Uma imagem para a eternidade


Algumas horas após o Papa Bento XVI ter surpreendido o mundo com a sua renúncia, um raio atinge a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

O Trono de Pedro está vazio


"Mesmo se me retiro agora, em oração estou sempre próximo a todos vós e tenho certeza de que também todos vós sois próximos a mim, mesmo que para o mundo eu permaneça escondido."

(Papa Bento XVI)
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Direto do Vaticano, Dom Odilo Scherer fala sobre Bento XVI e o Conclave

Entrevista concedida por Dom Odilo Pedro Scherer ao jornal arquidiocesano “O São Paulo”

Cortesia de Simone Fiorelli - Secretária Casa Episcopal - Dom Odilo Pedro Scherer


Dom Odilo se despede do Papa Bento XVI, após último encontro do Pontífice com o Colégio Cardinalício, no dia 28.02


Por Rafael Alberto, especial para O SÃO PAULO
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‘Renúncia foi aula de eclesiologia’


Para Arcebispo de São Paulo, Bento XVI será lembrado como um dos grandes Papas teólogos; Dom Odilo está em Roma desde quarta-feira, 27/2.

Diretamente de Roma, o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo metropolitano de São Paulo, falou com exclusividade sobre suas percepções a respeito dos quase oito anos do pontificado de Bento XVI. Dom Odilo, que participará pela primeira vez de um Conclave, também orientou os católicos sobre como viver este tempo tão importante para a vida da Igreja. Veja a íntegra:


O que significou o pontificado de Bento XVI para a Igreja e quais foram suas principais contribuições?
Dom Odilo – Bento XVI deixa um legado importante para a Igreja e será certamente recordado como um dos grandes Papas teólogos; tanto pelo que escreveu e falou quando já era Sumo Pontífice, quanto pelo que escreveu antes disso. Será recordado também pelo seu esforço em ajudar a Igreja a voltar-se para a essência de sua fé e de sua missão. Mostram isso suas encíclicas sobre a esperança e a caridade, as Exortações Apostólicas sobre a Eucaristia e a Palavra de Deus. Mas será recordado, também, por ter estimulado o clero a buscar a autenticidade na vivência de sua vocação e toda a Igreja, na revalorização de sua fé e no esforço renovado para transmiti-la aos outros. Enfim, a própria renúncia é um gesto que ajudará a Igreja a voltar-se mais para o essencial de sua vida e missão, a partir de um renovado encontro com sua própria razão de ser e existir; um professor de teologia, em Roma, observou: a renúncia foi sua última aula de eclesiologia...

E o que significou a atuação de Bento XVI para a humanidade?
Dom Odilo – Isso ainda será melhor avaliado com o passar do tempo. De toda forma, continuando a tradição de seus predecessores, Bento XVI manifestou-se sobre todos os assuntos e fatos relevantes deste momento da vida e da história humanas. Sua contribuição para a cultura, a filosofia, a busca da verdade e do bem são extraordinárias; como teólogo e humanista tem largos horizontes e teve sua palavra geralmente acolhida com respeito e consideração; estimulou o mundo a pensar e a ir além das superficialidades de uma cultura consumista e imediatista. Sua encíclica social – Caritas in veritate – é uma contribuição importante para o discernimento sério sobre as questões que atualmente afligem a humanidade. Estimulou muito, também, o diálogo entre as religiões e as culturas. Teve sempre a preocupação da justiça, da paz e da solidariedade entre os povos.

