A nova igreja promove um cisma na prática

VIVEMOS TEMPOS ABSOLUTAMENTE insanos no mundo e na Igreja. Eu não sabia por onde começar esse texto, mas vou iniciar por um sinal flagrante de loucura: em grupos católicos nos quais participo, vejo abundarem os casos de fiéis que são proibidos de receber a Comunhão na língua e/ou de se ajoelharem para receber Nosso Senhor Eucarístico. Os “pastores” da nova “igreja da misericórdia” e da “diversidade”, que aceita “todos e ‘todes’“, a igreja do “quem sou eu para julgar”, têm literalmente dado  as costas para simples católicos de fé que, durante a Missa, prostrados, só querem adorar Jesus e recebê-lo da maneira mais digna e justa.



    Alguém é capaz de imaginar a humilhação que é ter a Comunhão recusada por um padre ou “ministro”? Simplesmente porque se ajoelhou ou porque quis receber na boca? Ser deixado ali, ser literalmente recusado, renegado, excluído (essa expressão que tanto usam), apenas por querer fazer algo justo e santo? Algo que é, afinal um direito garantido formalmente[1] pela Igreja?

    Algo que já não se pode mais ignorar: essa nova igreja, extremamente tolerante, “misericordiosa” e inclusiva para com hereges, apóstatas, blasfemadores e inimigos declarados do Cristianismo é, na mesma proporção, severa e excludente para com os verdadeiros católicos.


    Mais ainda do que isso, a nova igreja repudia e exclui o exemplo dos Santos e toda a Tradição apostólica, mas ama, acolhe e “inclui” Judas Iscariotes e os próprios demônios! Exagero? Realmente parece mentira, mas há tempos se sabe que Francisco mantém, em seu gabinete pessoal, uma infame pintura retratando Judas sendo abraçado por uma figura meio efeminada que representa o Cristo, nu, saindo da Terra (saiba mais); e há pouco tempo a Comissão de Espiritualidade do Sínodo, do Secretariado Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, publicou o documento “Rumo a uma espiritualidade para a sinodalidade” (acessar/baixar), o qual afirma textualmente (à p.29, print com destaque mais abaixo), nada menos que o seguinte:

“O que é um coração misericordioso? É um coração em chamas por toda a criação, pela humanidade, pelos pássaros, pelos animais, pelos demônios e por tudo o que existe.”


    É difícil acreditar, mas é a verdade pura e simples: não querem mais um coração que arde de amor pelo Evangelho, pela Verdade, por Cristo Nosso Senhor, pela Santíssima Virgem ou pelo bom e pelo belo, mas pela humanidade, pelos animais e… pelos demônios! Eu realmente gostaria de ver alguém tentar enquadrar isso como ensinamento católico (ao mesmo tempo, sei que não faltará quem tente fazê-lo. alguém da turma do “prefiro errar com o papa do que acertar sem ele”…). É este o ponto em que nos encontramos, enquanto alguns idiotas ainda se preocupam em dizer que não podemos “falar mal do papa”, e outros ainda dizem que Francisco é o melhor de todos os papas, porque é “humilde” e se preocupa com os pobres!..

    Não falarei aqui – porque não é preciso –, sobre o terrível, blasfemo e profano Sínodo da Sinodalidade, que é, certamente, o encontro mais escandaloso da história da Igreja. Nada foi decidido ainda, dirão alguns, mas só o fato de estarem discutindo bênçãos a homossexuais, ordenação de mulheres e usando linguagem neutra, entre tantas outras coisas, já é um cruel flagelo sobre o Corpo Místico de Nosso Senhor.

    …E então, qual o resultado de todos esses crimes, de toda essa apostasia, dessa profanação geral, dessa afronta direta a Deus? Virá um cisma? 

    Talvez venha, caros leitores, e eu rezo por isso, ou por qualquer coisa, qualquer intervenção divina ou mesmo humana que ajude a separar o joio do trigo, os que são dos que não são, e especialmente que pare a ação dos maus, que interrompa o governo dos servidores de Satanás instalados na mais alta hierarquia da Igreja. Mas a verdade é que o cisma já veio e não percebemos.

