12/2024 | Carta do Prior Pe. Jean-François Mouroux, FSSPX


O BOLETIM MENSAL deste dezembro de 2024 do Priorado Padre Anchieta de São Paulo (SP) da FSSPX traz algumas considerações importantes que nos levam a refletir sobre questões realmente fundamentais para a Igreja de hoje e de sempre. Traremos a seguir alguns comentários e desdobramentos a respeito de certos temas abordados aí. Segue.

Caros fiéis,


Muitos fiéis estão se perguntando sobre as futuras sagrações de bispos na Fraternidade São Pio X. Mas será que eles percebem que essas sagrações podem levar a uma nova excomunhão? Em caso afirmativo, o que farão? Abandonarão as capelas da Fraternidade? Isso mostraria que eles não entenderam a razão de ser da Fraternidade.


    Devemos entender que se estamos aqui, hoje, desfrutando da missa e dos sacramentos tradicionais administrados por padres formados para isso, é graças a um bispo, Dom Marcel Lefebvre, que teve a coragem de manter a luta pela fé apesar das falsas condenações. Ele resumiu sua linha de conduta em uma famosa declaração feita há 50 anos, em 21 de novembro de 1974 (leia aqui).

    O contexto histórico é o seguinte: indignado por ver os visitantes apostólicos — enviados por Roma para verificar a ortodoxia do ensino dado no seminário de Ecône — darem opiniões heréticas e escandalosas sobre a verdade histórica da Ressurreição de Nosso Senhor e sobre o casamento dos padres, Dom Lefebvre fez essa famosa declaração. Desde então, essa declaração se tornou a carta magna da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e de todos aqueles que desejam manter a fé em meio à apostasia geral. Ela contém as razões profundas da posição sempre mantida pela Fraternidade São Pio X, no contexto pós-Vaticano II¹.


    A primeira razão, mais profunda de todas, a razão fundamental que se encontra no princípio de todas as demais, é a obediência aos ensinamentos do Magistério de sempre. Isso é comumente expresso com as palavras de São Vicente de Lérins: “Na própria Igreja Católica, deve-se tomar muito cuidado para  garantir que o que foi acreditado em todos os lugares, sempre e por todos seja mantido”.

    Sabemos que nada pode ser acrescentado à Revelação após a morte do último Apóstolo, São João. Da mesma forma, a moralidade, baseada nos Dez Mandamentos de Deus e nos Mandamentos da Caridade de Nosso Senhor, não muda. A fidelidade à Tradição católica não é uma opção. É o caminho da salvação desejado por Deus para a humanidade.

    A segunda razão é a consequência, inevitável, da primeira. A consequência da submissão à verdade é a rejeição do erro contrário, ou seja, a obediência aos ensinamentos do Magistério da Igreja tem como consequência a rejeição de tudo o que vier a contradizer esses ensinamentos. E os fatos estão aí: os erros contrários aos ensinamentos do Magistério invadiram a pregação dos homens da Igreja, no Vaticano II e depois. Dom Lefebvre foi acusado de ser um novo Lutero. Mas Lutero, sendo o autêntico herege que era, alegou escolher do Magistério o que lhe convinha, como se escolhesse em um cardápio. Dom Lefebvre estava simplesmente apontando a contradição entre as novas ideias conciliares e a Tradição e, consequentemente, a necessidade de escolher entre as duas. Isso é bem diferente. No primeiro caso, temos uma abordagem de ruptura e, no segundo, uma abordagem de fidelidade. [Todavia Lutero é  elogiado e até homenageado por essa nova igreja 'conciliar'.]


    A terceira razão resulta das duas primeiras: se a obediência ao Magistério eclesiástico nos pede para rejeitarmos os erros contrários às verdades católicas, a mesma obediência nos pede para resistirmos aos atos dos homens da Igreja que quiserem impor esses erros em nome de uma falsa obediência.


    Nossa posição em relação ao papa e aos bispos é dolorosa, mas necessária. É a de um filho que precisa resistir aos incitamentos malignos de seu pai, ao mesmo tempo em que mantém seu respeito e amor por ele. Pense em todos os mártires que tiveram de resistir à família e aos amigos para manter sua fé! A fidelidade atrai certas perseguições. Nosso Senhor nos advertiu:


“Eles os expulsarão das sinagogas; e está chegando a hora em que quem os matar pensará que está adorando a Deus.”
(João XVI, 2)

    Hoje, de fato, a Tradição Católica está excomungada, expulsa das igrejas construídas por ela e para ela. Que a festa do Natal nos encoraje. Nosso Senhor não foi recebido, e mais tarde condenado, pelo povo que ele mesmo havia estabelecido para recebê-lo!

        Os Padres do priorado desejam-lhes um santo e feliz Natal!

        Que Deus os abençoe!

        Padre Jean-François Mouroux, Prior

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Fonte:
Boletim mensal do Priorado Padre Anchieta – dezembro/2024. Carta do Prior, disp. em:
https://fsspx.com.br/boletim-mensal-do-priorado-padre-anchieta-dezembro-2024/
Acesso 19/12/2024.

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