Como os católicos devem encarar as críticas e este clima de “denuncismo” que se instaurou na mídia após o anúncio de que o Papa iria renunciar?
Dom Odilo – Com muita serenidade e discernimento. É um fato interessante que, de um momento a outro, todos começaram de novo a falar da Igreja, mesmo sem conhecer bem as questões abordadas. Muita matéria produzida foi sensacionalista ou simplesmente marcada pelo preconceito contra a Igreja, sem o interesse de conhecer ou comunicar a verdade. É sempre importante tentar saber de qual púlpito vem o sermão e perguntar se merecem crédito certas afirmações bombásticas, de efeito retórico (ex. “guerra civil no Vaticano”...), que não se sustentam em fatos, mas em suposições e conjecturas que visam jogar no descrédito a Igreja perante o mundo e perante seus próprios fieis. É preciso lembrar que cada um deverá prestar contas a Deus pelas afirmações mentirosas e injuriosas ditas contra o próximo ou também a Igreja. Recomendo que não se dê crédito fácil a certas caricaturas que se fazem da Igreja; quem conhece a Igreja e vive dentro dela sofre com o desprezo à Igreja. Infelizmente, as palavras do próprio Papa, proferidas no anúncio do dia 11 de fevereiro sobre sua renúncia, foram deixadas de lado, como sendo não-verdadeiras, para dar largas a todo tipo de suspeitas, especulações e conjecturas sobre os “reais motivos” da renúncia. Alguém nas condições e na autoridade do Papa deveria merecer mais crédito e respeito.

O senhor poderia descrever algum episódio mais pessoal de seus contatos com Bento XVI?
Dom Odilo – Lembro da vigília na Jornada Mundial da Juventude em Madrid, em julho de 2011. Veio um temporal muito forte durante a fala do Papa; o vento balançava até a estrutura do palco, onde estavam o Papa, os bispos e muitas outras pessoas. Mais de um milhão de jovens estavam à frente do Papa, apanhando toda aquela chuva. Os seguranças sugeriram várias vezes que ele se retirasse para um lugar mais seguro, mas Bento XVI quis permanecer ali, com os jovens... No final da celebração, parecia que não queria ir embora, preocupado com os jovens... Aproximou-se deles, de maneira muito paternal, e desejou que, apesar de tudo, eles repousassem ao menos um pouquinho... Na manhã seguinte, já debaixo de muito sol, a primeira coisa que fez foi perguntar aos jovens como tinham passado a noite. Achei isso de uma sensibilidade finíssima, que emocionou e cativou o coração dos jovens.

A partir dos momentos reservados que teve com Bento XVI, que características o senhor destacaria dele?
Dom Odilo - Um homem sereno, simples, inteligente, atento ao interlocutor, interessado em ouvir, extremamente gentil e fino no trato com as pessoas. Nunca pude ver nele aquele homem “autoritário” ou “duro”, como algumas vezes foi descrito; isso não corresponde à verdade. Quando visitou o Brasil, em 2007, fiquei perto do Papa durante alguns dias, na sua estadia em São Paulo. Eu lia os títulos na imprensa e me perguntava: de qual Papa estão falando? Não era do Papa Bento XVI, que eu conheço...

Estamos aguardando a escolha do novo Pontífice. A Igreja está “acéfala” até que o próximo Papa seja eleito?
Dom Odilo - Não, a Igreja nunca fica acéfala (sem cabeça, ou sem chefe) durante o período da vacância, porque o verdadeiro Chefe da Igreja é Jesus Cristo glorificado, que nunca abandona o seu Corpo, a Igreja. Além disso, durante a sede vacante, o Colégio dos Cardeais responde pela Igreja, segundo as competências que lhe são próprias.

Quais as características que o novo Papa deve ter?
Dom Odilo - O escolhido terá as qualidades que tiver, e não podemos idealizar demais. Nenhum Papa é igual a outro. Ele deverá ser dócil às inspirações e à ação do Espírito Santo, inteiramente fiel a Cristo e à própria Igreja. Podemos, humanamente, desejar que seja uma pessoa muito capaz, cheia de virtudes, preparada do ponto de vista intelectual e teológico, homem de grande fé e vigor espiritual, capaz de liderança e de comunicação, segundo as condições do nosso tempo. Mas também neste caso, precisamos ter a consciência de que ninguém nasce Papa, mas aprende a desempenhar essa árdua missão enquanto a exerce.

