Publicado pela ‘Pastora da Salette‘ com Imprimatur do Bispo de Lecce
[O texto de autoria de Mélanie Calvat de 1879]
– I –
No dia 18 de setembro, véspera da santa Aparição da Santa Virgem, eu estava sozinha, como de costume, cuidando das quatro vacas de meus senhores. Por volta das onze horas da manhã, vi chegar perto de mim um menino. Assustei-me ao vê-lo, pois achava que todos deviam saber que eu evitava todo tipo de companhia. O menino se aproximou e me disse: “Menina, vim ficar contigo; também sou de Corps”. Ouvindo isso, minha maldade natural se mostrou e eu lhe disse: “Não quero ninguém perto de mim, quero ficar sozinha”. Depois me afastei, mas ele me seguia, dizendo: “Ah, deixa eu ficar contigo; meu patrão me enviou aqui para que cuide das minhas vacas junto com as tuas. Eu sou de Corps”.
Afastei-me dele, fazendo-lhe sinais de que não queria companhia. Depois de ter me afastado, sentei-me na relva. Ali, conversava com as florezinhas do Bom Deus. Depois de um momento, olhei para trás, e encontrei Maximin sentado bem perto de mim. Ele logo me disse: “Deixa-me ficar contigo, eu me comportarei bem”. Minha maldade natural não queria aceitar o pedido. Levantei-me com precipitação e fui para um pouco mais longe sem dizer nada, e voltei a brincar com as flores do Bom Deus. Um instante depois, Maximin estava lá de novo, dizendo que iria se comportar, que não falaria nada, que se aborreceria se ficasse sozinho, que seu patrão o tinha enviado para ficar junto comigo, etc. Dessa vez, tive piedade e fiz-lhe sinal para que se sentasse. E continuei com as florezinhas.
Maximin não demorou a romper o silêncio e começou a rir; olhei para ele, que me disse: “Vamos brincar, vamos fazer algum jogo!”… Não respondi, pois eu era tão ignorante que não sabia nada de jogos, porque estava sempre sozinha. Brincava sozinha com as flores, e Maximin, aproximando-se mais,, só fazia rir, dizendo-me que as flores não tinham ouvidos para me ouvir, e que devíamos brincar juntos. Mas eu não tinha nenhuma inclinação para o jogar com ele. Entretanto, comecei a falar com ele, e ele me disse que os dez dias que deveria passar com seu patrão terminariam depressa, e que em seguida voltaria a Corps para junto de seu pai, etc.
Enquanto ele falava, o sino da Salette tocou; era o Ângelus. Fiz sinal para Maximin elevar sua alma a Deus. Ele tirou seu chapéu da cabeça guardou um momento de silêncio. Em seguida eu lhe disse: quer almoçar? – “Sim”, respondeu ele, “vamos”. Sentamos. Tirei da minha sacola as provisões que meus senhores tinham me dado e, como de hábito, antes de partir meu pequeno pão redondo, fiz com a ponta de minha faca uma pequena cruz sobre ele e, no meio uma pequena abertura, dizendo: se o diabo está aí, que saia. Se o Bom Deus estiver, que fique”, e tampei a abertura. Maximin soltou uma grande risada, dando um safanão no meu pão, que escapou de minhas mãos e rolou montanha abaixo, perdendo-se.
Eu tinha outro pedaço de pão, e então nós dois o comemos; em seguida, fizemos enfim um jogo; depois, percebendo que Maximin tinha necessidade de comer mais, indiquei-lhe um lugar da montanha que estava cheio de pequenos frutos. Exortei-o a ir até lá para comer, o que ele fez de imediato; comeu e voltou com seu chapeuzinho cheio desses frutos. À tardinha, descemos a montanha e combinamos de voltar ao dia seguinte para levar o gado, novamente, juntos.
No dia seguinte [sábado, véspera da Festa de Nossa Senhora das Sete Dores, da qual a Igreja recitava suas vésperas justamente na hora da Aparição!], 19 de setembro de 1846, encontrei-me com Maximin no caminho, e subimos juntos a montanha. Descobri que ele era um bom menino, muito simples e que falava de bom grado sobre o que eu quisesse falar; era também muito dócil, não dando excessiva importância aos seus sentimentos; era apenas um pouco curioso, corria logo para ver o que eu fazia, e queria ouvir o que eu dizia para as flores do bom Deus; se não chegava a tempo, perguntava o que eu tinha dito.
