhas... Hitler tinha inúmeras qualidades, seja como comunicador, líder, orador. Gostava de crianças e de animais, era amante das artes... O (enorme) problema é que suas falhas eram gravíssimas, então eu quero distância da filosofia nazista. - O pastor maluco Jim Jones também falava manso, tinha doces ensinamentos, suaves palavras... Tanto que levou mais de quatrocentas pessoas ao suicídio, só com a sua boa lábia.

Sim, os erros dos homens são fundamentais para sabermos se eles são dignos de nossa atenção e confiança. Se eu olhar só o lado bom de todo mundo, dando crédito a todos, terminarei caindo num abismo bem profundo.


"Entenda o que Deus nos colocou, entenda a missão de Jesus neste mundo, se não entender quando Jesus vier vamos novamente matá-lo por nosso julgamento ignóbil, por nossa curta visão, por nosso fanatismo e por nossa falta de absorver o bem."

O que eu já disse, repito: de que Jesus você está falando? A Mensagem do cristianismo vai infinitamente além das regras morais e da caridade ao próximo. O espiritismo procura observar as regras morais do cristianismo sem observar a sua essência, a sua espiritualidade mais profunda, o seu sentido último. As boas obras são reflexos da fé, consequências dela, e não o contrário. O cristão mostra a sua fé pelas suas boas obras, e não atinge a fé praticando boas obras.


"Em tudo podemos tirar o bem, basta mudarmos nossa visão de doutores da lei, donos da verdade e donos do certo...o que é certo neste mundo, quem garante que esta ou aquela religião é verdadeira, quem garante que tais escrituras foram as relíquias de Deus e de Jesus..."

Deus nos deu a consciência do bem e do mal, do certo e do errado, essa grande preciosidade que nos torna humanos. Devo jogá-la fora, para que as pessoas não pensem que eu me acho "dono da verdade"? Devo deixar de corrigir ou orientar o meu próximo, tirando-o do engano para conduzi-lo ao bom caminho, sempre que puder? Bem, eu lhe informo quem me garante que o cristianismo é a religião verdadeira: o próprio Jesus Cristo, que é Deus encarnado.

Claro, somos todos livres para crer nEle ou não. Eu fiz a minha opção e aderi ao Evangelho (insisto, não estou falando da caricatura do 'evangelho segundo o espiritismo', e sim do Evangelho de verdade, que a Igreja preserva há dois milênios e  que eu posso lhe apresentar, se você quiser).


"Que Deus lhe ilumine, e busque aprender..."

Obrigado pelos votos de benção. Quanto a buscar aprender, tenho feito isso a minha vida inteira, desde a minha infância, e Deus me deu muitas respostas, inclusive com milagres e experiências profundíssimas que mudaram a minha vida para sempre. Mesmo assim, sei que sou e sei nada, e continuarei buscando. Devolvo-lhe o mesmo conselho.


"...tire o melhor de cada religião..."

Como diz Jesus, quem encontra o Tesouro da Verdade deve vender tudo o que tem para comprar esse único Tesouro. Tudo de positivo que cada religião possa ter encontra-se no cristianismo em sua forma plena e mais perfeita. Quem lhe diz isso é alguém que já passou por muitas religiões, que já foi espírita (sim), praticou yoga devocional, quis ser monge budista e etc. Só no cristianismo autêntico, que se encontra na única Igreja instituída por Jesus, encontrei mais que o "melhor": encontrei a perfeita doutrina que leva a Deus.


"...por que nem Deus nem Jesus disse esta é a religião ou escritura verdadeira, mas disse sim: Ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Se entender isto não mais julgarás, não mais condenará seu irmão, não vai querer ser o certo e sim irá buscar aprender com tudo e com todos... Em tudo podemos tirar o bem..."

Pela terceira vez, fico me perguntando de que Jesus e de que deus você estaria falando. O Jesus que eu conheço diz: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim." (João 14,6).

Mais: como eu poderia cumprir o Primeiro Mandamento, - amar a Deus sobre todas as coisas, - sem conhecer Deus?? Primeiro é preciso conhecer Deus, chegar-se a Ele, integrar o seu Corpo Místico (que é a Igreja, como dizem os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos), e então será possível amá-lo sobre todas as coisas, para poder amar também ao meu próximo como a mim mesmo.

Sei que por falar a verdade sem rodeios (assim como fazia São Francisco de Assis, que você citou), por não tentar ser "politicamente correto", você acha que eu não tenho amor pelas pessoas, mas a realidade é exatamente o contrário. Por muito amar é que muito tento resgatar almas. - Meus pais eram severos, tinha às vezes palavras duras, e tudo era reflexo do seu grande amor. Na grande História da humanidade, narrada na Bíblia, Deus foi muitas vezes duro, mas também a dureza era reflexo do seu profundíssimo Amor, Ele que chegou ao ponto de oferecer a vida de seu Filho unigênito pelo nosso bem.


"O mais importante é o que você tem feito para o bem seu, de seu semelhante, quantas horas você esta guardando para o auxílio ao próximo, para visitar o enfermo, o preso, o desabrigado, os necessitados, o que tem feito de bem, como trato seus entes querido, como tem tratado seu próximo."

Essas coisas devem ficar entre nós e Deus, como diz o SENHOR: "Que a tua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita", e não fazer como os falsos fariseus, que mandavam tocar trombetas diante de si quando distribuíam esmolas, para serem admirados. Aí está algo que a Igreja Católica cumpre fielmente, porque se fizesse propaganda de todas as suas muitíssimas obras de caridade e de toda a assistência social que promove e sustenta, não seria tão injustamente criticada.

Aqui, porém, finalizando essa longa conversa, preciso perguntar: existirá uma só maneira de se fazer o bem? Oferecer um prato de comida, um agasalho para um pobre é fazer o bem, sem dúvida. E salvar a sua alma imortal, não é fazer um bem ainda maior? O que é mais importante? Certamente, para quem acredita em reencarnação, a saúde da alma não é coisa tão urgente, porque afinal teremos infinitas oportunidades para renascer e recomeçar tudo de novo, sem lembrar do mal feito em outras vidas...

Encerrando, deixo eu uma pergunta: como seria possível responder hoje por atos cometidos em outras vidas, os quais nem sabemos quais são, já que não nos lembramos deles? Seria possível "evoluir" dessa maneira?

Se você vai à escola e tem uma aula sobre determinada matéria, mas depois esquece de tudo o que viu e ouviu, o aprendizado obviamente volta à estaca zero, simplesmente porque a aprendizagem é um processo cumulativo. Nenhum ser humano nunca poderia evoluir se continuasse perdendo sua memória de uma aula para a outra, porque o aprender é como somar: todo dia você vai acrescentando conhecimento e experiência, até chegar no ponto desejado. O total é o que você aprende, é o seu grau de evolução, seja intelectual, intuitiva ou moral. Sem memória ativa não pode haver aprendizado.