Quais são os principais desafios que o próximo Papa vai encontrar?
Dom Odilo - São os desafios de toda a Igreja, que se manifestam em toda parte: a nova evangelização, a transmissão da fé, a perseverança na fé e a operosidade dos filhos da Igreja para a irradiação da luz e da força viva do Evangelho no mundo... Há os desafios internos da renovação constante da Igreja, para que ela viva no compasso do tempo e da cultura, sem deixar de ser ela mesma; há os desafios externos, representados pela cultura do nosso tempo, muitas vezes fechada ao Evangelho, senão, contrária a ele. Há os desafios da presença pública da Igreja no mundo, no contexto da política, da economia, da educação, das relações sociais e internacionais. De fato, o Evangelho não é um bem privado da Igreja, mas uma “luz” para o mundo, que não deve ser ocultada, mas irradiada. Enfim, o desafios podem ser muitos, mas não devemos esperar que eles sejam enfrentados pelo Papa sozinho, nem sempre em primeira pessoa. A missão e a responsabilidade pela Igreja são compartilhadas, com o Papa, por todos os bispos em comunhão com ele. E em cada Igreja local, com os bispos, também os sacerdotes e todos os fiéis assumem essa mesma responsabilidade. A Igreja não depende só do Papa.

Qual deve ser a atitude dos católicos neste tempo de espera para a eleição do novo Papa?
Dom Odilo - Antes de tudo, uma serena fé e confiança na Igreja e na ação do Espírito de Cristo, que não abandona a Igreja. Talvez foi essa a mensagem mais insistente de Bento XVI nesses últimos dias de seu Pontificado: não estamos sozinhos; o Senhor não abandona a sua Igreja. Portanto, ninguém desanime, nem se deixe levar pelo pânico. Este é um tempo de espera e de serena esperança. A Igreja não conta apenas com as próprias forças e fragilidades. Ela pode continuar a contar com o seu supremo Pastor, que é o próprio Senhor Jesus.
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O adeus de Bento XVI

"Houve momentos em que as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. " (Mt 8 23-27)


O Papa Bento XVI fez na manhã de hoje, 27/02, sua última Audiência Pública na praça de São Pedro, no Vaticano, antes de renunciar ao Ministério Petrino. Diante de uma assembleia de mais de 150 mil pessoas, disse estar feliz por enxergar a Igreja viva. O Santo Padre ainda recordou que a Igreja não pertence a ele, mas a Cristo, e por isso, ela jamais afundará, mesmo quando as águas estiverem agitadas. "Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro", enfatizou.

A Audiência começou por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília). Ao aparecer na praça de São Pedro no papamóvel, Bento XVI foi ovacionado por uma multidão que gritava "Viva o Papa" e "Bento! Bento!". Claramente emocionado, passeou pela praça por quase 15 minutos, agradecendo aos fiéis que levantavam cartazes e o agradeciam. Foram distribuídos 50 mil ingressos para os peregrinos participarem da catequese, mas segundo as estimativas, o público presente era de mais de 150 mil pessoas.

O Papa ressaltou no seu discurso o significado do amor que se deve prestar à Igreja e a Cristo. "Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio", afirmou. Falando ao público de língua portuguesa, disse que "um Papa não está sozinho na condução da barca de Pedro".

Bento XVI convidou os fiéis a rezarem por ele e pelo próximo Papa. Agradeceu a Deus por tê-lo guiado nesses oito anos de papado e pediu para que a Igreja amasse Jesus "com a oração e com uma vida cristã coerente": "Deus ama-nos, mas espera também que nós o amemos!", advertiu. Falou também das várias cartas que recebeu de pessoas simples enquanto esteve à frente da Igreja nestes últimos anos. Afirmou que essas manifestações afetuosas lhe permitiam como que "tocar com a mão o que é a Igreja", pois ela não é uma organização ou uma associação com fins religiosos ou humanitários, "mas um Corpo vivo, uma Comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos".

