27/10/2023 | Cardeal Müller dá um passo além: “O papa perde automaticamente seu cargo por ensinar heresia”…

Do LifeSiteNews – O Cardeal Gerhard Müller afirmou, segundo notícia divulgada recentemente (27/10/2023) que um papa que ensina heresia perde automaticamente o seu cargo, repetindo a doutrina ensinada por São Roberto Belarmino, também Cardeal e Doutor da Igreja.

    “Ensinar de modo contrário à Fé apostólica privaria automaticamente o papa do seu cargo”, escreveu o Cardeal em um artigo publicado no jornal religioso First Things (leia). E prosseguiu: “Todos devemos rezar e trabalhar com coragem para poupar a Igreja de tal provação.” 

    “O papa é o princípio perene e o fundamento da unidade da Igreja”, disse ainda. “Mas a Igreja não está centralizada nele, como se ele fosse o líder supremo de um partido totalitário”. O Cardeal Müller já declarara essa mesma posição numa entrevista em novembro de 2022, na qual disse:

“Num caso extremo, um papa pode se tornar herege como pessoa privada e, assim, perder automaticamente o seu cargo se a contradição com a Revelação e o ensinamento dogmático da Igreja for evidente.” 

    A opinião de que um papa herege perde o cargo foi expressa por um dos mais vultosos Doutores da Igreja, o Cardeal São Roberto Belarmino, que escreveu a respeito no segundo livro de sua célebre obra De Romano Pontifice:  “…o Papa que é manifestamente herege deixa por si mesmo (ipso facto) de ser Papa e chefe, da mesma forma que deixa de ser cristão e membro do Corpo da Igreja; e por isso pode ser julgado e punido pela Igreja” (De Romano Pontifíce, Lv. II, Cap. 30). 

    O Magistério da Igreja Católica não ensinou com autoridade sobre a questão de saber se um papa herético perde ou não automaticamente o seu cargo, motivo pelo qual, nestes tempos extraordinários, esta continua a ser uma questão cada vez mais discutida entre teólogos católicos. 


“A Igreja não é uma democracia”

O Cardeal Müller sublinhou ainda que “a Igreja não é e não pode se tornar nunca uma democracia” e que os membros do Sínodo sobre a Sinodalidade não têm o direito de simplesmente “votar” para mudar as verdades da Fé cristã.

    “Embora o papa tenha agora concedido ‘direitos de voto’ a alguns leigos no Sínodo sobre a Sinodalidade, nem eles e nem os bispos podem ‘votar’ sobre a fé”, escreveu ele no artigo ao First Things. O prefeito emérito da Congregação (agora Dicastério) para a Doutrina da Fé explicou a diferença entre um Estado com líderes eleitos democraticamente e a Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo. “Num Estado comprometido exclusivamente com o bem comum temporal dos seus cidadãos e governado por uma constituição democrática, o povo é justamente chamado de soberano”, disse ele. “Na Igreja, que é dotada por Deus para a salvação eterna da humanidade, o próprio Deus é o soberano”.

    “Na Igreja, portanto, os bispos e os padres não são os representantes do povo que governam; eles são representantes de Deus. O fato de a Igreja não ser e não poder se tornar uma democracia não é o resultado de uma mentalidade autocrática persistente”, continuou Müller. “É devido ao fato de que a Igreja não é um Estado ou uma entidade criada pelo homem. A essência da Igreja não pode ser apreendida pelas categorias sociológicas da razão natural, mas apenas à luz da fé que o Espírito Santo opera em nós”. 

    “A soberania de Deus repousa na sua onipotência e no seu amor, que Ele oferece sem ter que temer as suas criaturas como ‘concorrentes’ (ao contrário do mito pagão de Prometeu). E como criaturas não temos que insistir na autonomia absoluta ou emancipar-nos do nosso Criador para lutar pela nossa ‘liberdade’”, escreveu ele: “Pois a plenitude do seu amor é a fonte do nosso ser. Esse amor nos torna livres para a devoção, cujo objetivo é a unidade com Deus no amor”. 

    “Em contrapartida”, disse o prelado, “alguns ativistas, especialmente aqueles que embarcaram no ‘caminho sinodal’ alemão, consideram o próximo Sínodo sobre a Sinodalidade como uma espécie de congresso dos fiéis que estão sendo autorizados a dar à Igreja de Deus uma nova constituição e novas doutrinas que estejam de acordo com o espírito da nossa época.” 

    “Tenha certeza de que mesmo que a maioria dos delegados ‘decidisse’ sobre a ‘bênção’ (blasfema e contrária às Sagradas Escrituras) de pares homossexuais, ou a ordenação de mulheres como diaconisas ou sacerdotisas, até mesmo a autoridade do papa seria não seria suficiente para introduzir ou tolerar tais ensinamentos heréticos, ou quaisquer outros ensinamentos que contradigam a Palavra de Deus na Sagrada Escritura, na Tradição Apostólica e no Dogma da Igreja”, afirmou. 


Católicos fiéis impedirão que a Igreja se transforme numa “ONG mundana” 

Referindo-se ao heterodoxo Sínodo sobre a Sinodalidade, o Cardeal Müller advertiu que “ [a] fé pode ser facilmente instrumentalizada para agendas políticas, ou confundida com uma religião universal da fraternidade do homem que ignora o Deus revelado em Jesus Cristo”. Mas concluiu: “Qualquer tentativa de transformar a Igreja fundada por Deus numa ONG mundial será frustrada por milhões de católicos. Eles resistirão até a morte à transformação da Casa de Deus em um mercado do espírito da época, pois todos os fiéis, ungidos como são, não podem errar em ‘questões de crença’ (Lumen Gentium)”.

    O Cardeal Müller sublinhou a necessidade de uma Igreja fiel a Cristo, a fim de combater a agenda globalista do “Great Reset” (Grande Reinicialização). “Enfrentamos um programa globalista para um mundo sem Deus, no qual uma elite poderosa se proclama a criadora de um novo mundo e a governante das massas marginalizadas”, disse ele. “Esse programa e elite de poder não podem ser combatidos por uma ‘Igreja sem Cristo’, que abandona a Palavra de Deus nas Escrituras e na Tradição como o princípio orientador da ação, pensamento e oração cristã”.

    Por fim, o Cardeal apelou aos fiéis e à hierarquia para “abandonarem o vão projeto de usar a lógica humana limitada para ‘reformar’ a Palavra de Deus de acordo com alegadas mudanças de paradigma”, acrescentando que “somos nós que precisamos nos reformar e conformar-nos” a Deus”.


Fonte:

WAILZER, Andreas, para o LifeSiteNews, “Cardinal Müller: Pope would ‘automatically’ lose his office by teaching heresy”, disp. em:
https://www.lifesitenews.com/news/cardinal-muller-pope-teaching-heresy/?utm_source=popular

Acesso 27/10/2023 

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