Da mesma maneira seria num longo processo de reencarnações: eu aprendo uma coisa numa vida, mas ao reencarnar, esqueço tudo o que aprendi. Como evoluir dessa maneira? A lógica mais elementar demonstra a incoerência e impossibilidade dessa tese pagã absurda plagiada por Allan Kardec do hinduísmo.

Finalizo com um link que vai levá-lo a alguns posts que, creio, poderão ajudá-lo nos seus estudos, já que você se apresenta como muito humilde e disposto a aprender (num deles, mostro como Allan Kardec, o pai do espiritismo 'que não julga ninguém' chama a Igreja Católica de mentirosa, criminosa, plagiadora, etc., numa série de graves calúnias que demonstram o seu verdadeiro caráter):



* * *

Prezado leitor espírita, fique claro que apesar de todas as diferenças e dificuldades, meu desejo mais sincero é o seu bem, sua redenção e seu encontro com o Cristo Salvador. Conte com minhas orações. Um abraço fraterno, e que a Luz do SENHOR brilhe sobre a sua vida.
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O espiritismo, o cristianismo e as muitas doutrinas


RECEBEMOS, de mais um leitor espírita inconformado com a publicação de nossa postagem puramente informativa sobre Chico Xavier, uma mensagem que publicaremos em partes, por ser longa, com diversos questionamentos cuja elucidação poderá ser do interesse público. Segue abaixo a primeira parte, seguida de nossas respostas (não estamos autorizados a divulgar o nome do leitor):

"Ao Navegar pela internet me deparei com assuntos religiosos e criticas ao médium Chico Xavier. Observei bem sua escrita, é de profissional, de alguém letrado, com certeza, porém, observe o vosso julgar....

Eu busco conhecer tudo sobre religiões e ensinamentos que estas nos colocam.... Cada religião tem alguns pontos bons e outros não tanto... Enfim amigo, qual é a religião certa...qual é o correto, vejo que é um critico Católico e não observa os pontos bons e os exemplos que cada religião traz ao ser humano.

Jesus foi morto justamente por pessoas como vós...julgaram-no e condenaram-no sem observar o que ele trazia de bom. Olhe as obras e os ensinamentos que pregava Jesus, e aqueles que estão buscando seguir seus exemplos....

Chico, Madre Tereza, Buda, Dalai Lama, Gandhi, Martin Luther King, Mandela, Francisco de Assis, Néfi (Mórmon), O Profeta Mohamed, e outros diversos homens que buscaram na fé em Deus levar um pouco de fé, caridade, humanismo aos homens, levar ensinamento, honra, caráter, dignidade, respeito, auxílio e amor..."

NOSSA RESPOSTA

Prezado leitor espírita,

Sinto, mas preciso adverti-lo: o seu comentário está equivocado desde a primeira até a última linha. Vou replicar o seu texto, destacando-o, e responder parte por parte, para que você compreenda bem o que estou dizendo:


Você diz: "Ao Navegar pela internet me deparei com assuntos religiosos e criticas ao médium Chico Xavier.".

Logo de cara, aí estão dois equívocos numa só sentença. Primeiro, o post a que você está se referindo não tem nenhuma "crítica" ao Chico Xavier. O texto simplesmente apresenta uma relação de fatos comprovados a respeito do homem. - Observe bem que estamos falando da pessoa real, do homem que realmente existiu, e não do mito.

Em segundo lugar, quando você diz "o médium Chico Xavier", coloca como fatos, implicitamente, duas coisas: primeiro, que seja uma realidade indiscutível essa suposta faculdade de comunicação com espíritos que chama de "mediunidade". Segundo, que o homem em questão tenha sido comprovadamente um possuidor dessa capacidade. A verdade é que nenhuma dessas duas afirmações foi jamais comprovada: são elementos do seu universo de crenças, coisas que você assume como fatos, mas que não são. Ponto.

Segundo a minha fé, mediunidade não existe, e segundo o bom senso mais elementar e as fartas provas e evidências que apresentamos, Chico Xavier foi um doente mental e charlatão, - que não buscava dinheiro, mas atenção, carinho e notoriedade, por razões bastante complexas (Chico Xavier colecionou traumas desde a infância; perdeu sua mãe muito cedo e foi criado por uma madrinha completamente desequilibrada que o torturava, entre outras coisas espetando-o com garfos e obrigando-o a lamber feridas de seu meio-irmão. Já nessa época, chamava a atenção pelas redações que fazia na escola, mas foi advertido por uma professora por suspeita de plágio!).

Portanto, eu me recuso a dialogar neste nível, assumindo o título "o médium Chico Xavier". Comecemos por aí.


"Observei bem sua escrita, é de profissional, de alguém letrado, com certeza, porém, observe o vosso julgar...."

Sim, sou um profissional da escrita e estudo a Filosofia, a Teologia e a ciência das religiões já há mais de três décadas. Por isso mesmo eu sei que emitir opinião a respeito de um assunto que eu conheço bem não é "julgamento". Compreende isso? Se apresentar o erro, o engano e/ou o dolo é "julgar", então Jesus julgou os fariseus, chamando-os de "hipócritas", "raça de víboras", "sepulcros podres", etc (como vemos no Evangelho segundo Mateus 12, 34; 23, 13-15; 23,27 e outros).

Tudo que meu texto faz é citar alguns fatos pouco conhecidos (porque pouco divulgados), sobre a vida de um homem que se tornou mito na imaginação de muita gente. E tudo acompanhado das devidas fontes, referências bibliográficas e até fotos. Ou será que as fotografias que mostram Chico Xavier participando de farsas comprovadas e grosseiras também "julgam"?


"Eu busco conhecer tudo sobre religiões e ensinamentos que estas nos colocam...."

Se é assim, com muita humildade eu lhe digo: parece-me que a sua perspectiva das coisas está distorcida. "Religião" vem do latim religare e significa religação com o Divino. Logo, mais importante do que os "ensinamentos" que esta ou aquela linha religiosa nos colocam é que ela seja compatível com a verdade, pois Deus é Verdade. Quem não se importa com a verdade ou considera-a como coisa secundária, de menos importância, jamais encontrará Deus. Este é o caso dos espíritas, que creem que mais importante do que a fé e a doutrina é a conduta moral do indivíduo.