"Experimentar a Igreja neste modo e poder assim tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor, é motivo de alegria, num tempo em que tantos falam do seu declínio", declarou o papa entre os aplausos dos fiéis.

Bento XVI assumiu a Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, aos 79 anos de idade. Nesses oitos anos de pontificado, presidiu 348 audiências gerais, das quais participaram 4,9 milhões de pessoas até dezembro de 2012. Além disso, escreveu três encíclicas (Deus caritas Est, Spe Salvi e Caritas in Veritate), a biografia de Jesus, na aclamada trilogia "Jesus de Nazaré", participou de três Jornadas Mundiais da Juventude, sendo a última em Madrid, Espanha, com a presença de mais de dois milhões de jovens, e fez mais de 50 viagens apostólicas por todo o mundo, incluindo o Brasil em 2007, quando veio para canonizar Frei Galvão e abrir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

A partir das 20h (locais) de amanhã, 28/02, inicia-se o tempo de Sé vacante, como estabeleceu o Papa Bento XVI no seu discurso em que anunciou a renúncia. Segundo o porta voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, Joseph Ratzinger continuará a usar o nome de Bento XVI e o título honorífico de "Sua Santidade". Ele, que foi o primeiro Papa a renunciar em quase 600 anos deverá ser chamado de "Papa emérito" ou "Pontífice Romano Emérito". Já o seu anel papal deverá ser quebrado, como prescreve a tradição quando termina um pontificado.




Dom Damasceno sobre o legado de Bento XVI: "Sua riqueza teológica é comparada à dos Padres da Igreja"


São Paulo, 26 Fev. 13 / 11:10 am (ACI/EWTN Noticias)- Em entrevista concedida ao jornal "Folha de São Paulo" nesta segunda-feira 25, o Cardeal Raymundo Damasceno, Arcebispo de Aparecida, falou de  questões relacionadas ao momento presente vivido pela Igreja, e mencionou o legado do Papa Bento XVI, ressaltando a riqueza espiritual e intelectual do seu Magistério.

“Ele nos deixa um legado muito rico quanto ao Magistério. (...) Muitos comparavam o papa Bento XVI aos grandes padres do início da Igreja, tamanha sua riqueza teológica. Será apreciado ainda mais com o passar do tempo”.

Sobre a renúncia do Papa, o Cardeal, que estará no próximo conclave como purpurado votante, disse que esta “foi também um gesto de coragem, porque ele tem consciência da repercussão do seu ato. Estamos vendo pelos meios de comunicação o impacto que a renúncia teve em toda a igreja. Com a consciência tranquila de quem cumpriu seu dever diante de nós, é um modelo pra todos. Aqui em Aparecida, o Papa nos deu um exemplo de humildade, de simplicidade, até um pouco tímido”, recordou o Cardeal referindo-se à primeira e que terminou sendo também última visita do Papa ao Brasil, para a Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Aparecida em 2007 .
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Frase da semana


"A divisão no clero e a falta de unidade
desfiguram o rosto da Igreja."


(
Bento XVI - última Missa pública)

Imagem da semana

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O Papa que desce


Nesta manhã nublada de uma Roma enternecida

Por que não ficas conosco, mais um pouco, a nos guiar à Verdade sem ocaso da Fé?


No ano da Fé, deixa-nos, então?

Não celebrarás conosco o amanhecer de uma Igreja restaurada por tua palavra

e banhada com o sangue de teu silencioso martírio?

O Trono, a glória, os suíços... – Todo o teu temporal não são capazes de te prender por entre os mármores de Pedro?

Sobre ti estão os olhares da humanidade,
e tu recusas o poder?


Como novo Celestino entendes a hora de descer e,
Livremente desces.

Como Bento, no nome e na graça, preferes o recolhimento na oração às glórias deste mundo, até a partida definitiva.

É próprio de quem é Grande, a descida.

Só os Grandes descem.