Maximin me pediu para que lhe ensinasse um jogo. A manhã já ia adiantada, e eu lhe disse que colhesse flores para fazermos um “paraíso”. E nós dois juntos pusemos mãos à obra; logo, tínhamos uma quantidade de flores de diversas cores. Ouvimos o Ângelus da cidade, pois o céu estava belo, não havia nuvens. Depois de ter dito ao Bom Deus nossas orações, disse a Maximin que devíamos conduzir nossa vacas para um pequeno planalto perto de pequeno barranco, onde havia pedras para construir nosso “paraíso”. Conduzimos nossas vacas ao local designado, e em seguida comemos nossa pequena refeição; depois, começamos a carregar as pedras e a construir nossa casinha, que consistia em um assoalho, que era, por assim dizer, nossa habitação, e de um andar acima, que era em nossa brincadeira o “paraíso”.
Esse “andar” estava todo enfeitado com flores de diversas cores, com coroas penduradas pelos talos das flores. Esse “paraíso” estava coberto por uma imensa e larga pedra que tínhamos recoberto de flores; também tínhamos pendurado coroas ao seu redor. Terminado o “paraíso”, ficamos contemplando-o; então tivemos sono. Afastamo-nos dali, cerca de dois passos, e adormecemos sobre a relva.
Eis que a Bela Senhora viria a assentar-se em nosso “paraíso”, sem danificá-lo.
– II –
Ao despertar, não avistando nossas vacas, chamei e subi o pequeno monte. Dali, tendo visto nossas vacas, que estavam deitadas tranquilamente, vinha descendo e Maximin subindo, quando, de repente, vi uma bela luz, mais brilhante que o Sol, e mal consegui dizer estas palavras: “Maximin, está vendo ali? Ah, meu Deus!”. Ao mesmo tempo deixei cair o cajado que tinha nas mãos. Não sei o que se passava em mim de delicioso neste momento, mas me sentia distraída, sentia um grande respeito cheio de amor, e meu coração queria correr mais rápido que eu.
Olhei com muita esforço essa luz que estava imóvel, e como se ela fosse se abrindo, percebi uma outra luz ainda bem mais brilhante e que estava em movimento, e nessa luz uma belíssima senhora assentada em nosso “paraíso”, tenho a cabeça entre as mãos. A Bela Senhora levantou-se, cruzou os braços sobre o peito enquanto nos olhava e disse: “Venham, meus filhos, não tenham medo; estou aqui para lhes anunciar uma grande novidade”. Essas doces e suaves palavras fizeram-me voar até ela, e meu coração queria se unir a ela para sempre. Tendo chegado bem junto à Bela Senhora, diante dela, à sua direita, ela começa o discurso, e lágrimas começam também a brotar de seus belos olhos:
Se meu povo não quer se submeter, sou forçada a deixar cair a mão de meu Filho. É tão forte e pesada que não o posso mais sustê-la.
Há quanto tempo sofro por vós! Se quero que meu Filho não os abandone, sou obrigada a suplicá-lo incessantemente. E vocês nem se importam com isso. Por mais que rezem, por mais que façam, jamais poderão recompensar a aflição que tenho sofrido por vocês.
Dei-lhes seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo [aqui fala como portadora da mensagem divina, em nome de Deus], e não o querem conceder. É o que faz pesar tanto o braço de Meu Filho.
Os carroceiros não sabem falar sem usar o Nome de Meu Filho. São essas as duas coisas que tornam tão pesado o braço de Meu Filho.
Se a colheita se estraga, e só por causa de vocês. Eu lhes mostrei no ano passado com as batatas: e vocês não deram importância; ao contrário, quando viram os estragos, blasfemaram e usaram o Nome de meu Filho. Elas continuarão a estragar e, no Natal, não sobrará nenhuma.
Nesse momento, eu procurava interpretar a expressão “batatas”; achava que significava mação. A Bela e Boa Senhora, adivinhando o meu pensamento, recomeçou assim:
Não compreendem, meus filhos? Direi de outra maneira.
[Até aqui Nossa Senhora falara em francês; continua agora o seu discurso no dialeto falado pelos pastores de Corps, o patois, e assim repete novamente as últimas palavras nesse idioma.]