De nada adianta eu lhe apresentar uma filosofia belíssima, recheada de histórias emocionantes, que reconforte a sua alma, que dê tranquilidade à sua consciência, que lhe dê respostas prontas para todas as suas perguntas. O que importa, na busca por Deus, é encontrar a verdade, e a verdade é uma só, - ela não se adequa aos desejos ou às fantasias dos homens.

Vou dar um exemplo bem simples: eu estou agora vestindo uma camisa branca. Esta é a verdade. Mesmo se um milhão de pessoas disserem que a minha camisa é preta, - e mesmo se isso fizer com que todas elas "se sintam bem", e ainda que insistam nisso com toda a veemência... - Ainda assim, minha camisa continuará sendo branca. A verdade não muda, não se dobra, não é relativa. A verdade é o que é. Entende isto? Do mesmo modo é Deus, e é dessa maneira que Ele mesmo se apresenta nas Sagradas Escrituras: "EHYEH ASHER EHYEH" ('EU SOU O QUE EU SOU').

Sendo assim, não importam os ensinamentos das muitas religiões, tudo o que importa realmente é conhecer a verdade, porque só ela pode nos libertar das trevas da ignorância, da superstição, dos sofrimentos inúteis...


"Cada religião tem alguns pontos bons e outros não tanto... Enfim amigo, qual é a religião certa... qual é o correto, vejo que é um critico Católico e não observa os pontos bons e os exemplos que cada religião traz ao ser humano."

Eu vou lhe responder direta e objetivamente qual é a religião certa, mas antes permita-me esclarecer que a religião verdadeira não tem "pontos ruins", nem pode ter. O que existem são pessoas boas e pessoas ruins, e/ou pessoas que cometem erros, em todos os lugares, em todos os setores da sociedade, em todas as religiões.

A Igreja, no começo, era formada por apenas doze homens, e mesmo assim, desses doze, um traiu Jesus por dinheiro e outro o negou por três vezes(!). Do mesmo modo, hoje temos padres incompetentes, e outros até criminosos, como os pedófilos, e até mesmo bispos que os encobrem. Mas veja que, assim como Judas não representa Jesus, simplesmente porque o traiu, porque não fez o que o SENHOR ensinou, também os padres falhos e criminosos não representam a Igreja, porque são seus traidores.

A religião católica, segundo a minha fé, é a verdadeira religião de Cristo. É o caminho para a Salvação, é o Corpo Místico de Cristo, é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade (são todos títulos dados por São Paulo Apóstolo). Logo, ela não pode conter "pontos" que não sejam bons. As coisas aparentemente ruins que ocorrem em ambientes católicos são provocadas por erros de homens que não seguem a verdadeira doutrina católica, por má compreensão, por interpretações falhas ou, simplesmente por pura má intenção, mesmo. Leia o Catecismo da Igreja Cetólica, por exemplo, e veja se consegue encontrar ali algo de ruim. Os problemas ocorrem quando os filhos da Igreja se desviam do Caminho que ela aponta, que é o próprio Cristo.

Quanto às falsas religiões, seus "pontos bons", como você diz, não compensam. Pense bem: se a doutrina católica é verdadeira, e não existe reencarnação, uma religião que ensina a reencarnação não pode ser boa, porque está pregando uma mentira fundamental, e mesmo que ela promova algum gesto de bondade, esse bem menor não compensa o fato de estar pregando uma mentira que pode levá-lo a perder a sua alma, pois só se vive uma vez neste mundo, e depois você viverá numa eternidade de plena felicidade ou de pleno sofrimento.

Do mesmo modo, se existe a reencarnação, uma religião que diga que a reencarnação não existe está negando a verdade, - e só a verdade liberta. - Logo, essa religião que nega a verdade não poderia ser boa.

Então, suponha por um minuto que a Igreja Católica esteja certa, que Jesus seja Deus e Salvador, que veio ao mundo para nos libertar da morte e trazer a vida eterna por meio do seu Sacrifício Redentor. Mais ainda, suponha que seja verdade que Satanás, inimigo de Deus e dos homens, tenta desviar a humanidade desse Caminho da Salvação, dando origem a todo tipo de falsa doutrina que leva à perdição. Se for assim, então o espiritismo só pode ser uma religião má, um caminho de engano, de treva, porque nega todas as verdades fundamentais defendidas por Cristo e pela sua Igreja.

Não adianta nada pregar a caridade, não adianta distribuir alimentos para os pobres, promover o bem social, etc... se a alma está sendo desviada para o inferno! - Esta vida passa (e como passa rápido!), mas a nossa alma viverá para sempre. Não adianta nada dar um pão a quem tem fome e fazer perder a alma, desviando-a do Caminho da Verdade. Então, os supostos "pontos bons" de uma religião falsa não compensam o risco de se perder a alma.

** Respondendo, por fim, à sua pergunta, diretamente e com toda a objetividade: a religião certa é a que dá testemunho da Verdade. Se eu encontro a Verdade, preciso aderir a ela, me agarrar a ela com unhas e dentes, e deixar todas as ilusões para trás. Jesus fala, numa parábola, de um homem que encontra um grande tesouro enterrado num determinado terreno. Então ele vai e vende tudo o que tem para comprar o terreno, e toma posse do tesouro. Há um sentido espiritual muitíssimo profundo nessa parábola: quem encontra a Verdade, que é o maior de todos os tesouros, pois conduz à vida eterna, deve se desfazer de tudo o que tem, deve se livrar de tudo, de todas as suas ilusões, mesmo aquelas que lhe são caras, que são confortáveis, e ficar somente com a Verdade. Todo o resto é perda de tempo.


"Jesus foi morto justamente por pessoas como vós... julgaram-no e condenaram-no sem observar o que ele trazia de bom. Olhe as obras e os ensinamentos que pregava Jesus, e aqueles que estão buscando seguir seus exemplos.... Chico, Madre Tereza, Buda, Dalai Lama, Gandhi, Martin Luther King, Mandela, Francisco de Assis, Néfi (Mórmon), O Profeta Mohamed, e outros diversos homens que buscaram na fé em Deus levar um pouco de fé, caridade, humanismo aos homens, levar ensinamento, honra, caráter, dignidade, respeito, auxílio e amor..."

Com toda a honestidade, eu não sei de que Jesus você está falando. O Jesus Cristo que chegou até nós pelo testemunho dos Apóstolos pregou a ressurreição, instituiu a Igreja, a Eucaristia, o Batismo no Espírito Santo, assumiu-se como o Cristo, declarou que resgataria a humanidade pelo seu Sacrifício na cruz. Foi isso e muito mais o que ele trouxe, e tudo isso é negado pelo espiritismo. Foi exatamente por negarem todas essas coisas, - em especial a sua divindade, - que agiram aqueles que o condenaram.

