O BIÓGRAFO FAVORITO do Papa, Austen Ivereigh , informou que Francisco teria confirmado pessoalmente os relatos de que vai despojar o Cardeal Dom Raymond Leo Burke do seu apartamento e privá-lo do salário que recebe.
Esta é, com toda certeza, uma das matérias mais tristes e profundamente lamentáveis que eu publico desde que iniciei os meus trabalhos como redator e jornalista católico, há 15 anos. Não apenas porque conheci e conversei longamente com Dom Burke há alguns anos (saiba mais), e senti nele a fé de um verdadeiro pastor de almas, mas pela gravidade do que está acontecendo na Igreja de Cristo: uma verdade que muitos não querem reconhecer nem admitir (nenhum de nós, que ama a Igreja, deixa de sofrer com isso), mas que é lançada em nossas faces a cada nova notícia deste tipo. Num relatório publicado em 29 de novembro no site heterodoxo “Where Peter Is”, Ivereigh escreveu que se encontrou com Francisco na segunda-feira, 27, e este lhe confirmou a veracidade das notícias de que pretende despojar o cardeal Burke do seu apartamento em Roma e do seu salário.
Ivereigh escreveu:
No decorrer da nossa conversa, Francisco disse-me que tinha decidido retirar os privilégios cardeais do Cardeal Burke – o seu apartamento e o seu salário – porque ele tinha usado esses privilégios contra a Igreja[!]. Ele me disse que embora a decisão não fosse secreta, ele não pretendia fazer um anúncio público, mas no início daquele dia, a notícia havia vazado.
Segundo Ivereigh, essa reunião ocorreu na tarde de segunda-feira e o noticioso “New Daily Compass” (NDC) publicou um relatório informando que Francisco tinha, durante uma reunião em 20 de novembro com chefes da Cúria, revelado sua intenção de expulsar o proeminente Cardeal americano dos seus alojamentos em Roma.
“O Cardeal Burke é meu inimigo, por isso vou retirar-lhe o apartamento e o salário”, teria dito o Papa, segundo a fonte vaticana do portal: o que foi posteriormente foi corroborado por outras fontes.
Posteriormente, vários meios de comunicação corroboraram essa informação através de suas próprias fontes. A Reuters informou, então, no final da noite de 28 de novembro, que um responsável presente à reunião de 20 de novembro disse que Francisco descreveu Burke como alguém que “semeia “desunião”.
Com o testemunho de Ivereigh, parece que o próprio Francisco confirmou os relatos sobre os seus comentários, embora tenha dito que não descreveu Burke como um “inimigo”.
Até o momento do relatório inicial do NDC, Dom Burke não tinha recebido qualquer notificação oficial das ações pretendidas pelo Papa, nem recebeu qualquer palavra até a tarde da terça, dia 28.
Ex-prefeito da Assinatura Apostólica, Burke emergiu como uma figura chave para muitos durante os quase 11 anos do reinado de Francisco. Ele assinou, de forma particularmente notável, tanto as dubia iniciais sobre Amoris Laetitia, em 2016, como as mais recentes, deste 2023, sobre questões relativas ao Sínodo sobre a Sinodalidade.
Nos EUA, a grande mídia e os meios de comunicação católicos heterodoxos têm constantemente difamado o Cardeal americano devido ao seu pronunciamento sobre o ensino católico, que é frequentemente colocado em justaposição com as declarações de Francisco. Mais recentemente, Burke criticou o projeto do Sínodo sobre a Sinodalidade, escrevendo o prefácio do livro “”Processo Sinodal, Caixa de Pandora”, de Julio Loredo (que comenta o caso em vídeo compartilhado ao final deste artigo) e José Antonio Ureta, que destacava a heterodoxia e os perigos no Sínodo.
O Cardeal Burke referiu-se à “sinodalidade” como uma frente para a “revolução” que trabalha para alterar “radicalmente” a Igreja Católica em linha com uma “ideologia contemporânea” que rejeita grande parte do ensinamento da Igreja.
Em novembro de 2014, Francisco já tinha destituído o cardeal do seu cargo de prefeito da Assinatura Apostólica, num movimento amplamente visto como punição pelas suas críticas a elementos do pontificado de Francisco. Todavia, Dom Burke tem apelado consistentemente aos católicos para que “rezem pelo Papa Francisco” e afirmado com igualmente consistência que considera Francisco o Papa legítimo, contra os argumentos defendidos por Dom Viganò, que tem ganhado cada vez mais força, no sentido de que a eleição de Francisco pode ter sido inválida (saiba mais).
Burke também sempre rejeitou a alegação de que trabalhe contra o Papa ou que é seu “inimigo”, afirmando que suas próprias intervenções visam apenas defender a doutrina perene da Igreja católica, como ela sempre creu e ensinou. Falando na véspera da sessão do Sínodo de outubro, e poucas horas depois de o texto das dubia do Sínodo ter sido divulgado publicamente, o Cardeal Burke descreveu as suas ações e as dos seus colegas signatários: “Em primeiro lugar, devemos reafirmar publicamente a nossa fé. Nisso, os Bispos têm o dever de confirmar os seus irmãos”.