Depois, a Bela Senhora que me arrebatava permaneceu um momento em silêncio; vi entretanto que continuava a mover graciosamente seus amáveis lábios, como se falasse. Maxinin recebia, então, o seu segredo. Depois, dirigindo-se a mim, a Santíssima Virgem falou-me, e deu-me um segredo em francês. Esse segredo, ei-lo inteiro, tal e qual ela me deu.
– III –
1. Melanie, o que vou lhe dizer agora não ficará sempre em segredo; poderá publicá-lo em 1858.
2. Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, por sua irreverência e impiedade na celebração dos Santos Mistérios, por seu amor do dinheiro, seu amor à honra e aos prazeres, os sacerdotes tornaram-se em cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes pedem a vingança, e a vingança está suspensa sobre suas cabeças. Infelizes dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida, crucificam de novo meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus clamam ao Céu e atraem a vingança, e eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais ninguém para implorar misericórdia e perdão pelo povo; não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a Vítima sem mácula ao Eterno em favor do mundo.
3. Deus vai golpear de maneira sem precedentes.
4. Infelizes dos habitantes da Terra! Deus vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.
5. Os chefes, os condutores do povo de Deus têm negligenciado a oração e a penitência, e o demônio obscureceu suas inteligências; transformaram-se nessas estrelas errantes que o velho diabo arrastará com sua cauda para fazê-los perecer. Deus permitirá à velha serpente introduzir divisões entre os governantes, em todas as sociedades e em todas as famílias. Haverá sofrimentos físicos e morais; Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se sucederão durante mais de trinta e cinco anos.
6. A sociedade está na iminência dos flagelos mais terríveis e dos maiores acontecimentos; deverão ser governados por uma vara de ferro e beberão o cálice da cólera de Deus.
7. Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859; mas que ele seja firme e generoso, que combata com as armas da fé e do amor: eu estarei com ele.
8. Que desconfie de Napoleão; o coração deste é duplo, e quando ele quiser ser ao mesmo tempo Papa e imperador, logo Deus se afastará dele; ele é aquela águia que, querendo sempre se elevar, cairá sobre a espada da qual se queria servir para obrigar os povos a se fazer elevar.
9. A Itália será punida por sua ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores. Também ela será entregue à guerra, o sangue correrá de todos os lados. As igrejas serão fechadas ou profanadas. Os sacerdotes e os religiosos serão expulsos. Serão entregues à morte, e morte cruel. Muitos abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira Religião será grande. Entre essas pessoas encontrar-se-ão até Bispos.
10. Que o Papa tome cuidado com os fazedores de milagres, pois é chegado o tempo em que os prodígios mais espantosos acontecerão sobre a terra e nos ares.
11. No ano de 1864, Lúcifer com um grande número de demônios será solto do inferno. Eles abolirão a fé pouco a pouco, mesmo nas pessoas consagradas a Deus. Cegá-los-ão duma tal maneira que, a não ser por uma graça especial, essas pessoas tomarão o espírito desses maus anjos. Muitas casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas.
12. Os maus livros multiplicar-se-ão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que respeita ao serviço de Deus; eles terão um poder muito grande sobre a natureza. Haverá igrejas para cultuar esses espíritos. Pessoas serão transportadas dum lugar para o outro por esses espíritos malignos e mesmo sacerdotes, porque estes não serão conduzidos pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito de humildade, caridade e de zelo pela glória de Deus. Far-se-á ressuscitar mortos e justos (isto é, estes mortos tomarão a forma de almas justas que tinham vivido na Terra, a fim de seduzir melhor os homens; esses autodenominados mortos ressuscitados, que não serão outra coisa senão o demônio debaixo dessas figuras, pregarão um outro Evangelho, contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando a existência do Céu e mesmo a das almas dos condenados. Todas essas almas aparecerão como unidas a seus corpos). Haverá em todos os lugares prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé se apagou e uma falsa luz ilumina o mundo. Desgraçados dos príncipes da Igreja, que então estarão ocupados apenas em amontoar riquezas sobre riquezas, salvaguardar a sua autoridade e dominar com orgulho!
13. O Vigário de meu Filho terá muito que sofrer, porque durante algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições. Será o tempo das trevas; a Igreja terá uma terrível crise.