"Observar o que Jesus trouxe de bom", você diz. Puxa, se você soubesse o que é a experiência de participar da Sagrada Comunhão no Corpo e Sangue, Alma e Divindade do Cristo, Deus e SENHOR nosso... Se você soubesse o quanto isso é transformador, curativo, arrebatador! Se você pudesse compreender o que é ser verdadeiramente acolhido e libertado por Ele!.. Perdoe-me, mas preciso ser honesto: você não tem a menor ideia do que Jesus trouxe de bom. Atenção: estou falando do Jesus real, e não da caricatura pintada no "evangelho segundo o espiritismo".

Os espíritas imaginam que o maior bem que Jesus fez foi ajudar os pobres, praticar a caridade, pregar o amor fraterno... Mas Buda também fez a mesma coisa, e todos esses que você citou, além de Zaratustra, Confúcio, Ramana, Mahavira, etc, etc... Todos eles falaram bonito, trouxeram belas doutrinas, arrebanharam seguidores. Mas não é nada disso que faz de Jesus o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Jesus é completamente diferente, porque segui-lo é muito mais do que seguir uma doutrina. Segui-lo é incorporar sua Pessoa. O cristianismo não é seguir uma doutrina, é seguir uma Pessoa. Mais do que seguir, o objetivo é "tornar-se um" com essa Pessoa, e essa Pessoa é o próprio Deus.

Destituir o cristianismo de sua essência mística para ficar só com suas regras morais é jogar fora sua própria alma para ficar com uma casca oca.

E dentro desse contexto, é muito curioso vê-lo citar Madre Teresa e São Francisco, porque eles acreditavam exatamente no mesmo que eu creio e que acabei de descrever. Permita-me apresentar-lhe o verdadeiro São Francisco (não aquele personagem açucarado que tantas vezes vemos em filmes e historinhas). Escreveu ele: "Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar conformes à tua santíssima Vontade, porque a morte segunda (no Dia do Juízo) não lhes fará mal!"

Você coloca lado a lado São Francisco e Maomé, como exemplos de "respeito e auxílio". Bem, assim eu vejo que você não estudou a vida Maomé, por isso não sabe que ele promoveu guerras e reprimia com extrema violência qualquer opositor. E também vejo que você não conhece Francisco de Assis, portanto não sabe como ele foi até os muçulmanos para tentar convertê-los ou morrer mártir. Francisco foi até as tropas maometanas cantando os versículos do Salmo 22: “Mesmo que esteja entre as sombras da morte, nada temerei, Senhor, porque Tu estás comigo”.

Já os falsos pacifistas de hoje, contrários ao debate honesto de ideias e às polêmicas, preferindo ignorar o mal para "ficar de bem" com todo mundo, dizem inspirar-se no exemplo de São Francisco. - Suprema contradição, irenismo em nome de São Francisco! - Se fossem mesmo inspirados pelo seu exemplo, iriam até os inimigos de Cristo, e, como São Francisco, pregariam a eles a religião verdadeira com destemor, mostrando os erros das falsas doutrinas, assim como o grande santo denunciou Maomé diante dos maometanos.

Sobre Teresa de Calcutá, me faz lembrar de um episódio emblemático de sua vida, que me foi contado por um missionário: um empresário muito rico, mesmo sendo ateu, em viagem à Índia fez questão de ir conhecer Madre Teresa, pois tinha admiração pela sua obra. Chegando à casa das missionárias, encontrou-a suja e maltrapilha, trabalhando em meio a um mar de crianças miseráveis, muitas doentes, num quadro desolador. Viu aquela velha e frágil senhora, que poderia estar descansando e aproveitando tranquilamente seus últimos anos de vida, sacrificando-se, literalmente, pelo bem do próximo. Comovido, aproximou-se dela e declarou sua admiração. Madre Teresa foi gentil, mas não deixou de fazer o seu trabalho, alimentando uma pobre criança que não podia comer sozinha. Os dois conversaram por alguns minutos, até que e o rico empresário, notando o grande crucifixo que ela trazia pendurado ao pescoço, comentou: “Admiro muito o seu trabalho e o seu exemplo, mesmo não acreditando neste símbolo que a senhora usa”.

Ouvindo isso, Madre Teresa respondeu: “Meu filho, eu não sou nada comparada ao que esse símbolo representa. Tudo que eu faço, todas as coisas pelas quais você me admira, é tudo naquEle que está representado neste símbolo. Se não fosse pela minha fé e amor a Cristo Crucificado e Ressuscitado, você nem saberia que eu existo! Na verdade, não sou eu que faço, é Ele Quem faz em mim!”.

Então, o testemunho de todos os santos vai infinitamente além de uma mensagem de paz e tolerância. Pelo contrário, nenhum deles deixou de lutar pela verdade, quando foi preciso. E a verdade nem sempre é agradável.

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Blood Money, o filme



VOCÊ certamente não viu o anúncio desse filme num comercial de TV, muito menos num anúncio de jornal. Ainda mais lamentável, você não conseguirá assisti-lo numa sala de cinema, pois o lobby abortista, como todos sabemos, é fortíssimo e conta com apoio governamental. É que a produção trata sobre um assunto nada "politicamente correto" para os dias de hoje: o aborto.

"Blood Money"
, produção norte-americana dirigida por David Kyle e apresentada pela ativista do movimento negro dos EUA Alveda King (sobrinha de Martin Luther King Jr.), denuncia a máquina de lucros em que se transformou a indústria abortista nos Estados Unidos, desde que a infame lei Roe vs. Wade foi aprovada. O documentário chegou às salas de cinema de todo o Brasil no dia 15 de novembro de 2013, mas devido ao silêncio praticamente completo da mídia, passou praticamente em branco.

Apesar de tudo, "Blood Money" é mais uma vitória contra a cultura da morte. O mercado negro do aborto vem perdendo fôlego mundo afora, e agora muito mais, graças ao empenho do movimento pró-vida. Como registrado aqui, os Estados Unidos assistiram, no início deste ano, à maior Marcha pela vida da história daquele país. 650 mil pessoas, na sua maioria jovens, reuniram-se na frente da Corte Suprema americana, a apenas poucos dias da posse de Obama - paladino dos abortistas -, para dizer um rotundo "não" à ideologia do aborto. Na ocasião, o então Papa reinante, Bento XVI, expressou seus sentimentos pelo Twitter, dizendo: "Uno-me à distância a todos os que se manifestam pela vida, e rezo para que os políticos protejam ao não-nascido e promovam a cultura da vida".

