O BEATO PALAU profetizou de modos verdadeiramente assombrosos a situação em que a Igreja se encontra hoje. No seu tempo, em que a desgraça ainda apenas se insinuava e a apostasia somente ameaçava mostrar a sua face horrenda, ele via os eventos históricos que vivemos agora com impressionante clareza, e via esse futuro se desenvolvendo segundo uma sequência fundamental:
1°. A marcha do mundo em direção à dissolução social e ao estabelecimento do caos como fruto de uma Revolução anticristã; 2°. A denúncia dessa Revolução por um enviado de Deus e seus discípulos, seguida da justa punição divina da iniquidade; 3°. A restauração da Igreja e das nações por obra do Espírito Santo e o advento de um período em que as pessoas de Fé, imbuídas de fidelidade ao Evangelho, darão uma glória a Deus historicamente inigualável. Esse período histórico duraria até o fim do mundo. O Bem-aventurado frade deplorava as sucessivas quebras das instituições fundamentais da ordem cristã, como a família e a propriedade. Lamentava a demolição da moralidade e dos estilos de vida tradicionais, minados pela revolução industrial. Condenava a derrubada das formas tradicionais de governo por constantes golpes políticos. Não aceitava que todas essas demolições convergentes fossem resultado do acaso; pelo contrário, a variedade imensa das crises era para ele resultante de uma causa única: a ação diabólica do “Príncipe deste mundo” (João 12,31;14,30; 16,11; Ef 2,2).
Sim, dizia o Beato, o próprio Lúcifer, que seduziu um terço dos anjos no Céu, apoderou-se também dos corações de uma série de homens muito importantes para os seus objetivos, homens que desempenham um papel-chave na Terra, e mais uma vez ergueu a bandeira da revolta. Esse novo “Non serviam” (não servirei) é a grande causa das crises no mundo, concluía. E essa chave, para ele, tinha um nome bem definido: “Revolução”.
O que é a Revolução? É hoje na Terra aquilo mesmo que aconteceu no Céu quando Deus criou os anjos: Satanás (…) seduziu todos os reis e governos da Terra, e com a bandeira ao vento dirige seus exércitos na guerra contra Deus, (…) isto é revolução, isto é anarquia entre os homens e guerra contra Deus.
Satanás é o pai da Revolução (ensinava, parafraseando um célebre escrito de Mons. de Ségur); essa é a obra dele, iniciada no Céu e que vem se perpetuando entre os homens de geração em geração (…) Por primeira vez (…), ele teve a ousadia de proclamar diante do Céu e da Terra o seu verdadeiro e satânico nome: Revolução!
A Revolução tem como lema, a exemplo do demônio, a famosa frase: não obedecerei! Satânica em sua essência, ela aspira a derrubar todas as autoridades, e seu objetivo derradeiro é a destruição total do Reino de Jesus Cristo sobre a Terra.
(‘Triunfo de la Cruz’, El Ermitaño, Nº 125, 30-3-1871. / ‘Adentros del catolicismo – abominaciones predichas por Daniel profeta en el lugar santo: Apostasía’, El Ermitaño, Nº 21, 25/3/1869)
Segundo o Bem-aventurado, essa Revolução realiza os anúncios das Sagradas Escrituras relativos à apostasia dos últimos tempos. A análise racional, tranquila e vigorosa dos acontecimentos sociopolíticos contemporâneos confirmava esta sua convicção – assim como agora, em nossos dias, continua a fazer, de modos nunca antes vistos.
A Revolução leva à catástrofe
No século XIX, a humanidade mergulhava de modo displicente e veloz na anarquia, impelida pelas tendências desordenadas que alimentam a Revolução, especialmente o orgulho e a sensualidade. Observando tais fatos, o Beato Palau concluiu que a dinâmica revolucionaria impulsiona o mundo de modo implacável ao caos e ao desaparecimento da ordem social.
O Beato usava como exemplo um acidente ferroviário que abalou seus contemporâneos: um temporal derribara uma ponte na Catalunha, e um trem expresso (naquela época um pungente símbolo do progresso industrial) sem saber do acontecido, precipitou-se no abismo durante a noite. Ele viu no acidente uma parábola do mundo superficial e despreocupado, portador de restos de cultura e religião, sendo conduzido pela Revolução rumo a uma catástrofe que o Bem-aventurado desejava evitar, mas da qual ninguém queria ouvir falar.
Guerra Civil Espanhola: um passo à frente na marcha da Revolução
Uma horrorosa catástrofe anunciada pelos profetas, por Cristo, pelos Apóstolos e por todos os porta-vozes mais autorizados do catolicismo. A sociedade atual, conduzida em massa pelo poder das trevas e pelo poder político, subiu num trem. Mas os maquinistas a levam para os infernos. A estação de onde saiu chama-se Revolução, a próxima estação chama-se Catástrofe Social.
Agora o trem circula entre uma estação e outra. Os passageiros não pensam, o Ermitão [o próprio Palau] dá berros fortíssimos: ‘Parem, voltem atrás!’
Mas essa voz, que é a própria voz do catolicismo, é sufocada pelo ruído do trem. (…) A tempestade levou a ponte. Era noite e o trem que partiu de Gerona ia em frente. Os viajantes não sabiam do perigo, mas a ponte não estava ali. As trevas escondiam o risco, até chegar o abismo. A locomotora deu um pulo e não tinha asas, faltavam os trilhos, só havia o precipício. Ela caiu, arrastando consigo os carros e os passageiros. E as águas os engoliram.
Eles não acreditaram no perigo, mas ele existia, era verdadeiro, e a incredulidade não os salvou, mas fez com que se perdessem.
Os maquinistas e condutores do trem para onde vai à sociedade atual estão ébrios, perderam o juízo. Não vedes que não acertam uma? Descei enquanto puderdes, e jogai-vos nos braços da Igreja (a autêntica, Aquela que não apostatará), vossa Mãe, e assim vos salvareis
(Catástrofe social, El Ermitaño, Nº 40, 5/8/1869)
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