14. Estando esquecida a santa fé em Deus, cada indivíduo quererá guiar-se por si próprio e ser superior a seus semelhantes. Abolir-se-ão os poderes civis e eclesiásticos; toda ordem e toda justiça serão calcadas aos pés; não se verá outra coisa senão homicídio, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor da pátria nem da família.
15. O Santo Padre sofrerá muito. Eu estarei com ele até o fim, para receber o seu sacrifício.
16. Os maus atentarão várias vezes contra a sua vida, sem poder abreviar seus dias, mas nem ele nem seu sucessor…, verão o triunfo da Igreja de Deus.
17. Os governantes civis terão todos um mesmo desígnio, que será o de abolir e de fazer desaparecer qualquer princípio religioso, para darem lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda a sorte de vícios.
18. No ano 1865 ver-se-á a abominação nos lugares santos, nos conventos apodrecerão as flores da Igreja e o demônio tornar-se-á como o rei dos corações. Aqueles que estão à frente das comunidades religiosas tomem cuidado com as pessoas que devem receber, porque o demônio usará de toda a sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas entregues ao pecado, pois as desordens e o amor dos prazeres carnais se espalharão por toda a Terra.
19. A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá nas ruas, o francês bater-se-á com o francês, o italiano com o italiano; em seguida haverá uma guerra geral, que será espantosa. Por algum tempo, Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não é mais conhecido. Os maus ostentarão toda sua malícia; matar-se-á, far-se-á mútua carnificina, até nas casas.
20. Ao primeiro golpe de sua espada fulminante, as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens penetram a abóbada do céu. Paris será incendiada, e Marselha submergida; muitas grandes cidades serão abaladas e soterradas por terremotos: crer-se-á que tudo está perdido; não se verão a não ser homicídios, não se ouvirão senão ruídos de armas e blasfêmias. Os justos sofrerão muito; as suas preces, a sua penitência e as suas lágrimas subirão até o céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia, como também, a minha ajuda e a minha intercessão. Então Jesus Cristo, por um ato de sua justiça e da sua grande misericórdia para com os justos, ordenará a seus anjos que todos os seus inimigos sejam mortos. De repente, os perseguidores da Igreja de Jesus Cristo e todos os homens entregues ao pecado perecerão, e a Terra tornar-se-á como um deserto. Então virá a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade reflorescerá por toda parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, a qual será forte e humilde, piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo e os homens viverão no temor de Deus.
21. Esta paz entre os homens não será longa . Vinte e cinco anos de abundantes colheitas lhes farão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todas os sofrimentos ocorrem sobre a Terra.
22. Um precursor do anticristo, com tropas de muitas nações, combaterá contra o verdadeiro Cristo, o único Salvador do mundo; ele espalhará muito sangue e quererá aniquilar o culto de Deus, para fazer-se considerar como um deus.
23. A Terra será golpeada por toda espécie de aflições (além da peste e da fome, que serão gerais); haverá guerras até a última guerra, que será então feita pelos dez reis do anticristo, os quais terão o mesmo desígnio e serão os únicos que governarão o mundo. Antes que isto aconteça, haverá uma espécie de falsa paz no mundo. Não se pensará senão em se divertir; os maus entregar-se-ão a toda sorte de pecados; mas os filhos da Santa Igreja, os filhos da fé, meus verdadeiros imitadores, crescerão no amor de Deus e nas virtudes que me são mais caras. Felizes as almas humildes, conduzidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei com elas até que cheguem à plenitude de seus anos.
24. A natureza exige vingança para os homens, ela freme de espanto na expectativa do que deve acontecer à Terra manchada de crimes.
25. Tremei, ó Terra, e vós que fizestes profissão de servir a Jesus Cristo, e que no vosso íntimo adorais a vós mesmos, tremei; pois Deus vai abandonar-vos ao seu inimigo, porque os lugares santos estão na corrupção. Muitos conventos não são mais as casas de Deus, mas pastagens do Asmodeu e dos seus.