Ele observou que as dubia, amplamente postuladas pelos relatos da mídia como um ataque ao Papa, “não tratam da pessoa do Santo Padre. De fato, por sua natureza são expressão da devida veneração ao Ofício Petrino e ao Sucessor de São Pedro”.
Em contraste com a proeminência de Burke na defesa do ensino católico, o biógrafo Ivereigh é uma figura controversa por suas opiniões. Ele caiu nas graças de Francisco através de suas biografias papais, uma destas intitulada: “Pastor ferido: Papa Francisco e sua luta para converter a Igreja Católica”(!?).
Mais recentemente, ele participou no Sínodo sobre a Sinodalidade como perito, uma vez que nessa função desempenhará um papel fundamental na elaboração do relatório final do mesmo Sínodo, em outubro de 2024.
Ivereigh foi conselheiro sênior do Cardeal Cormac Murphy-O’Connor, de Westminster – um prelado acusado de ser um dos principais membros da notória Máfia de St. Gallen e que desempenhou um papel fundamental na eleição de Francisco. Ivereigh, que permanece solteiro, renunciou desse cargo junto ao Cardeal em 2006, depois de admitir dois relacionamentos: um que resultou num aborto (em 1989), e outro caso mais recente, que resultou no aborto espontâneo da mãe! Ele negou ter manipulado ou forçado a mulher com quem teve relações em 1989 a abortar o seu bebé, mas admitiu ter pago metade dos custos do aborto.
Falando à LifeSiteNews em agosto de 2022, sobre a inclusão de Ivereigh entre os “especialistas” do Sínodo sobre Sinodalidade, o catequista do Reino Unido, Diácono Nick Donnelly, disse que isso “é algo alarmante”.
“Ivereigh é o que se chama “um católico profissional” que esteve alinhado com aqueles que promovem a dissidência ao longo de toda a sua carreira”, disse ainda Donnelly. “Ele foi secretário de imprensa do cardeal Murphy-O’Connor de Westminster, um importante membro da máfia de Saint Gallen que se opôs clandestinamente aos pontificados de João Paulo II e Bento XVI”.
Donnelly destacou que Ivereigh, “como um dos fundadores do grupo de mídia do Reino Unido “Catholic Voices”, apoiou as uniões civis de pessoas homossexuais, contrariando a diretiva da CDF de 2003”. Desde a adesão do Papa Francisco, ele tem sido franco nos seus ataques contra os fiéis católicos que se opõem ao neomodernismo do atual pontificado. Em janeiro, Ivereigh escreveu um artigo justificando o cruel tratamento que Francisco tem dado aos católicos tradicionais, aos quais ele caracterizou como tão perversamente corruptos que não mereciam condescendência ou o diálogo de Bergoglio.
“O envolvimento de Ivereigh no processo sinodal confirma as suspeitas de que essa consulta é uma farsa com um resultado predeterminado para tentar mudar ilegitimamente a doutrina e a disciplina da Igreja”, acrescentou Donnelly.
Se o Papa Francisco cumprir a sua ameaça de expulsar o Cardeal Burke, isso servirá como uma severa advertência ou uma ameaça impressionante a todo o Colégio de Cardeais e ao episcopado mundial, sobre até que ponto este Papa irá contra qualquer um que considere não alinhado com os seus desejos. Não importa muito se essas ações são éticas ou de acordo com a moral cristã, qualquer um que ousar se opor será afastado, punido, isolado ou demitido.
Poucos dias após a destituição pessoal do Bispo de Tyler, Joseph Strickland, numa medida que foi descrita como contrária ao Direito Canónico e que se deve unicamente ao fato de o ensino da Fé do Bispo não ter sido aprovado por Roma – ainda que não se desviasse um milímetro daquilo que a Igreja desde sempre ensinou e definiu como verdade, surge este novo e gravíssimo ataque a um purpurado realmente admirado por sua fidelidade. Tal medida levou o editor-chefe da NDC a descrever o pontificado de Francisco como cada vez mais semelhante a “uma ditadura sul-americana”.
Bem, eu me atrevo a dizer que talvez – apenas talvez –, já tenha passado da hora de os nossos bispos e cardeais pararem de continuar tentando “acender uma vela para Deus e outra para o diabo”, como se dizia antigamente: se o homem é um herege, que o digam; se é um traidor de Cristo, pregando uma doutrina oposta àquela que Nosso Senhor e os Apóstolos ensinaram, que o proclamem; se é um traidor da Fé e, para todos os efeitos, não pode continuar sendo reverenciado como “Sua Santidade” e “o Santo Padre…”, que então o proclamem do alto dos telhados. São as nossas almas que estão sendo postas em risco.
Fonte:
“BREAKING: Papal biographer confirms Pope Francis will remove Cardinal Burke’s flat, salary”, por Michael Rauynes para o LifeSiteNews, disp. em:
https://lifesitenews.com/news/breaking-papal-biographer-confirms-pope-francis-will-remove-cardinal-burkes-flat-salary/?utm_source=featured-news&utm_campaign=usa
Acesso 29/11/2023.
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