Com nobreza queres entregar o leme da Igreja a outro.

Reconhecendo tua fraqueza, renuncias.

Reconhecemos tua força e bradamos:

“Viva o Papa”!
O Papa que desce!

Que desce com tanta dignidade que é mais uma subida,
Que descida.

Mais demonstração de Força,
Que fraqueza.

Ó vós que sentis com a Igreja,
Olhai o Papa que desce!

Que desce para o Alto!

E hoje mais do que nunca,
Em honra do Grande, do Forte e do Magno
Brademos juntos,

Mais uma vez:
Viva o Papa que desce para o Alto!

Viva Bento XVI!


Pe. Marcélo Tenório ('Da Mihi Animas')
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Bento XVI anuncia sua renúncia como Papa

Neste dia de Nossa Senhora de Lourdes, com muita dor no coração, divulgamos a notícia inesperada e surpreendente. Abaixo, as palavras com que Bento XVI anunciou a sua decisão:
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Caríssimos Irmãos,

Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu Ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013


* Desde já, conclamamos a todos os nossos irmãos e irmãs que rezem a Deus pela vinda de um novo Papa tão digno quanto foi Bento XVI, e que seja igualmente voltado à necessária restauração da Igreja de Jesus Cristo. Nossa Senhora de Lourdes interceda por todos nós junto a seu Filho Salvador. Amém.
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Bento XVI foi o primeiro Papa a renunciar?

Algumas pessoas mal informadas, assim como também websites igualmente mal informados, pretendendo falar em nome da Igreja, foram rápidos em insinuar ou afirmar que Bento XVI teria sido o primeiro Papa na História a abdicar do Trono de Pedro. Isto não é verdade. Divulgamos abaixo a lista dos Papas que renunciaram à Cátedra de São Pedro (do blog 'Morro' por Cristo):
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SÃO PONCIANO
O Papa Ponciano foi o primeiro Bispo de Roma, na história da Igreja que não permaneceu no trono de São Pedro até seu falecimento, já que abdicou em 28 de setembro de 235. Confirmou a condenação que Demétrio de Alexandria lançou sobre os textos de Orígenes sobre a Resurreição e ordenou que os Salmos fossem cantados nas igrejas, além da recitação do Confiteor antes de morrer e o uso da saudação Dóminus vobiscum (‘o Senhor esteja convosco’). Pouco depois de sua renúncia ao Pontificado, Ponciano foi martirizado sendo açoitado até a morte, tendo seu corpo trasladado à Roma onde foi depositado nas Catacumbas de São Calixto.



SÃO PEDRO CELESTINO (CELESTINO V)

Entrou para a Ordem beneditina e, com licença do abade, voltou para a vida de eremita. Assumiu, então, o nome de Pedro de Morrone, pois foi viver no sopé do morro do mesmo nome, onde levantou uma cela, vivendo de penitências e orações contemplativas.

Em 1251, fundou, com a colaboração de dois companheiros, um convento. Rapidamente, sob a direção de Pedro, o convento abrigava cada vez mais seguidores. Assim, ele fundou uma nova Ordem, mais tarde chamada "dos Celestinos", conseguindo, pessoalmente, a aprovação do papa Leão IX, em 1273.

Em 1292, morreu o papa Nicolau V e, após um conclave que durou dois anos, ainda não se tinha chegado a um consenso para sua sucessão. Nessa ocasião, receberam uma carta contendo uma dura reprovação por esse comportamento, pois a Igreja precisava logo de um chefe. A carta era de Pedro de Morrone e os cardeais decidiram que ele seria o novo papa, sendo eleito em 1294 com o nome de Celestino V. Entretanto, a sua escolha foi política e por pressão de Carlos II, rei de Nápoles. Com temperamento para a vida contemplativa e não para a de governança, o erro de estratégia logo foi percebido pelos cardeais.