26. Será durante esse tempo que nascerá o anticristo duma religiosa hebraica, duma falsa virgem que terá comunicação com a velha serpente, o mestre da impureza; seu pai, será Ev (qui potest capere, capiat – quem poder entender, que entenda); ao nascer, ele vomitará blasfêmias e terá dentes. Numa palavra, será o demônio encarnado; lançará gritos aterrorizantes, fará prodígios, não se alimentará senão de impurezas. Terá irmãos que, embora não sejam demônios encarnados como ele, serão filhos do mal; com doze anos, far-se-ão celebrizar pelas brilhantes vitórias que obterão. Logo, cada um deles estará à frente de exércitos, assistidos por legiões do inferno.
27. As estações serão mudadas, a terra não produzirá senão maus frutos, os astros perderão os seus movimentos regulares, a lua não projetará senão uma luz avermelhada; a água e o fogo causarão ao globo terrestre movimentos convulsivos e horríveis terremotos, que farão tragar montanhas, cidades (etc).
28. Roma perderá a fé e vai se tornar a a sede do anticristo.
29. Os demônios do ar, unidos ao anticristo, farão grandes prodígios sobre a terra e pelos ares, e os homens perverter-se-ão cada vez mais. Deus terá cuidado dos seus fiéis servidores e dos homens de boa vontade; o Evangelho será pregado por toda parte, todos os povos e todas as nações terão conhecimento da verdade!
30. Eu dirijo um premente apelo à Terra. Chamo os verdadeiros discípulos do Deus vivo que reina nos Céus; convoco os verdadeiros imitadores de Cristo feito homem, o único e verdadeiro Salvador dos homens; apelo aos meus filhos, meus verdadeiros devotos, os que se entregaram a mim para que eu os conduza a meu divino Filho, aqueles que eu levo, por assim dizer, nos meus braços, que viveram de meu espírito. Enfim, apelo aos Apóstolos dos Últimos Tempos, os fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram num desprezo do mundo e deles mesmos, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e desconhecidos do mundo. É tempo que saiam e venham iluminar o mundo. Ide e mostrai-vos como meus filhos queridos. Estou convosco e em vós, contanto que vossa fé seja a luz que vos ilumine nestes dias de desgraças. Que vosso zelo vos torne como que famintos da glória e da honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, vós, pequeno número que consegue ver: pois eis o tempo dos tempos, o fim dos fins.
31. A Igreja será eclipsada, o mundo estará na consternação. Mas eis Enoch e Elias cheios do Espírito de Deus. Eles pregarão com a força de Deus, e os homens de boa vontade acreditarão em Deus e muitas almas serão consoladas; eles farão grandes progressos, pela virtude do Espírito Santo, e condenarão os erros diabólicos do anticristo.
32. Infelizes os habitantes da Terra! Haverá guerras sangrentas e fome, peste e doenças contagiosas. Haverá granizo de terríveis animais, trovões que abalarão as cidades, terremotos que tragarão países. Ouvir-se-ão vozes nos ares. Os homens baterão a cabeça contra os muros; chamarão a morte, e por outro lado ela será o seu suplício. O sangue correrá de todos os lados. Quem poderá triunfar, se Deus não diminuir o tempo da prova? Pelo sangue, pelas lágrimas e preces dos justos, Deus se deixará abrandar. Enoque e Elias serão assassinados. A Roma pagã desaparecerá. O fogo do céu cairá e consumirá três cidades; todo o universo será ferido de terror, e muitos se deixarão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo que vive entre eles. Chegou o tempo. O Sol se obscurece; somente a fé viverá.
33. Eis o tempo; abre-se o abismo. Eis o rei dos reis das trevas. Eis a besta com seus súditos, dizendo-se ‘o Salvador’ do mundo. Elevar-se-á com orgulho nos ares para ir até o céu; ele será sufocado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá então e a terra que, durante três dias estará em evoluções contínuas, abrirá o seu seio cheio de fogo; ele será submergido com todos os seus nos abismos eternos do inferno. Então a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado. Deus será servido e glorificado.
________
** Tradução de Roberto Mallet. Fonte: BLOY, Léon. Aquela que chora – e outros textos sobre Nossa Senhora da Salette. Campinas: Ecclesiae, 2016, pp. 145-153.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, identifique-se com seu nome ou um apelido (nickname) ao deixar sua mensagem. Na caixa "Comentar como", logo abaixo da caixa de comentários, você pode usar a opção "Nome/URL".
** Seu comentário poderá ser publicado em forma de post, a critério dos autores do blog Fiel Católico.
*** Comentários que contenham ataques e/ou ofensas pessoais não serão publicados.