E por que perde a causa abortista? Porque mente! A cultura da morte é mentirosa desde o princípio. Mente quando nega ao nascituro o direito inalienável à vida, rebaixando-o ao nível de um sub-humano ou célula cancerígena. Mente quando manipula os números de casos de aborto, criando a impressão de que se trata de um "caso de saúde pública". E mente quando ensina à mulher que ela será livre matando seu bebê. É óbvio que uma farsa dessa proporção, mais cedo ou mais tarde, tem de cair. O objetivo da campanha pró-aborto não é só um atentado contra a vida inocente, é um atentado contra toda a humanidade. Uma sociedade que começa matando seus filhos termina matando a si mesma.

Por mais que se façam malabarismos para distorcer o sentido da palavra, o fato é que aborto se trata, sim, de um assassinato, e o assassinato de um ser humano completamente inocente e  indefeso. Este é um fato inegável. Com efeito, o silêncio da mídia, ou então a sua propaganda descarada a favor dessa ideologia, traduzem claramente a cegueira e a desonestidade que imperam nas redações jornalísticas. Historicamente, as grandes ditaduras do último século contaram com o expresso apoio dos jornais, ora sacralizando seus líderes, ora fechando os olhos para seus crimes. O caso agora em debate, ou seja, o aborto, ajuda a ilustrar que o perigo das ideologias ainda não é um assunto superado, muito pelo contrário.

Num momento em que se instala no ordenamento jurídico brasileiro um vírus de "Cavalo de Troia", - a lei 12.845, que abre uma verdadeira auto-estrada para o aborto no Brasil, - é tarefa de todos lembrar àquelas pessoas de Brasília que estão lá para nos servir, não para ditar regras contrárias à dignidade do ser humano. É uma questão de consciência, muito mais do que de religião.

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** Adaptado do artigo "Blood Money - Aborto legalizado chega aos cinemas do Brasil", produzido pela equipe Christo Nihil Praeponere (site Padre Paulo Ricardo), com informações do site Deus lo vult e do Blog da Vida, disponível em
http://padrepauloricardo.org/blog/blood-money-aborto-legalizado-chega-aos-cinemas-do-brasil
Acesso 9/12/013
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Segundo Domingo do Advento - Solenidade da Imaculada Conceição


A DOUTRINA da Imaculada Conceição, cuja memória litúrgica celebra-se neste segundo domingo do Advento, sempre foi uma realidade muito constante nos escritos dos santos. Desde os primeiros séculos, a cristandade já recordava a Virgem Maria como aquela que fora preservada de toda mancha do pecado - a Tota Pulchra, como canta a antífona própria desta festa. Ao contrário de Eva, a também virgem imaculada que respondeu à visita do anjo decaído com seu não a Deus, Maria é a virgem imaculada que, recebendo em sua casa a presença de São Gabriel, respondeu com o seu sim: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra" (S. Lc 1,38).

E foi nesta firme convicção, "depois de na humildade e no jejum dirigirmos sem interrupção as nossas preces particulares e as públicas da Igreja a Deus Pai", que o Papa Pio IX, num dos atos mais solenes de seu pontificado, declarou "a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular Graça e privilégio de Deus onipotente (...) foi preservada imune de toda mancha de pecado original". Não por acaso, pouco tempo depois desta proclamação, em 1858, Nossa Senhora apareceria a uma jovem camponesa de Lourdes, na França, apresentando-se como a "Imaculada Conceição".

Antes da definição de Pio IX, no entanto, existiam algumas controvérsias teológicas quanto a esse ensinamento. Embora fosse de grande consenso a doutrina segundo a qual Maria nascera sem pecado - estando essa verdade presente não só na fé popular como também nos textos litúrgicos, - muitos teólogos viam com dificuldade a proposição, sobretudo porque não conseguiam entender de que modo isso poderia se relacionar com a redenção operada por Cristo no Mistério da Paixão. Afinal, sendo Maria imaculada, teria ela necessitado da salvação?

São ótimas perguntas, e essas dificuldades, infelizmente, acabaram suscitando algumas heresias já na época de Santo Tomás de Aquino. Para certos teólogos, Maria não teria sido redimida por Cristo, o que é uma clara heresia. O debate, com efeito, fez com que o Doutor Angélico reagisse em sua Suma Teológica, negando a doutrina da imaculada conceição. Foi somente no final de sua vida, no seu Comentário da Saudação Angélica (ou seja, da Ave-Maria), que Santo Tomás voltou atrás e aceitou essa verdade de fé.

A confusão teológica, contudo, ainda perdurou por algum tempo, até que um frade franciscano, o bem-aventurado Duns Scoto, finalmente apresentasse uma explicação consistente. Scoto defendia que Maria havia sido salva já no ventre de Santa Ana, tendo em vista o Sangue de Cristo derramado na cruz. Uma vez que Deus não está preso ao tempo e ao espaço, Ele bem poderia utilizar os méritos da Paixão de Jesus antecipadamente, preservando Nossa Senhora das insídias diabólicas. Foi baseado nesta argumentação que o também bem-aventurado Papa Pio IX publicou a Bula Innefabillis Deus, pondo termo à controvérsia e definindo como dogma de fé a "Imaculada Conceição de Maria".

Na Innefabillis Deus, Pio IX usa duas passagens bíblicas para atestar a veracidade do dogma: Gênesis, capítulo 3: o chamado Proto-Evangelho que narra a "inimizade" entre a serpente e a Mulher; e Lucas, capítulo 1: Evangelho que relata a saudação angélica de São Gabriel: "Ave, Cheia de Graça, o Senhor é convosco".

Com esses dois textos, o Papa revela as evidências da santidade de Maria. Por ter sido agraciada desde o ventre de sua mãe, Maria é a inimiga por excelência do demônio; e sendo a "Cheia de Graça", à qual "grandes coisas fez Aquele que é poderoso", possui a mais perfeita amizade com Deus.


A Imagem de "Nossa Senhora Aparecida" é uma imagem de Nossa Senhora da Conceição (de características do barroco português), encontrada no rio Paraíba do Sul (Aparecida - SP), evidentemente sem o tradicional manto azul, que foi ofertado pela Princesa Isabel e que já se tornou parte integrante da imagem na imaginação de milhões de brasileiros. Sem a policromia original, devido ao tempo em que esteve mergulhada nas águas, sua cor de canela atual deve-se à longa exposição à fuligem das chamas das velas e dos candeeiros.

Nós, brasileiros, temos a grande graça de ter herdado de Portugal a devoção pela Imaculada Conceição de Maria. Embora muitas pessoas não saibam, a Imaculada Conceição é a Padroeira de Portugal. Isso porque foram naquelas terras que aconteceram as maiores batalhas em defesa da fé cristã e, sobretudo, em defesa da imaculada conceição. Numa época em que a península ibérica via-se ameaçada pelas investidas dos mouros, os cavaleiros cristãos fizeram um pacto de sangue, a fim de preservar a fé católica da região. E venceram com a ajuda e intercessão da Imaculada.