Pedro Celestino exerceu o papado durante um período cheio de intrigas, crises e momentos difíceis. Reconhecendo-se deslocado, e não sentindo apto para o cargo, renunciou à cátedra de São Pedro.Foi sucedido pelo Papa Bonifácio VIII. Isso gerou nova crise, com o poder civil ameaçando não reconhecer nem a renúncia, nem o novo sumo pontífice. Para não gerar um cisma na Igreja, Pedro Celestino aceitou, humildemente, ficar prisioneiro no castelo Fumone. Ali permaneceu até sua morte.
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GREGÓRIO XII
Foi eleito Papa em 19 de dezembro de 1406, aos oitenta anos de idade. Viveu o período do Grande Cisma do Ocidente quando chegou a haver 3 "Papas" (na verdade apenas UM Papa e 2 anti-papas). Após ter sido confirmado  legítimo sucessor de Pedro, o Santo Padre Gregório XII, tempos depois, renunciou à cátedra no dia 14 de julho de 1415.



BENTO XVI
Hoje recebemos a notícia da renúncia do Santo Padre, o Papa Bento XVI. Confesso que tive a sensação de me haver tornado órfão. É uma mistura de medo, insegurança, perplexidade, enfim, confesso que me sinto um tanto "perdido".

Ouvimos as justificativas relacionadas à idade avançada e ao cansaço do Santo Padre. Observo, porém, que fonte segura indicou meses antes dessa renúncia, que o Santo Padre poderia renunciar e que um dos motivos seria não o cansaço referente à idade mas ao fato de sentir-se não apoiado pelos seus, por aqueles que estão ao seu redor mas que dificultam de todas as formas o seu pontificado.

Como exemplo posso citar a aplicação Motu Propio Summorum Pontificum. De fato, quantos não o criticaram e mesmo o contrariaram dificultando de todas as formas a aplicação de tal documento (me refiro ao clero, grande número de Cardeais, Arcebispos, Bispos e Padres). Quantos de nós, "católicos comuns", também não o dificultamos e pior, quantos de nós (a grande maioria dos católicos) sequer ouvimos falar de tal documento...

Quantos por todo o mundo se dizem católicos mas se dão o direito de ignorar os ensinamentos do Santo Padre, selecionando somente aquilo que lhes interessa... Quantos vêem o Santo Padre como mero figurante, um velhinho de cabelos brancos que reside no vaticano e que na teoria "representa" a nós católicos, mas que na prática não tem muita serventia para a "igreja latinoamericana"... Quantos?

Por outro lado não podemos nos esquecer das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a Igreja quando nos prometeu que "...as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (São Mateus, cap. 16 vers.18) e ao dizer que "Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo" (São Mateus cap. 28, vers. 20).

Eu como pobre pecador sou levado a tais sentimentos (insegurança, medo) mas como cristão católico devo confiar em Deus e nas promessas de Nosso Senhor, reconhecendo o gesto do Santo Padre, digno de um Grande Papa e orando e jejuando a fim de Deus Nosso Senhor se compadeça de sua Igreja e nos mande um Santo Papa digno de suceder ao Grande Bento XVI.

Finalizo com o comentário do José Pepe retirado do site "Cigueña de La Torre" que dispensa acréscimos de minha parte: Viva o Papa!

"Certamente lendo à alguns dos comentários, queridos amigos comentaristas, parece que Bento XVI faleceu ou morrerá no dia 28 deste mês. E não é assim, como todos sabemos. Ainda que seja assim de certa forma porque desaparece Bento XVI, ainda assim segue vivo Joseph A. Ratzinger. Ele diz que se retirará em oração, são palavras suas no comunicado de hoje. Apesar da imensa tristeza que venho sentindo desde a manhã de hoje, como diz Jaimepb e outros, as orações deste homem, que foi Papa, e ainda continua sendo durante todo este mês, um grande, um grandioso Papa, serão escutadas por Deus, levadas como incenso por seus anjos ao Trono do Pai."

Texto de José Santiago Lima
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Divulgação


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