PUBLICAMOS EM NOSSO site aberto um artigo que trata sobre São Francisco de Sales e o refresco que ele nos oferece nestes nossos dias, quando somos constantemente afligidos por profanações, ataques à nossa fé e ações cada vez mais ousadas dos inimigos da Igreja – sendo tudo isso menos terrível do que a traição dos nossos próprios pastores, aqueles que deveriam lutar até à morte pelo nosso bem e pela Fé da Igreja (esse texto pode ser lindo acessando-se este link).
Aqui aprofundaremos um pouco mais o mesmo assunto a partir da obra deste grande Doutor da Igreja, este pastor de almas devotíssimo e doce. Consideramos importante trazer estes conteúdos aos nossos leitores e assinantes porque os dias de luta precisam de intervalos para descanso, e as duras batalhas requerem que se mantenha a moral alta.
Pois bem. São Francisco de Sales quer nos lembrar de que, para nos guardarmos ilesos em meio a tantos ataques, e de bom ânimo mesmo sofrendo tantas decepções, é preciso lembrar que, ao fim de tudo, espera-nos o Amor de Deus ou, melhor ainda, o Deus que é Amor, como definiu o “Discípulo Amado”, inspirado pelo Espírito Santo (Jo 4,8).
Sim. É fundamental lembrar sempre que é preciso manter ativo em nossas almas o santo e puro amor de Cristo, que nos deu o Mandamento divino fundamental: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros” (Jo 13,34).
Nas lutas, temos que nos defender, e muitas vezes precisamos também saber alertar ao nosso irmão, gritando quando vemos o mal que o ameaça: “Cuidado com o lobo!”. Pois, como dirá esse nosso querido diretor espiritual em sua “Filoteia”, “é também uma caridade denunciar o lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde o encontrarmos”[1]. Porém, nesse justo afã em defender a Verdade e salvaguardar as coisas santas, surge muitas vezes a tentação da ira descontrolada, e assim caímos em uma negatividade que vai se tornando um hábito, gerando por sua vez uma espécie de mau humor crônico. Isso não é bom e não é admissível em uma alma genuinamente cristã.
É preciso combater o bom combate, sim, mas sem nunca perder de vista a caridade, que é como que “a outra perna” do nosso corpo espiritual em Cristo: uma dessas bases é a Verdade, que é o mesmo Cristo, à qual pertencemos e na qual nos fundamos; a outra é a Caridade que define o nosso próprio ser enquanto cristãos. É realmente necessário buscar e estabelecer em nossas vidas uma harmonia entre essas duas bases (para mais reflexões a respeito acesse aqui).
Fiquemos, então, como um subsídio que auxilie o nosso discernimento, pela graça de Deus, a alcançar essa grande intenção, com um trecho do prefácio à obra “Tratado do Amor de Deus” de São Francisco de Sales. Segue.
A Igreja tem uma rica variedade de instruções, sermões, tratados e livros piedosos, todos belos e agradáveis, porque o Sol da Justiça mistura admiravelmente os raios da sua divina Sabedoria com as línguas dos Pastores, que são as suas penas, e com suas penas que, por vezes, fazem também de línguas, e são a rica plumagem desta Pomba mística. Contudo por entre a diversidade de cores da Doutrina que a Igreja publica, descobre-se por toda parte o precioso ouro da santa dileção, iluminando com o seu incomparável brilho toda a ciência dos Santos e erguendo-a acima de qualquer outra ciência:tudo na Igreja procede do amor, radica no amor, tende ao amor e vive do amor.Assim como do Sol provém toda a claridade do dia, embora digamos usualmente que o Sol não ilumina senão quando dardeja seus raios a descoberto, assim também, ainda que toda a Doutrina cristã provenha do Amor sagrado, só chamamos Tratado de amor divino àquela parte da Teologia que se refere à origem, à natureza, às propriedades e às operações deste Amor.Muitos autores têm admiravelmente tratado este assunto, sobretudo os antigos Padres. Porque amavam a Deus, falavam divinamente do seu Amor. Como é bom ouvir falar das coisas do Céu a um São Paulo, que as aprendeu do próprio Céu! Como é agradável ver almas alimentadas no seio da dileção escreverem da sua santa suavidade!
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[1] SÃO FRANCISCO DE SALES, Filoteia. Petrópolis: Vozes, 2004. p.311.
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