No Brasil, temos também como padroeira Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela, como "um exército em ordem de batalha", convida-nos também a empreender um combate contra a serpente maligna que assalta nossa dignidade, nossos filhos e nossa fé.

Rezemos a Ela, a Auxilium Christianorum, para que neste momento, em que duas leis perniciosas tramitam em nosso parlamento com o intuito de destruir a família brasileira, a cabeça da serpente seja esmagada e precipitada ao inferno junto com seus demônios.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

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Fonte:
Site Padre Paulo Ricardo, disponível em 
http://padrepauloricardo.org/episodios/imaculada-conceicao-de-maria
Acesso 07/12/013
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Mandela: o outro lado

Rodrigo Constantino
MORRE Nelson Mandela e muitos tiram da gaveta aquele obituário escrito há anos e quase mofado (ok, sei que estamos na era da informática, mas a ideia é clara). O homem era praticamente um santo, um grande estadista, uma unanimidade! Mas, tal como Nelson Rodrigues, tenho receio com unanimidades…

Quem quiser textos glorificando o homem, esse não é o local (tem muitos outros por aí). Quem quiser um texto maniqueísta demonizando o homem, tampouco esse é o local. Mandela era, afinal, humano, com defeitos e virtudes, um tanto ambíguo.

Para começo de conversa, não é possível elogiar o seu passado. Não foi preso do nada. O Congresso Nacional Africano (CNA) que ele ajudou a criar, foi, sim, um grupo com viés terrorista, como Thatcher acusou, e por isso ele foi parar na cadeia. Claro que tem o contexto do apartheid, mas é preciso cautela antes de aplaudir métodos injustos para combater injustiças.

Lênin combatia o regime condenável dos czares, Fidel combatia a ditadura condenável de Fulgêncio Batista, Robespierre combatia o regime condenável dos Bourbons, mas todos, quando venceram, trouxeram regimes ainda piores, mais sangrentos, mais opressores. Seria diferente se Mandela fosse vitorioso naquela época? Provavelmente não.

Seu grande valor, portanto, veio após a saída da prisão, quando resolveu deixar de lado o rancor e a amargura e lutar por um país mais unido (ainda que não tenha sido como romanceado em 'Invictus'). Ou seja, a maior virtude de Mandela foi ter evitado uma guerra civil. Mas vale notar que seus velhos amigos, mesmo o braço armado, não foram rechaçados ou afastados do poder.

Se a África do Sul evitou o derramamento de sangue em uma guerra contra os brancos, por um lado, não foi capaz de avançar muito rumo a um país mais civilizado com império das leis e respeito às liberdades individuais, por outro. O coletivismo racial, de ambos os lados (e isso inclui o CNA), ainda impede o foco liberal nos indivíduos.

Como colocou meu vizinho virtual Reinaldo Azevedo, será que negros não divergem de negros? Não é possível termos um negro e um branco concordando com algo importante ou mesmo essencial, e ambos discordando de outro negro ou outro branco? Claro que é! Mas tal realidade não faz parte ainda do cotidiano da África do Sul, e isso pode ser colocado na cota de fracassos de Mandela. Sem falar dos índices de violência no país, um dos mais altos do mundo.

Tradução: "Homem de Paz? Em 31 de janeiro de 1985, o Presidente de Estado da África do Sul, P. W. Botha, falando no Parlamento, ofereceu a Mandela sua liberdade, sob a condição de que ele teria que 'rejeitar incondicionalmente a violência como arma política'. Mandela rejeitou a oferta."

Outro aspecto negativo em sua biografia: Mandela nunca deixou de ser amigo, até próximo, dos piores ditadores do mundo. Mandela se dava bem com todo mundo! Mas opa, isso não é um pouco como o Zelig, de Woody Allen? Então é louvável ser camarada de gente como Fidel Castro, Qaddafi, Saddam Hussein e Yasser Arafat? Mandela foi amigo de todos eles.

Seus discursos públicos atacavam com freqüência os países ocidentais, mas nunca tinham coisas muito desagradáveis para dizer sobre as ditaduras comunistas. Em 1990, Mandela chegou a afirmar que Cuba se sobressaía perante os demais países por seu amor aos direitos humanos e liberdade. Pergunto ao leitor: pode alguém que considerava Cuba um exemplo de liberdade ser visto como “herói da liberdade”? Pois é…

Alguém que escreveu um texto chamado “Como ser um bom comunista” não pode merecer a minha estima. Reconheço as virtudes de Mandela, principalmente quando saiu da prisão e quis deixar para trás a visão de guerra total de “nós contra eles”. Tentou, dentro do possível, alinhar alguns interesses. Evitou uma guerra civil. Mas foi basicamente isso.

Não é o suficiente para tanta reverência, para tanto louvor, para tanta devoção. Não foi um demônio como Robert Mugabe, mas tampouco foi o santo que pintam por aí, agora que está morto.
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Fonte:
Coluna do Rodrigo Constantino (Veja), disponível em
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/historia/mandela-o-outro-lado/
Acesso 7/12/013
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Mandela: (diferenças entre) o homem e o mito


NO PORTAL "Brasil Escola" consta a seguinte descrição na biografia de Nelson Mandela: "Foi um dos mais importantes sujeitos políticos atuantes contra o processo de discriminação instaurado pelo apartheid". Parece que isso é tudo que a  mídia e o mundo secular geralmente sabem dizer sobre o ex-presidente da África do Sul. Morreu este "santo" fabricado, enaltecido pelos telejornais como um homem que teria dedicado toda a sua vida à paz, mas essa visão não condiz com o homem que no final dos anos 50 defendia acirradamente a luta armada a fim de conduzir África à via marxista. Muito menos condiz com o estrategista que liderou durante anos o Umkhonto we Sizwe, braço armado do ANC e parceiro do Partido Comunista da África do Sul.

Sim, goste-se ou não, aquele senhor sorridente, tão reverenciado por batalhões de pessoas que nunca estudaram a sua vida e que de fato nada sabem sobre ele, - este mesmo homem cuja morte é agora copiosamente pranteada na TV, - foi o responsável por numerosos atentados de tremenda violência, igual ou superior à da maioria dos grupos terroristas que aprendemos a temer neste século XXI. - Não deve também ser esquecida a afeição de Mandela por ditadores como Fidel Castro ou líbio Muammar Gaddafi, a quem sempre apoiou, nem os seus laços com o OLP e Yasser Arafat.