    Há alguns dias, o Dr. Taylor Marshall (autor de Infiltrados: A trama para destruir a Igreja a partir de dentro’: Ecclesiae, 2020), fez uma pergunta no mínimo intrigante aos seus seguidores: “O que vocês fariam se a ordenação de mulheres fosse autorizada no Sínodo?”. E a maioria respondeu que simplesmente rezaria, mas que isso não mudaria a sua participação em suas paróquias habituais. Alguns disseram que em sua paróquia isso provavelmente não seria feito, mas, se fosse, iriam para uma outra…

    Já o site Fratres in Unum divulgou recentemente uma informação interessantíssima, nos seguintes números: o Pe. Fábio de Melo tem 26 milhões de seguidores; Pe. Marcelo Rossi, 8 milhões; Frei Gilson, 3,2 milhões; Irmã Kelly Patrícia, 2 milhões; Pe. Paulo Ricardo, 1,7 milhões. Já o oficial Vatican News tem 853 mil; A CNBB, 189 mil. Um Arcebispo como Dom Walmor, que já foi Presidente da CNBB, tem 23,6 mil seguidores.

    São os dados de “influenciadores” católicos no Instagram em setembro de 2023. Tirando os padres “artistas” e cantores, que de fato nada ou muito pouco tratam sobre Teologia e Doutrina, temos gente que diz e ensina coisas não só diferentes, mas absolutamente contrárias ao que prega a “igreja sinodal” do Vaticano II e a Francisco: na mesma linha, teríamos que incluir aí uma quantidade imensa de outros canais que alcançam grandes públicos, como Centro Dom Bosco, Bernardo Küster, Deia e Tiba, Prof. Lucas Lancaster, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, Arautos do Evangelho e muitas associações e centros culturais, mais uma infinidade de padres e bispos mais ou menos “tradicionalistas” ou “conservadores”. Ora esta nossa modestíssima página também alcança, muitas vezes, uma quantidade de acessos mensais bem superior aos da maioria dos canais “oficiais” da Igreja.

    Os mais ingênuos pensariam em comemorar a somatória desses números expressivos, que resulta num valor realmente significativo, como um sinal de poderio da Igreja nestes nossos dias em que tudo é medido pela presença e popularidade nas redes. Mas, de fato, é antes de tudo mais um motivo de preocupação constatar que os conteúdos veiculados por “influenciadores” digitais, que na prática ignoram e mesmo contrariam toda direção dada por Francisco e sua “sinodalidade”, recebem muitíssimo mais atenção que os canais oficiais da Igreja de hoje – o que demonstra a completa aberração dos tempos em que vivemos. Por quê? Porque o que temos aqui é uma espécie de “magistério” independente, paralelo ao (que deveria ser o) Magistério autêntico e sagrado da Santa Igreja de Cristo.

    Não haveria como ser diferente, porque não se pode ensinar um “novo evangelho” sem contrariar a Bíblia Sagrada, sem ir contra os Apóstolos, os Santos Mártires, a Patrística, todos os Santos Doutores, os Papas santos, os Concílios que definiram verdades imutáveis. Não se pode ensinar a toda a Igreja o exato oposto do que ensinou o Senhor Jesus e achar que não haverá reação. E assim é que está nascendo, na prática, uma outra igreja, de católicos que simplesmente ignoram os direcionamentos do Concílio Vaticano II e seus desdobramentos, e ignoram solenemente o que diz aquele que ainda consideram o Papa, Cabeça visível do Corpo Místico, Vigário de Cristo e chefe supremo da Igreja.

    Galicanismo? Seja o que for, é o que temos para hoje.


[1] “Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento” (Instrução Redeptionis Sacramentum, Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, lei geral acerca da administração e recepção da Sagrada Forma, nº 92; vid. ainda Missale Romanum, Institutio Generalis, nº 161).

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