Os escândalos de corrupção o perseguiram até o fim de sua vida, assim como o inexplicável enriquecimento dos seus colegas de partidos. Quanto à África do Sul, se por um lado é verdade que a linha que separava brancos e negros foi atenuada, por outro lado é um fato inquestionável que a linha que separa a pobreza e a fome dos luxos dos oligarcas e dos funcionários do Partido agigantou-se como nunca sob a sua liderança.

A mídia secular não se cansa de elogiar os supostos grandes feitos de Mandela contra o segregacionismo, dando-lhe uma falsa aura de "messias" ao mesmo tempo em que tampa os olhos com uma grossa venda para não ver o seu passado de crimes. AO MESMO tempo que a maior parte do mundo se recusa a aceitar o que está acontecendo na predominantemente comunista África do Sul, a organização sem fins lucrativos com o nome de Genocide Watch declarou no mês passado que os preparativos para as atrocidades genocidas contra os camponeses sul-africanos brancos estavam já bem encaminhados, e que as fases iniciais do genocídio provavelmente já tinham começado. 


Olavo de Carvalho desabafa:
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Sobre a Perfeição Divina e as doenças genéticas

O leitor Basílio Fernandes enviou-nos algumas perguntas relacionadas às doenças genéticas, querendo saber como compatibilizar essa dura realidade com a fé que temos na Perfeição de Deus. Sendo Deus Perfeitíssimo, e se cremos que nós, seres humanos, fomos criados à sua Imagem e Semelhança, como explicar as doenças genéticas? Ele cita os casos de crianças que nascem com dois órgãos genitais, e, ao final de sua mensagem, acrescenta: "(...) Gostaria de saber se isso seria alguma mensagem/recado de Deus aos pais [de crianças com deformidades ou má-formações genéticas] pois creio que Deus faz tudo perfeito, mas, como explicar isso?"

A pergunta é realmente muito boa, Basílio, e tentaremos respondê-la satisfatoriamente. Segue...




ESSAS PERGUNTAS valem não só para as doenças genéticas mas também para toda e qualquer doença, no geral. Se formos só um pouco mais além, seguindo o mesmo raciocínio ou a mesma linha de questionamento, seria cabível perguntar: por que morremos? Se Deus nos criou à sua Imagem e Semelhança, e se Deus é perfeito e não falha nunca, como podem existir coisas como defeitos genéticos, doenças mentais, enfermidades crônicas e incuráveis...? E por que existe a morte, afinal?

No fundo, é a mesma e velha questão ancestral da chamada Teodiceia: se Deus é Bom e Todo-Poderoso, porque permite o mal? Já tratamos deste problema épico, numa postagem baseada numa belíssima obra do grande sacerdote Pe. Francisco Faus, que pode ser lida aqui. Neste post, falaremos especificamente do problema das doenças genéticas propriamente ditas.

Pois bem. Somos Imagem e Semelhança de Deus. Assim sendo, como podem existir seres humanos que padecem de problemas genéticos, isto é, que já nascem com graves defeitos de formação?

Através da Revelação Divina, somos capazes de conhecer realidades que jamais seríamos capazes de supor ou descobrir por nós mesmos. Pela Revelação, sabemos que Deus tinha um Plano, um Projeto para a humanidade, e este Projeto não incluía sofrimento, doença ou morte. Se olharmos para a natureza do homem é fácil perceber que somos seres especialíssimos: não encontramos nada nem remotamente semelhante ao ser humano, em toda a natureza. O cérebro humano, por exemplo é uma maravilha absolutamente incomparável.

E ainda mais maravilhoso é saber que a consciência humana não depende das capacidades cerebrais. Emblemático é o caso recente (2000), da menina Manuela Teixeira, que nasceu anencéfala, em Sobradinho (DF), e portadora de acrania (ausência de calota craniana). Mesmo assim, beijava e abraçava seus pais, gostava de tomar banho e vibrava de alegria ao tomar seu leite da tarde. Ao se aproximar da mãe, movia o rosto e abria a boca, mostrando os dentinhos, e inquietava-se ao ouvir a voz da mamãe. Manuela só morreu com três anos idade, contrariando todas as previsões dos médicos, no dia 14 de setembro de 20031. Apenas mais uma prova de que nossa consciência mais profunda não depende do cérebro, mas de algo que não pode ser medido nem analisado em laboratório.

Mas mesmo assim, apesar de toda a maravilha que é o ser humano, nós já nascemos “programados” para envelhecer, adoecer e morrer. Por que tem que ser assim? Parece cruel, e a ciência biológica e genética e a medicina, desde sempre, tentam reverter esse processo natural. De tempos em tempos, alguma publicação científica alardeia que homens de jaleco branco estariam próximos de descobrir e isolar o gene do envelhecimento, e que assim a humanidade caminharia aceleradamente rumo à imortalidade, ou quase isso.

Turritopsis Nutricula
Há não muito tempo, descobriu-se uma espécie de água viva, a Turritopsis Nutricula ou Turritopsis Dohrnii, que tem uma capacidade realmente assombrosa: esses espécimes simplesmente não padecem dos efeitos do envelhecimento, e simplesmente nunca morrem de velhos! São virtualmente imortais: estão livres dos processos biológicos (os quais não cabe tentar explicar aqui) que provocam a decadência celular e o envelhecimento. Além disso, são extremamente resistentes a ferimentos e agressões. A única maneira de ceifar a vida de um desses curiosíssimos animais é despedaçando-o. Cientistas acreditam que outras criaturas marinhas podem também compartilhar deste mesmo “dom da imortalidade”2. Algo que dá o que pensar...

Já o caso dos seres humanos é diferente: é como se nascêssemos para morrer. Nascemos, nos fortalecemos, crescemos, atingimos o ápice de nossas capacidades físicas e mentais em torno dos 30/40 anos de idade e então, a partir daí, passamos a perder vitalidade, um pouquinho mais a cada ano passa, até que... A "máquina" inacreditavelmente maravilhosa entra num definitivo processo de falência.

Do ponto de vista puramente biológico, a morte permanece um mistério, assim como é a existência das doenças para a sensibilidade humana. Inúmeras pessoas de fé ao redor do mundo sofrem com esse antigo dilema: se Deus é Bom e Todo-Poderoso, porque existem o mal e o sofrimento? Por que existem doenças? Entrando finalmente na questão trazida pelo nosso leitor, porque existem doenças genéticas?



O Pecado, a grande causa dos males do mundo

A morte entrou no mundo pelo pecado. Nós nascemos para a felicidade, para a saúde e para viver eternamente, e é por isso que não nos conformamos com as dores e sofrimentos, com as doenças e com a morte. Já os animais, que não possuem alma igual a dos seres humanos e não foram criados para a vida eterna (como vimos aqui), não têm consciência da própria finitude, e assim não sofrem com essas questões transcendentais. Os humanos são os únicos seres que sofrem com a própria finitude.

E da mesma maneira como a morte, também as doenças e todo tipo de desvio e imperfeição da natureza entraram no mundo pelo pecado. Nós não sabemos como seria a vida dos seres humanos sem o pecado. – Adão e Eva foram criados sem pecado, mas não resistiram à tentação do Inimigo. – A história da Queda do homem, nos primeiros capítulos do Livro do Gênesis, quer a interpretemos literalmente ou não, narra como os seres humanos, que foram criados inocentes, foram enganados. Houve um enganador, um embusteiro, um mentiroso, desde o princípio da nossa história: Satanás. E o homem pecou. Pecando, caiu, perdendo o Paraíso, a Intimidade com Deus e a vida eterna e plena que lhe havia sido preparada.

Quando o homem caiu na mentira de Satanás, o Pecado entrou no mundo. Interessante notar que São Paulo Apóstolo, na Carta aos Romanos, descreve esta realidade da seguinte maneira: Adão e Eva transgrediram; assim o Pecado entrou no mundo. Paulo usa palavras diferentes: uma para o pecado pessoal do ser humano, o pecado da desobediência e da transgressão; outra palavra para o Pecado que entrou no mundo. E que Pecado é esse que entrou no mundo? É Satanás, o inventor do Pecado.

Também é preciso notar que Jesus chama Satanás de “príncipe deste mundo” (Jo 12,31; 14,30; 16,11), e que a Sagrada Escritura afirma que “o mundo está no Maligno”, e que os seres humanos vivem agora sob a influência maciça e tirânica de nosso maior Inimigo (Jo 5,19; Ef 2,2).

O Pecado, que é uma invenção angélica, isto é, de anjos rebeldes, já havia sido inventado antes do homem. O que o homem fez foi aderir a ele, dando as costas para Deus; foi assim que a doença e a morte entraram no mundo. Vivemos, de certo modo, sob o jugo das ações de Satanás e seus anjos, que nos submetem. Pelo Pecado do homem, - crime infinitamente grave porque foi praticado contra Aquele que é infinitamente Bom e Santo, - estamos sujeitos a todo tipo de imperfeição neste mundo. Vivemos agora um período histórico de luta, no qual iremos, com a ajuda de Deus e de sua Graça, com a Redenção em Cristo, lutar contra esses inimigos. E o último inimigo que será vencido, conforme diz São Paulo, é a morte (1 Cor 15,26).

No Antigo Testamento havia o domínio do Pecado. No Novo Testamento, o Filho de Deus se faz homem e vem a este mundo para nos libertar deste domínio do Pecado, da doença, da morte... De todo mal, enfim. Assim como Jesus venceu a morte na cruz (embora ela continue a nos assolar enquanto estamos neste mundo), Ele derrotou também a doença. Os Evangelhos nos mostram, - e o evangelista faz questão de salientar isso, - que o Senhor curou pessoas de suas doenças crônicas, como a mulher que sofria de hemorragia e o cego de nascença. Ora, alguém que já nasce cego sofre de uma doença genética, evidentemente.

Jesus derrotou a doença, mas nós continuaremos lutando com ela até o dia definitivo da nossa Salvação. Da mesma maneira se dá com a morte, nossa última inimiga. Estes séculos em que vivemos, que se situam entre a Ressurreição de Cristo e o Dia do Juízo Final, são tempos de luta. É preciso que tomemos, cada um de nós, a nossa cruz, e sigamos o Salvador do Mundo.

Que sentido tem a doença? Como acabamos de ver, sabemos por Revelação Divina qual foi a sua origem. Mas sabemos também que toda a dor, sofrimento e confusão que vivemos neste mundo possuem algo de redentor. Nossa própria cruz, se a unimos à Cruz do Senhor, é redentora, é salvífica, nos conduz à Salvação e à Libertação final, um pouco mais a cada dia. Este é um grande mistério do cristianismo que, - muito lamentavelmente, - vem sendo esquecido pelos nossos pastores. A maioria dos padres, hoje, não fala mais no valor do sacrifício, não exalta mais a importância de se levar a cruz com coragem e disposição.

Quando tomamos a nossa cruz no dia a dia, estamos seguindo pelo Caminho da Redenção! Jesus disse a todos (atenção: a todos): “Quem quiser me seguir, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e me siga.” (Lc 9:23)! Hoje, porém, muitos católicos adotaram o discurso de falsos profetas e pregadores que ensinam uma tal “teologia da prosperidade”, que ensina exatamente o contrário do que disse Jesus! "Siga Jesus e você vai ficar rico", gritam eles, "Siga Jesus e você vai ter uma vida só de felicidades, sem doenças, sem tribulações, sem problemas!". Mas o Jesus que é Cristo, Filho do Deus Vivo, continua dizendo o mesmo que sempre disse: “Quem quiser me seguir, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e me siga”. Os homens interpretam e mudam a Palavra de Deus conforme seus desejos, mas o Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13,8).

Jesus venceu o Pecado, e com ele a doença e a morte, mas Deus permite ainda que soframos com todas essas coisas, porque (mesmo que não possamos compreender) é o melhor para nós. Já nascemos marcados pelo egoísmo e pelo Pecado, e se tivéssemos já, agora, uma vida livre de todo e qualquer sofrimento, certamente nos tornaríamos soberbos e nos esqueceríamos de Deus. Basta observar como os que mais sofrem são justamente, via de regra, os que têm mais fé e buscam mais a Deus.

Certas calamidades, que vemos neste mundo, nos levam a intimamente perguntar: “Por que Deus permite isto?”, mas o cristão verdadeiro nunca se esquece: este mundo, esta vida passageira, não é tudo; a morte não é o fim, pelo contrário, é o começo da vida verdadeira e eterna, e dentro desse contexto infinitamente maior, toda imperfeição que vemos aqui não tem importância praticamente nenhuma.

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1. TAHAN, Lilian. Ela desafiou a ciência. Correio Braziliense, Brasília, p. 29, 14 fev. 2003. Grifo nosso.
2. Conf. artigo da National Geographic "'Immortal' Jellyfish Swarm World's Oceans", disponível em
http://news.nationalgeographic.com/news/2009/01/090130-immortal-jellyfish-swarm.html
Acesso 4/12/013.

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Referência:
Pregação do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disponível em
http://padrepauloricardo.org/episodios/por-que-existem-doencas-geneticas
Acesso 4/12/013
vozdaigreja.blogspot.com
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